Queridos amigos,
Ah! Sim, já sinto saudades de Ribeira Sacra, de Nogueira de Ramuin, lamento não ter regressado a Monforte de Lemos, que me levou no anterior passeio até Vigo. Não vou esquecer tão cedo o nome de certas localidades como Ribas de Sil, O Pereiro de Aguiar, A Teixeira, Castro Caldelas, Taboada, estas localidades onde não faltam igrejinhas românicas, belos mosteiros, matas que nos lembram sem dificuldade Sintra, campos frondosos, a ver se posso negociar para o ano as Ribas baixas , Lugo, Santiago de Compostela. Despeço-me da região contrafeito, embora sabendo que tenho outras belezas à minha espera, é o caso de Chaves e depois da romagem de saudade a Pedrógão Grande.
Abraço do
Mário
Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (226):
Em S. Estevão de Ribas de Sil, no passeio termal de Ourense – 5
Mário Beja Santos
Durante a viagem no Canhão de Sil era recordado aos visitantes que todo este território tinha sido ocupado por eremitas a partir do século VI e havia um conjunto de mosteiros de grande significado à volta de Ourense. Não havendo disponibilidade para visitar os três, escolheu-se o Mosteiro e a Igreja de S. Estevão de Ribas de Sil. Começou-se pela Igreja abacial do Mosteiro, começada a construir em 1183, está aqui mesmo à nossa frente na descida, envolta por colinas escarpadas.
A caminho do Mosteiro e da Igreja de S. Estevão de Ribas de Sil
Fachada do Mosteiro e da Igreja de S. Estevão de Ribas de Sil. A Igreja do Mosteiro é de três naves cobertas com abóboda de cruzeiro, dispõe de um Coro Alto construído em finais do século XVII princípios do século XVIII. Houve para aqui uns desmoronamentos na nave central do Coro, recentemente recuperada. Este Mosteiro tinha fama da observância religiosa, nove bispos escolheram-no para última morada, daí o Mosteiro conservar a sua memória no escudo através das nove mitras. Mais adiante falaremos deste claustro. Resta dizer que no século XIII os nove bispos eram venerados como santos e que no século XV os seus restos foram trasladados para o Altar Mor.Este retábulo em pedra é uma obra única do românico, data do século XIII. Quando se deu a expulsão das ordens religiosas, ocultou-se o retábulo numa parede de uma galeria do claustro grande; este retábulo só foi descoberto em finais dos anos de 1950.
Nesta preciosidade escultórica vemos Jesus no centro, rodeado de S. Pedro e S. Paulo, e está lá também representado o Apóstolo Santiago.
O belíssimo Altar Mor, e não menos assombroso tramo da abóboda que tem um óculo luminoso no centro.
Duas imagens mostram a magnificência da abóboda de cruzeiro.
A Igreja tem um bom acervo de retábulos barrocos, com exceção do retábulo do Altar Mor que é do estilo renascentista. Os outros retábulos são barrocos de diferentes épocas, dedicados a S. Bento e à virgem de Montserrat, há também retábulos dedicados a S. José e a S. Roque, veja-se aqui S. Roque expondo a ferida da perna.
Retábulo da Virgem Imaculada
Fachada do Mosteiro de S. Estevão de Ribas de Sil, estilo barroco, vemos o escudo com as nove mitras pertencente aos bispos santos.Estamos no Mosteiro, possui uma atmosfera impressionante, foi outrora o mais importante Mosteiro da Ribeira Sacra, entre bosques de carvalhos e castanheiros. S. Estevão de Ribas de Sil é anterior ao século. O claustro grande também chamado dos Cavaleiros, é de estilo renascentista. Há também um claustro pequeno e o claustro dos Bispos, este romano-gótico.
Pormenor do Claustro dos Bispos, é o mais antigo de S. Estevão. Começou a construir-se em cerca de 1220 como espaço para exaltar a memória dos nove bispos santos. Comunica com a Igreja através de uma escadaria na face sul e de um outro acesso no claustro superior. Até há algumas décadas era cenário de procissões que agora se realizam na Igreja. O corpo inferior é românico, o superior gótico. Convém recordar que o Mosteiro entrou numa profunda decadência em finais do século XV e princípios do século XVI. O edifício albergou durante vários séculos uma escola de arte, e ficou ao abandono no século XIX. Foi declarado monumento nacional em 1923 e em 2004 abriu ao público como Parador Nacional de Turismo.
Nunca, nestas itinerâncias, se mostra o autor e quejandos, a única exceção é esta radiosa princesa, a minha neta, hoje com catorze anos, revelou-se muito interessada desde a Lousã onde lhe mostrei onde a mãe e a tia passaram férias, gostou muito de S. Pedro do Sul, rendi-me a este sorriso de quem não desdenha passar férias com o avô.
O passeio termal é a escassos quilómetros da cidade de Ourense, a característica é a sua água quente, espalha-se pelo Rio Minho entre a Ponte do Milénio e a Passarela de Outariz, foi exatamente aqui na Burga de Canedo que entregámos o corpo a água a temperatura tão aprazível. Os nomes destas termas são bem interessantes: Chavasqueira, Tinteiro, Moinho da Veiga, Fonte de Reza. Ficámos convencidos, queremos voltar.
Vamos sair da Galiza, o próximo destino é Chaves, não resisti a fotografar este belo espigueiro, dir-me-ão que há bastante parecidos em Portugal, pode ser, mas assim metido na paisagem e com aqueles tons azuis do céu e acinzentados das nuvens pareceu-me objeto sagrado, que afinal o é, acolhe os cereais da nossa boa alimentação. Até à próxima, adorada Galiza.
(continua)
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Nota do editor
Último post da série de 11 de outubro de 2025 > Guiné 61/74 - P27308: Os nossos seres, saberes e lazeres (704): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (225): O espetacular passeio na Ribeira Sacra – 4 (Mário Beja Santos)
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