Bandeiras da Guiné-Bissau e da Suécia
1. Mensagem de José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia:
Date: quinta, 9/07/2020 à(s) 08:31
Subject: A propósito do texto publicado na Tabanca do Centro.
O artigo lá publicado sobre a Guiné [, vd. ponto 2] é, infelizmente, mais um dos infindáveis que hoje se podem encontrar nos arquivos da imprensa sueca das últimas décadas.
Saúde Pública, Educação, Agricultura, Pescas, Transportes, Indústria Alimentar, Refrigerantes, Investimentos e outras actividades bancárias..., as conclusões das Comissões Estatais suecas que as analisaram (demasiadamente tarde!) são quase fotocópias nos seus negativismos.
Houve, nos anos sessenta e setenta, um genuíno interesse, por parte das sociedades escandinavas, em preencher os vácuos criados por seis séculos de Administração colonial.
Seria incapacidade? Seria não vontade?
A política spinolista "Por uma Guiné Melhor", surgida a contra corrente de todo o desinteresse anterior, apesar de tardia, limitada por uma situação de guerra então já bem implantada, não dispondo das muito avultadas verbas necessárias, ainda conseguiu por um curto espaço de tempo criar condições sociais únicas cujos resultados nos deixaram antever o que poderia ter sido se a política do governo colonial tivesse seguido o caminho do desenvolvimento.
"Quanto mais atrasados , educacional e socialmente, mais fáceis de governar": poderia ter sido a definição concisa da Administração Colonial. Princípios não só aplicáveis em África mas também em Portugal.
Em ambos os locais os resultados finais desta política de "Iluminismo saloio" falaram por si. Muito fácil, e limitativo, o apontarem-se como raízes de todos os erros (muitos e graves) os tempos pós-Abril de 74.
Houve, nos anos sessenta e setenta, um genuíno interesse, por parte das sociedades escandinavas, em preencher os vácuos criados por seis séculos de Administração colonial.
Seria incapacidade? Seria não vontade?
A política spinolista "Por uma Guiné Melhor", surgida a contra corrente de todo o desinteresse anterior, apesar de tardia, limitada por uma situação de guerra então já bem implantada, não dispondo das muito avultadas verbas necessárias, ainda conseguiu por um curto espaço de tempo criar condições sociais únicas cujos resultados nos deixaram antever o que poderia ter sido se a política do governo colonial tivesse seguido o caminho do desenvolvimento.
"Quanto mais atrasados , educacional e socialmente, mais fáceis de governar": poderia ter sido a definição concisa da Administração Colonial. Princípios não só aplicáveis em África mas também em Portugal.
Em ambos os locais os resultados finais desta política de "Iluminismo saloio" falaram por si. Muito fácil, e limitativo, o apontarem-se como raízes de todos os erros (muitos e graves) os tempos pós-Abril de 74.
Mas está "bagunceira" final foi criada por uma longa e abrangente história de criminosas incompetências políticas, sendo Goa um bom exemplo das mesmas.
Alguns (!) dos "actores " deste histórico final de época em 74, fossem eles militares ou civis, mais não foram que pequenos palhaços de um vasto circo de interesses internacionais que em tudo os ultrapassava e...ultrapassou!
Apesar de todos os tão saudosistas "velhos do Restelo ", as gerações do nosso querido Portugal de hoje poderão cometer muitos erros e...certamente o fazem! Têm no entanto uma possibilidade não disponível a tantas e tão sacrificadas gerações anteriores: podem fazê-lo em LIBERDADE !
Um abraço do J. Belo.
PS - Aproveitando esta “janela” climatérica criada pelas curtíssimas semanas do Verão lapónica, vou arrancar este fim de semana, com a minha mochila e dois cães, para mais uma longa passeata (aqui chamada de “vandring”) pelos infindáveis rios, lagos e montanhas locais.
Um facto óbvio é o de não haver aqui em todas as árvores uma tomada elétrica para recarregar o telefone que (recomendavelmente!!!) deverá ser usado com prioridades bem escolhidas.
É um pequeno detalhe a acrescer ao facto de por aqui não haver nem casas nem gente, o que torna por vezes as coisas... complicadas... Enfim, é da natureza do Árctico ser “a modos que” imprevisível.
A haver alguns simpáticos “piropos” de alguns comentadores, tentarei, da minha parte e dentro destes condicionalismos, dar a sempre mui respeitosa mas devida resposta.
2. Tabanca do Centro > Quarta-feira, 8 de julho de 2020 > P1240: Desventuras dos Amigos Suecos > Elefante branco em história negra
[Reproduzido com a devida vénia...]
Último poste da série > 6 de julho de 2020
Guiné 61/74 - P21145: Da Suécia com saudade (75): Pedagogias várias para proveito do macho-ibérico: as representações sociais das... suecas, "muito dadas" (José Belo)
Após a independência, a Guiné procurou obter avultados apoios económicos da Suécia para o sector da saúde. Um moderno laboratório clínico fazia parte prioritária da lista apresentada.
O Departamento Estatal Sueco para o auxílio aos países em desenvolvimento (SIDA) estava dividido entre consultores com opiniões díspares.
O laboratório passou a ser conhecido como o elefante branco…
A SIDA.desejava acabar com os apoios mas, graças aos esforços e muita dedicação dos trabalhadores do laboratório, este lá se foi arrastando até 1998.
Dá-se a guerra civil e o laboratório acaba por ser atingido por algumas granadas, iniciando-se um importante fogo.
Como pode o laboratório sobreviver a todos estes incidentes Como são hoje analisados os resultados?
Todos os apoios aos mais variados sectores da Guiné acabaram por falhar, decidindo a SIDA terminar com a cooperação económica no início dos anos 2000. (2,2 mil milhões! Tendo sido a Guiné o país que recebeu maior auxílio económico per capita).
A cooperação por parte do Instituto Sueco da Saúde Pública também terminou então. O laboratório passou a ser financiado por diversos Institutos Suecos de Investigação.
A universidade sueca de Lunde, através de um grupo de investigadores e do laboratório, tem vindo a estudar um tipo especial de HIV/Sida que existe na Guiné, chamado de hiv-2.
Os resultados foram já apresentados em publicações científicas, tendo gerado grande interesse quanto a vir a ser criada uma vacina.
Hoje considera-se terem sido estes apoios económicos contra-produtivos para o país, o qual, deste modo, não sentiu necessidade de mobilizar os seus recursos próprios.
Ao terminarem os apoios, criou-se um vazio económico, agora preenchido pelas avultadas verbas do tráfego internacional da droga.
Excerto da revista “OmVärlden”
Texto: Mats Sundgren
UTVECKLINGSSAMTALET
Avsnitt 7: Det svenska biståndets vita elefant
Publicerad: den 31 maj 2015 Uppdaterad: den 31 maj 2015
O Departamento Estatal Sueco para o auxílio aos países em desenvolvimento (SIDA) estava dividido entre consultores com opiniões díspares.
Deveria ser um laboratório de elevado nível internacional? Ou antes um laboratório adaptado às realidades guineenses, capaz de funcionar com pelo menos cinco paragens de electricidade diárias e pessoal não especializado?Como o auxílio a ser prestado deveria respeitar os desejos dos recebedores... ambas as sugestões foram apresentadas ao Presidente guineense [, Luís Cabral].
Este, sem o mínimo de dúvida, decidiu-se pelo modelo de laboratório mais avançado… e de custo mais do que duplo!
Argumentou o Presidente ser este o modelo que correspondia ao seu sonho de uma Guiné desenvolvida em futuro próximo.
As realidades vieram dar razão aos críticos:
Este, sem o mínimo de dúvida, decidiu-se pelo modelo de laboratório mais avançado… e de custo mais do que duplo!
Argumentou o Presidente ser este o modelo que correspondia ao seu sonho de uma Guiné desenvolvida em futuro próximo.
As realidades vieram dar razão aos críticos:
- O funcionamento parava continuamente;
- Os cabos eléctricos e os compressores queimavam-se regularmente;
- O sistema de refrigeração avariava-se;
- O fornecimento de água era irregular devido a problemas da canalização...
O laboratório passou a ser conhecido como o elefante branco…
A SIDA.desejava acabar com os apoios mas, graças aos esforços e muita dedicação dos trabalhadores do laboratório, este lá se foi arrastando até 1998.
Dá-se a guerra civil e o laboratório acaba por ser atingido por algumas granadas, iniciando-se um importante fogo.
Como pode o laboratório sobreviver a todos estes incidentes Como são hoje analisados os resultados?
Todos os apoios aos mais variados sectores da Guiné acabaram por falhar, decidindo a SIDA terminar com a cooperação económica no início dos anos 2000. (2,2 mil milhões! Tendo sido a Guiné o país que recebeu maior auxílio económico per capita).
A cooperação por parte do Instituto Sueco da Saúde Pública também terminou então. O laboratório passou a ser financiado por diversos Institutos Suecos de Investigação.
A universidade sueca de Lunde, através de um grupo de investigadores e do laboratório, tem vindo a estudar um tipo especial de HIV/Sida que existe na Guiné, chamado de hiv-2.
Os resultados foram já apresentados em publicações científicas, tendo gerado grande interesse quanto a vir a ser criada uma vacina.
Hoje considera-se terem sido estes apoios económicos contra-produtivos para o país, o qual, deste modo, não sentiu necessidade de mobilizar os seus recursos próprios.
Ao terminarem os apoios, criou-se um vazio económico, agora preenchido pelas avultadas verbas do tráfego internacional da droga.
Excerto da revista “OmVärlden”
Texto: Mats Sundgren
Avsnitt 7: Det svenska biståndets vita elefant
Publicerad: den 31 maj 2015 Uppdaterad: den 31 maj 2015
[Tradução / adaptação livre: José Belo; revisão / fixação de texto para efeitos de publicação no nosso blogue: LG]
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Nota do editor:
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Nota do editor:
Último poste da série > 6 de julho de 2020
Guiné 61/74 - P21145: Da Suécia com saudade (75): Pedagogias várias para proveito do macho-ibérico: as representações sociais das... suecas, "muito dadas" (José Belo)