1. Mais fotos de Canjadude, do tempo em que os Gatos Pretos da CCAÇ 5 por lá se acolheram (1973/74). Arquivo pessoal do João Carvalho, ex-furriel miliciano enfermeiro. Legendas do fotógrafo. (Comentários off-record de L.G.) (1)
Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74) > A psico na tabanca. Em pé está o fulano que eu conheço desde o meu primeiro dia de vida. [E no meio, uma bajuda fula, linda de morrer, talvez ligeiramente estrábica... Sob o olhar vigilante da mãe, e rodeado dos irmãos mais pequenos... Repare-se como os tugas , passada a priimeira surpresa da exposição ao nu étnico, se apoderaram rapidamente do termo psico e deram-lhe uma outra conotação... mais épica, mais erótica, mais camoniana... Outra legenda possível: Canjadude, Ilha dos Amores, Lusíadas, Canto IX]
© João Carvalho (2006).
Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74) > O artista junto a um morteiro. [Morteiro 81 mm: uma arma poderosa, eficaz, mortífera, quando bem manejada, e apontada para as linhas inimigas...] © João Carvalho (2006).
Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74) > Escola da tabanca de Canjadude em que o Salazar dava aulas, vendo-se ao fundo a saída para Madina do Boé [ Recorde-se aqui a trágica história do professor Salazar Saliú Queta que terá sido executado (barbaramente) pelos homens do PAIGC a seguir à saída das NT, segundo fontes apuradas pelo João Martins...](1). © João Carvalho (2006).
Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74)> Ainda a escola, vendo-se junto um abrigo para a população da tabanca [As populações nas tabancas em autodefesa ou vivendo em povoações importantes, com destacamentos ou aquartelamentos das NT, pagaram uma pesada factura... Mesmo assim, não tão grande quanto a das populações sob controlo do PAIGC, bombardeadas pela Força Aérea, fustigadas pelos obuzes das nossas unidades de quadrícula, obrigadas a fugir sob a ameaça das nossas G-3... ] © João Carvalho (2006).
Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74) > Aeroporto de Canjadude durante a noite. Fotografia tirada de uma das tais grandes rochas (grandes para a Guiné), ou seja, de uma das rochas em que estava colocado um posto de sentinela. Consegue-se ver ainda o heliporto, que não sei se já existia quando o José Martins passou por estas bandas [Aeroporto, é favor: chamemos-lhe antes uma pista para pequenas aeronaves, como a Dornier-27, que nos trazia o correio e alguns víveres frescos... Falo pelo que conhecia de Bambadinca, por exemplo]. © João Carvalho (2006).
Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74)> Um dos postos de sentinela, á esquerda, e ao fundo os insólitos blocos de pedra de Canjadude... Bajudas transportam bidões que foram oferecidos à população, antes da entrega do aquartelamento ao PAIGC (Setembro de 1974). © João Carvalho (2006) [ A imagem original que estava demasiado azulada, foi editada e retocada pelo Albano Costa, o nosso artista-fotógrafo de Guifões, Matosinhos ].
Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74) > À direita as chapas de zinco que protegiam o tecto do abrigo do paiol. Mais à esquerda, protegida pelos bidões, a messe. A casa grande era a secretaria [ Canjadude não fugia à regra: adaptou-se aos condicionalismos da guerra... dispensando os bons ofícios dos engenheiros militares de Bissau... A malta virou arquitecto, engenheiro, trolha, marceneiro... O desenrascanço, à boa maneira dos tugas... É preciso fazer um paiol ? Pois, que se faça já aqui, a menos de 100 metros da messe... Admiro-me que não tenha havido, na Guiné - pelo menos, ao que se saiba - grandes acidentes resultantes da explosão de paióis... Em 1973 os foguetões de 122 mm caíram lá perto ] © João Carvalho (2006).
Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74)> A enfermaria em grande plano e à esquerda com uma pequena porta e umas minijanelas, o posto de transmissões [Julgo que o João Carvalho, furriel enfermeiro, também ele, não terá tido mãos a medir no apoio sanitário às populações locais... Uma nobre missão que muito dignificou os serviços de saúde militares... ]
© João Carvalho (2006).
Guiné > Zona Leste > Gabu > Canjadude > CCAÇ 5 (1973/74)> A porta para a estrada que levava a Cheche e Madina do Boé [, de má memória para as NT...] . © João Carvalho (2006).
2. Estas fotos mereceram o seguinte comentário do José Martins, que também foi furriel miliciano (de transmissões), da CCAÇ 5, mas noutro tempo (1968/70):
Caros camaradas:
Com estas viagens virtuais, a um tempo real e inesquecível, vamos vencendo o silêncio a que fomos sujeitos durante tanto tempo.
Para os nossos queridos filhos e netos: Aqui vão retalhos duma vida sem viver, mas que continua viva na nossa mente.
Pena é que cada dia que passa sejamos cada vez menos. Vivemos isto pelos nossos pais e por muitos de vós que já existiam e por muitos mais que vieram a existir.
Não calem as vossas vozes nem prendam o vosso pensamento: SEJAM LIVRES e
façam favor de SER FELIZES, para que nós também o sejamos.
Um abalo do vosso camarada, vosso pai e vosso avô incondicional
José Martins
_____________
Notas de L.G.
(1) Vd. posts anteriores:
23 de Janeiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDLXXIV: O nosso fotógrafo em Canjadude (CCAÇ 5, 1973/74)
5 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCIX: O ataque de foguetões a Canjadude, em Abril de 1973 (João Carvalho)
28 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DXCIII: Cancioneiro de Canjadude (CCAÇ 5, Gatos Pretos)
4 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIV: Os últimos dias de Canjadude (fotos de João Carvalho)
4 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCV: A última noite em Canjadude (CCAÇ 5) (João Carvalho)
5 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCVI: A dolce vita de Canjadude, até ao dia 27 de Abril de 1973 (João Carvalho)
(2) Vd. post de 6 de Março de 2006 > Guiné 63/74 - DCIX: Salazar Saliú Queta, degolado pelos homens do PAIGC em Canjadude (José Martins)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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