1. Mensagem do nosso camarada António Eduardo Ferreira (ex-1.º Cabo Condutor Auto da CART 3493/BART 3873, Mansambo, Fá Mandinga e Bissau, 1972/74) com data de 12 de Dezembro de 2013:
Amigo Carlos
Antes de mais votos de boa saúde, para ti e restante pessoal, como dizem os mais sensatos, há coisas que só depois de as perdermos sabemos o seu valor, talvez por isso eu agora a valorize tanto.
Falando de momentos de leitura, pela parte que me toca foram poucos, a não ser a muita correspondência que recebia e, como era importante essa leitura… ainda que não raramente chegasse bastante atrasada.
Algumas vezes, recebia também um jornal ligado à igreja que me era enviado por familiares, chamado a Voz do Domingo, de Leiria.
A certa altura, não sei precisar a data, na nossa companhia todos recebemos alguns livros, creio ter sido oferta do Movimento Nacional Feminino, desses apenas recordo o título de três; o Médico em Casa, do Dr. Ramiro da Fonseca, O Vestido Cor de Fogo, de José Régio e, a Aparição, de Vergílio Ferreira, este que comecei a ler num dia à tarde, apenas fiz uma pausa para o jantar, depois continuei noite fora até chegar ao fim. Ainda hoje continua a ser um dos livros que mais gostei de ler.
Estas leituras aconteceram em Mansambo, pois em Cobumba apesar de ter muito tempo disponível, apenas lia a muita correspondência que sempre recebia, no abrigo não havia luz e, todas as noites fazíamos reforço.
Durante o dia a vontade de ler era pouca, mesmo não estando de serviço a maior parte do tempo era passado no mesmo sítio, junto ao abrigo, de preferência de ouvido à escuta. Na zona todos os dias havia “festa” quando o foguetório começava nos primeiros instantes não sabíamos quem eram os contemplados, talvez também por isso, a disponibilidade mental para a leitura não fosse a melhor.
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Notas do editor
Capa do livro Aparição do site da WOOK, com a devida vénia
Último poste da série de 11 DE DEZEMBRO DE 2013 > Guiné 63/74 - P12430: O que é que a malta lia, nas horas vagas (15): Livros oferecidos pelo Movimento Nacional Feminino e os meus livros pessoais, tais como: Seleta Literária, História Universal, Inglês e os Lusíadas (Joaquim Cardoso)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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5 comentários:
Caro Ferreira
Na tua foto acho interessante as peças de mobiliário que nós bem conhecemos. Então esse modelo de um misto de mesa, mesinha de cabeceira e parece que também cofre na parte debaixo, era um tempo em que tudo tinha de ser improvisado por nós.Fazia-moa movéis de caixotes, copos de latas de salcicha ou de garrafas de cerveja, bancos de tronco de cibe. Enfim locais em que os criativos eram muito importantes e davam largas à sua imaginação.
O espólio fotográfico do nosso Blogue também por isto é muito importante.
Um abraço para todos
Manuel Carvalho
Meu caro António Ferreira
Li a Aparição ainda antes de ir para a tropa, emprestada por um vizinho da aldeia, mais velho que eu cerca de 10 anos, homem muito instruido e culto.Foi para mim um livro revelação que nunca mais esqueci e me levou a ler quase todos os livros do Vírgilio Ferrreira.
Na Guiné, por razões que não cabe aqui explicar a minha vida foi mais sensorial e muito pouco intelectual.
Ao Manuel Carvalho, que aprecio porque além do mais é quase meu conterrânio, pergunto se ele é um artista em decoração ou marcenaria pois ele está sempre muito atento ao mobiliário que as fotos transmitem.
Abraços a ambos e a todos
Francisco Baptista
Caro Francisco Batista
Claro que estamos a brincar mas a verdade é que principalmente nos primeiros tempos quando tinhamos de comecar do ponto zero era preciso muita imaginação e criatividade para termos o mínimo e claro havia sempre uns mais criativos que não era o meu caso.Quanto a Soutelo a minha mulher é que é de lá eu sou Gondomarense mas já comeco a gostar mais daquilo do que ela.Vim sabado de lá da azeitona e estou com uma grande constipação.Estive em Remondes no Lagar dos Cordeiros que tu provavelmente conheces e que também me conhecem e à minha gente.Em Soutelo há muitos Magalhães que eu conheço.Na CCS do meu Bat. o 2845 havia um individuo dos teus lados o Manuel Maria Curralo julgo que só o vi uma vez.
Um dia não queres aparecer na Tabanca de Matosinhos, Restaurante Milho Rei á quarta feira ao meio dia?
Abraço para ti e para todos.
Manuel Carvalho
Amigo Manuel Carvalho
Sem esquecer a homenagem que se deve a um poeta como o nosso camarada António Ferreira que para mim é um bom poeta . Os poetas para mim são outros homens, são quase imortais.
Irei aparecer na Tabanca de Matosinhos como já prometi a outros camaradas músicos e o António Ferreira que apareça se quiser ou estiver por perto, será sempre bem benvindo
Quanto a ti Manuel no caso de ires ao Natal a Soutelo eu como este ano vou a Brunhoso, no dia 23 vou almoçar ao Lareira, no caso de ires para lá, dizes e podemos combinar.
Um grande abraço aos poetas e aos prosadores. aos borrachos e aos abstémios.
Francisco Baptista
Caro camarada António Ferreira
Este tema lançado sobre "o que é a malta lia nas horas vagas" tem permitido que muitos de nós se debrucem sobre o seu baú de recordações e para além de nos darem conta do que foi (tem sido, porque o tema pode agora 'perder velocidade' mas não fica esgotado, há sempre alguém que se vai lembrar mais tarde de mais alguma coisa) tem também, acho eu, o mérito de avivar, espevitar as memórias de cada um e olharem-se ao espelho.
Estou a reagir à tua memória do 'jornal regional' ou local, a "Voz de Domingo". Pois eu também tinha oportunidade de ler um jornal local ou regional o "Setubalense", que o pai do meu camarada, amigo, companheiro de quarto e de função na Escuta, mas tarde meu padrinho de casamento, lhe enviava com toda a regularidade.
Nessa altura não fazia a mínima ideia, não tinha a mínima intenção, de ir viver para Setúbal, mas a vida tem destas coisas....
Abraço
Hélder S.
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