Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Tabatô > Poilões > "A porta do meu coração", diz a Sílivia Margarida Mendes, a portuguea de Évora que conuistaouo coração do "super camarimba" Mamadu Baio (lê-se: Baiô), membro da nossa Tabanca Grande.
Mamadu Baio, foto da sua página pessoal no Facebook... Com a devida vénia. Foi o o fundador e líder dos Super Camarimba. O João Graça conheceu-o em dezembro de 2009 em Bissau e a sua gente em Tabatô. Vive hoje em Portugal.
Escrevi no poste anterior (*): "Heureca!... A fim destes anos todos (!), descobri finalmemte a localização precisa da famosa tabanca de Tabatô. E mais: vi escrito o topónimo na carta de Bafatá...
Tem alguma razão de ser... Na verdade: Tabatô tem beneficiado de bastante "mediatização" nos últimos anos (nomeadamente com o filme "A batalha de Tabatô", do realizador português João Viana) e tem já alguns filhos ilustres, nomeadamente músicos, Jimi Djabaté, Dj Buruntuma, Mamadu Baio, etc. Tabatô é conhecida sobretudo por ser a terra dos antigos "djidius" que percorriam o vasto território do império do Mali e, depois da decadência e fragmentação deste, de reinos locais como do Gabu.
Descobri, entretanto, que qualquer um de nós pode lá passar uns dias úteis e agradáveis, para não dizer umas "férias únicas", como "workawayer", hóspede que paga em trabalho (5 horas por dia / 5 dias por semana) a hospedagem, traduzida em "cama, mesa & roupa lavada"... Ou seja, Tabatô já está no roteiro mundial do turismo alternativo...
É, de algum modo, uma "tabanca da utopia", no atual panorama da Guiné-Bissau, e oxalá o seu exemplo se multiplique. (Utopia do grego "οὐτόπος", não-lugar, lugar que não existe, mas també, lugar ideal ou idealiado...).
- casamentos tradicionais;
- danças e músicas afro-mandingas;
- leituras do Alcorão;
- "dimbasumo", uma celebração das mulheres;
- "cambanicafó", uma celebração da união de jovens trabalhadores.
O meu nome é Mutar e sou o lider desta Tabanca. Toco e vivo a música de uma maneira muito intensa desde que me lembro e quero muito transmitir isso mas também aprender sobre (e com outros) estilos de música e de ritmos.
Em Tabatô nós produzimos instrumentos típicos da cultura Mandinga, tais como:
- Balafon
- Cora
- Dumdumtama
- Neguelin
- Mirantelen
- Djembé
- Cutil
- Nhanhero
- Flauta, etc.
Depois de jantar, nós, líderes da comunidade, ensinamos as meninas a cantar e tocar para que lhes seja dada uma oportunidade que não teriam de outra forma. Da venda dos instrumentos musicais e da atuação musical em eventos, conseguimos garantir que todas as nossas crianças tenham acesso às escola.
Somos uma comunidade autossustentável , pelo que usufruímos todos de hortas comunitárias onde produzimos o necessário para nós
- malaguetas,
- quiabo,
- "jacatu"
- tomate
- e na época da chuva, amendoim, mandioca, e milho.
De Março a Junho acontece a apanha do caju, a nossa maior fonte de rendimento.
Ainda na época das chuvas, com o apoio do centro médico de Bafatá, distribuímos na comunidade medicamentos destinados a prevenir a malária e a diarreia.
Se ficaste curioso acerca da nossa comunidade e o nosso modo de vida mas ainda estás com dúvida:
- desfruta o filme realizado por João Viana, "a Batalha de Tabatô";
- ouve a música de DJ Buruntuma e Kimi Djabaté, oriundos da nossa Tabanca. (...)
Fotos (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
(...) Vais ter a oportunidade de experimentar a vida numa aldeia que funciona como uma comunidade, onde todos trabalham de forma igual para contribuir para o bem e o progresso comuns, mas também para a preservação da sua cultura e presença no mundo.
Por um lado, vais aprender como cultivamos e consumimos o que produzimos. Por outro, sendo a nossa tabanca tão ligada à música, vais poder emergir na nossa comunidade dançando diariamente. Podemos ensinar-te a tocar como nós e a fabricar instrumentos e talvez também possas tu ensinar-nos algo de novo!
(...) Procuramos pessoas curiosas e flexíveis que queiram contibuir, com as suas qualificações e competências, para o desenvolvimento sustentável da nossa comunidade de modo a podermos trabalhar para nos tornarmos totalmente autossuficientes.
Precisamos de ajuda nas nossas hortas e na apanha do caju e também estamos abertos para ouvir sobre técnicas e práticas agrícolas que não conhecemos.
Em termos de preservação da nossa cultura e tradições, encorajamos a vinda de pessoas com experiência ou interesse em:
- música e dança,
- marketing digital
- vídeo
- fotografia
- gestão de eventos culturais, etc.
Comerás o mesmo que nós, comida típica da Guiné Bissau: muito arroz, acompanhado dos mais variados caldos de peixe e carne. Prepara-te para muita manga, e frutas saborosas com nomes estranhos que te darão saúde instantânea e força. (...)
Embora esta falhe por vezes, temos eletricidade por vía de painéis solares.
- português, fluentemente;
- francês, razoavalmente;
- um bocado, o inglês.
Como chegar cá ?
(i) a primeira, apanhando um autocarro às 14h para Bafatá no bairro Internacional, ao lado da mesquita central Atadamu, no bairro da Ajuda; com um custo de 2000 CFA [,3,05 euros,] é a opção mais confortável mas também o mais difícil dos acessos pelo calor e quantidade de pessoas que se deslocam para Bafatá;
(ii) a segunda, apanhando o carro 7plus, a qualquer hora na parada central em Bissau, no bairro do Enterramento, perto do hospital militar; esta viagem custa 2800 CFA [,4,27 euros,] mas é mais cofortável.
Poderás usufruir de passeios de burro pela mata circundante, ou pelas tabancas mais próximas, em passeios de bicicleta.
Costumamos passar os tempos livres juntos, ora a cozinhar, ou a conversar, a brincar mas sempre acompanhados de ritmo e música, sempre a cantarolar e a inventar novos sons! (...)
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Nota do editor: