sábado, 20 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22733: Agenda cultural (789): Música afro-mandinga, com Mamadu Baio (voz e guitarra acústica) e João Graça (violino): hoje, das 20h30 às 22h30, no Com Calma - Espaço Cultural, Benfica, Lisboa




1. Hoje, sábado, dia 20 de novembro,  das 20h30 às 22h30, haverá nova sessão de música afro-mandinga  (*). Com o Mamadu Baio (guitarra acústica e voz) e e João Graça (violino) (**).

Local: @ Com Calma - Espaço Cultural, em Benfica (Lisboa). 

O Com Calma é um espaço associativo e cultural localizado em Benfica. Desde 2015 que é um local de promoção cultural, aberto ao debate e à partilha de conhecimento. Aqui podes Estar, Debater, Conviver, Ler, Petiscar, Aprender, Ouvir, Beber e Dançar... 

Com Calma - Horário: Quintas, sextas, sábados e domingos das 16h às 23h30

Com Calma - Espaço Cultural: Rua República da Bolívia nº5C 1500-543 Lisboa

O João Graça (médico e músico, ex-Melech Mechaya) tem 125 referência no blogue, e o Mamadu Baio 17. Ambos são membros da nossa Tabanca Grande. Conheceram-se em meados de dezembro de 2009, quando  o João foi à Guiné-Bissau e esteve na mítica tabanca de Tabatô, berço de grandes músicos, como o Mamadu Baio, que na Guiné-Bissau era então o líder do grupo Super Camarimba.

Ouvir aqui um "cheirinho" dos Super Camarimba, no vídeo (11' 03'') alojado em You Tube >  Jorge Ferreira (Cortesia do autor, membro da Tabanca Grande) (***). Mamadu Baio, com a colaboração de João Graça e outros músicos, está a gravar um segundo CD.


Guiné-Bissau > Bissau > 17 de dezembro de 2009 > Mamadu Baio, líder dos Super Camarimba, "experimentando" o violino do João Graça , instrumento que ele muito provavelmente nunca tinha pegado antes...

Foto (e legenda): © João Graça (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

(***) Vd. poste de 5 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19071: Vídeos de guerra (17): "Buruntuma, algum dia serás grande", de Jorge Ferreira, no You Tube, com música de Mamadu Baio

14 comentários:

Anónimo disse...

Laura Fonseca (by email)
20 nov 2021 13:03 (

Parabéns, João. Espero que se espalhe até ao Norte para podermos desfrutar.

Beijinhos e bons andamentos

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Laura, ficas aqui com um "cheirinho" do Mamadu Baio , quando jovem e líder dos Super Camarimba:

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2018/10/guine-6174-p19071-videos-de-guerra-17.html

São registos do 1º CD, gravado no Mali há mais de uma dezena de anos... Ele está a fazer um 2º CD, um novo projeto autoral, com a colaboração do João e outros músicos... Bj. Luis

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Música "afro"-mandinga??
Mas haverá alguma música que, sendo mandinga, não seja afro?
Não creio que haja outra música, noutro qualquer local do globo que possa ser mandinga, sem ser afro, mas...
Estamos sempre a aprender...

Bom FdS
António Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Boa questão, a tua, Tó Zé...(Bolas, não deixas escapar nada !... E assim é que é!)

Se calhar, a designação é obra dos gajos do marketing musical... O adjetivo "afro-mandinga" (afro hífen mandinga...) não vem (ainda) grafado no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa... (Será que os gajos são "racistas" ?... Se fosse "afro-americana", já lá estava, ou melhor, lá já está...).

Mas no nosso blogue, que está sempre à frente dos dicionaristas, já tem 15 (quinze!) referências este descritor...Desde pelo menos 13/5/2011...

O termo é usado por João Graça para designar um "género musical"... Reproduzo aqui as notas do seu diário, aquando da sua visita à Guiné-Bissau em dezembro de 2009 (Os cinco primeiros dias, de 6 a 10 de Dezembro de 2009, fomos encontrá-lo, como médico, voluntário, no Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém, no sul, na região de Tombali).

15 a 16/12/2009, 3ª feira, 11º e 12º dias, Tabatô, a 14 km de Bafatá

12.1. O momento alto da viagem: a recepção em Tabatô. Inicialmente os Homens Grandes estavam a ver TV, o tio do Kimi Djabaté, mas o Demba [, músico dos Super Camarimba,] lá o convenceu a mostrar o estaminé, à entrada da sua casa.

12.2. Era preciso meter gasolina no gerador, mais ou menos 1000 Francos (cerca de 1,5€) para amplificar as vozes. Chegaram os balafons, a kora, os djembés, o coro feminino.

12.3. Antes disso, brinquei imenso com as crianças.

12.4. Quando a música afro-mandinga tocou, comecei… a chorar!
Serviam wargas, bebida tipo chá estimulanmte. Estavam alia 20 músicos a tocar para mim.

12.5. À 2ª música pediram-me para tocar violino. Toquei primeiro uma irlandesa, calma [, que tinha aprendido no festival Andanças] mas não pegou. Depois uma mais mexida em sol maior. Toda a gente começou a fazer sons (palmas primeiro, depois balafons, djembés, kora), numa mistura perfeita. Eles adoraram.

12.6. Toquei mais uma, judaica [, klezmer,], a Bulgar de Odessa [vd. aqui vídeo dos Melech Mechaya: https://www.youtube.com/watch?v=G5MEIDW5yDM], mas a escala harmónica não encaixava com aqueles instrumentos.

12.7. Eles tocaram 4 músicas ao todo, pedi mais uma e aceitaram. Agradeceram que um músico europeu tenha vindo a Tabatô.

12.8. Kimi Djabaté viveu ali até aos 21 anos. Falei com o tio dele. Músico dos Terrakota [...] esteve lá há uns anos (2 ou 3 ???). Músico violinista alemão também já lá passou. Músico canadiano viveu com eles 3 anos, aprendeu a tocar balafon.

12.9. Depois fomo-nos deitar, Ali e eu [o Antero, o motorista, foi para Bafatá), na casa dos Super Camarimba. Havia lá uma pele de cascavel de mais ou menos 7 metros que tinham morto com espingarda há cerca de 1 mês. Cheiros característicos. (...)

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2011/05/guine-8374-p8261-notas-fotocaligraficas.html

Músicos como o Mamadu Baio, o Kimi Djabté e o Braima Galissá, guineenses (e que nos hinra com a sua presença na Tabanca Grande) reclamam-se da "música afro-mandinga" e nenhum deles é propriamente mandinga, de etnia...

Tó Zé, prometo esclarecer melhor a tua pertinente questão (que, mais uma vez, agradeço)...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Aliás, Kimi Djabaté... O mais profissional e consagrado, internacionalmente, dos três...

Tens aqui um "cheirinho" da sua música:

https://kimidjabate.bandcamp.com/track/free-download-kod-love

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Depois de voltar a ouvir uma tema como este, Kodé(Amor), de Kimi Djabaté, ou os excertos dos Super Camarimba, percebo melhor porque é que o João Graça se emocioniu até às lágrimas em Tababató (, a 15 km de Bafatá), na noite de 15 para 16 de dezembro de 2009... E, ao fim destes anos todos, continuam a ajudar (e a aprender com) o seu amigo Mamadu Baio (, entre outros músicos, guineenses, cavo-verdianos, brasileiros...). Afinal, o que temos em comum ?

António J. P. Costa disse...

Não há paralelo com a música afro-americana.
São dois continentes, cada um com sua música. Se as juntarmos teremos música afro-americana.
Não é possível haver música mandinga que não seja africana e, mesmo assim, de uma área específica da África.
Ninguém diz música country-americana. Não há música country, a não ser por imitação que não seja americana.

Um Ab.
TZ

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sobre a origem étnica da população de Tabatô, ver aqui:

11 DE JULHO DE 2010
Guiné 63/74 - P6713: Memória dos lugares (91): Tabatô, tabanca antiga de Djacancas, berço de didjius, terra de Kimi Djabaté (Pepito)


https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2010/07/guine-6374-p6713-memoria-dos-lugares-83.html

(...) Luís, Tabató é uma tabanca muito antiga e sempre foi conhecida por ser uma povoação de djidius, isto é cantores, mas cantores que andam de tabanca em tabanca contando a história passada, os feitos individuais e colectivos marcantes e, desta forma, asseguram às novas gerações o conhecimento do passado.

Não me recordo o nome deles na Europa, mas andará à volta de jograis ou trovadores.

Alguns são contratados para enaltecerem as qualidades reais ou fictícias de certas pessoas.

É natural que não conheças esta tabanca, uma vez que se situa depois do cruzamento para Contuboel (de quem sai de Bafatá para Gabú), e a cerca de 5 Km da tabanca principal.

É uma tabanca de Djacancas, etnia aparentada aos Mandingas. Abraço, Pepito (...).

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Em comnetário ao poste de 8 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6695: Memória dos lugares (82): Bafatá, Tabatô, Tabaski 2009:Não há preto nem branco, somos todos irmãos, disse a Fátima de Portugal numa cadeia de união... (Catarina Meireles), eu tinha escrito, em comentário de 9 de julho de 2010:


(...( Devo dizer, com toda a sinceridade, que nunca ouvi falar da Tabatô, durante a guerra colonial. Nem nunca fui para os lados do Gabu.

Foi o meu filho que me contou a sua experiência ímpar. Passou lá uma noite a curtir a música afro-mandinga e a tocar também world music para os seus novos amigos...

Tabatô, a aldeia de Kimi Djabaté, é agora a tabanca mais famosa da Guiné-Bissau. É já um lugar mítico, nomeadamente para a malta nova, que não vai em "turismo de saudade", à procura de lugares e restos do passado, vai à descoberta do futuro, desse continente do futuro, que é a África... E quer ajudar a construir também esse futuro...

Não sei se Tabatô existia no tempo da guerra colonial... Já pedi ao meu amigo Pepito para saber da história da aldeia... (...)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Mais informação sobre Tabatô, que fica a 10 km de Bafatá, e oferece alojamento local > Sítio com informação em inglês e português:

https://www.workaway.info/en/host/824198823363

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Come meet and experience Tabatô, a self-sustainable musicians village in the interior of Guiné-Bissau / Venha conhecer e vivenciar Tabatô, uma vila de músicos autossustentável no interior da Guiné-Bissau

O que dis o sítio WorkawayInfo sobre Tabatô (bilingue):

https://www.workaway.info/en/host/824198823363


Tabatô é uma pequena e harmoniosa tabanca (aldeia) situada a 10 km de Bafatá, no interior da Guiné-Bissau. Nesta tabanca vivem em comunidade 274 habitantes, maioritariamente da etnia mandinga e fula. Surpreendentemente, aqui ainda estão muito vinculadas tradições que perduram há mais de 4 séculos, sem que estás tenham sido esquecidas ou menos praticadas (tais como casamentos tradicionais, danças e músicas afro-mandinga, leituras do alcorão, "dimbasumo", uma celebração das mulheres, "cambanicafó", uma celebração da união de jovens trabalhadores). Estas conquistam qualquer visitante que espalha a palavra sobre o que é Tabatô, atraindo muitos visitantes a virem conhecer a nossa comunidade.

O meu nome é Mutaro e sou o lider desta Tabanca. Toco e vivo a música de uma maneira muito intensa desde que me lembro e quero muito transmitir isso mas também aprender sobre e com outros estilos de música e de ritmo.

Em Tabatô nós produzimos instrumentos típicos da cultura Mandinga (como o Balafon, a Kora, o dumdumtama, neguelin e mirantelen, Djimbé, cutil, nhanhero, a flauta, etc). Em toda a nossa comunidade, desde os mais novos que ainda gatinham até aos mais anciões corre a música pelas veias. Tanto usamos a música como uma forma de expressão da nossa cultura, sentimentos e de diversão como fazemos ações de sensibilização com várias ONGs (Médicos Sem Fronteiras, PLAN internacional, Tostam Guiné-Bissau,etc) em temáticas de direitos humanos e de desenvolvimento de comunidades como a igualdade de gênero e a sensibilização para que se acabe com a mutilação genital feminina.
Depois de jantar, nós, líderes da comunidade, ensinamos as meninas a cantar e tocar para que lhes seja dada uma oportunidade que não teriam de outra forma. Da venda dos instrumentos musicais e da atuação musical em eventos, conseguimos garantir que todas as nossas crianças tenham acesso às escola.

Somos uma comunidade auto sustentavel , pelo que usufruídos todos de hortas comunitárias onde produzimos o necessário para nós (malaguetas, guiabo, "jacatu", tomate e na época da chuva, amendoim, mandioca, e milho). A época da chuva decorre de maio a novembro.
De Março a Junho acontece a apanha do caju, a nossa maior fonte de rendimento.
Ainda na época das chuvas, com o apoio do centro médico de Bafatá, distribuímos na comunidade medicamentos destinados a prevenir a malária e a diarreia.
Se ficaste curioso acerca da nossa comunidade e modo de vida mas ainda estás com dúvida, disfruta do filme realizado por João Vieira, "a Batalha de Tabatô" e ouve a música de DJ Buruntuma e Kimi Djabaté, oriundos da nossa Tabanca. (...)

(Continua)

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tabatô

(Continuação)

Procuramos pessoas curiosas e flexíveis que queiram investir com as suas qualificações e competências para o desenvolvimento sustentável da nossa comunidade para que possamos trabalhar para nos tornarmos totalmente autossuficientes.

Precisamos de ajuda nas nossas roças e na apanha do caju e também estamos abertos para ouvir sobre técnicas e modos agrícolas que não conhecemos. Também queremos pessoas que possam contribuir para o melhor funcionamento e infraestrutura de nossa escola primária. Estamos sempre abertos a ideias inovadoras e criativas para que possamos continuar aprendendo.

Em termos de preservação da nossa cultura e tradição, encorajamos a vinda de pessoas com experiência ou interessadas em música e dança, marketing digital e vídeo, fotografia, gestão de eventos culturais, etc. Alguns de nós já gravaram algumas músicas e pretendemos continuar produzindo e compartilhando nosso talento. Atualmente estamos construindo uma escola de música e também pretendemos construir um mercado para vender nossos instrumentos para o exterior. Por isso, também damos prioridade a quem possa de alguma forma contribuir com esses projetos. Se você se identifica com algum desses projetos, não hesite em nos contatar! (...)

https://www.workaway.info/en/host/824198823363

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tabatô

(Continuação)


(...) Temos várias opções, incluindo espaço para instalares a tua caravana, tenda ou van. Se desejares, temos um quarto para hóspedes com um colchão e uma casa de banho onde poderás ficar alojado. Alertamos que na época das chuvas haverá muitos mosquitos por isso deverás trazer a tua rede mosquiteira. Temos água corrente e fechadura para a porta para que tenhas a tua privacidade.

Comerás o mesmo que nós, comida típica da Guiné Bissau: muito arroz, acompanhado dos mais variados caldos de peixe e carne. Prepara-te para muita manga, e frutas saborosas com nomes estranhos que te darão saúde instantânea e força. (...)

Embora ESTA falhe POR vezes, TEMOS Eletricidade por vía de Painéis Solares.

Como chegar cá: vindo do aeroporto de Osvaldo Vieira tens duas opções:
A primeira, apanhando um autocarro às 14h para Bafatá no bairro Internacional, ao lado da mesquita central Atadamu, no bairro da ajuda. Com um custo de 2000 CFA está é a opção mais confortável mas também a mais difícil acesso pelo calor e quantidade de pessoas que se deslocam para Bafatá.
A segunda, apanhando o carro 7plus, a qualquer hora na parada central em Bissau, no bairro do Enterramento, perto do hospital militar. Está viagem custa 2800 CFA e é de maior acesso.
Chegando a Bafatá, terás que apanhar um táxi para Tabatô mas contactando-nos com a devida antecedência, alguém da Tabanca irá lá buscar-te.

Nos tempos livres:

Poderás usufruir de passeios de burro pelo bosque ou as Tabancas mais próximas, de passeios de bicicleta. Poderás seguir as cantigas alegres que acompanham os trabalhadores no campo, hortas e mato. Podes participar de nossos rituais e costumes muito marcantes na nossa cultura. No fim de semana, podem ainda ir a Bafatá eGabú, como cidades mais próximas de nós.

Costumamos passar os tempos livres juntos, ora a cozinhar, ou a conversar, a brincar mas sempre acompanhados de ritmo e música, sempre a cantarolar e a inventar novos filhos!

(...)

Para saber mais, consultar:

https://www.workaway.info/en/host/824198823363

Fernando Ribeiro disse...

No vídeo seguinte vê-se e ouve-se Kimi Djabaté tocar balafon numa rua de Lisboa, no Bairro Alto, em frente ao Conservatório:

https://www.youtube.com/watch?v=hA84y2aFogk

Neste outro vídeo, José Braima Galissá dá-nos uma lição de korá:

https://www.youtube.com/watch?v=UEL5Y7vFZmw