domingo, 21 de novembro de 2021

Guiné 61/74 - P22735: Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo (António Graça de Abreu) - Parte XX: Grécia, Ilha de Rodes, 2010








Grécia > Ilha de Rodes  e cidade de Rodes > 2010


Fotos (e legenda): © António Graça de Abreu (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Continuação da série "Depois de Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74: No Espelho do Mundo" (*), da autoria de António Graca de Abreu [, ex-alf mil, CAOP1, Canchungo, Mansoa e Cufar, 1972/74. 

Texto e fotos recebidos em 27 de  setembro último.

Escritor e docente universitário, sinólogo (especialista em língua, literatura e história da China); natural do Porto, vive em Cascais; é autor de mais de 20 títulos, entre eles, "Diário da Guiné: Lama, Sangue e Água Pura" (Lisboa: Guerra & Paz Editores, 2007, 220 pp); "globetrotter", viajante compulsivo com duas voltas ao mundo, em cruzeiros. É membro da nossa Tabanca Grande desde 2007, tem mais de 290y referências no blogue.


 Ilha de Rodes, Grécia, 2010

A velha cidade imponente e trabalhada, olhando-se ao espelho nas águas azuis do mar Egeu.

Procuro a estátua do Colosso de Rodes, uma das sete maravilhas do mundo antigo. Há muitos séculos que, da gigantesca figura, não existe uma pedra, um grama de bronze. Tudo devorado por dois milénios de penumbra. No porto, soletra-se apenas o clamor distante da memória.

Em Rodes, a semideusa filha de Poseidon, recatada e formosa, subiu das águas, envolveu-se em todos os perfumes, saudou os homens. Eros e poesia são palavras gregas.

A imponência do burgo medieval, muralhas, bastiões, torres, portas fortificadas, tanta luta, tantas batalhas, tanto sangue e desespero. Cristãos, otomanos, a guerra, as espadas de fogo dilacerando o bater dos corações.

Os templários, os cavaleiros de Rodes, os cruzados, homens do passado, daqui partiam no século XII no combate aos infiéis, para a reconquista da Terra Santa, a libertação de Jerusalém. Hoje, ouve-se ainda o dobrar dos sinos.

Na ilha há um vale de Borboletas que não visitei. É tudo tão bonito que desta vez o tempo não chega, guardo as borboletas para a estadia numa próxima reencarnação. O poeta japonês Matsuo Bashô (1644-1694), num dos seus haikus, bem avisa que, até em Rodes, necessitamos de tempo para “questionar o borboletear das borboletas.”

Caminho então para a praia de Agathi. O meu corpo nu passeia-se no ondular verde do mar. Humedeço a alma.

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Nota do editor:

2 comentários:

Hélder Valério disse...

Também já estive em Rodes e também gostei bastante de lá ter estado.
Em Rodes, cidade, também percorri, para além de outros locais, a Rua dos Cavaleiros de Rodes com os seus diversos "albergues", tudo muito bem conservado. Pelo menos na ocasião em que lá estive, em 2001, salvo erro.
E fui também a Lindos, onde sob um calor abrasador (foi no final de julho, início de Agosto), no regresso de ter ido ao alto da colina, bebi um dos melhores e mais refrescantes sumos de laranja de que tenho memória.
E a quantidade, variedade e dimensões de pedras para serem usadas nos canhões da época, que por lá ainda abundam? Impressionante!

Hélder Sousa

Valdemar Silva disse...

Como seria bom mergulhar naquela grande poça de água azul, embora pareça haver mais carros que pessoas é o que dá chegar lá por terra.
Um pouco parecida é a grande poça no meio do Atlântico, ilhéu de Vila Franca do Campo, nos Açores, mas a esta só se chega lá de barco.

Abraço e saúde
Valdemar Queiroz