Data - sexta, 12/11, 23:28 (há 10 dias)
Assunto - Um comentário ao livro “ Nunca digas adeus às Armas”.
Caro Luís Graça,
Como sabes, fui ao lançamento do livro “ Nunca digas adeus às armas “ ( os primeiros anos da guerra da Guiné), um trabalho conjunto de Beja Santos e António dos Santos Alberto Andrade.
O lançamento teve lugar no Palácio da Independência, junto ao que resta da igreja de S. Domingos e do teatro D. Maria II. Na altura eu tive o cuidado de pedir a um dos presentes para tirar umas fotos junto com o Beja Santos, no momento em que este assinava a minha cópia do livro que comprei, mas por razões que não sei explicar não encontro nenhuma dessas fotos no meu I Phone. Não sei se fui eu ou a Vilma que inadvertidamente apagámos os fotos por engano ou se a pessoa que as tirou não soube dar conta do recado e não chegou a tirar nenhuma foto, apesar de eu e o Beja termos pensado que o momento estava a ser devidamente registado no meu I Phone.
E também não sei onde pus alguns nomes e notas que na altura escrevi, com intenção de fazer um apanhado dos momentos mais relevantes relacionados com assuntos e camaradas da Guiné durante a minha estadia em Portugal. Não posso deixar de me sentir sem jeito, direi mesmo estúpido, pela maneira desastrosa como por vezes consigo fazer ( ou não fazer ) coisas que, além de interesse. merecem também cuidado e atenção.
Oxalá alguém dos muitos que aí estiveram presentes tenham o cuidado de fazer uma cobertura sobre o acontecimento. A presença foi grande, salão quase cheio e com a presença de muitos ilustres, cujos nomes, na falta das minhas notas nem vou tentar mencionar, na certeza de que outros com mais autoridade do que eu não deixarão de o fazer.
Um comentário ao livro “ Nunca digas adeus às Armas”.
Ontem foi o “Dia de antigos combatentes" aqui nos USA. Um dia bom para finalizar a leitura do livro “ Nunca digas adeus às armas “ ( os primeiros anos da guerra da Guiné).
Oxalá alguém dos muitos que aí estiveram presentes tenham o cuidado de fazer uma cobertura sobre o acontecimento. A presença foi grande, salão quase cheio e com a presença de muitos ilustres, cujos nomes, na falta das minhas notas nem vou tentar mencionar, na certeza de que outros com mais autoridade do que eu não deixarão de o fazer.
Um comentário ao livro “ Nunca digas adeus às Armas”.
Ontem foi o “Dia de antigos combatentes" aqui nos USA. Um dia bom para finalizar a leitura do livro “ Nunca digas adeus às armas “ ( os primeiros anos da guerra da Guiné).
Conforme o próprio Beja Santos explica, este trabalho é baseado num livro de poesia que ele encontrou, da autoria de António dos Santos Alberto Andrade que pôs em verso o que foi a sua experiência na Guiné como parte do Batalhão de Cavalaria 490.
Este relato em verso, devidamente incluido no decurso do trabalho, é a coluna vertebral do livro. É na base deste livro que Beja Santos, baseado na sua própria experiência na Guiné e nos muitos anos de investigação e estudo que Beja Santos desenrola as suas considerações, anexando com muita propriedade os testemunhos de muitos outros autores que sobre a Guiné também escreveram.
Foi dito e salientado por vários no decorrer da apresentação deste livro, que Beja Santos é neste momento talvez a maior autoridade sobre a maioria de assuntos relacionados com a Guiné Bissau, especialmente até ao momento da aquisição da sua independência de Portugal. Concordo.
O resultado é, na minha opinião, uma “obra prima” que consegue dar, mesmo aos menos versados no assunto, uma visão abrangente do que foi este período e permite uma maior clareza sobre o amaranhado que foi não só no terreno mas também no campo diplomático, a luta na Guiné.
O resultado é, na minha opinião, uma “obra prima” que consegue dar, mesmo aos menos versados no assunto, uma visão abrangente do que foi este período e permite uma maior clareza sobre o amaranhado que foi não só no terreno mas também no campo diplomático, a luta na Guiné.
Evidentemente que haverá sempre diferentes opiniões sobre qualquer assunto relacionado com a Guiné. A experiência e convições de cada um levam a que uma mesma realidade possa ser vista sob diferentes ângulos e levar a diferentes conclusões. Este trabalho tem o mérito de ser resultado de trabalho que foi feito sob um prisma de relacionamentos com outros e não um trabalho isolado, dum determinado tempo e situação. E daí, na minha opinião, o seu muito valor.
Para os que vierem a ler este livro, permito-me uma palavra de aviso para os que ainda hoje vivem e experimentam dor com tragédias de quem quer que seja. E digo-o porque tendo eu também vivido e experimentado situações semelhantes no meu tempo na Guiné ( 1965-1967), ainda não pude agora, ao ler este, deixar de me sentir confuso umas vezes, revoltado outras, triste quase sempre pelas descrições horríficas, infelizmente reais que vários testemunhos e descrições me faziam reviver.
Embora toda a "história da Guiné” seja de alguma maneira “mencionada" neste livro, Beja Santos concentrou este seu trabalho no período que abrange os primeiros anos da luta armada. Debruça-se especialmente sobre os anos de Louro de Sousa e de Arnaldo Schulz mencionando o facto de o trabalho destes ser muitas vezes comparado desfavoravelmente em relação ao do General Spínola sem ser levada em devida consideração as diferentes condições bem diferentes, sob o ponto de vista de relacionamento com Lisboa, as condições no terreno e os meios ao dispor de cada um.
Um outro ponto que merece não ser esquecido: o apresentar Amílcar Cabral como um grande estadista, visionário mas pragmático, "extarordinário dirigente político…um dos raros africanos do século XX que podem ser alcandorados ao nível dos grandes dirigentes do mundo contemporâneo, apesar da pequenez do seu país"( Chaliand em “ nunca digas adeus às armas” Pag 213.) que , não fosse a cegueira dos nossos dirigentes de então e a sua morte por assassínio em 1973, poderia ter levado o problema a uma solução completamente diferente, uma que poderia ter salvaguardado os interesses de Portugal e dos guineenses, muito diferente do que foi a triste e desastrosa que todos conhecemos.
Uma leitura obrigatória para aqueles que a Guiné gostam de lembrar, e dela com autoridade ouvir falar.
João Crisóstomo,
Para os que vierem a ler este livro, permito-me uma palavra de aviso para os que ainda hoje vivem e experimentam dor com tragédias de quem quer que seja. E digo-o porque tendo eu também vivido e experimentado situações semelhantes no meu tempo na Guiné ( 1965-1967), ainda não pude agora, ao ler este, deixar de me sentir confuso umas vezes, revoltado outras, triste quase sempre pelas descrições horríficas, infelizmente reais que vários testemunhos e descrições me faziam reviver.
Embora toda a "história da Guiné” seja de alguma maneira “mencionada" neste livro, Beja Santos concentrou este seu trabalho no período que abrange os primeiros anos da luta armada. Debruça-se especialmente sobre os anos de Louro de Sousa e de Arnaldo Schulz mencionando o facto de o trabalho destes ser muitas vezes comparado desfavoravelmente em relação ao do General Spínola sem ser levada em devida consideração as diferentes condições bem diferentes, sob o ponto de vista de relacionamento com Lisboa, as condições no terreno e os meios ao dispor de cada um.
Um outro ponto que merece não ser esquecido: o apresentar Amílcar Cabral como um grande estadista, visionário mas pragmático, "extarordinário dirigente político…um dos raros africanos do século XX que podem ser alcandorados ao nível dos grandes dirigentes do mundo contemporâneo, apesar da pequenez do seu país"( Chaliand em “ nunca digas adeus às armas” Pag 213.) que , não fosse a cegueira dos nossos dirigentes de então e a sua morte por assassínio em 1973, poderia ter levado o problema a uma solução completamente diferente, uma que poderia ter salvaguardado os interesses de Portugal e dos guineenses, muito diferente do que foi a triste e desastrosa que todos conhecemos.
Uma leitura obrigatória para aqueles que a Guiné gostam de lembrar, e dela com autoridade ouvir falar.
João Crisóstomo,
Nova Iorque 12 de Novembro, 2021.
__________
Nota do editor:
Sem comentários:
Enviar um comentário