Angola > 1961 > Desfile de tropas > O Rosinha, furriel miliciano aparece aqui em primeiro plano, assinalado com um X. Repare-se no tipo de armamento das NT: pistola-metralhadora FP, para os graduados; espingarda Mauser, para as praças...Farda: caqui amarelo...
Angola > 1962 > O Furriel Miliciano Rosinha
O Rosinha hoje. Como civil, trabalhou na Guiné-Bissau, na empresa TECNIL, como topógrafo, depois da independência.
Fotos: © António Rosinha (2006). Direitos reservados.
Texto do António Rosinha, com data de 6 de Novembro de 2006, que, depois de algum tempo para ponderação, acabou por aceitar o meu convite (1), bem como o do Vitor Junqueira (2) e do Amílcar Mendes, para se juntar à nossa tertúlia de Amigos & Camaradas da Guiné (3):
Estimados L. Graça, V. Junqueira e A. Mendes:
Vou decidir aceitar o vosso convite. Faço-o, mas sem jamais me considerar no mesmo patamar de qualquer outro tertuliano, que, digamos, é do Quadro... Considerar-me-ei um tertuliano do Dia Seguinte. Mas, ao aceitar, pretendo pagar as cotas por inteiro, isto é, assumir as responsabilidades de tertuliano que me possam ser imputadas.
Penso que o blogue está para se expandir imenso, e serei o primeiro a dar espaço a outros do quadro. Envio umas fotos da minha guerra que, a par da vida civil que passei em Angola, foi simplesmente um tempo inesquecível de vivência de trabalho e, tirando o ano de 1961, eu posso dizer de paz.
Só vim compreender essa paz quando em 1979 faço um contrato com a TECNIL, e vi que os IN se tinham concentrado à volta da Guiné, e era a maneira mais económica de atingir os objectivos. Envio umas fotos da minha actividade como topógrafo (lembro que não era muito aconselhável nesse tempo andar de máquina a tiracolo): era porto, aeroporto, junto a quarteés, poucos lugares me passaram ao lado, em trabalho. Logo que encontre, vou mandar foto pessoal daquele tempo, nem que seja dos passaportes. As fotos da Guiné não abundam. Termino com um abraço.
A frequência de participação sugere-me algumas dúvidas quanto ao tempo/espaço.
____________
Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 21 Novembro 2006> Guiné 63/74 - P1303: Blogoterapia (2): Convite ao António Rosinha, antigo topógrafo da TECNIL (Luís Graça)
(2) E-mail do Vitor Junqueira enviado ao Rosinha, com data de 3 de Novembro de 2006:
Amigo Rosinha,
Aqui é mais uma vez o Vitor Junqueira que fala! E quero que me ouças com atenção.
Aderir a esta tertúlia e ao seu espírito, ou não, é uma decisão pessoal que não carece de quaisquer explicações. Diz-se aqui em Pombal que cada um é como cada qual, e cada qual é como a p... que o p.... !!!
Penso que me entendes. E vamos à questão.
Se aqueles, cujos pontos de vista sobre a guerra do ultramar afrontam a forma como passou a escrever-se a História depois do 25 de Abril de 1974, persistirem em fazer parte da maioria silenciosa, então... estamos feitos! Isso seria péssimo por duas grandes ordens de razões. A primeira tem a ver com um bicharoco que vive dentro de nós, a que alguns dão o nome de auto-estima. Também há quem lhe chame orgulho, dignidade, respeito por si próprio, sentido da honra, etc. O bichinho tem andado muito desanimado, ou porque não lhe prestamos atenção devida, ou porque temos permitido que outros lhe pisem a cauda.
E a segunda, é que ao coibir-nos de emitir a nossa própria visão sobre os factos, continuamos a deixar terreno livre, sempre aos mesmos, para aproveitarem todo o tempo de antena que lhes é oferecido.
E aqui, cairíamos noutro grande perigo. Que seria o de o blogue da cambada se tornar num monumento ao unanimismo. Uma coisa insuportável! E com uma esperança de vida pouco auspiciosa.
É claro que eu tenho muito respeito por aqueles que, tendo malhado com os ossos em África, há mais de três décadas, ainda hoje lambem as pungentes feridas da alma, que de lá trouxeram. Mas, se uma andorinha não faz a primavera, também não me parece razoável aceitar, de mão beijada, que os nossos camaradas hoje doentes, maltratados ou simplesmente desprezados pela Pátria, ressabiados com as contrariedades que a mobilização acarretou para as suas vidas, contundidos por sentimentos dolorosos de injustiças cometidas para com terceiros, possam representar o sentir e o pensar da generalidade dos ex-combatentes.
Estamos cheios até ao gorgomilo. Então, é preciso que cada um de nós, sem pudores bacocos nem auto-exaltações desmedidas, armados apenas com a verdade e honestidade e sem receio a críticas, deixe fluir essa torrente de emoções, passadas ou recentes, contraditórias sem dúvida. Que nos há-de libertar. Ou vai connosco para debaixo do torrão? E lá se iria o burro e as cangalhas...
Fim da história. Entendido?
Vá, junta-te, a nós.
(3) O Antonio Rosinha tinha-me dado anteriormente a seguinte resposta, em e-mail de 2 de Novembro de 2006:
Luís Graça, obrigado pelo convite, mas não vou poder aceitar, com muita pena minha, ser integrado numa tertúlia com a envergadura dessa, em termos históricos, humanos e até mesmo políticos, e que com a tua coragem deve continuar como até aqui...Vou indicar o principal motivo porque não devo pertencer ao vosso grupo: a qualidade desse espaço é tal que cada vez haverá mais ex-militares a escrever, e além de fazerem a verdadeira história descomprimem.
Porque muito do stress que existe é motivado também por se do ouvir em jornais mais repetições tipo Wiriamu, que até parece que foi a generalidade (...). Eu próprio tive um irmão que, depois de viver num certo ambiente politico (Arsenal do Alfeite), achava que eu, que estive lá, seria naturalmente um sanguinário...Quando o convenci que estava enganado, ficou de tal maneira revoltado que ele é que ficou com stress. (Não é força de expressão).(...)
Agora, sobre factos ou histórias de gente e lugares da Guine posso, sem compromisso da vossa parte, dar a colaboração que possa. Um abraço e coragem.
Angola > 1962 > O Furriel Miliciano Rosinha
O Rosinha hoje. Como civil, trabalhou na Guiné-Bissau, na empresa TECNIL, como topógrafo, depois da independência.
Fotos: © António Rosinha (2006). Direitos reservados.
Texto do António Rosinha, com data de 6 de Novembro de 2006, que, depois de algum tempo para ponderação, acabou por aceitar o meu convite (1), bem como o do Vitor Junqueira (2) e do Amílcar Mendes, para se juntar à nossa tertúlia de Amigos & Camaradas da Guiné (3):
Estimados L. Graça, V. Junqueira e A. Mendes:
Vou decidir aceitar o vosso convite. Faço-o, mas sem jamais me considerar no mesmo patamar de qualquer outro tertuliano, que, digamos, é do Quadro... Considerar-me-ei um tertuliano do Dia Seguinte. Mas, ao aceitar, pretendo pagar as cotas por inteiro, isto é, assumir as responsabilidades de tertuliano que me possam ser imputadas.
Penso que o blogue está para se expandir imenso, e serei o primeiro a dar espaço a outros do quadro. Envio umas fotos da minha guerra que, a par da vida civil que passei em Angola, foi simplesmente um tempo inesquecível de vivência de trabalho e, tirando o ano de 1961, eu posso dizer de paz.
Só vim compreender essa paz quando em 1979 faço um contrato com a TECNIL, e vi que os IN se tinham concentrado à volta da Guiné, e era a maneira mais económica de atingir os objectivos. Envio umas fotos da minha actividade como topógrafo (lembro que não era muito aconselhável nesse tempo andar de máquina a tiracolo): era porto, aeroporto, junto a quarteés, poucos lugares me passaram ao lado, em trabalho. Logo que encontre, vou mandar foto pessoal daquele tempo, nem que seja dos passaportes. As fotos da Guiné não abundam. Termino com um abraço.
A frequência de participação sugere-me algumas dúvidas quanto ao tempo/espaço.
____________
Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 21 Novembro 2006> Guiné 63/74 - P1303: Blogoterapia (2): Convite ao António Rosinha, antigo topógrafo da TECNIL (Luís Graça)
(2) E-mail do Vitor Junqueira enviado ao Rosinha, com data de 3 de Novembro de 2006:
Amigo Rosinha,
Aqui é mais uma vez o Vitor Junqueira que fala! E quero que me ouças com atenção.
Aderir a esta tertúlia e ao seu espírito, ou não, é uma decisão pessoal que não carece de quaisquer explicações. Diz-se aqui em Pombal que cada um é como cada qual, e cada qual é como a p... que o p.... !!!
Penso que me entendes. E vamos à questão.
Se aqueles, cujos pontos de vista sobre a guerra do ultramar afrontam a forma como passou a escrever-se a História depois do 25 de Abril de 1974, persistirem em fazer parte da maioria silenciosa, então... estamos feitos! Isso seria péssimo por duas grandes ordens de razões. A primeira tem a ver com um bicharoco que vive dentro de nós, a que alguns dão o nome de auto-estima. Também há quem lhe chame orgulho, dignidade, respeito por si próprio, sentido da honra, etc. O bichinho tem andado muito desanimado, ou porque não lhe prestamos atenção devida, ou porque temos permitido que outros lhe pisem a cauda.
E a segunda, é que ao coibir-nos de emitir a nossa própria visão sobre os factos, continuamos a deixar terreno livre, sempre aos mesmos, para aproveitarem todo o tempo de antena que lhes é oferecido.
E aqui, cairíamos noutro grande perigo. Que seria o de o blogue da cambada se tornar num monumento ao unanimismo. Uma coisa insuportável! E com uma esperança de vida pouco auspiciosa.
É claro que eu tenho muito respeito por aqueles que, tendo malhado com os ossos em África, há mais de três décadas, ainda hoje lambem as pungentes feridas da alma, que de lá trouxeram. Mas, se uma andorinha não faz a primavera, também não me parece razoável aceitar, de mão beijada, que os nossos camaradas hoje doentes, maltratados ou simplesmente desprezados pela Pátria, ressabiados com as contrariedades que a mobilização acarretou para as suas vidas, contundidos por sentimentos dolorosos de injustiças cometidas para com terceiros, possam representar o sentir e o pensar da generalidade dos ex-combatentes.
Estamos cheios até ao gorgomilo. Então, é preciso que cada um de nós, sem pudores bacocos nem auto-exaltações desmedidas, armados apenas com a verdade e honestidade e sem receio a críticas, deixe fluir essa torrente de emoções, passadas ou recentes, contraditórias sem dúvida. Que nos há-de libertar. Ou vai connosco para debaixo do torrão? E lá se iria o burro e as cangalhas...
Fim da história. Entendido?
Vá, junta-te, a nós.
(3) O Antonio Rosinha tinha-me dado anteriormente a seguinte resposta, em e-mail de 2 de Novembro de 2006:
Luís Graça, obrigado pelo convite, mas não vou poder aceitar, com muita pena minha, ser integrado numa tertúlia com a envergadura dessa, em termos históricos, humanos e até mesmo políticos, e que com a tua coragem deve continuar como até aqui...Vou indicar o principal motivo porque não devo pertencer ao vosso grupo: a qualidade desse espaço é tal que cada vez haverá mais ex-militares a escrever, e além de fazerem a verdadeira história descomprimem.
Porque muito do stress que existe é motivado também por se do ouvir em jornais mais repetições tipo Wiriamu, que até parece que foi a generalidade (...). Eu próprio tive um irmão que, depois de viver num certo ambiente politico (Arsenal do Alfeite), achava que eu, que estive lá, seria naturalmente um sanguinário...Quando o convenci que estava enganado, ficou de tal maneira revoltado que ele é que ficou com stress. (Não é força de expressão).(...)
Agora, sobre factos ou histórias de gente e lugares da Guine posso, sem compromisso da vossa parte, dar a colaboração que possa. Um abraço e coragem.
Sem comentários:
Enviar um comentário