domingo, 17 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1373: Feliz Natal, Próspero Ano Novo, Adeus e Até ao Meu Regresso (1): As Nossas Festas... Quentes e Boas (Luís Graça / José Martins)

Guiné > Zona Leste > Nova Lamego > Canjadude > 1969 > CCAÇ 5 - Gatos Pretos, 1968/70 > O Natal de 1969.

Na foto, o José Martins (ex-furriel miliciano de transmissões), que nessa noite, também ele para dar de beber à dor - como diz a letra do célebre fado de Albert Janes, importalizado pela Amália (1) - despejou uma barrafa de uísque no bucho e dormiu que nem um santo... Bem, depende do número de horas, porque a fazer fé no provérbio popular Quatro horas dorme o santo, cinco o que não é santo, seis o estudante, sete o caminhante, oito o porco e nove o morto... Ora, na Guiné, no nosso tempo de meninos e moços, isto aplicava-se que nem um luva: eramos mais do que santos... excepto no Natal! (LG)

Foto: © José Martins (2006). Direitos reservados.



Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Xime > 1972 > Feliz Natal e Próspero Ano Novo... O postal de boas festas natalícias, da praxe, que os nossos militares mandavam aos seus familiares e amigos que ficaram na Metrópole a rezar ou a suspirar por eles... Neste caso, o nosso tertuliano nº 2, o Sousa de Castro... Aproveito para desejar-lhe, a ele e aos demais tertulianos que trabalham nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, Festas... Quentes e Boas e, sobretudo, esperança, muita esperança para o ano de 2007! (LG)

Foto: © Sousa de Castro (2005). Direitos reservados.




Guiné-Bissau > Cacheu > Barro > 1968 > Feliz Natal... "Este é mais outro aerograma que descobri. Mandei-o, pelo Natal, em 1968. O que eu quis transmitir é que eram natais de morte e que o que procurava era esquecer, dando de beber à dor".

Foto: © A. Marques Lopes (2005). Direitos reservados.



1. Mais uma prov(oc)ação do editor do nosso blogue:

Amigos e camaradas: Não há por aí mais aerogramas, fotos, poemas, contos, estórias, memórias do Feliz Natal, Próspero Ano Novo, Adeus e Até ao Meu Regresso ? Não há por aí notícias das Festas... Quentes e Boas que vivemos (ou desejámos ou fomos obrigados a viver) durante a guerra ?

Tenho espaço aberto para esta cena (como dirão os nossos filhos e netos)… Para já, tenho um texto meu sobre o meu primeiro Natal, de 1969 - emboscado... - e outro do Beja Santos (o presépio de Chicri)…

Aguardo mais qualquer coisinha dos restantes tertulianos, sobretudo dos que são mais preguiçosos a escrever (ou até que acham que não sabem escrever!)…

Vamos fazer um... grande presépio, evocando outros Natais, que tivemos de festejar no tempo e no lugar da guerra...

2. O José Martins foi o primeiro, dos nossos tertulianos, a responder-nos, prontamente:

Caro Luís:

Este anexo estava preparado para enviar a toda a tertúlia, com uma foto do Natal de 1969. Se o quiseres inserir, fica já enviado a toda a gente, não só aos tertulianos, mas a todos os que visitam o blogue.

Depois desta foto, fui dormir uma garrafa inteira de Johnny Walker no bucho. Que grande cadela apanhei...

O Natal anterior foi mais moderado. Tínhamos acabado de fazer a evacuação do corpo de um camarada, morto por doença, e que esteve em câmara ardente, do outro lado da parede do refeitório, até momentos antes do jantar.

Um abraço

José Martins

PS - A foto, que se insere, acima, vem acompanhada de uma nota que diz o seguinte:

Bom Natal
e Melhor 2007
Para todo o mundo e, em especial, para todos os Tertulianos.

Da família Martins:

José & Manuela,
Susana, Tiago, Diogo & Filipa (filhos e nora)
David João (neto)

_____________

Notas de L.G.:

(1) vd. Amália Rodrigues : Dar de beber à dôr. Letra e música: Alberto Janes.
Foi no Domingo passado que passei
À casa onde vivia a Mariquinhas,
mas 'stá tudo tão mudado
que não vi em menhum lado
as tais janelas que tinham tabuínhas.
Do rés-do-chão ao telhado não vi nada, nada, nada
que pudesse recordar-me a Mariquinhas,
e há um vidro pregado e azulado
onde havia as tabuínhas.

(...) P'ra terem feito da casa o que fizeram
melhor fora que a mandassem p'ràs alminhas,
pois ser casa de penhoreso que foi viveiro d'amores
é ideia que não cabe cá nas minhas
recordações do calor e das saudades. O gosto
que eu vou procurar esquecer numas ginginhas,
pois dar de beber à dor é o melhor,
já dizia a Mariquinhas.

Fonte: Projecto Natura > Arquivo de Música Portuguesa

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