Foto: © Zé Neto / AD - Acção para o Desenvolvimento. (2007). Direitos reservados.
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Sector de Bedanda > Secção de Guiledje > 2009 > Aspectos do andamento dos trabalhos de construção do Museu Memória de Guiledje, e reconstrução da capela, erigida no tempo da CART 1613 (1967/68).
Fotos: © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2009). Direitos reservados
Pepito, queres dizer-nos algo mais sobre a génese deste documento ? Quem teve a iniciativa, que critérios de selecção foram usados ? Quem é quem ? ...
É o tipo de documento que gostaríamos de publicar mais vezes, "dando voz a quem não a tem"... Mas é bom dar informação adicional aos nossos leitores... Não quero que pensem (alguns deles) que isto é montado, que é encomendado, que é propaganda...
Confirma, por outro lado, os anos do Camisa Mora (ou Mara ?) … 30 anos ? (É o tipo que melhor fala português, mas é óbvio que, com esta idade, não podia ter sido contemporâneo dos acontecimentos...).
Os testemunhos parecem-me espontâneos e sinceros...
Um abraço. Luís
2. Resposta do Pepito, com data de 19 do corrente:
(i) Como prometido, envio-te junto fotos com a situação do Museu que passámos a designar por Memória de Guiledje. Como vês, a construção está praticamente concluída. Falta agora começar a pensar na sua organização interna e isso é trabalho de todos nós.
Espero uma forte contribuição dos camaradas do Blogue (aliás como tem sido até agora). Até Julho ficará concluída a pintura, a instalação da sala de escuta e o sistema de electrificação solar. Até ao final do ano a inauguração (Setembro).
(ii) Começámos a trabalhar na reconstrução da Capela. É uma obrigação moral para com a memória do capitão Neto (**), que tanto acreditou nesta iniciativa e que tanto deu. Para ele a Capela (ver foto) era algo que lhe dizia muito. Quando o informei que tínhamos descoberto a laje que estava na fachada principal, respondeu-me na volta do correio, quanto isso o tinha emocionado, pois os dizeres tinham sido escritos por ele. Tudo faremos para que a sua esposa possa estar presente no dia da sua inauguração.
(iii) Vídeo com as declarações da população sobre o lançamento do livro do Sr. Major Coutinho e Lima: a recuperação do quartel de Guiledje é uma iniciativa em que a população local (especialmente os que lá estiveram durante a guerra) participa activamente e com muita vontade. É uma parte importante e decisiva das suas vidas, como eles estão sempre a dizer.
Numa ocasião em que estávamos a trabalhar em Guiledje, informei-os que o Major [, hoje, Cor Art Ref, ] Coutinho e Lima iria lançar em breve o livro, o que seria mais um contributo para a história de Guiledje. Perguntaram-me mais alguns pormenores e manifestaram a sua satisfação pela pessoa do Major.
Continuei para Iemberém para continuar os meus trabalhos no quadro do PIC (Projecto Integrado de Cubucaré) e, uns dias depois, quando regressava a Bissau, um grupo liderado pelo Camisa Mara (51 anos, repito 51 anos, e pessoa que consideramos das melhor informadas sobre a vida do quartel, da localização das instalações e, como ele diz, ter "pertencido ao último grupo que abandonou Guiledje a caminho de Gadamael") fez-me saber que gostaria que a Televisão Comunitária de Cantanhez registasse uma declaração de alguns milícias e populares que foram contemporâneos e viveram os difíceis momentos do abandono de Guiledje, gostariam de dizer ao Major, no momento da publicação do livro.
A escolha foi deles (sei que eram mais que muitos os que queriam testemunhar). Também eu fiquei comovido com algumas declarações e o esforço que fizeram em falar em português (português que aprenderam com os militares que por lá passaram e que nunca mais praticaram na vida). O Camisa não resistiu e escreveu mesmo uma carta. Terá sido a primeira carta que ele escreveu em português depois do fim da guerra (***)...
(iv) Aproveito para recontar a estória das galinhas que fui comendo à custa do Capitão Neto e que eram uma oferta constante da população para ele. Disse-lho muitas vezes, o que provocou sempre um sorriso (facto difícil naquele rosto austero) cumplíce e nostálgico.
Para aqueles que não acreditam na amizade e saudade com que muitos dos milícias locais e da população que viveu no quartel, dedicam aos militares portugueses que com eles conviveram e mostraram respeito e simpatia, esta é mais uma estória que mostra aquilo que o guineense tem de melhor: a sua espontaneidade e amizade.
abraço
Pepito
3. Comentário de L.G.:
Amigos e camaradas: Há coisas, há gestos, há palavras, há pessoas que nos tocam, sensibilizam, comovem... É bom saber que Guileje, apesar na fadiga bloguística e mediática, ka mori... Guileje, o projecto Guiledje, o espírito que animou o Simpósio (2008), a mobilização dos guineenses e dos portugueses, a preservação da memória de um lado e do outro... Tudo isso, está vivo e bem vivo!
Obrigado, Pepito, por esse vulcão interior... que habita o teu corpo. És um alquimista.
Um Alfa Bravo. Luís
PS - Contrariamente ao que se vê no vídeo, o Casima Mara tem 51 anos, não
30... Teria, portanto, 17/18 anos quando se deu a retirada de Guileje, em 22 de Maio de 1973.
Foto a... > Local onde se localizava a antiga capela
Foto b... > O Domimgos Fonseca, o 'arqueólogo´da equipa
Foto c... > Restos do passeio que ladeava a capela
Foto d... > A cruz, templária, com os braços em forma de machado, que encimaca a fachada da capela
Foto e... > O novo membro da equipa , o jovem engenheiro agrónomo, formado no Brasil, Iaia Djau
4. Nova mensagem do Pepito:
Luís, Amigo
São as palavras como as tuas que incendeiam os vários vulcões que há aqui pela Guiné:
(i) vê o nosso Comandante Domingos Fonseca (foto b.) que começou o trabalho de Guiledje e ontem me dizia: "errei a vocação, devia era ter sido arqueólogo..."
(ii) vê o nosso mais novo recruta, o Iaia Djau (foto e.), jovem agrónomo recém chegado do Brasil onde acabou o curso, mas que já está no balanço...
(iii) Nota que estamos a tentar recuperar a cruz da entrada da capela (foto d.) e temos esperança de nada se perder.[Cruz templária, com os braços em forma de machado. L.G.].
(iv) A foto c. é a parte do "passeio" que margina a Capela.
abraço
pepito (****)
_________
Notas de L.G.:
(*) Vd. postes de:
14 de Dezembro de 2005 > Guiné 63/74 - CCCLXVII: Guileje, terra de fé e de coragem (LuísGraça)
3 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - CDXCVII: Memórias de Guileje (1967/68) (Zé Neto)(5): ecumenismo e festa do fanado
16 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3749: RTP1, As Duas Faces da Guerra (1): A emoção de rever Guileje e a nossa capela (António Cunha, CART 1613, 1967/68)
(**) O Cap Art Ref José Neto, infelizmente, deixou-nos em 2007, depois de enfrentar corajosamente (e de perder) a sua última batalha... (Um abraço eterno, Zé!)
Vd. postes de:
30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1801: Capitão José Neto (CART 1613, Guileje, 1967/68), a última batalha
30 de Maio de 2007 > Guiné 63/74 - P1802: Zé Neto (1929-2007): Morreu um Homem Grande, adeus, amigo, adeus, meu capitão ! (Pepito)
(***) Vd. poste de 14 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4344: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (12): Homenagem dos Homens Grandes de Guiledje a Coutinho e Lima (Camisa Mara / TV Klelé)
(****) Vd. último poste desta série > 29 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4264: Notícias dos nossos amigos da AD - Bissau (4): Inauguração em Setembro do Museu Memória de Guiledje
2 comentários:
Pepito:
Dá um abraço valente ao Domingos e demais equipa de arqueólogos, arquitectos, engenheiros, trolhas, etc, gente fantástica que está a fazer escola na tua AD e a contruir o futuro do país...
Transmite também, aos Homens Grandes de Guileje, com o Camisa Mara à cabeça, o quanto apreciámos o esforço que eles fizeram para comunicar com o Cor Art Ref Coutinho e Lima e os demais camaradas do blogue...
Queremos acompanhar os progressos da obra... Diz-me o que é a "sala de escuta" do Museu...
Aquele abraço. Luís
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