sábado, 6 de maio de 2023

Guiné 61/74 - P24290: Efemérides (393): 5 de Maio, Dia Mundial da Língua Portuguesa, a sexta mais falada do mundo, depois do mandarim, espanhol, inglês, árabe, hindi e bengalês, à frente do russo, japonês e punjábi... É a língua mais falada no hemisfério sul...


Infografia: UNESCO (2023), com devida vénia

1. Comemorou-se ontem o Dia Mundial da Língua Portugesa, língua oficial de 9 países que formam a CPLP.

"A data de 5 de Maio foi oficialmente estabelecida em 2009 pela Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) - uma organização intergovernamental, parceira oficial da UNESCO desde 2000, que reúne os povos que têm a língua portuguesa como um dos fundamentos da sua identidade específica - para celebrar a língua portuguesa e as culturas lusófonas. Em 2019, a 40ª sessão da Conferência Geral da UNESCO decidiu proclamar o dia 5 de Maio de cada ano como "Dia Mundial da Língua Portuguesa".

A língua portuguesa é não só uma das línguas mais difundidas no mundo, com mais de 265 milhões de falantes espalhados por todos os continentes, como é também a língua mais falada no hemisfério sul.

O português continua a ser, hoje, uma das principais línguas de comunicação internacional, e uma língua com uma forte extensão geográfica, destinada a aumentar.

Os Dias consagrados às línguas faladas em todo o mundo celebram anualmente o multilinguismo e a diversidade cultural, e constituem uma oportunidade para sensibilizar a comunidade internacional para a história, a cultura e a utilização de cada uma destas línguas. O multilinguismo, um valor central das Nações Unidas e uma área de importância estratégica para a UNESCO, é um fator essencial para uma comunicação harmoniosa entre os povos, promovendo a unidade na diversidade, a compreensão internacional, a tolerância e o diálogo."


Fonte: UNESCO (2023)

2. Vd. aqui a mensagem do secretário-geral das Nacóes Unidas, António Guterres, em que assinala o Dia Mundial da Língua Portuguesa:

Para o primeiro secretário-geral de língua portuguesa na ONU, "a língua é, muitas vezes, o refúgio e a esperança dos mais vulneráveis - a esperança de serem ouvidos, de que as suas vozes contem, de não serem `deixados para trás`. A língua portuguesa é, também nisso, um bom exemplo, sendo partilhada e construída por populações em todos os continentes" (...)

(...) "Para os mais de 260 milhões de falantes nos países da CPLP e nas suas diásporas, a língua portuguesa continua a ser uma língua de mobilização em favor de uma renovada urgência na implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Precisamos de reafirmar esse empenho e essa esperança, em todas as línguas - e precisamos de passar das palavras aos atos".

Cerca de 260 milhões de pessoas falam hoje português nos cinco continentes e em 2100, esta língua vai unir mais de 500 milhões, segundo uma estimativa das Nações Unidas.

3 comentários:

Antº Rosinha disse...

Tanto a língua portuguesa como Portugal, foram talvez definitivamente desenquadrados aos olhos de muitas partes do mundo como sendo vizinhos da Espanha sim, mas não espanhol, isto devido muito aquela guerra do Ultramar.

A ignorância sobre Portugal e suas colónias era tal, que no próprio Brasil no 25 de Abril ouvia-se perguntar: "Mas Portugal ainda tem colónias?"

Foi muito graças à sagacidade dos dirigentes dos Movimentos independentistas que se divulgou o que era Portugal e os portugueses, que eram algo que não tinha a haver com a Espanha.

Sabemos que havia os "estudantes do império", mas também "estudantes no império" e essa malta sabia melhor que nós "da metrópole" vender o «peixe».

Foram eles que conseguiram que imensas emissoras de rádio em todos os fusos horários, principalmente nos paises de leste e Ásia, tivessem emissões diárias e bi-diárias em português de Portugal e português do Brasil.

Claro que era para falar mal da gente, mas falavam em português, já não era tão mau.

Ouvi a cooperantes estrangeiros na Guiné passados anos da independência, que só naquela altura de irem para lá, é que tinham ouvido a história que aquilo tinha sido uma colónia portuguesa.

E explicavam-me isso em português.

Tive que aturar entre outros uns italianos na Guiné (engenheiros fiscais de obras) em que um me perguntava (em português)se era verdade que os portugueses estivemos ali 500 anos, e a fazer o quê?

E eu na brincadeira (nunca levei coisas muito a sério) respondi-lhe que não sabia mas que fosse perguntar ao Camões.

Também não sabia quem era Camões.

Ou seja, para mim não tenho a mínima dúvida que nós não contávamos, e ainda pouco contamos, mas que aqueles 13 anos de guerra do Ultramar deram-nos tanta ou mais divulgação de Portugal e da língua, do que os 500 anos anteriores.

Isto muito com a ajuda dos "estudantes do império" e "estudantes no império".

Ainda andam por aqui muitos estudantes vindos do império ou filhos deles, que ficaram por cá e dão bem nas vistas, pois têm uma perspicácia especial para se imporem em todos os campos, até na política.

Mas a propósito de Camões, e da nossa lingua, o único PRÉMIO CAMÕES que foi rejeitado foi pelo nosso e angolano escritor Luandino Vieira.

Ele em principio explicou que rejeitou por razões pessoais.

Para mim não é explicação suficiente, que também tenho direito a opinião.

Depois tentou dar outra explicação, também não me convenceu.

Viva o Lula que só fala na ONU em português, embora em nordestino meio caipira.

Cumprimentos.



Valdemar Silva disse...

Realmente, dos 260 milhões de falantes em português 214 milhões são brasileiros, e como eles dizem 'não havia como fazer' em utilizar a sua maneira de escrever e até de falar, p.ex. por cá já dizem 'de fato foi golo', de fato ou de camisola encarnada digo eu, não tardará uma geração comunicar em português brasileiro, assim como nos outros países de língua portuguesa.
Há quem diga que o português do Brasil é um crioulo que resulta da evolução da nossa língua de colonizador com povos autóctones, de oriundos de África, de vários países da Europa e da Ásia. Emoji é das últimas palavras dicionarizadas em português vinda do Brasil e de origem japonesa.
Acontece que a grande maioria de tradutores de português espalhados pelo mundo são brasileiros e suas traduções são em português do Brasil. Os meus netos neerlandeses utilizam o tradutor para português que vão buscar a uma tradução do inglês, ou seja traduzem para inglês e do inglês para português. E numa descrição de um jogo de futebol o meu neto jogou a keeper que traduzido para português saiu goleiro e não o nosso guarda redes.
Calhando, com a habitual influência do estrangeirismo por cá, não será de admirar que no ano de 2223 haja quem diga que em Freixeda ainda há gente que fala em português antigo.
Valdemar Queiroz

Fernando Ribeiro disse...

Quando no séc. XVII os holandeses conquistaram os territórios daquilo que viria a ser a sua Companhia das Índias Orientais, tiveram que aprender a falar português para se fazerem entender pelos povos que conquistaram. O português era nesse tempo a língua franca usada nas relações comerciais entre os diversos povos e nações da Ásia. Cinco séculos depois, ainda são usadas muitas palavras de origem portuguesa em línguas tão diversas como o cingalês, o tailandês ou o indonésio, tais como "sapato", "mesa", "escola", "copo", "bandeira", etc., além, claro está, dos crioulos que ainda sobrevivem em algumas daquelas paragens. Alguns exemplos:

- Malaca (neste exemplo através de dois estudantes em Singapura) - https://www.youtube.com/watch?v=EBLGBob9ZFA

- Macau - https://www.youtube.com/watch?v=3ut1q76K6cE

- Indonésia - https://www.youtube.com/watch?v=tNlAQHLhlb0

- Sri Lanka - https://www.youtube.com/watch?v=J74r1FpVcVs

Em 2011, assinalou-se o quinto centenário da chegada dos portugueses à Tailândia, então chamada Reino de Sião. Esta efeméride, que em Portugal passou completamente despercebida, não foi esquecida pela Tailândia, onde teve lugar uma exposição dedicada às relações entre os dois países (em Bangkok, cidade que os portugueses fundaram e os tailandeses fizeram sua capital) e se realizou um filme, cujo trailer, falado em tailandês e legendado em inglês, é o seguinte: https://www.youtube.com/watch?v=2Rl0XDQBCyc

Para o bem e para o mal, Portugal deixou uma marca indelével na Ásia: na escrita usada no Vietname, na unificação política do Japão, na religião de Timor Leste e em muitos outros aspetos da vida daqueles povos, para os quais não somos ilustres desconhecidos. Nós é que os desconhecemos.