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sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Guiné 61/74 - P27520: Documentos (43): Brochura "Missão na Guiné", da autoria do Estado Maior do Exército. 3ª ed., Lisboa, SPEME, 1971, 78 pp.) -. Parte I

 




Capa e contracapa da brochura, Portugal. Estado Maior do Exército - "Missão na Guiné". Lisboa SPEME, 1967, 68, [5] p., fotos.




 Portugal. Estado Maior do Exército - "Missão na Guiné". Lisboa SPEME, 1967, 68, [5] p., fotos.

Capa e contracapa da brochura, foto intercalar e índice.




Fonte: Portugal. Estado Maior do Exército - "Missão na Guiné". Lisboa SPEME, 3ª ed., 1971, 77, [5] p., fotos.

A capa e a  contracapa são as mesmas da edição de 1967 (que terá sido a 1ª; em 1969, houve uma 2ª). A 3º edição (1971) vem revista e aumentada, com mais páginas (77) e fotos (9). Desapareceu a foto do soldado de capacete e arma aperrada, algures  um trilho cerrado,  bem como a citação erudita e hermética  do Camões, Lusíadas, Canto VII, estrofe 3; ("Vós, Portugueses, poucos, quanto fortes,  / Que o fraco poder vosso não pesais;  Vós, que à custa de vossas várias mortes / A lei da vida eterna dilatais".)

Convenhamos que,  num livrinho destes,  de "acolhimento", replicar aqui o pobre do Camões e a sua narrativa de um povo com um desígnio divino, o de dilatar  a fé e o império, podia ter um efeito perverso: um crescente número de milicianos mas também de praças do contingente geral (para além de jovens oficiais do quadro permanente) já não se revia no uso e abuso do poeta, apropriado e instrumentalizado, "ad nauseam",  pelo Estado Novo para justificar a ideologia e a política da defesa do Portugal do Minho a Timor.

 A 3ª edição está mais alinhada com o espírito e a letra da política spinolista "Por uma Guiné Melhor". 

Vamos seguir esta edição. A legenda da foto que reproduzimos põe a ênfase mais na participação dos militares no desenvolvimento socioeconómico do território (reordenamentos, saúde, educação, construção de estradas, etc.) do que na guerra propriamente dita. 

A legenda da foto da 3ª edição é, de facto,  elucidativa: "Uma Guiné melhor sai também dos braços fortes do soldado português".

Para o militar que ia para a famigerada Guiné, era mais simpático e securizante pensar que, mais do que ter que andar com a G3 nas mãos, à caça do "turra", era mais útil ajudar a construir escolas, casas, centros de saúde , estradas, etc., criando assim as condições para o povo da Guiné poder desenvolver-se e,  um dia, quiçá, poder escolher livremente o seu caminho...sem ser pela força das armas.


1. Quem ainda se lembra desta brochura ?  Era uma edição do EME - Estado Maior do Exército. A mim foi-me distribuída a bordo do T/T Niassa. Tenho um exemplar da edição de 1967,  com o meu nome e com a data de 26/5/1969. Fui descobri-lo no sótão, coberto de pó, entre outros papéis do tempo da guerra.  É ilustrado com 6 fotografias a preto e branco. 

É uma espécie de folheto "turístico-militar"... Vale a pena relê-lo. E disponibilizar o documento para os  leitores do blogue. Tenho duas edições, a de 1967 (68 pp.) e a de  1971 (77 pp.) (esta última oferecida  pelo nosso Mário Beja Santos, mas em fotocópias).

A brochura começa por definir a nossa "Missão no Ultramar", em 3 pontos  (pp. 7-10) (vd. páginas acima). No essencial, segue  o texto de 1967, com ligeiras mas subtis diferenças, eliminando-se algumas "tiradas", estafadas,  de patriotismo serôdio:

(i) em 1971 deixa-se cair... a "defesa da Pátria", no ponto 1, que estava assim redigido: "...uma primeira ideia da Província Ultramarina para onde te leva o cumprimento do teu DEVER de Soldado e de Português − a defesa da Pátria" (edição de 1967, pág. 1);

(ii) o ponto 3 foi encurtado, e logo no primeiro parágrafo há outra alteração; na edição de 1967, escrevia-se: "Das dificuldades da tua missão ninguém duvida, mas a NAÇÃO tem boas razões para confiar em ti!"; de facto, conceitos como Pátria e Nação eram, afinal,  demasiado abstratos para o comum dos soldados, daí a utilização de uma linguagem mais assertiva ou mais próxima do léxico do destinatário;

(iii) mantiveram-se os últimos dois parágrafos ("Valentes e duros"... e " Basta seres como eles"), e  eliminou-se todo um parágrafo abstruso e gongórico que, evocando a voz do sangue dos antepassados,  terminava assim: "A tua geração, Soldado de PORTUGAL, escreve em terras de África páginas das mais gloriosas da nossa gloriosa HISTÓRIA! (edição de 1967, pág. 4). (Portugal e História, em caixa alta.)

Segue-se depois ums pequena monografia da Guiné, abarcando os aspectos físico, humano e económico do território (pp. 10-65).

Nas últimas páginas (68/77) dão-se informações úteis para o pessoal: 

  • legislação militar (vencimentos, gratificações);
  • Pensão de família;
  • Subvenção de família;
  • Correspondência postal;
  • Diversos  (transferência de dinheiro para a metrópole; diferenças horárias, emissões radiofónicas, ligações aéreas)

Não podemos garantir que  na 3ª edição (1971) havia uma mapa da província, em anexo (não constava em 1967, pelo menos no exemplar que eu possuo e que pode estar truncado).

(Digitalização da brochura e nota introdutória: LG)

(Continua)















Fonte: excertos de: Portugal. Estado Maior do Exército - "Missão na Guiné". Lisboa,  SPEME, 1971, pp. 7-10


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Nota do editor LG:

Ú/ltimo poste da série > 1 de agosto de 2023 > Guiné 61/74 - P24525: Documentos (42): "Acordo Missionário", de 7 de maio de 1940, celebrado entre a Santa Sé e a República Portuguesa