sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Guiné 63/74 - P1391: Estórias de Bissau (9): Uma noite no Grande Hotel (José Casimiro Carvalho / Luís Graça))


Guiné > Bissau > Grande Hotel > 13 de Julho de 1973 > Factura
Foto: © José Casimiro Carvalho (2006). Direitos reservados.
1. Estou a organizar a correspondência do Zé Casimiro, relativa ao ano de 1973. Ele teve a gentileza - melhor, a nobreza - de confiar os seus álbuns de fotografias e as cartas que escrevia a seu pai, bem como a outros familiares e amigos. Mas ainda não sei o que é ele fazia exactamente em Bissau em Julho de 1973. Provavelmente gozava o justo repouso do guerreiro ou então convalescia dos ferimentos recebidos em Gadamael, em 1 de Junho, se não me engano, acabando por ser recolhido pela LFG Orion, cujo oficial imediato era o nosso Pedro Lauret (2).
Recorde-se que, de 18 a 22 de Maio de 1973, o José Casimiro esteve submetido a um situação-limite no aquartelamento de Guileje, cercado pelas forças do PAIGC (Op Amilcar Cabral), o que obrigou a sua unidade, CCAV 8356, a abandoná-lo, juntamente com cerca de 600 civis .
2. Prometo conhecer melhor a estória. De qualquer modo, uma estadia no Grande Hotel custava os olhos da cara: uma noite, 165$00, incluindo a taxa de serviço de 10%. Só não sei como é que o nosso ex-furriel miliciano de operações especiais conseguiu infiltrar-se no Grande Hotel...
Há tempos o Carlos Vinhal enviou-nos uma factura referente à estadia de dois dias no Hotel Portugal (3)... E lembrou-nos que em Bissau, naquele tempo, também havia segregação socioespacial em matéria de hotelaria: "Como te deves lembrar, podíamos ser muito ricos, que mesmo assim nos estava interdito o acesso ao Grande Hotel, onde só podiam ficar Oficiais (por mais labregos que fossem) e civis. Nós, os furrielitos, praças e demais maltrapilhos estávamos confinados ao melhor que havia, nomeadamente o Hotel Portugal ou o Chez-Toi ".
Talvez o Zé Casimiro queira (e possa) dar algumna explicação adicional sobre este documento, que vinha acompanhado de uma nota lacónica: "Velhos tempos"... É um bom começo para uma estória de Bissau (L.G.).
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Notas de L.G.: