quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Guiné 61/74 - P26054: Agenda cultural (862): Lançamento do livro Poemas de Han Shan (edição bilingue, seleção, tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu): 19 de outubro, sábado, 17h00 | Casa do Comum, Bairro Alto, Lisboa



Capa do livro "Han Shan: Poemas": seleção, tradução, prefácio e notas de António Graça de Abreu. Edição bilingue. Lisboa, Grão-Falar, 2024 (*)


Lançamento do Livro "Poemas de Han Shan" | 19 de Outubro  | 17h00 | Casa do Comum | Bairro Alto, Lisboa (**)



“Lê os verdadeiros escritores, lê Balzac, Han Shan, Shakespeare, Dostoieveski.”

Jack Kerouac

O homem que um dia se chamou Han Shan, ninguém sabe quem foi. Quando alguém o via, considerava-o um doido, um pobre diabo. Vivia retirado na montanha Tiantai, sete léguas a oeste do distrito de Tangxing, num lugar chamado Han Shan (Montanha Fria), entre rochas e falésias. Daí descia frequentemente para o templo de Guoqing, ao encontro do seu amigo Shi De, encarregado da limpeza da cozinha do mosteiro que lhe guardava restos de comida em malgas feitas com cana de bambu.

Lu Qiuyin (Séc. IX)

Quem gosta de poesia, quem deseja abrir a mente para as mil subtilezas do budismo chan, quem procura a simples inteligência do saber encontrará em Han Shan um mestre, um confrade, um amigo.

 António Graça de Abreu

____________

António Graça de Abreu

O escritor, tradutor e nosso
camarada António Graça
de Abreu com a esposa,
Hai Yuan

  • nasceu no Porto, em 1947; 
  • licenciado em Filologia Germânica, mestre em 
  • História da Expansão e dos Descobrimentos Portugueses
  • foi professor de Português em Pequim e tradutor nas Edições de Pequim em Línguas Estrangeiras;
  • viveu em Pequim e Xangai entre 1977 e 1983;
  • foi professor do ensino secundário e assistente convidado leccionando Sinologia no Instituto de Estudos Orientais  da Universidade Nova de Lisboa, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas e na Universidade de Aveiro;
  • traduziu para português a peça de teatro Xi Xiang Ji (O Pavilhão do Ocidente), de Wang Shifu (1260?-1320?), editada em 1985 pelo Instituto Cultural de Macau;
  • e também as antologias Poemas de Li Bai, Poemas de Bai Juyi, Poemas de Wang Wei, Poemas de Han Shan e Poemas de Du Fu publicadas em Macau, respectivamente, em 1990, 1991, 1993, 2009 e 2015;
  • traduziu também o Tao Te Ching, editado em Portugal pela Vega Ed., 2013;
  • o seu livro Toda a China I e II, 2013 e 2014, é um extenso conjunto de textos sobre as suas muitas viagens e vivências exactamente por todo o território da República Popular da China, mais Taiwan, Hong Kong e Macau;
  • historiador e poeta, é também autor da biografia de D. Frei Alexandre de Gouveia, Bispo de Pequim (1751-1808), co-autor dos dois volumes da Sinica Lusitana, 2001 e 2004, e dos livros de poesia China de Jade, China de Seda, Terra de Musgo e Alegria, China de Lótus, Cálice de Neblinas e Silêncios, A Cor das Cerejeiras e Lai Yong, Bernardo e outros Poemas;
  • publicou ainda o Diário da Guiné, o relato da sua experiência de guerra durante os anos 1972/1974; e dois livros de viagens, sobre as suas duas voltas ao mundo, Notícias Extravagantes de uma Volta ao Mundo e Odisseia Magnífica;
  •  entre 1996 e 2002 pertenceu ao Board da European Association of Chinese Studies (Heidelberg, Edimburgo e Turim);
  • com a tradução dos Poemas de Li Bai, obteve o Prémio Nacional de Tradução 1990, do PEN Clube Português/Associação Portuguesa de Tradutores.


(aberto, sábado, das 12h00 às 2h00)  

(...) A Casa do Comum, projecto da Ler Devagar e imaginado por José Pinho, inaugurado a 31 de outubro de 2023, no Bairro Alto, é um espaço que se propõe como um ponto de encontro da cidade com a cultura.

Num edifício com 3 pisos coexistem uma sala de espectáculos com possibilidade de apresentação de cinema, artes performativas, concertos e conferências, uma livraria generalista, uma livraria alfarrabista e um bar, devolvendo ao Bairro Alto a sua participação na cena cultural da cidade e restituindo aos residentes da cidade um espaço que alia a fruição cultural à vida social no centro histórico. (...)


_______________

Notas do editor:


(**) Último poste da série > 12 de outubro de 2024 > Guiné 61/74 - P26039: Agenda cultural (861): Convite para o lançamento do livro "CRÓNICAS DE PAZ E DE GUERRA, de Joaquim Costa, a ter lugar no próximo dia 9 de Novembro, pelas 16h00, na Bibliotaca Municipal de Gondomar, Av. 25 de Abril. Apresentação do livro a cargo do Dr. Manuel Maria

5 comentários:

Valdemar Silva disse...

Graça Abreu.
Os poemas de Han Shan, suponho que sejam do séc.IX.
A língua chinesa, cantonês ou o que seja tem as mesmas "palavras" do actual chinês, cantonês ou o que seja? Ou existe os mesmos poemas "traduzidos" em chinês da actualidade?
A minha curiosidade é por ler, por cá, um poema do séc. IX e ser muito difícil de perceber,
só sabendo latim e não só, e inclusive por as palavras usadas naquele século terem "morrido" com os tempos.
Agradeço uma explicação, para a minha curiosidade.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Anónimo disse...

Obrigado, Valdemar, pelo teu comentário e as tuas questões.
Depois da Guiné, ou com a Guiné, ainda houve algum esbracejar meu, doloroso, sentido, autêntico, 72/74, sobre a brutal experiência de vida e de morte a que fomos sujeitos. Escrevi, nos dois anos de Guinè, um Diário da Guiné, publicado em 2007 pela Guerra e Paz, Editores. Mário Beja Santos, o recensor mor neste blogue de mil obras sobre a Guinè, e não só, sobretudo dos anexos, não teve a coragem de publicar neste blogue uma recensão sobre o meu livro. Copiou o título, Diário da Guiné, publicou dois Diário da Guiné, falsificou um pouco a sua interessante própria história, e lá vai ele, vai continuando a escrever, cantando e rindo. Está no seu pleníssimo direito.
Depois da Guiné, em 1977 parti para China, seis anos de vida em Pequim e Xangai, mudar tudo, lavar a cabeça, depurar a mente, tanto quanto a elastecidade mental permite. Quase esquecer a Guiné.
Do cantonês ao mandarim, dos dialectos ao padronizar da língua falada já no início do século XX. No chinês clássico, dos séculos VIII ou X , ou XVIII, valem os carateres. Na época tinham outra leitura mas o significa é sempre o mesmo, com pequeníssimas variantes.

Abraço,

António Graça de Abreu
Do chinês

Anónimo disse...

Obrigado, Valdemar pelo teu comentário.
O poeta Han Shan terá vivido entre 700 e 785. Escrevia em caracteres chineses que teriam diferentes leituras de acordo com os dialectos locais. Mas os caracteres eram iguais, as pessoas entendiam-nos pela leitura, não pelo modo de pronunciar. Ainda hoje é assim. Por exemplo, lê-se 香港 Xiang Gang em mandarim e 香港 Hong Kong em cantonense, o dialecto de Cantão e Macau. A escrita é exactamente igual. Ambos significam Porto Perfumado. São os caracteres que unificam o monolito cultural chinês.

Abraço,

António Graça de Abreu

Tabanca Grande Luís Graça disse...

António: secundando um pedido (implícito) do Valdemar Queiroz, vou sugerir-te que nos mandes dois ou três poemas do grande Han Shan, em chinês e português... E nos diga onde se pode comprar o livrinho.

Fiquei também com curiosidade sobre a nova editora, Grão-Falar, e o projeto cultural Casa do Comum, na rua da Rosa, no saudoso Bairro Alto, onde vivi em 1975/76 (numas águas furtadas da Rua da Misericórdia, encostadas ao Teatro da Trindade e a menos de 100 metros da mítica cervejaria...).

Boa sorte para amanhã. Com pena minha, não poderei ir dar-te um abraço ao vivo. Luis

Valdemar Silva disse...

Graça Abreu
"...encontrará em Han Shan um mestre, um confrade, um amigo", Li Qiuyin séc.IX
É muito interessante saber que os caracteres chineses, funcionam como palavras, julgo eu, não sofreram alterações ao longo de 15 séculos.
Quer dizer que nem com a invasão dos mongóis no séc. XIII, com certeza com novos dialectos, alterou e criou muitas novas palavras chinesas.
Por cá, toda a linguagem foi-se alterando, com o aparecimento dos romanos com o latim e os mçulmanos com árabe e o moçárabe dos visigodos existente a sul.
Valdemar Queiroz