Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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quarta-feira, 28 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26854: Parabéns a você (2380): António Acílio Azevedo, Ex-Cap Mil, CMDT da 1.ª CCAV/BCAV 8320/72 e da CCAÇ 17 (Bula e Binar, 1973/74)
Nota do editor
Último post da série de 26 de Maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26846: Parabéns a você (2379): Jorge Narciso, ex-1.º Cabo MMA da FAP (BA 12 - Bissau, 1969/70)
terça-feira, 27 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26853: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - Parte V: aqui sinto-me em casa, encontro tias, primos, vizinhos, colegas de escola e do liceu...
Foto nº 1 _ Paragem no autocarro dos "Transportes Urbanos Militares" na Amura
O Carlos Filipe Gonçalves, Kalu Nhô Roque (como consta na sua página no facebook):
Mais extractos de "Recordações de um Furriel Miliciano, Guiné 1973/74". Fotos relacionadas com o Texto: Paragem do autocarro na Amura (nº1). Restaurantes Pelicano Nº 2) e Ronda (nº 3).
O recém-chegado de Lisboa à Guiné sofre um choque térmico, que provoca suores, estamos sempre melados! No final de um dia de trabalho anseia-se por mais um banho; no meu caso, já vou no terceiro depois dos de manhã cedo e do meio-dia! E haverá mais um, antes de dormir.
Na rotina que se vai instalar, jantar fora tem muitas opções de restaurantes: perto do QG na estrada de S. Luzia está o “Santos” com bons vinhos, bifes e mariscada… O camarão e ostra são baratíssimos!
Apanhar o autocarro dos “Transportes Urbanos Militares” para Bissau, logo depois do jantar, passou a ser um hábito de todos os dias. O autocarro vai sempre cheio, muitas vezes temos que esperar pela volta, para se encontrar um lugar na próxima viagem. Há várias paragens… Eu, e quase toda a malta, descemos na Amura, um imponente forte, velho de séculos onde está instalado o Comando Chefe. Trata-se de um ponto central, há um pequeno largo e comércio à volta.
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| Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Bissau. Fonte: Cortesia do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné |
A partir de então, a cada dia que passa, vou conhecendo mais gente de Cabo-Verde e encontro familiares: duas tias, um primo da minha mãe e seus filhos, etc. etc. Natural, pois, há ligações familiares antigas com a Guiné, a minha mãe contava que a avó paterna dela, era da Guiné… até encontro laços familiares no quartel!
Venho depois a saber, muitas repartições e serviços da administração pública de Bissau, têm cabo-verdianos, no BNU são quase todos cabo-verdianos! Verifico mais tarde, há muitos cabo-verdianos, instalados desde muitos e muitos anos na Guiné! Passo a ser convidado para festas, almoços com familiares, pouco a pouco vou-me inserindo na sociedade guineense.
Pelos cabo-verdianos na tropa no mato, recebo notícias do que por lá se passa.
Guiné 61/74 - P26852: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (13): Comissão liquidatária e Esferográficas Parker

42 - COMISSÃO LIQUIDATÁRIA
Terminada a permanência em Nova Sintra, rumamos a Tite para completar os vinte e dois meses de comissão. Como não tinha funções a executar relativamente à minha especialidade, o sargento da CCS colocou-me a fazer serviços da guarda e integrado numa equipa a fazer picagem à pista de aviação. Não estava nada interessado naquilo, mas ainda fiz por duas vezes a picagem. Quanto ao serviço da guarda não fiz nenhum.
Ouvi dizer que estava em formação a comissão liquidatária e ofereci-me para ser o representante da minha companhia, o que foi aceite. Era coordenada pelo Major Martins Ferreira, 2.º Comandante do Batalhão e composta por um representante de cada uma das companhias operacionais. A minha missão era ir junto dos diversos serviços (Intendência, Material, Transmissões e Saúde) resolver ou acelerar a resolução de autos pendentes, relativos a autos instaurados, por perdas, deterioração de géneros, desgaste de peças das viaturas, dos rádios, material de saúde, bem como os resultantes da atividade operacional. As questões relacionadas com o armamento e fardamento seriam mais tarde tratadas pelo 1.º e 2.º Sargentos. Fomos para Bissau e ficamos instalados no Quartel de Santa Luzia.
Por determinação do major, tinhamos de estar todos os dias às dez horas da manhã, à porta do seu quarto. Assim fiz durante os dois primeiros dias, mas depois deixei de comparecer porque o major só muito depois das onze é que resolvia aparecer. Como os serviços abriam às oito horas, a manhã estava perdida e à tarde o movimento era maior, portanto mais complicado. Comecei a ir àqueles serviços à hora de abertura. Tive a sorte de em alguns serviços encontrar gente conhecida da escola de Gaia e da Oliveira Martins, no Porto e até da Tranquilidade, onde trabalhava na vida civil., que me resolveram a grande maioria dos autos. Aqueles que não consegui, mas que foram poucos, ficaram para ser tratados pelos sargentos.
No final de tarde estava a beber umas cervejas num café da baixa, após ter realizado mais um circuito pelos serviços, quando o furriel Graça que era, digamos, o adido em Bissau do Batalhão, veio ter comigo e disse: “ó pá estás tramado, o major quer dar-te uma porrada e quer que compareças amanhã“. Assim fiz. Quando o major me viu, do alto dos seus galões vociferou, "ó pá, que merda é esta, passas os dias no café a beber cerveja e trabalhar nada?".
Numa das vezes que fui ao Hospital Militar, ao Serviço de Saúde, ao passar junto à varanda de uma das enfermarias, ouvi gritar pelo meu nome, "ó primo Silva". Só podia ser o Zé Pedro, o candidato a árbitro de futebol. Estava internado em tratamento e a aguardar intervenção para retirar estilhaços de granada alojados nas costas.
43 - ESFEROGRÁFICAS PARKER
Durante a permanência em Nova Sintra e com a minha gestão na cantina, os lucros resultantes da exploração, eram aplicados na aquisição de bens que minimizassem as nossas dificuldades e recordo a compra de ventoinhas para os diversos abrigos. Saídos de Nova Sintra já não havia em que gastar o dinheiro em caixa. De acordo com o alferes Martinho e dado que estava em Bissau na comissão liquidatária, pesquisei em várias lojas artigos com interesse. A melhor solução encontrada foi adquirir esferográficas Parker e com a concordância do alferes comprei uma para cada militar, mais ou menos cento e cinquenta. Foi gravada a inscrição CCAV 2483.
(continua)
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Nota do editor
Último post da série de 20 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26820: Vivências em Nova Sintra (Aníbal José da Silva, Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483/BCAV 2867) (12): O meu acidente
Guiné 61/74 - P26851: Convívios (1033): Rescaldo do Encontro do pessoal do BCAÇ 2885 (Mansoa, 1969/71), levado a efeito no passado dia 24 de Maio de 2025, em Arganil (Ernestino Caniço, ex-Alf Mil Cav)
Caros amigos
Votos de ótima saúde.
Realizou-se um convívio de camaradas do BCAÇ 2885, que esteve sediado em Mansoa.
Anexo algumas fotografias para publicitação no blogue se assim o entenderem.
O evento ocorreu junto ao Santuário do Mont´Alto no concelho de Arganil, distrito de Coimbra.
O Santuário (mariano) culmina numa capela situada a 615 metros de altitude (no mais alto do cômoro), onde os peregrinos se dirigiam (outrora único caminho) em romaria e devoção, passando por 6 Ermidas dedicadas a vários Santos. As Ermidas servem como descanso e alívio, em virtude de ser caminho comprido e escabroso por o monte ser muito alto.
O santuário assume-se também, como um miradouro privilegiado, proporcionando vistas deslumbrantes sobre o rio Alva, a serra do Açor e os campos circundantes.
Um grande abraço
Ernestino Caniço
Fotos enviadas e legendadas por Ernestino Caniço. Editadas por CV
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Nota do editor
Último post da série de 26 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26848: Convívios (1032): No rescaldo do nosso encontro (Famílias Crisóstomo & Crispim + amigos), Torres Vedras, Convento do Varatojo, 25/5/2025 (João Crisóstomo, Nova Iorque)
Guiné 61/74 - P26850: (De) Caras (232): Mamadu Baio & Amigos, 16ª edição do "Junta-te Ao Jazz", Palácio Baldaya, Benfica, Lisboa, 25 de maio de 2025... Como disse o Mamadu Baió (viola baixo, voz, compositor): "a música não tem fronteira, nem tem cor, não tem raça"
Fotos (e legendas): © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Nunca tinha ido ao Palácio Baldaya, em Benfica, Lisboa. Nem ao festival "Junta-te ao Jazz", organizado pela Junta de Freguesia de Benfica (*). Fui ontem, 25 maio, no último dia. E para ver e ouvir o Mamadu Baiô + Amigos...
É tudo gente da diáspora africana... Tabatô tem 35 dezenas de referências no nosso blogue. Desde sempre temos apoiada a música e os músicos da Guiné-Bissau, dando nomeadamente a conhecer os seus trabalhos, atuações, espectáculos, projetos, etc.
Dois destes músicos são membros da Tabanca Grande, o Mamadu Baio (ex-Super Camarimba) e o João Graça (ex-Melech Mechaya).
Gostei do desempenho do Mamadu Baio e dos seus amigos. E o reportório que foi escolhido, estava adequado ao evento e ao local, ao ar livre, em tarde de sol, mesmo que tenha coincidido com a final da Taça de Portugal em Futebol ( estavam as ruas desertas quando cheguei a casa).
Já sugeri, em tempos ao Mamadu (que canta em mandinga) que faça sempre antes, no início de cada canção, uma pequena sinopse ou resumo das letras: cada canção conta uma história. Tabatô é uma aldeia de "griots" ou "djidius" que no antigo império do Malu e depois no reino de Gabu eram trovadores, músicos ambulantes, levando as notícias às tabancas, divulgando as lendas e narrativas de reis, guerreiros e heróis... Em suma, eram as redes sociais daqueles tempos, anteriores à ocupação colonial dos europeus.
Recorde-se que o João Graça, quando esteve na Guiné-Bissau, em dezembro de 2009, passou uma noite memorável em Tabatô. (***) Disse ele que foi uma das experiências mais marcantes da sua vida. Nessa altura ele terá conhecido o melhor da Guiné, teve mais sorte que o pai, que quarenta anos antes conheceu o pior, ou seja, a guerra.
(*) Vd. poste de 24 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26840: Agenda Cultural (886): Entrada livre... O nosso grão-tabanqueiro, luso-guineense, Mamadu Baio & Amigos (incluindo o João Graça, violino, mais 5 guineenses), amanhã, dia 25, no Palácio Baldaya, Estrada de Benfica, 701, Lx, às 17h30, na 16ª edição do festival "Junta-Te Ao Jazz"... Encerra, às 18h30, com o grande Paulo Flores, a voz angolana do kizomba, do semba, da resiliência e da esperança
(**) Últiumo poste da série > 9 de maio de 2025 > Guiné 71/74 - P26782: (De)Caras (231): O meu "mano" José Pedro Silva, sold, Pel Caç Nat 56 ... Ou a amizade não tem cor (Aníbal Silva, ex-fur mil SAM, vagomestre, CCAV 2483, Nova Sintra e Tite, 1969/70)
segunda-feira, 26 de maio de 2025
Guiné 61/74 - P26849: Notas de leitura (1801): "A Independência da Guiné-Bissau e a Descolonização Portuguesa", por António Duarte Silva; Afrontamento, 1997 (1) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 8 de Maio de 2024:Queridos amigos,
É extensíssima a bibliografia que António Duarte Silva incorpora neste seu primeiro volume, quando o escreveu não era propriamente um recém-chegado ao mundo da investigação, possuía também tarimba universitária, fora assistente do ISCTE e da Faculdade de Direito de Lisboa, assistente da Escola de Direito e assessor científico da Faculdade de Direito de Bissau, possuía escritos sobre Direito Constitucional, Direito Colonial e Descolonização.
Um abraço do
Mário
A independência da Guiné-Bissau e a descolonização portuguesa (1)
Mário Beja Santos
António Duarte Silva [na foto à direita] é indiscutivelmente o investigador com mais créditos no estudo no pensamento e ação de Amílcar Cabral, no direito e política, abrangendo o seu centro de investigação, a independência da Guiné-Bissau e o processo jurídico-político da descolonização da Guiné-Bissau, toda a sua obra maneja com alta perícia estes domínios.
- colonialismo e nacionalismo na Guiné;
- o ato inédito no direito internacional da declaração unilateral de independência;
- como se processou a descolonização portuguesa;
- e, igualmente, como teve lugar a formação do Estado.
Como é obrigatório, o autor apresenta a pequena parcela da Costa da Guiné explorada pelos portugueses a partir do século XV, como se foi modelando, à escala universal, o sentimento de mudança (de colonização para descolonização), assistiu-se à quebra das amarras das potências coloniais e dos povos tutelados; como se deu o despertar do nacionalismo em terras da Guiné, apareceu o Partido Socialista da Guiné, que pouco fez e pouco durou, irrompe a figura de Amílcar Cabral, a importância dos contactos que ele estabeleceu em Lisboa com outros estudantes africanos de colónias portuguesas, a sua presença como engenheiro na Guiné, onde, um ano depois de ele ter regressado a Lisboa, se tentou se criar um Movimento para a Independência Nacional da Guiné (MING), que Rafael Barbosa, que será figura fundamental do PAIGC até 1962, comentará que não passou de um campo de experiência.
Tudo irá mudar em 1959, mas no ano anterior um conjunto de nacionalistas decidiu formar um Movimento de Libertação da Guiné. A 3 de agosto de 1959, dão-se os trágicos acontecimentos do Pidjiquiti, haverá mortos de número indeterminado, tem lugar a 19 de setembro de 1959 uma reunião em Bissau, em que está presente Amílcar Cabral, em que se tomam importante decisões: deslocar a ação para o campo, mobilizando os camponeses, preparar-se para a luta armada e transferir parte da direção para o exterior.
Nos primeiros dias de outubro de 1960, o ainda PAI realizará em Dacar uma reunião de dirigentes, é nesse evento que foi adotada definitivamente a sigla PAIGC, aprovados os programas dos partidos, que tinham sido elaborados por Cabral, escolhida a bandeira do PAIGC, também por sugestão de Cabral; enviada uma vez mais ao Governo português a proposta de abertura de negociações, e a não haver deferência por parte do Estado português, teria início a luta armada.
Desde muito cedo que o líder do PAIGC busca apoios nesta altura fundamentalmente em África, URSS e países não alinhados. No início, Moscovo temia que o PAIGC estivesse dominado por tendências para os chineses. Conacri gera facilidades e dá ajuda concreta. 1962 é o ano em que Rafael Barbosa é preso na Guiné, é desmantelada a organização do PAIGC em Bissau e desencadeada a sublevação nas regiões do Sul.
O período de 1964 a 1968 corresponde à unificação do poder civil e militar, Arnaldo Schulz é simultaneamente Governador e Comandante-Chefe, vai seguir e intensificar uma manobra de disposição de destacamentos e povoações em autodefesa, foi uma tentativa de agrupar a população que não quis expressamente ficar na órbita da guerrilha, se bem que no decurso de toda a guerra tenha vindo a avultar a problemática do duplo controlo.
Nos cinco anos do Governo seguinte, tendo à testa Spínola, este pretendeu alterar significativamente a estratégia portuguesa, despachou para a metrópole um bom punhado de quantos militares, remodelou o dispositivo fazendo retirar a presença portuguesa sobretudo em áreas do Sul e na região Leste, no Boé.
(continua)
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Nota do editor
Último post da série de 26 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26847: Notas de leitura (1800): "Gil Eanes: o anjo do mar", de João David Batel Marques (Viana do Castelo: Fundação Gil Eanes, 2019, il, 131pp.) - Parte I: A história do navio-hospital da frota bacalhoeira (Luís Graça)
Guiné 61/74 - P26848: Convívios (1032): No rescaldo do nosso encontro (Famílias Crisóstomo & Crispim + amigos), Torres Vedras, Convento do Varatojo, 25/5/2025 (João Crisóstomo, Nova Iorque)
1. Mensagens do luso-americano João Crisóstomo, régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, cidadão do mundo:
Data - 26 maio 2025 11:33
Assunto - No rescaldo do convívio das famílias Crisóstomo & Crispin + amigos e camaradas da Guiné
Meus caros,
Eu já tinha convidado os nossos Luís Graca e Beja Santos a fazerem uma visita a este vestuto convento onde eu mesmo passei um ano, 1960, se me não engano. As fotos do João Lobo e anotações/descrições do Luís Graca creditam a minha afirmação de que uma visita e um ou dois posts sobre este convento no nosso blogue eram devidos …
Envio mais algumas fotos , estas tiradas já depois de todos nos termos dado o abraço mata-saudades. Na primeira foto aparece o Rodrigues Lobo, já com a letra na mão preparando-se para cantar…
Um meu sobrinho, artista de muita imaginação trouxe uma “G3” que ele fez duma raíz… ( última foto)
O ambiente e entusiasmo vividos são evidentes numa mensagem que recebi esta manhã dum primo meu ( que também esteve em Montariol!) e que copio
Abraço,
João
Mensagem de Vitor Baptista (meu primo):
Muitos parabéns pelo êxito da organização e muito obrigado pelo empenho, dedicação, energia e cuidado que consagraste a este tão genuíno e puro encontro de familiares Crispins e Crisóstomos. Foste inexcedível. Os nossos agradecimentos sao também extensivos à Vilma que tão generosamente se disponibilizou para participar sempre com um sorriso de extrema gentileza.
Obrigado. Aceita um grande abraço e beijos da Elvira.
Obrigado.
Vitor
2. Comentário ao poste P26844 (*):
Mas que grande ( e agradável) surpreza quando me apareceu um indivíduo a apresentar-se como um "camarada, Membro da nossa Tabanca", à procura do Luís Graça! E logo vim a saber que vive em Torres Vedras! fiquei de boca aberta!... puxa vida! não tenho desculpa! Não fazia idéia que este senhor era nada mais nada menos do que o João Rodrigues Lobo, bem conhecido no nosso blogue! E ainda por cima vive em Torres Vedras!
Agora , sem jeito e cheio de remorços, pois nem uma fotografia tomámos juntos, resta-me pedir desculpas e pedir que me ligue ( deixei o meu cartão com os meus dados).A verdade é que estava tão excitado e ocupado para que o encontro dos meus ( Crispins, Crisóstomos e amigos) decorresse bem que não sabia para onde me virar. Mas valeu a pena, pois parece que todos os presentes ( pelo menos assim me diziam com grandes e apertados abraços e outras mostras de regozijo) viveram este momento com tanta alegria como eu. Além dos meus familiares vieram algumas pessoas/ e amigos de Lisboa e outros lugares mais longínquos que com um entusiasmo evidente juntaram as suas vozes , com o acompanhamento de acordeão e direção do nosso também tabanqueiro Rui Chamusco , cantando " Oh minha terra , onde eu nasci", "O mar enrola na areia", "Tia Anica do Loulé", "Alecrim, alecrim aos molhos" e outras cantigas duma maneira tão entusiasmada e contagiante que até a própria Vilma (que diz não saber falar português) berrava a todos os pulmões... e agora já ninguém a quer acreditar,
Gostei muito também da fotos que o Lobo tirou. Bom trabalho, que merece parabéns. Já tinha dito ao Luís Graça e Beja Santos para virem a Varatojo: que valia bem a pena uma visita e um ou dois posts. Creio que estas fotos do João Lobo e respectivas anotações pelo nosso Luís Graça mostram que eu tinha razão.
João Crisóstomo, Nova Iorque, de momento em Portugal
segunda-feira, 26 de maio de 2025 às 07:36:00 WEST
Guiné 61/74 - P26847: Notas de leitura (1800): "Gil Eanes: o anjo do mar", de João David Batel Marques (Viana do Castelo: Fundação Gil Eanes, 2019, il, 131pp.) - Parte I: A história do navio-hospital da frota bacalhoeira (Luís Graça)
Gil Eanes, o anjo do mar = Gil Eanes, the angel of the sea / João David Batel Marques. - Viana do Castelo : Fundação Gil Eanes, 2019. - 131, [1] p. : il. ; 22 cm. - Ed. bilingue em português e inglês. - ISBN 978-989-99869-7-8
1. Nunca fui marinheiro nem pescador... Mas nasci à beira-mar. E o mar está no meu ADN, pelo lado paterno (o dos "Maçaricos", de Ribamar, Lourinhã). Tenho uma grande admiração pelos nossos antepassados que foram "empurrados" para o mar para sobreviverem e garantirem a independência do seu pequeno rectângulo. Foi o mar que nos salvou e e foi o mar que nos perdeu... Hoje estamos de costas virados para ele... Mas isso é outra história...
Tivemos uma grande frota bacalhoeira. Tivemos uma grande frota da marinha mercante... Nunca tivemos uma grande frota de guerra, pelo menos nos últimos dois séculos...
E tivemos o "navio-hospital" Gil Eanes, que eu já visitei duas vezes (a última muito recentemente), desde que foi colocado, em 1998, em exposição na antiga doca comercial de Viana do Castelo, transformado em espaço museológico.
É um motivo de orgulho para os vianenses e para todos nós, que já fomos uma grande potência marítima, mas temos um défice de memória nesta (com noutras matérias, incluindo a da guerra colonial / guerra do ultramar, que se desenrolou a milhares de quilómetrros da nossa casa paterna).
O Gil Eanes é também motivo de orgulho para as gentes do alto Minho porque foi justamente construído nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. (Temos no blogue vários camaradas que trabalharam nos ENVC, a começar pelo Sousa de Castro, o nosso grão- tabanqueiro nº 2 (e que trouzxe com ele mais caamaradas de trabalho e da guerra da Guiné.)
O Gil Eanes iniciou a sua atividade como navio-hospital em 1955, apoiando durante décadas (até 1973), a frota bacalhoeira portuguesa que atuava nos bancos da Terra Nova e Gronelândia.
Era um navio polivalente, tinha múltiplas funções, embora a principal fosse a assistência médico-hospitalar:
- estava equipado com bloco operatório;
- inha enfermaria para 74 doentes;
- dispunha de 2 médicos e de um equipa de enfermagem permanente (pág. 47).
Do Gil Eanes diremos ainda que, para além da assistência médica, exercia também outros tipos de assistência:
- religiosa (com capelão a bordo) (pág. 54);
- afetiva (correio, comunicação por rádio/fonia entre as tripulações da frota e as famílias) (pág. 55);
- material (transporte e fornecimento de isco, de diversos aprestos e material de pesca, mantimentos, gasóleo, água doce, ferros, amarras, etc.) (pág. 56);
- oficinal (reparação e manutenção de equipamentos) (pág. 57)...
Era também:
- navio capitania (pág. 58);
- navio quebra-gelos (pp. 58-64);
- navio rebocador (pp. 65/67).
Desativada a frota bacalhoeira, o Gil Eanes ficou a apodrecer, criminosamente, nas docas de Lisboa, durante muitos anos. Até ser resgatado e devolvido â sua cidade...
(,,,) Em 1998, a Fundação Gil Eanes (...) considerando-o património cultural e afetivo da cidade, resgatou-o da sucata por cerca de 250 mil euros, após uma inédita campanha que envolveu todos os estratos sociais vianenses.
Em 31 de Janeiro de 1998, foi recebido festivamente na Foz do Lima, onde, depois de limpo e restaurado, foi aberto ao público, assumindo-se como pólo de atratividade para Viana do Castelo.
A reconversão transformou-o num espaço museológico, integrando salas de exposição, sala de reuniões e loja de recordações." (...)
Mas isso é uma história para contar em próximo poste.
Em 132 páginas, e profusamente ilistrado, este livro fala-nos diretamente da epopeia do Gil Eanes que é também a da frota do bacalhau. Como se pode ler ma página da Fundação Gil Eanes, atual proprietária do navio:
(...) A história do Gil Eannes é, como a do Gonçalo da Ilustre Casa de Ramires, uma boa fatia da história de Portugal mas vista de Viana do Castelo.
Tudo começou com um povo de marinheiros que se habituou, desde que D. Dinis fez um tratado com o rei Inglaterra, a comer e a gostar de bacalhau. Ora, como o consumo crescia, houve um vianense que resolveu procurar noutras paragens o poiso do "fiel amigo". E, com a descoberta de Fagundes, que assim se chamava o ousado vianense, o "amigo" tornou a sua presença ainda mais "fiel" à nossa mesa. Mas os portugueses andavam agora ocupados com os açúcares, a Guerra da Restauração, o ouro e os diamantes, com as Índias, as Áfricas e os Brasis...
Quando isto falhou, passaram a vender vinho fino e madeira... E, se continuavam a comer bacalhau, era à "pérfida AIbion" que o compravam.
Até que, na reconstrução nacional por que em boa parte passou o fim do século XIX, surgiram capitalistas suficientemente empreendedores para armar navios destinados a pescar aquilo que se tomou um hábito alimentar insubstituível dos portugueses. O que também tornara o investimento por demais seguro: a mão de obra era barata e o consumo garantido.
Mas também as condições de trabalho eram péssimas (diríamos hoje desumanas). Pobres e mal alimentados, suportando um frio glacial a bordo dos lugres e dos dóris, os homens padeciam de doenças dos aparelhos digestivo e respiratório, furunculoses e reumatismo.
Como a safra era de cinco meses, os homens, além da falta de carinho das famílias, suportavam a doença meses a fio. E, se sobrevinha uma apendicite ou um acidente cardio-vascular... Tantos lá ficaram no mar frio onde tinham ido grangear o sustento dos filhos! (...)
(Continua)
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Último poste da série > 3 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26838: Notas de leitura (1799): José Gomes Barbosa 'versus' Jorge Frederico Vellez Caroço no Boletim Official de 1 de julho de 1922 (Mário Beja Santos)


































