Foto: © José Casimiro Carvalho (2006). Direitos reservados.
Guiné > Zona Leste > Sector l1 > Xitole > CART 2716 > 1970 > O Guimarães e a Helena, a sua lavadeira. O Xitole era, tal como Bambadinca, um posto administrativo, pertencente ao concelho de Bafatá. A povoação que lá vivia era, no entanto, menos numerosa do que a de Bambadinca, sede do BART 2917 (1970/72) .
Foto: © David J. Guimarães (2005). Direitos reservados.
A história das relações das NT com a população em geral, e com as mulheres, em particular, está por contar. Em muitos casos, a presença de centenas de homens, europeus, brancos, jovens, solteiros, combatentes, a milhares quilómetros de casa e com muitos pesos no bolso, terá tido um impacto considerável na desestruturação social de algumas comunidades tradicionais...
"Tenho um lenço da minha lavadeira, ali guardado na gaveta" (DG) podia ser o título de uma bela estória sobre os (im)possíveis amores em tempo de guerra... Ou sobre os nossos males de amores, que era muitas vezes o preço que se passava por uma noite (suada) de sexo...
O post do Vitor Junqueira (1) já obteve vários comentários, do pessoal da tertúlia, a começar pelo Torcato Mendonça (2). Publicam-se a seguir outros, que já nos chegaram. Devo acrescentar que as estórias de homens e de mulheres em tempo de guerra - muito desiguais em termos de estatuto e de poder, e vindos, se não dos antípodas, pelo menos de culturas muito diferentes - não têm abundado no nosso blogue (3)... Amores de soldados e de marinheiros são levados pouco a sério, e rapidamente esquecidos... Evocá-los, décadas depois, é complicado e é preciso talento, além de bom senso e bom gosto... É difícil contá-las, para mais em público, em grupo, na caserna virtual que é o nosso blogue... Por pudor ? Por preconceito ? Por autocensura ? E, no entanto, erotismo, exotismo e guerra andam muitas vezes de mãos dadas... E tudo indica que, como a do Junqueira, há belíssimas estórias por contar... (LG).
1. Amaral Bernardo (CCS / BCAÇ 2930, Catió, 197o/72):
2. Fernando Franco (BIG, Bissau, 1973/74):
Para além de fazer meus, os comentários do Amaral Bernardo, tenho a acrescentar que me revi na mesma situação, só que estava na zona nobre de Bissau, o Pilão. Como nós, devem estar centenas, para não dizer milhares, que viveram a mesma situação, ou de maneira diferente. Quero deixar aqui um agradecimento ao Vitor Junqueira, por me relembrar esses momentos e dar-lhe os parabéns pela forma como escreveu ao pormenor essa situação.
3. David Guimarães (CART 2716, Xitole, 1970/72):
Esta, diria eu.... é a verdadeira história de amor que aconteceu com o Junqueira .... E eu que nem sou piegas - só sou velho - até as lágrimas me vieram aos olhos de emocionado ao lê-la....
Tenho um lenço dado pela minha lavadeira, ali guardado na gaveta, mas decerto que quereria ter vivido uma história de amor como o Junqueira.... Porque pelo que ele escreve, houve sim muito para além do sexo. E isso é lindo...
Um abraço e obrigado, Vitor, deste-me uma lição de humanidade.
Nota - Já li várias vezes o post do Vitor. Lerei mais, pois apetece ler e reler, faz-me bem...
4. Sousa de Castro (CART 3494, Xime e Mansambo, 1972/74):
Linda Estória!... Real, verdadeira, estória mais ou menos igual a tantas outras vividas por ex- combatentes, sentimentos de saudade que muitos de nós não conseguimos relatar, passar para o papel o que nos vai na alma, embora pessoalmente não tenha passado pela experiência do Junqueira (quem me dera!...).
Lembro-me, com saudade, da pele macia, aveludada, as mamas apetitosas e o cheiro característico do perfume que elas usavam. Lembro-me em determina altura no Xime uma Badjuda (minha lavadeira) que, a troco de algum pão e marmelada, me agradeceu com um apetitoso beijo nos lábios que me deixou sem fala... e outras recordações.
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Notas de L.G.:
(1) Vd. post de 31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1475: A chacun, sa putain... Ou Fanta Baldé, a minha puta de estimação (Vitor Junqueira)
(2) Vd. post de 31 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1476: Blogoterapia (15) : Mulher tua (Torcato Mendonça)
(...) "Amorosa Helena, pequena fula dengosa, ‘salva das garras do Islão’ (sic) por zelosos missionários católicos – mas não da faca da fanateca, que te extirpou, na festa do fanado, o clitóris – para se tornar o colchão de todas as camas, a Vénus negra de batalhões inteiros, a iniciadora sexual de mancebos que as sortes vieram arrancar às saias da mamã, a alegre e traquinas companheira de muitas farras de caserna, correndo nua e lasciva do regaço de tropas bêbedos que nem cachos, para o abrigo mais próximo quando às tantas da madrugada soava o canhão sem recuo!...
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