5 de Maio Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da CPLP (com a devida vénia...)
1. O dia 5 de maio é, anualmente, o Dia da Língua Portuguesa e da Cultura da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)... Recorde-se que há 9 países com língua oficial portuguesa, incluindo a nossa querida Guiné-Bissau... E estima-se em mais de 260 milhões os falantes da língua portyguesa.
Este ano houve 180 iniciativas em 57 países, segundo notícias da Lusa, reproduzida pelo Público, de 30 de abril de 2018. Nessas iniciativas, que se prolongam até ao fim do mês de maio, incluem-se mostras de cinema, concertos, recitais de poesia, feiras do livro, espectáculos teatrais, concursos de literatura, encontros com escritores, promoção das artes plásticas, divulgação do português como língua de ciência ou celebração do ensino do português.
Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros recordou que o português é hoje uma das cinco línguas mais faladas no mundo e a primeira no hemisfério sul. "O português já é hoje uma língua de trabalho no sistema das Nações Unidas, já é língua oficial de algumas das organizações especializadas das Nações Unidas, mas esperamos que venha a ser num futuro mais ou menos próximo uma das línguas oficiais da Organização das Nações Unidas", afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.
Por seu turno, o ministro dos Negócios Estrangeiros recordou que o português é hoje uma das cinco línguas mais faladas no mundo e a primeira no hemisfério sul. "O português já é hoje uma língua de trabalho no sistema das Nações Unidas, já é língua oficial de algumas das organizações especializadas das Nações Unidas, mas esperamos que venha a ser num futuro mais ou menos próximo uma das línguas oficiais da Organização das Nações Unidas", afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.
2. O nosso pequeno contributo, a nível do blogue da Tabanca Grande, é também o de resgatar a memória dos que, de um lado e do outro, fizeram a guerra e a paz, na Guiné, entre 1961 e 1974... Guerra colonial, guerra do ultramar, guerra de África, guerra de libertação...
Temos ajudado a reconstruir o "puzzle" (esburacado) da memória desses tempos... E esse trabalho, de construção e reconstrução da memória, passa também pelo "resgaste" de vocáculos e expressões que usávamos, uns e outros, nesse tempo e lugar... A sua origem é duversa: há vocábulos e expressões do crioulo da Guiné, mas também da língua fula, da gíria e do calão da tropa... e da guerrilha.
No nosso blogue temos em uso cerca de 400 abreviaturas, siglas, acrónimos, expressões idiomáticas, termos da gíria, calão, crioulo, etc. Alguns destes vocábulos poderão um dia vir a ser grafados pelos nossos dicionaristas ou lexicógrafos. Acabámos, por exemplo, de propôr a inclusão do vocábulo "grã-tabanqueiro" no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa" (que, com alguma frequência, cita o nosso blogue).
Eis o texto que lhes mandámos:
No blogue, lusófono, coletivo, que eu criei em 2004 e que dirijo, com um equipa de editores e colaboradores, “Luís Graça & Camaradas da Guiné”, é usado o vocábulo “grã-tabanqueiro/a” para designar os membros da rede social a que chamamos “Tabanca Grande”… Originalmente era uma tertúlia (virtual) e os seus membros tratavam-se por “tertulianos”.
A própria Tabanca Grande (que reúne antigos combatentes da guerra colonial, em especial da Guiné) deu origem a outras “tabancas” (de Matosinhos, do Centro, da Linha, dos Melros, da Maia, de Faro, de Porto Dinheiro, etc.)… Os seus membros tratam-se por “tabanqueiros”… “Grã-tabanqueiro” ( e não “grão-tabanqueiro”) é o que pertence “formalmente“ à Tabanca Grande… E são já 773, entre vivos e mortos…
Uma pesquisa no Google, com a expressão “grã-tabanqueiro”,
dá-nos cerca de 18900 resultados. Este blogue também é fértil em “novos
vocábulos”, ligados à guerra colonial e à Guiné, como por exemplo “alfabravo”
(obrigado) ou “camarigo” (camarada e amigo). Temos cerca de 400 “abreviaturas,siglas, acrónimos, expressões idiomáticas, gíria, calão, crioulo”, em uso no
blogue…
O blogue, com 14 anos, tem em média um milhão de
visualizações de páginas por ano, e vai a caminhos dos 19 mil “postes”
publicados…
Em bom português nos entendemos. O Mundo é Pequeno e a Nossa
Tabanca… é Grande. Mantenhas,
Luís Graça
Nota do editor:
Último poste da série > 21 de novembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16744: Em bom português nos entendemos (15): Comer macaco, não obrigado... "Santchu bai fika na matu"... E cão ("kakur") fica com o dono, no restaurante em Bissau... Ajudemos a salvar os primatas da Guiné... O "santchu", o "dari"..., ao todo são 10 primatas que correm o risco de extinção se os hominídeos continuarem a destruir o seu habitat e a fazer deles um petisco...
5 comentários:
Hélder Sousa
Olá!
Pois parece-me bem, sim senhor!
E de facto é notável esta longevidade num tempo em que a maior parte das coisas tende a ser efémera, descartável.
Abraço
«Não tenho sentimento nenhum politico ou social. Tenho, porém, num sentido, um alto sentimento patriotico. Minha patria é a lingua portuguesa. Nada me pesaria que invadissem ou tomassem Portugal, desde que não me incommodassem pessoalmente. Mas odeio, com odio verdadeiro, com o unico odio que sinto, não quem escreve mal portuguez, não quem não sabe syntaxe, não quem escreve em orthographia simplificada, mas a pagina mal escripta, como pessoa própria, a syntaxe errada, como gente em que se bata, a orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse.
Sim, porque a orthographia também é gente. A palavra é completa vista e ouvida. E a gala da transliteração greco-romana veste-m'a do seu vero manto régio, pelo qual é senhora e rainha.»
Livro do Desassossego, por Bernardo Soares, ed. de Jacinto do Prado Coelho, Lisboa, Ática, 1982 vol. I, págs. 16-17
Fonte: Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/correio/minha-patria-e-a-lingua-portuguesa/23183
Parece que o termo "tabanqueiro" na Guiné-Bissau tem hoje uma conotação pejorativa: rural, aldeão, pacóvio, boçal...
Ou seja, o que é bom é viver...em Bissau, na grande cidade, na "civilização"... Que tempos tristes!...
O nosso especialista em questões etnolinguísticas, o Cherno Baldé, pode dar-nos a sua douta opinião...
Perfeitamente de acordo com a posição tomada.
Olá Camarada
Volto a lembrar que sou português. Por consequência invento as palavras que quiser e não me interessa o que elas possam significar ou o sentido que tenham noutros países. Se na Guiné "tabanqueiro" tem o sentido de saloio não interessa. Já disse aqui a Guiné é um país livre e independente que não me merece nem mais nem menos respeito do que qualquer outro.
Continuo a ser feroz contra o acordo ortográfico e ainda ontem encontrei mais uma daquelas palavras... Num aviso escrito à mão constava a palavra "contatem" (por contactem). Como estava escrita sob a forma de "conta tem" lembrei-me de pensar o que sucederá quando os putos da escola não conseguirem discernir (especialmente pela leitura) uma expressão da outra.´
E já agora: porquê um acordo com a Guiné que não fala português (é a 3.ª língua).
lamento muito que o omeu país continue a fazer figuras tristes, mas já devia estar habituado...
Um Ab. e um Bom Dia aos tabaqueiros cá do bairro.
António J. P. Pereira da Costa
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