Guiné> Região de Tombali > Guileje > CCAÇ 726 (1964/64 > O temível
morteiro 81, o "botabaixo" (, bem manobrado, fazia razias entre o pessoal atacante, num raio até 6 km).
Foto (e legenda): © Alberto Pires (Teco) (2007). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Continuação da publicação do Pequeno Dicionário da Tabanca Grande (*), de A a Z, em construção desde 2007, com o contributo de todos os amigos e camaradas da Guiné que se sentam aqui à sombra do nosso poilão. Entradas das letras M e N:
Letra M
MA - Minas e Armadilhas
Macacada - Tropa, forças do Exército, "infantes", tropa-macaca (gíria)
Macaco-cão - Babuíno (Macaco Kom, em crioulo)
Macaréu - (i) Vaga impetuosa que, no Rio Geba, precede o começo da praia-mar; é mais sentida no Geba Estreito, a partir da foz do Rio Corubal; (ii) mas também menstruação (gíria)
Maçarico - Pira, periquito (Guiné); checa (Moçambique); termo mais usado em Angola
Mach - Velocidade do som (FAP)
Madeireiro - Industrial de serração de madeiras e exportador de madeiras exóticas (como pau santo)
Madrinha - Madrinha de guerra, jovem do sexo feminino, maior de 16 anos, que se correspondia com um militar no Ultramar
Mafé - Acompanhamento da bianda, conduto (muitas vezes, peixe, peixe seco, kasseké) (crioulo)
Maj - Major
Maj gen - Major general [antes equivalia o posto de brigadeiro, desde 1999, o primeiro posto permamente de oficial general, imediatamente inferior a tenente-general; tem 2 estrelas]
Malta - Pessoal do nosso tempo, da tropa, da Guiné (gíria)
Mama firme - Peito direito (bajuda) (crioulo)
Mama Sume - (i) Grito de guerra dos 'comandos' portugueses; significa "Aqui estamos, prontos para o sacrifício", de acordo com o dialeto e a prática cultural dos bailundo do sul de Angola, sendo o grito usado no contexto de um rito de passagen" (, ou seja, de passagem à idade adulta (, equivalente, na Guiné, ao fanado) quando o jovem guerreiro da tribo tinha de caçar um leão, suprema prova de coragem; (ii) nome da revista da Associação de Comandos
Mancarra - Amendoím (crioulo)
Manel Djoquim - O homem do cinema ambulante (em Cabo Verde e na Guiné), Nanuel Joaquim dos Prazeres (1901-1977); pai da nossa grã-tabanqueira, a escritora Lucinda Aranha Antunes; ficou conhecida a expressão, nas tabancas, "a la Manel Djoquim i na bim" (Vem aí o Manuel Joaquim!)
Manga de ronco – Grande festa; sucesso militar (crioulo e gíria)
Manga de sakalata - Muita confusão, muitos sarilhos (crioulo e gíria)
Manga di chocolate - Barulho, grande ataque, com muito fogachal, embrulhanço; corruptela de Manga di sakalata (gíria)
Mantenha(s) - Saudades, lembranças, cumprimentos (crioulo); fala mantenha, partir mantenhas = saudar.[Da locução portuguesa (que Deus te) mantenha)]
"mantenha", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/mantenha [consultado em 12-01-2019].
Maqueiro - Soldado da secção sanitária da CCS de um batalhão; acima, havia o 1º cabo auxiliar de enfermeiro, o furriel enfermeiro e o alferes médico (em geral, estes dois últimos eram milicianos)
Marabu - Sacerdote muçulmano, de vida ascética, considerado sábio e venerado como santo, tanto em vida como depois da morte
Maria Turra - A célebre locutora da Rádio Libertação, a rádio do PAIGC, que passou a emitir a partir de Conacri, em julho de 1967; seu nome: Amélia Araújo, natural de Angola, era casada com o cabo-verdiano José Araújo, dirigente do PAIGC, falecido: vive em Cabo Verde
Mário Pádua - Desertor do Exército colonial em Angola, em 1961, veio a ser médico do PAIGC, no Hospital de Ziguinchor, no sul do Senegal, Casamansa
Mama Sume - (i) Grito de guerra dos 'comandos' portugueses; significa "Aqui estamos, prontos para o sacrifício", de acordo com o dialeto e a prática cultural dos bailundo do sul de Angola, sendo o grito usado no contexto de um rito de passagen" (, ou seja, de passagem à idade adulta (, equivalente, na Guiné, ao fanado) quando o jovem guerreiro da tribo tinha de caçar um leão, suprema prova de coragem; (ii) nome da revista da Associação de Comandos
Mancarra - Amendoím (crioulo)
Manel Djoquim - O homem do cinema ambulante (em Cabo Verde e na Guiné), Nanuel Joaquim dos Prazeres (1901-1977); pai da nossa grã-tabanqueira, a escritora Lucinda Aranha Antunes; ficou conhecida a expressão, nas tabancas, "a la Manel Djoquim i na bim" (Vem aí o Manuel Joaquim!)
Manga de ronco – Grande festa; sucesso militar (crioulo e gíria)
Manga de sakalata - Muita confusão, muitos sarilhos (crioulo e gíria)
Manga di chocolate - Barulho, grande ataque, com muito fogachal, embrulhanço; corruptela de Manga di sakalata (gíria)
Mantenha(s) - Saudades, lembranças, cumprimentos (crioulo); fala mantenha, partir mantenhas = saudar.[Da locução portuguesa (que Deus te) mantenha)]
"mantenha", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://dicionario.priberam.org/mantenha [consultado em 12-01-2019].
Maqueiro - Soldado da secção sanitária da CCS de um batalhão; acima, havia o 1º cabo auxiliar de enfermeiro, o furriel enfermeiro e o alferes médico (em geral, estes dois últimos eram milicianos)
Marabu - Sacerdote muçulmano, de vida ascética, considerado sábio e venerado como santo, tanto em vida como depois da morte
Maria Turra - A célebre locutora da Rádio Libertação, a rádio do PAIGC, que passou a emitir a partir de Conacri, em julho de 1967; seu nome: Amélia Araújo, natural de Angola, era casada com o cabo-verdiano José Araújo, dirigente do PAIGC, falecido: vive em Cabo Verde
Mário Pádua - Desertor do Exército colonial em Angola, em 1961, veio a ser médico do PAIGC, no Hospital de Ziguinchor, no sul do Senegal, Casamansa
Mário Soares - Famoso comerciante de Pirada, de quem se dizia que trabalhava para os "dois lados"
MARME - Especialista, mecânico de armamento e equipamento (FAP)
Marmita - Mina A/C (Moçambique, Cancioneiro do Niassa) (gíria)
Matador - Veículo automóvel pesado usado como reboque do obus (e transporte de tropas)
Mato (i) - Muito, grande quantidade, manga de (expressão comum, ´É mato') (gíria)
Mato (ii) - Zona de guerra, zona de controlo do PAIGC
Mec Aut - Mecânico de viaturas automóveis
Med - Médico (vg, Alf Mil Med)
MARME - Especialista, mecânico de armamento e equipamento (FAP)
Marmita - Mina A/C (Moçambique, Cancioneiro do Niassa) (gíria)
Matador - Veículo automóvel pesado usado como reboque do obus (e transporte de tropas)
Mato (i) - Muito, grande quantidade, manga de (expressão comum, ´É mato') (gíria)
Mato (ii) - Zona de guerra, zona de controlo do PAIGC
Mec Aut - Mecânico de viaturas automóveis
Med - Médico (vg, Alf Mil Med)
Meia-leca - Militar de baixa estatura (gíria)
MELEC - Especialista, mecânico de eletricidade (FAP)
MELEC - Especialista, mecânico de eletricidade (FAP)
Meta - Bar e salão de jogos, em Bissau, no tempo colonial
Metro e oito - Alcunha do ten cor Manuel Agostinho Ferreira (BCAÇ 2879, 1969/71)
Mezinho - Mezinha, remédio caseiro,amuleto (crioulo)
Metro e oito - Alcunha do ten cor Manuel Agostinho Ferreira (BCAÇ 2879, 1969/71)
Mezinho - Mezinha, remédio caseiro,amuleto (crioulo)
MG 42 - Espingarda-metralhadora, de origem alemã (usada por páras e fuzos)
MGF - Mutilação Genital Feminina; excisão do clitóris e grandes lábios; fanado (crioulo)
MiG 17 - Avião de combate de origem russa, supersónico (que o PAIGC nunca chegou a ter)
Mil - Miliciano; milícias [vd. Pel Mil]
Mindjer - Mulher (crioulo)
Mindjer Garandi - Mulher grande (crioulo)
Minino - Menino, rapaz (crioulo). Vd. também djubi ou jubi.
Misti - Querer, queres (bo misti) (crioulo)
ML - Met Lig / Metralhadora Ligeira
MMT- Especialista, mecânico de material terrestre (FAP)
MNA - Especialista, mecânico de manutenção aeronáutica (FAP)
MNF - Movimento Nacional Feminino (fundado em 1961 por Cecília Supico Pinto, a Cilinha)
Moja - Nome de guerra do comandante Victor Dreke (,o “Moia”, para os guineenses, ) que ssumiu o comando da missão militar cubana ma Guiné, em Fevereiro de 1967
Morança - Casa, núcleo habitacional de uma família, alargada, com o respectivo chefe (de morança) e em geral com uma cercadura (crioula)
Mort - Morteiro
Mort 81 - Morteiro 81 mm; alguns tinham 'nomes de guerra' como o 'Botabaixo'
Mort 82 - Morteiro 82 mm (PAIGC)
Morteirete - Morteiro ligeiro, de calibre 60 (mm), podendo ser usado sem prato
MP - Met Pes / Metralhadora Pesada
MRadar - Especialista, mecânico de radar (FAP)
MRadio - Especialista, mecânico de rádio (FAP)
MSG - Mensagem
Mudar o óleo - "Ir às... putas" (calão)
Mulas - Sintomas de sífilis, doença venérea (inchaços nas virilhas) (calão)
Mun - Municiador
Mun Mort - Municiador de morteiro
Muro - O mesmo que "mouro" (árabe ou berbere do Norte de África), termo utilizado como sinónimo de "marabu", chefe religioso de confissão muçulmana (crioulo)
Mursegu - Morcego (crioulo)
Guiné-Bissau > Região de Tombali > Iemberém> Simpósio Internacional de Guileje > 1 de Março de 2008 > Grafito com o desenho nalú do irã protector da tabanca, o Nhinte-Camatchol, e que foi o logótipo do Simpósio, organizado pela AD -Acção para o Desenvolvimento, o INEP - Instituto Nacional de Estudos e Pesqusias, e UCB - Universidade Colinas do Boé.
"O Nhinhe Camatchol é uma escultura dos nalus do Cantanhez usado na festa do fanado. Representa uma cbeça de pássaro com rosto humano, sendo a mensagem aos participantes deste ritual de iniciação à vida adulta a seguinte: que todos eles passam a considerar-se como verdadeiros irmãos, mais verdadeiros que os próprios irmãos biológicos. O que deve ser entendido como a afirmação do interessse colectivo, comunitário, acima do interesse dos indivíduos e das famílias. Orginalmente esta máscara não poderia ser vista pelos não iniciados, sob pena de morte" (Campredon, Pierre – Cantanhez, forêts sacrées de Guinée-Bissau. Bissau,Tiguena. 1997, pp. 32-33).
Foto (e legenda): © Luís Graça (2008). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Letra N
N/M - Navio a motor, ou navio-motor (por ex., N/M Niassa)
NEP - Norma de Execução Permanente (NT)
Nha Bijagó - Leopodina Ferreira Pontes, mais conhecida por"Nha Bijagó" (1871-1959), uma das últimas grandes “sinharas” da Guiné
Nhanhero, da coleção do
Valdemar Queiroz
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Nharro - Africano; preto (crioulo, calão, na altura com sentido pejorativo, racista)
Nhinte-Camatchol - O grande irã dos nalus da Floresta do Cantanhez
Nhominca - Tipo de canoa, muito usada no transporte de pessoas e bens, entre as ilhas do arquipélago dos Bijagós
Ninhos - Entrada gastronómica com camarão, ovo e tomate, servida no Pelicano (gíria)
NM - Número mecanográfico (do militar)
NNAPU - Normas de Nomeação e de Apoio às Províncias Ultramarinas
Nord Atlas - Avião de Transporte (FAP)
NRP - Navio da República Portuguesa (por ex., NRP Cassiopeia)
NT - Nossas Tropas
____________
Nota do editor:
(*) Vd. postes de:
31 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20516: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (8): edição, revista e aumentada, Letras I, J, K e L
31 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20516: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (8): edição, revista e aumentada, Letras I, J, K e L
28 de dezembro de 2019 > Guiné 61/74 - P20506: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (7): edição, revista e aumentada, Letras F, G e H
3 de dezembro 2019 > Guiné 61/74 - P20411: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (6): edição, revista e aumentada, Letras D/E
18 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20255: Pequeno dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (5): edição, revista e aumentada, Letra C
14 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20240: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (4): 2ª edição, revista e aumentada, Letras M, de Maçarico, P de Periquito e C de Checa... Qual a origem destas designações para "novato, inexperiente, militar que acaba de chegar ao teatro de operações" ?
13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20237: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (3): 2ª edição, revista e aumentada, Letra B
13 de outubro de 2019 > Guiné 61/74 - P20235: Pequeno Dicionário da Tabanca Grande, de A a Z (2): 2ª edição, revista e aumentada, Letra A
5 comentários:
Obviamente.
Nhanheiro: .....cabaça pequena…………
Valdemar Queiroz
A classificação da MG 42 como espingarda-metralhadora parece-me altamente enganadora. A MG 42 era uma metralhadora demasiado pesada e demasiado potente para poder receber o epíteto de espingarda. Ela era muito mais pesada do que a HK 21, por exemplo, e também tinha uma cadência de tiro incomparavelmente superior. Além disso, a MG 42 nunca se encravava, o que a diferenciava sobremaneira da HK 21, que tinha o péssimo "hábito" de encravar quando era mais necessária. Em Angola, não eram só os paras e os fuzos que possuíam metralhadoras MG 42; o Exército também tinha algumas. A minha companhia na região dos Dembos, nomeadamente, tinha três MG 42. Eram constantemente utilizadas por nós nas operações e nas colunas, em vez das HK 21, que ficavam guardadas no depósito de material de guerra a fazer companhia às horríveis e perigosas pistolas-metralhadoras FBP.
Olá Camaradas
Não me reconheço nem reconheço ninguém dos nossos no termo macacada e muito menos "Infantes". Ora revê e suprime, se for o caso.
Ao termo Tropa Macaca acrescenta que era um expressão depreciativa.
O Macaréu é um fenómeno natural e não uma expressão do léxico da Guiné. Se quiseres, poder-se-á manter
Não há "Maçaricos" na Guiné. Penso que esta referência poderia desaparecer.
O número de Mach é uma expressão científica que exprime a medida da velocidade do móvel em relação ao som. Não é um calão militar e muito menos da Guiné.
Madeireiro também não é uma expressão característica da Guiné. O madeireiro abate, prepara e negoceia em madeira de árvores.
Manga de (qualquer coisa) quer dizer apenas muito e é uma expressão de crioulo. Ora ilustra com uma ou duas construções gramaticais.
O Matador é um "tractor de artilharia" média 6x6 ou 4x4 de fabrico inglês pela AEC (auto English Cooperation(?)). A atribuição de alcunha (ex. Matador ou Jeep) é regulamentar do Exército Português. Não mea recordo da nomenclatura completa.
A MG 42 está descrita cima e é uma "metralhadora ligeira" Metralhadoras pesadas recordo-me da Breda 7,9 e da Browning 12,7. Não havia e não sei se hoje haverá espingardas metralhadoras ou espingardas de assalto
As Normas a que te referes devem ser as que foram emitidas pelo Marcelo Caetano: Normas de Nomeação para o Cumprimento de Comissões Militares no Ultramar.
Os Ninhos (de Camarão) foram inventados por um empregado de um restaurante que havia no (Cu)Pilão e que depois os outros restaurantes copiaram. Ele já apareceu na TV a dizer que fez um ninho para o seu jantar, já com a casa a fechar. Apareceram 3 clientes e quando ele disse que já não tinha nada para lhes servir eles quiseram comer o que ele estava a comer. O marketing e a publicidade fizeram o resto.
Um Ab. e bom dia de trabalho
António J. P. Costa
Volto à antena para dizer que o Matador foi fabricado pela Associated Equipmente Company. Era normalmente 4x4 rebocava as peças 11,4 cm, os obuses 14 cm e as peças AA 9,4, bem como os radares e preditores electrónicos AA e respectivas geradoras Tillig-Stevens Lister. Recordo versões 6x6. Nsua nomenclatura constavam modelos de 40, 44 e 46.
Um Ab.
António Costa
Olá Camaradas
Tenho objectos de arte nalú que também têm nomes como o Camatchol.
Não sei se poderão ser considerados no dicionário.
Lembro também outros termos como "Português Suave" numa alusão ao tabaco que se fumava então (hoje chama-se-lhes filhos do vento) e "Panos Nharros" aqueles panos muito interessantes com tons de azul que parece pintados com troncos de árvores cortados.
Um Ab.
António J. P. Costa
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