Todos fomos INFANTES:
Infantes na Idade;
Infantes no Esforço;
Infantes no Combate;
Infantes na Nobreza,
Somos soldados mal-amados, não só depois de mortos, mas ainda em vida!
Monumento de homenagem AO VALOR DO INFANTE, em Mafra
Os que caíram pela Pátria!
Os soldados não morrem, apenas tombam no campo da honra!
Por José Martins
Não tendo conhecimentos académicos em história para, com grau de fiabilidade, poder “divagar sobre o tema” não deixo, porém, de ter uma opinião própria, sabendo que o tema é polémico e que, muito provavelmente se irão levantar vozes divergentes.
A morte sempre existiu, até porque qualquer ser vivo não é eterno e, o ser humano, não é excepção à regra.
A cremação, tida nos tempos actuais como uma nova técnica/opção, já não é recente. Os Vikings honravam os seus guerreiros mortos, colocando-os num barco previamente preparado para, posto a navegar, ser atingidos com uma seta incendiária para que ardesse e ficasse, para sempre, no mar.
De forma diferente, tentando manter o corpo incorrupto para a eternidade, procedia-se à embalsamação, facto que nos recorda o antigo Egipto.
Combates, lutas e refregas sempre as houve, daí derivando feridos e mortos. É na Bíblia que nos é relatada aquele que é o primeiro incidente, no caso um fratricídio: “Caim disse a seu irmão Abel: Saiamos fora. E, quando estavam no campo, investiu Caim contra o seu irmão Abel, e matou-o (Génesis 4,8).
Para os portugueses, é a 24 de Junho de 1128 que a história regista a batalha de São Mamede, junto a Guimarães, altura em que o príncipe Afonso Henriques retira o governo do Condado a sua mãe, passando a usar o título de rei. É a primeira guerra civil portuguesa.
Painéis de azulejos. Pátio dos Canhões – Museu Militar - Lisboa
© Foto José Martins
Esta atitude não foi pacífica, já que Afonso Henriques queria a independência do território, que viria a ser Portugal, do reino de Leão e Castela do seu primo Afonso VIII, que se intitulava Imperador da península, mas da parte não ocupada pelos mouros. Mouros esses que, como é óbvio, não deixavam de tentar provocar as forças cristãs, não só a obstar o seu avanço, mas obrigá-los a retrair, se possível. Porém, nova data se vai impor na história deste país, o dia 25 de Julho de 1139, quando nos campos do Baixo Alentejo se dá a Batalha de Ourique entre as forças de Afonso Henriques e de Ali ibn Yusuf, Emir Almorávida, em que a sorte das armas pendeu para o lado lusitano. Para mais a coincidência de, nesse dia, ser a festa de São Tiago, não só o Patrono escolhido para Portugal, mas também ser o santo conhecido como o “mata mouros”. Com esta batalha, Afonso I de Portugal firma-se como rei dos portugueses e, com o apoio da nobreza, é aclamado rei soberano.
Painéis de azulejos. Pátio dos Canhões – Museu Militar - Lisboa
© Foto José Martins
Porém só a 5 de Outubro de 1143, pelo tratado de Zamora, assinado por Afonso VII, de Leão e Castela e Afonso I, de Portugal, se procede à separação dos reinos, até que pela Bula Manifestis Probatum, assinada em 23 de Maio de 1179, pelo Papa Alexandre III, confirma e reconhece a independência do país.
É neste período, da história do mundo ocidental, que vários reinos cristãos se colocavam à disposição do Papa, para irem libertar a Terra Santa ou combater, pela Fé Cristã, contra os Mouros. Numa dessas passagens por Portugal, acabado de ser reconhecido como reino independente, cruzados Flamengos, Normandos, Ingleses, Escoceses e Germanos, ajudaram o novo reino a expandir-se e a expandir a Fé que professavam e defendiam.
Pelas linhas anteriores, perpassa meio século da história nacional.
Quantas batalhas aconteceram neste período? Quantos soldados caíram no campo da honra? Quantos ficaram feridos e marcados para o resto das suas vidas, caso tenham sobrevivido aos ferimentos? Quantos prisioneiros foram restituídos à liberdade ou ficaram cativos e escravizados? Quantas famílias ficaram destroçadas? Não se sabe, não há registos. Mesmo que os houvesse, hoje, não passariam de estatísticas ou registos!
Hoje são factos. Apenas factos ou acontecimentos que servem, ou para fazer a “introdução” a qualquer artigo, com mais ou menos floreados, ou para exaltação patriótica, tão ao gosto dos governantes dos vários países, que olham para a história como justificação “lógica”, para imporem “as suas próprias lógicas”.
Os mortos foram chorados; os feridos foram curados dentro do possível; os estropiados, ocultados ou afastados; os prisioneiros, tentada a libertação ou, rapidamente, esquecidos; tudo em nome da nação, porque esta não se discute, porque a nação é eterna.
E de escaramuça em escaramuça, de combate em combate, de batalha em batalha, de guerra em guerra, o mundo avançou, os povos invadiram ou foram invadidos, escravizaram ou foram escravizados, as nações nasceram e pereceram, Portugal cresceu em território e em idade e, sempre, todo e qualquer crescimento arrasta atrás de si montes de problemas. Mas este crescimento teve problemas diversos, não só com Castela, mas também com os mouros, que originaram mais lutas, mais combates, mais batalhas, mais guerras, mais feridos, mais prisioneiros e mais mortos.
Nestes duzentos e tal anos reportados, quantos mortos originaram os combates travados? Onde ficaram? Onde os recolheram?
Em apenas dois “locais”, fundamentalmente: A nobreza, reis e cortesãos, em monumentais mausoléus, construídos em Catedrais ou nos seus palácios senhoriais; os soldados, o povo, na vala comum, no local da batalha, e depois de expostos ao saque.
Painéis de azulejos. Pátio dos Canhões – Museu Militar - Lisboa
© Foto José Martins
Desde sempre e até aos dias de hoje, sempre houve politicas de alianças, não só para poder aumentar o potencial dos exércitos mas, sobretudo, para haver validação desses actos e, assim, validarem alianças. Em Aljubarrota, em Agosto de 1385, estiveram cerca de 300 arqueiros ingleses, assim como o invasor, os castelhanos, tinham nas suas hostes aragoneses, italianos e franceses.
Consolidado o reino europeu, os portugueses fazem-se ao desconhecido: o norte de África, armados com a Espada e a Cruz, querendo dilatar a Fé e o Império. E novo local de sepultura surgiu, para os expedicionários portugueses: o solo africano ou, para os mais influentes e nobres, o regresso à terra mãe, quando resgatados, como foi o que sucedeu a D. Fernando de Portugal, o Infante Santo, que seu sobrinho-neto D. Afonso V, o Africano, resgatou das muralhas de Fez, e o fez trasladar para a Sala do Fundador, no Mosteiro da Batalha.
Painéis de azulejos. Pátio dos Canhões – Museu Militar - Lisboa
© Foto José Martins
Depois da expedição a Ceuta, em 1415, Portugal fez-se ao mar. Melhor, regressou ao mar, já que tinha havido algumas incursões/experiência a partir do reinado de D. Dinis. Por outras palavras e para enquadrar esta fase com o tema: os navegadores/soldados encontraram uma nova forma de “cair pela Pátria”: por doença, em combate ou por naufrágio, a sua sepultura era nas profundezas do oceano.
Partindo deste “rectângulo à beira mar plantado”, navegando sob a protecção da Cruz de Cristo transportada no velame das naus, começamos por Ceuta, no Norte de África, em Agosto de 1415. Cruzamos oceanos e encontramos ilhas e arquipélagos; cruzamos o Mar Atlântico até ás terras de Vera Cruz, o Brasil; vasculhamos as costas africanas, primeiro a ocidente e depois oriente; passamos o Bojador e dobramos o Cabo das Tormentas, subjugando o Bojador e passando além da dor; chegamos à almejada Índia e navegamos no Indico e no Pacifico, até às terras de Lorosa’e (Timor) e da Malásia; e por fim, em Agosto de 1578, voltámos ao início: ao Norte de África, às terras quentes do norte africano: Alcácer Quibir.
Desde Ceuta, foram 162 anos em que “deixámos” no mar ou, uns metros acima da rebentação das ondas dos continentes tocados, em covas aberta nas matas tropicais, muitos de nós que caíram ou tombaram no campo da honra. Também houve, neste espaço de tempo, mais um combate entre forças portuguesas. A Batalha de Alfarrobeira entre D. Afonso V, com uma força de 30.000 homens, e o seu tio D. Pedro, duque de Coimbra, com cerca de 6000 homens que, apesar de não conhecidas, deve ter provocado muitas mortes entre os combatentes de um lado e outro, entre eles o Duque de Coimbra.
Mas foi em Alcácer Quibir que o português encontrou mais uma nova forma de enterramento dos seus combatentes: do Rei ao Soldado, todos mas todos, foram enterrados na bruma da saudade ou do nevoeiro, nevoeiro esse que viria a cobrir o país por seis longas décadas. E esta forma de “enterramento”, sem corpos, foi tão forte que, um dos soberanos que governaram este país nesses anos de sombra, “inventou um corpo do Desejado” que teria tumba nos Jerónimos, para assim acalmar o espírito deste povo que, qual Fénix, renasce sempre das próprias cinzas.
Foram anos sombrios para o povo, que nestas ocasiões, é sempre o primeiro a ser oprimido. A rivalidade entre países, que mais não era que rivalidades entre as famílias coroadas, transformava-se em rivalidades entre povos, aguçando a cobiça e, porque não dizê-lo, o ódio que muitas vezes era “distribuído” ao povo todo, como de pão se tratasse. O império de além-mar, longo de anos e caro em vidas, foi alvo de invasões e de moeda de troca entre os grandes da época.
Quem era aquele povo, pequeno e louco, que ousara entrar mar adentro, rasgar ondas, desafiar o desconhecido e provar, prova suprema de loucura, que o mar não era plano?
Quem eram esses pigmeus para desdenhar dos cartógrafos que “diziam” que o mar tinha fim, tinha um limite que, para além do qual só existia sombra?
“Isto é claro - diziam os navegantes -, que, depois deste Cabo, não há aí gente nem povoação alguma; a terra não é menos arenosa que os desertos da Líbia, onde não há água, nem árvore, nem erva verde; e o mar é tão baixo que, a uma légua de terra, não há de fundo mais que uma braça. As correntes são tamanhas que navio que lá passe, jamais nunca poderá tornar. E, por certo, não foi a eles o seu conhecimento de pequena escuridão quando o não soubessem assentar nas cartas por que se regem todos os mares por onde gentes podem navegar". [Gomes Eanes de Zurara, in “Crónica dos Feitos da Guiné”, capítulo VIII (Porque razão não ousavam os navios passar além do Cabo Bojador)].
E não tinha sido um português que, ao serviço do seu país, queria dar a “volta ao mundo”? E que só não o fez, porque o seu soberano tinha outras prioridades? E não tinha sido esse povo, que na sua pequenez havia desafiado “tudo e todos”? E não era esse povo que estava agora na mó de baixo, porque estava subjugado?
Que estranho cruzamento de povos e culturas. Um que não se queria subjugado e continuava a querer manter, sob a sua bandeira, os territórios “cujo achamento tinham feito”; os outros, do qual até os primeiros se tinham tornado independentes, há séculos, se ufanava que de tinham terras em todos os continentes. O mundo quase esqueceu, ou esqueceu mesmo, que Portugal existia e que, apenas, se encontrava privado da sua independência e, portanto, há que tentar conquistar pelas armas aquelas terras, que além de terem sido regadas por sangue português eram alvo de inveja, como na altura se provou, e o que futuro havia de provar, por mais vezes nos trezentos e trinta e cinco anos seguintes.
Painéis de azulejos. Pátio dos Canhões – Museu Militar - Lisboa
© Foto José Martins
Uma das primeiras atitudes a ter, por um invasor, é neutralizar as suas forças de defesa, pela extinção das mesmas ou o seu deslocamento para zonas estranhas aos seus elementos, de forma a ficarem “isoladas” e, portanto, a desmotiva-las a qualquer insurreição ou revolta. E isso tinha acontecido a Portugal. O seu exército havia “desaparecido” porque os seus elementos se tinham aliado ao invasor ou, porque aqueles que se opuseram foram sendo afastados ou tiveram de refugiar-se noutras terras.
A realidade não era brilhante. Portugal não tinha soldados nem armas, pelo que foi uma dura tarefa. Mais uma vez este povo enfrentou uma guerra tremenda, que durou até 1668, altura em que a diplomacia internacional, nomeadamente por parte da Inglaterra, França e Roma, conseguiram que fosse assinado o Tratado de Lisboa a 13 de Fevereiro de 1668, pondo fim a 28 anos de lutas entre Portugal e Espanha. Até a Holanda, que havia movido forte luta e ocupado parte do nosso império, quer no Brasil quer em África, mas cujas forças de ocupação foram desalojadas, se juntou à diplomacia internacional neste intento. É o velho ditado: “Se não os podes vencer, junta-te a eles”.
Apesar de haver grandes períodos em que, na história portuguesa, não se registam batalhas ou simples escaramuças, tal não quer dizer que não houvesse hostilidades, quer no reino quer nas suas possessões. Também não é intenção deste texto, nem seria local adequado, desenvolver as histórias da História, mas sim evocar o tema a que nos propusemos, “Os soldados não morrem, apenas tombam no campo da honra!”.
Nos anos de transição dos séculos XVIII para o XIX várias situações aconteceram e modificam a história, e de tal forma, que o período antecedido por estes factos, ficou na história como o Anterior Regime. A chegada de Napoleão Bonaparte ao poder em França e, as hostilidades sempre em aberto entre a França e a Inglaterra, a que se somou a derrota da esquadra francesa na Batalha de Trafalgar, em 21 de Outubro de 1805, ditaram que a França intentasse, contra a Inglaterra, o Bloqueio Continental, a que aderiram os países do Mar Báltico, e em que Portugal teria uma função muito importante, não só pela sua posição Ibérica mas, sobretudo, pela extensão dos seus territórios no Atlântico e no Índico. A intenção era não permitir a entrada dos navios ingleses nos portos dos países que aderissem ao bloqueio, asfixiando, assim, o poderio económico e comercial inglês.
A posição de Portugal era difícil. Tinha sido assinado, com a Inglaterra em 16 de Junho de 1373, o Tratado de Londres que, ao longo do tempo, veio sendo sempre revisto, ratificado e “contornado ao sabor dos interesses”. A indefinição de Portugal, ao tentar negociar com a Inglaterra secretamente, enquanto dava a entender à França a sua anuência, levou a que as tropas de Napoleão invadissem o nosso país, originando a retirada da Família Real e de muitos elementos da Corte, para o Brasil, em 27 de Novembro de 1807, ficando o governo do reino entregue a uma Junta Governativa do Reino, nomeada na véspera.
Painéis de azulejos. Pátio dos Canhões – Museu Militar - Lisboa
© Foto José Martins
As tropas francesas, comandadas pelo Coronel-General dos Hussardos Jean-Andoche Junot, entram pela zona de Castelo Branco, dirigem-se a Abrantes e seguem para Santarém, chegando a Lisboa em 28 de Novembro, mas a família real e a corte já se encontravam ao largo. Logo após a instalação das forças ocupantes ocorreram escaramuças, por parte da população de Lisboa e outras localidades, sempre reprimidas pelo invasor, com mais ou menos violência.
Esta invasão só termina, com a entrada em Portugal de uma força luso-britânica de cerca de 20.000 homens, sendo 6000 portugueses, sob o comando do General Artur Wellesley. Desembarcando junto à foz do Rio Mondego, dirige-se para Lisboa, recebendo reforços ao longo do percurso. Com a Convenção de Sintra, assinada em 30 de Agosto de 1808, é permitida a saída das tropas invasoras transportando, todo o que conseguiu saquear durante a sua permanência no país.
Para comandar uma segunda invasão a Portugal, é escolhido o Marechal Nicolas Jean de Dieu Suolt, cujas forças entram por Chaves em 12 de Março de 1809, seguem por Ruivães, Salamonde, Carvalho d’Este onde travam combate no dia 20, Braga e Porto, entrando na cidade em 29 de Março. Entretanto, entre o dia 18 de Abril e o dia 2 de Maio, há o combate pela defesa da Ponte de Amarante, onde os portugueses tiveram cerca de 1600 baixas entre mortos, feridos e prisioneiros.
A 12 de Maio Soult abandona o Porto dirigindo-se por Baltar, Guimarães onde se encontra com as forças comandadas por Loison, seguindo por Ruivães, Montalegre onde passa no dia 17 e retira-se para Ourense onde chega a 19 de Maio de 1809 e onde pode, finalmente, dar descanso às suas tropas. Mas Napoleão Bonaparte, o Grande Imperador, tinha uma obsessão louca por Portugal. Não só pelo apoio que estava a receber da Inglaterra, mas porque o povo enfrentou sempre, e de cabeça erguida, o invasor. Integrado nas tropas regulares ou actuando por sua conta e risco, em acções de sabotagem, pagando, muitas vezes, com a própria vida.
Por tudo isto e com o seu amor-próprio ferido, Napoleão tinha que lançar nova invasão deste pequeno reino. Nomeando o Marechal André Massena como comandante do exército invasor, confiou-lhe cerca de 65.000 homens, divididos por três corpos de exército, cargo que assume em Maio de 1810.
Painéis de azulejos. Pátio dos Canhões – Museu Militar - Lisboa
© Foto José Martins
Depois do cerco da praça espanhola de Ciudad Rodrigo, iniciado em 26 de Abril de 1810 e com o assalto final em 25 de Junho seguinte, a fortaleza só veio a cair no dia 9 de Julho, abrindo, assim, a entrada em Portugal. Em terras portuguesas, dá-se o Combate do Côa em 23 de Julho, sendo lançado o cerco da Praça de Almeida que durou até 28 de Agosto. Foi nesta praça que o invasor providenciou a alimentação do seu exército. Era normal o exército francês obter a sua alimentação pelo território por onde passava, mas em Portugal sempre houve o cuidado de contrariar este facto.
Massena deu ordem às suas tropas para avançar, em 15 de Setembro, fazendo-as seguir em direcção a Coimbra, mas as tropas comandadas por Arthur Wellesley estavam numa posição defensiva a norte desta cidade, na Serra do Buçaco, entre Penacova e Luso, onde se travou a Batalha do Buçaco, em 27 de Setembro de 1810, tendo as tropas invasoras cerca de 4500 baixas e as topas anglo-lusas sofreram 1252 baixas. Após a batalha as forças aliadas retrocedem em direcção a Coimbra, com o objectivo de depois atingirem posição nas Linhas de Torres Vedras.
Por onde passavam as tropas aliadas, iam aconselhando a população para retirarem, trazendo consigo o que lhes fosse possível transportar, destruindo tudo o que tivessem que abandonar e pudesse alimentar o inimigo, numa política de “terra queimada”. Os franceses contornaram por Norte, pela estrada de Mortágua e Mealhada. Ao passarem por Coimbra, os invasores encontraram bastantes víveres, mas devido ao saque desordenado, pouco lhes aproveitou.
Brigadeiro Jozé Maria das Neves Costa - Patrono do IGeoE
No ano de 1810, sob a orientação do engenheiro inglês Flether, trabalhou na construção das fortificações que constituem as Linhas de Torres Vedras.© Foto: Instituto Geográfico do Exército
Entre Coimbra e as Linhas, ainda houve alguns combates significativos, entre a retaguarda dos aliados e a vanguarda francesa, em Pombal e Alenquer, até que a 11 de Outubro chegaram às Linhas de Torres Vedras, onde tiveram que parar, durante quatro semanas, aguardando uma hipotética ajuda em reforços.
Massena retrai as suas forças para Rio Maior e Santarém, enquanto envia um mensageiro a Napoleão, para pedir “ordens”. O mensageiro, o General Foy, foi escoltado à ida por um batalhão de infantaria e um esquadrão de cavalaria, com entre 500 a 750 elementos, mas no regresso foi escoltado por 1800 homens.
As tropas invasores passaram a retirar, tendo iniciada essa manobra na noite de 6 de Março, de acordo com a informação dada por um camponês, aos aliados. As tropas luso-britânicas vão no encalço do inimigo dando-se, em 11 de Março de 1811, o Combate da Redinha. A 22 desse mês, já o exército francês, em retirada, encontra-se entre e Guarda e Celorico. A 3 de Abril deu-se a Batalha do Sabugal e, a praça de Almeida que tinha ficado em poder dos franceses, é abandonada de 10 para 11 de Maio de 1811. As tropas invasoras seguem em direcção a Espanha.
(Continua)
____________
Nota de CV:
Esta é a primeira de três partes de um trabalho que o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil Trms da CCAÇ 5, Gatos Pretos, Canjadude, 1968/70), nos enviou em mensagem do dia 30 de Setembro de 2012
3 comentários:
Gostei deste post que, dá muito que pensar.
Combatentes na Guiné, não fomos os únicos portugueses a pegar em armas para defender ideais ao longo do tempo desde a fundação do nosso PORTUGAL.
João Sacôto
ex-Alf-Mil. CC 617
1964/1966
Camarada José Martins
Gostei imenso deste post, até porque me interesso bastante por este período da nossa história. As 3 invasões francesas, foram na realidade quatro. Em 22 de Abril de 1812, forças francesas estimadas em 1500 elementos de cavalaria e 23 500 elementos de infantaria, sob o comando do Marechal Marmont, em cumprimento de ordens expressas de Napoleão empreenderam uma invasão-relâmpago da Beira Baixa, saqueando e queimando as povoações fronteiriças, matando gente e derrotando os regimentos de milícias que se tentaram opor na zona da Guarda.No entanto, dois dias depois iniciavam a retirada ao saberem que o exército anglo-luso de 40 000 homens tinha a vanguarda a 3 dias de marcha e a cavalaria já no Sabugal.
Fico a aguardar o resto...e venha ele com brevidade.
Um abraço.
Luís Dias
Camarada José Martins
Gostei imenso deste post, até porque me interesso bastante por este período da nossa história. As 3 invasões francesas, foram na realidade quatro. Em 22 de Abril de 1812, forças francesas estimadas em 1500 elementos de cavalaria e 23 500 elementos de infantaria, sob o comando do Marechal Marmont, em cumprimento de ordens expressas de Napoleão empreenderam uma invasão-relâmpago da Beira Baixa, saqueando e queimando as povoações fronteiriças, matando gente e derrotando os regimentos de milícias que se tentaram opor na zona da Guarda.No entanto, dois dias depois iniciavam a retirada ao saberem que o exército anglo-luso de 40 000 homens tinha a vanguarda a 3 dias de marcha e a cavalaria já no Sabugal.
Fico a aguardar o resto...e venha ele com brevidade.
Um abraço.
Luís Dias
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