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Fotos (e legendas): © Luís Graça (2025). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Garça & Camaradas da Guiné]
1. Caros leitores:
Quem andava pela Guiné, há uns bons 50, 60 anos, de vez em quando tinha uns "apetites danados".... Se calhar era como os "bizarros desejos das grávidas", que os médicos na época nem sempre sabiam explicar bem...
E então perguntava, o gajo, já "muito cacimbado", velhinho cpomo o c*r*lho, ao vagomestre:
− E hoje, ó Soares, não há aí umas sardinhinhas de Peniche assadas na brasa?...
− Vai-te...Afonso! − respondia ele (que não dizia asneiras, era um menino de coro).
− Mas também pode ser uns jaquinzinhos com arroz de tomate... Ou até uma batatada de peixe seco...
− Não querias mais nada!... Pró nosso comandante, isso é comida dos pobres, não vai à mesa do rei !
− 'Tá bem, pá, mas... nem uma caldeirada de peixe da bolanha ?...
− Nem vê-lo nem cheirá-lo!
− Ó nosso vagomestre, mas... nem um arrozinho de lingueirão ?... Ando mesmo 'augado' como uma gaja prenha... Não sejas bera... Ao menos umas ostras, geladinhas, com um espumantezinho da Raposeira !...
− Só se for uma arrozinho de lavagante... Serve ?! − sugeria o Soares, já meio irritado.
− À falta de melhor até marchava... Mas, não sei porquê, 'tava-me mesmo a apetecer era umas enguias fritas com arroz de feijão...
− Já vi que estás a delirar!...Isso é mas é paludismo cerebreal !
− Pois que seja, vou mais depressa p'ra casa em caixão de chumbo... Mas, antes de morrer, podes-me servir um bifinho com batata fritas e ovo a cavalo ?!....
− Bolas , que o gajo julga que a messe é o Gambrinus ! − começava o Soares a perder as estribeiras (mas mesmo assim incpaz de dizer um palavrão, do tipo "p*rra").
− Não te danes, eu cá m'arranjo: vou ali à cantina comprar uma lata de sardinhas com molho de tomate, picante... Estou farto da merda das tuas cavalas com esparguete...
2. Bom, os nossos vagomestres também têm direito a férias, pelo que a série "No céu não há disto: Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande" tem estado parada desde março de 2025 (*). Provavelmente por falta de "matéria-prima". Ou então a razão pode ser outra: estão de licença graciosa (que é ou era de seis meses do tempo do império)...
Mas todos os dias os vagomestres, pelo menos eles, comem. Mal ou bem, mas comem... E, nós, a "tropa-macaca", felizmente ainda vamos comendo, mal ou bem, mais mal que bem...
E no verão temos a bela sardinha... Valha-nos isso, que já nos tiraram quase tudo. Quando Portugal era nosso (ou será que alguma vez foi nosso?)... E era lindo.
O meu fisioterapeuta, que é de Peniche e filho de pescador, da pesca do cerco, diz-me que ainda não está boa, a sardinha, só lá para o fim do mês de agosto. Ora bolas!...
Nos últimos anos tem sido a mesma história, só no fim do verão é que um gajo pode comer uma sardinha a pingar no pão... Acusam as alterações climáticas de ser responsável pela crise... O vagomestre, que é "negacionista", diz que não:
− Olha que não, olha que não!!!
E o meu fisioterapeuta encolhe os ombros, e consola-me:
− Contente-se com a de Sesimbra e de Sines... Que, essa sim, já é gorda... e pinga no pão!
À falta de melhor aqui vão umas fotos das duas ou três sardinhadas que o pobre do editor LG já comeu este ano... De qualquer modo, já dá para fazer inveja ao João Crisóstomo que, com a política tarifária do Trump, tem a sardinha de Peniche e o tintol da Bombardeira ao preço ao caviar e do Château Lafite Rothschild ... (**)
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Notas do editor LG:
(*) Vd. poste de 27 de março de 2025 > Guiné 61/74 - P26623: No céu não há disto: Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (47): Um prato duriense, que se comia na Quaresma, "sável frito com açorda de ovas" (e que vai bem com o "Nita", da Quinta de Candoz, um DOC verde, branco, colheita selecionada, 2023, diz a "Chef" Alice)
5 comentários:
Antonio Duarte (by email(
8 ago 2025 17:07
Que inveja …. Este ano só comi umas e de má qualidade …..
Grande abraço
António Duarte
Eduardo Estrela
8 ago 2025 17:34
Boa tarde resistente da benigna loucura!!
Portugal nunca foi nosso, Luís.
Amamos a pátria muito mais do que os que a descomandam, mas somos meros artífices das suas, deles, muitas vezes vergonhosas vontades e decisões.
Mas esses, os dirigentes, generais, decisores e comandantes ficam para a história. Nós não!
Guerra!!??
São cada vez menos os que ainda dela se recordam. Uma pátria que se olvida da sua história arrisca-se a regressar ao passado.
Há 60 , 50 anos , fomos enviados para a defesa dos interesses desses decisores, agora e hoje a guerra é pela sobrevivência dos valores que sempre dignificaram o Homem.
RESPEITO PELOS OUTROS!!
Retrocedamos uns bons anos. Algures na segunda metade de 1970.
Por mera casualidade coincidir em Bissau com o meu saudoso amigo Manuel Ramos Marques Cruz, que foi fur miliciano como eu na C Cac 14.
Combinámos e no supermercado da Casa Gouveia junto aos correios de Bissau comprámos duas caixas de sardinha congelada. Com o prévio acordo dos funcionários, ficaram a aguardar o seu levantamento no dia seguinte logo pelo início da manhã, de modo a seguirem connosco de táxi para a base de Bissalanca, onde íamos apanhar o voo dos TAGP para Cuntima.
Chegados ao mato, foi salgar e preparar a petiscada. Havia um companheiro, camarada e amigo, natural e residente em Setúbal , que nunca partilhava com o resto da tripulação da Barca do Inferno, aquilo que recebia da família.
Houve sardinhas para toda a gente. Até para o capitão pelo qual eu não morria de amores. Queria mais e eu mandei dizer-lhe que ele logo trazia aquando duma das suas próximas deslocações a Bissau em viagem matrimonial à esposa, instalada em vivenda na estrada de Santa Luzia.
O meu , nosso amigo de infortúnio, teve como resposta à sua postura anterior, o cheiro das sardinhas assadas.
Acredita que me doeu o coração pelo que fizémos.
Mas tive algum tempo depois a oportunidade de ouvir da sua boca o desabafo:
" Foi a maior lição que me deram na vida vida "
Continuamos amigos e irmãos. Ainda há pouco mais de duas semanas estivémos a almoçar juntos em Almada
Grande abraço
Eduardo Estrela
Virgilio Teixeira (by email)
8 <ago 2025 20:44
Mas,
Que bela sardinhada e ainda reclamam?
Claro que não é no Gambrinus, mas lá não há disso!
Fico ougado com estas petiscadas, cada vez me passam mais ao largo, porque se seguisse os conselhos das autoridades de saúde, não podia comer nada, nem beber, nem fumar, nem.....
Comi no S. João umas sardinhas na casa do meu filho, que foi comprar aqui ao lado no Restaurante do empreendimento, mas quando se comeu já estava tudo frio.
Temos combinado com os 8 camaradas do meu grupo do WhatsApp, tudo gente velha da Guiné, e conhecidos dos 20 ou menos anos.
Fizemos uma vez, antes das festas, do ano passado, que foi uma maravilha, na esplanada a dar o sol e brisa, e com muitas garrafas de vinho da casa à mistura. Agora ou um ou outro andam sempre com problemas, marca-se uma data e nunca acontece.
Já tínhamos marcado mesa para 5 de Agosto, mas um dos nossos anda a fazer Radioterapia no IPO do Porto. Adiou-se, talvez até ao ano.
Com a minha mulher não dá para ir, porque ela não gosta, ou mais precisamente, não aprecia!
Quanto à falta de humor de caserna dos Vagomeste , é preciso incentivar mais, da minha parte eu pouco tenho deste tipo de humores que aqui aparecem, de encher a rir.
Lembro-me agora que tínhamos cá em Vila do Conde, quando para cá mudei, um Restaurante chamado São Roque, na praceta e atrás da capela com o mesmo nome.
Era lugar de gente fina, em dinheiro pelo menos, bem frequentado e serviam bem, eu comecei a ir lá, e ganhamos uma certa empatia ou outra coisa qualquer , sempre dava algum prestigio à casa ter lá o Senhor Doutor.! sempre fomos bem tratados.
Muitos anos depois em conversa informal, ele até vinha à mesa, tinha um Cabrito divinal, e a esposa muito simpática e atenciosa, que me dava a impressão que seria bem mais nova, isso não interessa. Os industriais e vendedores de máquinas para as industrias passavam sempre por cá pois juntavam uma mesa grande, e fomos conhecendo gente que era do Porto, mas estavamos afastados.
Havia crises, como sempre houve em todas as actividades, menos a politica e banqueiros.
Pois nessa conversa lá chegamos rapidamente à Guiné, um dos Vagomestre que por lá aprendeu a profissão e ficou muito bem na vida, acrescentando sempre algumas heranças, que todos que conheço tiveram, mas que o Virgilio que vocês conhecem, nunca herdou um tostão. Caso raro. A minha empregada de casa, com as heranças que vão recebendo estão mais ricas do que eu, o que não é difícil!
.
Entretanto já passou a casa a outras entidades, que mantem aberta com outro nome, e nunca mais os vi, nem a ele nem a senhora, e não conheço filhos. Há dias a passar pelas montras lá estava ele com a Cruz de Cristo, finou-se, não fotografei, vi o nome que não escrevo, por respeito. Tinha a minha idade.
Dizia ele, que era o Vagomestre de uma companhia, não sei o numero, nem onde esteve, mas foi na época de 67-69 como eu, que não o conhecia então.
Fim de citação e paz à sua alma.
Continuação de boa disposição e para o Sr. João Trump uma boa estada por terras do tio Sam.
abraço,
virgilio
O que mais me chateia, quando vou a restaurante comer sardinhas (assadas qb.: além da qualidade e frescura do peixe, o segredo também está no assar), é estar a comê-las, lasca a lasca, filete a filete, e a filha da p*ta da última ser... moída!...
Às vezes espera-se uma eternidade pelas sardinhas... Então em agosto!... Se já vêm frias, é uma desgraça. E se então moídas (uma em cada seis) é uma tragédia... Pedir mais uma para substituir a moída, já não dá... Quando chega, já toda a gente tomou o café!
É o melhor peixe do mundo, mas é muito delicado... Não dá para comer no dia seguinte...E nem toda a gente sabe assar peixe (quanto mais sardinhas!).
Em Fulacunda até as sardinhas enlatadas fritei , de tão enjoado de comer esparguete com chouriço e á noite arroz de tomate com chachichas.Era tempos difíceis de abastecimento derivado ao de guerra que atravessamos.
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