quarta-feira, 7 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9575: Contraponto (Alberto Branquinho) (42): Às voltas com Gandembel

1. Em mensagem do dia 2 de Março de 2012, o nosso camarada Alberto Branquinho (ex-Alf Mil de Op Esp da CART 1689, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), enviou-nos mais um "Contraponto", desta vez às voltas com Gandembel.

CONTRAPONTO (42)

ÀS VOLTAS COM GANDEMBEL

A propósito do Post 9552* de 1 de Março de 2012 sobre o livro do Idálio Reis àcerca da sua CCAÇ 2317/Gandembel, aqui venho eu, cheio de ciúmes provocados por afirmações em comentários ao mesmo, sobre ter sido colocada apenas uma Companhia naquele espaço (que, depois de haver construção ou a meio dela, se passou a chamar Gandembel).

As questões, levantadas também nos comentários, poderão resumir-se, afinal, às duas perguntas colocadas pelo Idálio na capa do livro: “Porquê?”/”Para quê”. Não sei se ele aborda as razões/respostas que os “estrategas” poderão ter tido em mente…

Certo é que foi a realidade – a CCAÇ 2317 esteve cerca de OITO MESES sozinha em Gandembel, até ao abandono do aquartelamento.

MAS, convirá lembrar que a construção de Gandembel foi o objectivo da operação “Bola de fogo”. Aí a CCAÇ 2317 não esteve só. A minha CART 1689 (mais velha, com cerca de um ano de Guiné), aproximou-se do local vinda de norte (Aldeia Formosa) e a CCAÇ 2317 vinda de sul. Encontrámo-nos, mais ou menos, no sítio que foi Gandembel. E dormimos juntos.
A primeira noite foi (logo) excitante – pior que o São João no Porto!
Os capitães, na manhã seguinte, decidiram fazer a implantação do quartel um pouco mais a norte, próximo do declive para o Rio Balana, pois sem água…

Durante quase um mês e meio esse espaço foi a nossa casa. A CCAÇ 2317 fazia (fundamentalmente) a construção e a CART 1689 fazia (fundamentalmente) a segurança à construção – patrulhamentos e emboscadas na zona em redor.

A CART 1689 saiu de Gamdembel quarenta dias depois, quando os abrigos de pedra estavam já praticamente prontos, de modo a poderem ser abandonados os tais “buracos de toupeira”, situados mais próximo do arame farpado (quando já havia…).
Portanto, o tais “buracos de toupeira” que o Luís Graça gosta de referir, foram o “habitat” comum das duas Companhias residentes, enquanto viveram em comunhão de mesa e habitação.

Juntas vão três fotos que documentam a existência dos “buracos de toupeira” propriedade privada da CART 1689, no então quase-quartel de Gandembel. Estes abrigos foram fundamentais por causa da diária (e repetida!) chuva de… aço.

Dão-se alvíssaras a quem conseguir descobrir nas fotos este (aqui) escriba. (Ai, o gosto de falar de mim…)

Alberto Branquinho
 




Fotos: © Alberto Branquinho (2012). Todos os direitos reservados
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 1 de Março de 2012 > Guiné 63/74 - P9552: Notas de leitura (338): A resposta que me veio pelo correio, quatro anos e meio depois: o livro do Idálio Reis, A CCAÇ 2317, na guerra da Guiné. Gandembel/Ponte Balana (Luís Graça)

Vd. último poste da série de 30 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9118: Contraponto (Alberto Branquinho) (41): (Somos uns) Mal-agradecidos

4 comentários:

Anónimo disse...

Estive em vários buracos, tais como:Guilege, Guidage e Gadamael Porto, como sei dar o devido valor, presto a minha homenagem a que conseguiu sobrevir a este Buracão durante oito longos meses.
Dâmaso
oveldl intramed

Luís Graça disse...

Branquinho: A tua CART 1689 é justa e amplamente referida pelo Idálio (pp. 97/109)... Ainda só folheei o livro: mas vejo, por exemplo, na pag. 108, que quando foi inaugurado a luz eletrética, houve duas flagelações, em 9 de maio, causando três vítimas entre a CART 1689, feridos graves evacuados... Estavam vocês com as malas prontas para deixar Gandembel... A vossa participação na Op Bola de Fogo também já foi amplamente referida no nosso blogue... Mas fizeste bem em recordar... Ninguém ganha ou perde guerras, sozinho... Um abração. Até Monte Real. Estará lá o Idálio. LG

Anónimo disse...

Tinha prometido a "moi", fazer uma "licença sabática",sobre este tema, mas não resisto...feitios.

Só quem nunca esteve metido em "buracos" e a servir de "carne para canhão", é que não dá o devido valor, e mais ainda vir falar do IN, que coitadinhos também se fartaram de sofrer (é verdade)mas na minha opinião, num contexto inoportuno e até provocador.
Desculpem o desabafo.
Em 2006 passei lá,existia um pontão de madeira cheio de pregos,quase que ia furando os pneus,se não fizesse de "policia sinaleiro de pregos".

Um alfa bravo
C.Martins

Anónimo disse...

Por mi só falarei deste livro depois de o ler.
Estava em Cacine vi-os passar e sei de alguns antecedentes.
Será uma homenagem...
Um Ab.
António J. P. da Costa