terça-feira, 6 de março de 2012

Guiné 63/74 - P9566: Memória dos lugares (178): Cantanhez: Cabedu... (Foto do calendário de 2008, editado pela ONG Tiniguena)




Guiné-Bissau > Região de Tombali > c. 2007 > Cantanhez > Cabedu > "Ruínas do antigo quartel colonial de Cabedu". Foto de: Emanuel Ramos / Tiniguena. In: Matas de Cantanhez: Biodiversidade ao serviço da soberania. Calendário de 2008. Imagens digitalizadas, editadas e reproduzido com a devida vénia pelo Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné...

1. Por Cabedu (de que temos no nosso blogue, cerca de meia centena de referências) passaram diversos camaradas e subunidades: cito, de cor, o José Ferreira da Silva (ex-Fur Mil Op Esp da CART 1689/BART 1913, , Catió, Cabedu, Gandembel e Canquelifá, 1967/69), e o Norberto Gomes da Costa (ex-Fur Mil At Inf, CCAÇ 555, Cabedú, 1963/65), sem esquecer o Tony Grilo, que vive no Canadá, e que foi Apontador de obús 8.8 (em
Cabedu, Cacine e Cameconde nos anos de 1966 a 1968). Também em Cabedu  o Orlando Pinela, ex-1.º Cabo da CART 1614 (Cabedú, 1966/68)... Enfim, corro o risco de esquecer outros camaradas da Tabanca Grande, que por lá passaram no tempo da guerra...


Se não estou em erro, Cabedu foi também a primeira  das tabancas da região de Tombali a beneficiar da projeto Sementes e Água Potável para a Guiné-Bissau, liderado pela Tabanca de Matosinhos... Foi em Cabedu que o Zé Teixeira, com outros camaradas, assistiu, emocionado, à inauguração do poço que assegurou o abastecimento de água potável à comunidade, em iniciativa da ONG AD - Acção para o Desenvolvimento... Foi aqui que Projeto Sementes e Água Potável para a Guiné-Bissau começou a ganhar raízes...

É da autoria do Tony Grilo  o poema Cabedu, nossa terra (1966), que a seguir reproduzimos.

2. Cancioneiro de Cantanhez > Cabedu, nossa terra

por Tony Grilo

Nas tabancas dos nativos
Nós fazemos uma acção
Que certo Mundo não sabe
Que nos sai da coração.

O inimigo espreita,
Atacando gente boa,
Mas os soldados respondem
Sem ser com tiros à toa.

De canais e muito mato
É composta a região,
Os mosquitos são malignos
Terroristas de picão.

Com insectos ou sem eles,
Que o tempo se vá passando,
Oh malta, já estamos vendo
O Niassa navegando.

Em Cabedu, em Cabedu,
Vão desfilando tantos soldados,
Mesmo com guerra, és nossa terra,
Nestes dois anos amargurados.

Oh Cabedu, oh Cabedu,
És fortaleza desta Guiné,
Te defendemos com valentia,
Aqui no mato, de noite e dia.

Cabedu, 1966
Tony Grilo

3. Contactos atuais da ONG Tiniguena:

 Tiniguena, Esta Terra é Nossa

Av. Caetano Semedo, Las Palmeras, Bairro de Belém,
Apartado 667, Bissau República da Guiné-Bissau
Tel.: (+ 245) 325 19 06 / (+ 245) 674 51 / (+ 245) 548 97 66

E-mail: tiniguena_gb@hotmail / geral@tiniguena.org


Lê-se no calendário de 2008, editado pela ONG guineense Tiniguena, dirigida por Augusta Henriques (Vd. desdobrável, em português, com a apresentação desta ONG que faz agora 20 anos, e que na venda dos seus belíssimnos calendários e postais uma fonte de receita):

"É urgente resgatar o legado histórico de Cantanhez... Outrora, as Matas de Cantanhez foram um refúgio seguro e a base principal dos Combatentes da Liberdade da Pátria liderados por Amílcar Cabral. E estas florestas acolheram as primeiras zonas libertadas, onde Cabral fez funcionar escolas e hospitais e organizou uma nova administração, sob a protecção de uma vegestação frondosa e a cumplicidades das populações locais. Além de abrigo, as florestas oferecerama sustento aos que nela se refugiaram. Em Cantanhez foram escritas das mais belas páginas da história da jovem  Nação guineense.  Urge resgatar este legado histórico que deve inspirar e alimentar as gerações do futuro para o reencontro com a sua dignidade como povo e o seu justo lugar no concerto das Nações".
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Nota do editor:

Último poste da série > 29 de fevereiro de 2012 >
Guiné 63/74 - P9547: Memória dos lugares (177): Canquelifá, a ferro e fogo, fevereiro / abril de 1974 (José Marques)

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