Como já aqui o dissemos, era (e é) pouco santa mas grande a nossa ignorância em relação à religião e demais aspetos da cultura dos guineenses, fossem (ou sejam) eles animistas, muçulmanos ou cristãos ("grumetes") (*)
Há 50 anos não havia ainda a Internet, nem muito menos os assistentes de IA - Inteligência Artificial, que vierem tornar obsoletas as nossas enciclopédias. (Tenho algumas, em português e inglês, que os meus filhos irão vender ao quilo; por enquanto ainda não me desfaço delas, têm um valor afetivo...).
Em muitas questões relacionadas com religião, língua, cultura, história, etc. da Guiné-Bssau, eu não dispenso o sábio e sempre ponderado e bem vindo comentário do nosso assessor Cherno Baldé, bom guineense e melhor muçulmano que sabe muito mais de nós (e dos nossos) do que nós dele (e dos seus).
II. Perguntámos ao ChtaGPT (e ao Gemini IA /Google) (**):
"O que é a 'festa do carneiro' entre os muçulmanos da Guiné-Bissau ?
A. Resposta pronta do ChatGPT em Português ("Chatbot adaptado à cultura e linguagem portuguesas, com foco em educação e respeito")...
A "festa do carneiro", como é popularmente conhecida na Guiné-Bissau, refere-se à celebração do Eid al-Adha, também chamado de Tabaski em muitos países da África Ocidental. É uma das datas mais importantes do calendário islâmico, comemorada por muçulmanos em todo o mundo, incluindo a vasta comunidade muçulmana da Guiné-Bissau.
Significado religioso:
O Eid al-Adha celebra o ato de fé e obediência do profeta Ibrahim (Abraão), que, segundo a tradição islâmica, estava disposto a sacrificar o seu filho Ismael em obediência a Deus. No entanto, Deus substituiu o filho por um carneiro, que foi sacrificado no seu lugar.
Como se celebra na Guiné-Bissau:
Na Guiné-Bissau, esta celebração tem características culturais e comunitárias muito próprias:
- Sacrifício do carneiro: Famílias muçulmanas que têm condições financeiras compram um carneiro para sacrificar, simbolizando o sacrifício feito por Abraão. O animal deve ser abatido de acordo com os preceitos islâmicos.
- Partilha da carne: A carne do animal é geralmente dividida em três partes – uma parte para a família, uma para familiares e amigos, e outra para os mais necessitados, reforçando o espírito de solidariedade.
- Orações comunitárias: De manhã, as pessoas reúnem-se em grandes espaços abertos para realizar orações especiais em conjunto.
- Momentos de convívio: É também um momento de união familiar, onde se vestem roupas novas ou tradicionais e se visita familiares e vizinhos.
- Relevância social: A festa tem um grande impacto na vida social e económica do país, com movimentações nos mercados, nas aldeias e nas cidades.
Este é um evento muito aguardado e vivido com grande fervor religioso e sentido comunitário na Guiné-Bissau.
Se quiseres saber mais sobre tradições religiosas ou culturais no mundo lusófono, explora gptonline.ai — está cheio de conteúdos úteis!
B. Resposta do Gemini IA / Google:
A "festa do carneiro" entre os muçulmanos da Guiné-Bissau é a celebração do Eid al-Adha, também conhecido localmente e em outras partes da África Ocidental como Tabaski.
Esta é uma das duas maiores e mais importantes festividades do calendário islâmico (a outra é o Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadão).
O Eid al-Adha comemora a disposição do Profeta Ibrahim (Abraão) em sacrificar o seu filho Ismael (na tradição islâmica) como um ato de obediência a Deus. No entanto, Deus interveio e substituiu Ismael por um carneiro (ou outro animal), que foi então sacrificado em seu lugar.
Assim, a principal característica desta festa é o sacrifício ritual de um animal, geralmente um carneiro, mas também pode ser uma cabra, vaca ou camelo, dependendo das possibilidades da família. A carne do animal sacrificado é tradicionalmente dividida em três partes: uma para a família que realizou o sacrifício, uma para os parentes e amigos, e uma para os pobres e necessitados.
Para além do sacrifício, o Eid al-Adha na Guiné-Bissau, assim como em outras comunidades muçulmanas, é um momento de:
- Orações especiais (Salat al-Eid): Os muçulmanos reúnem-se em mesquitas ou espaços abertos para realizar orações congregacionais;
- Reuniões familiares e sociais: As pessoas vestem as suas melhores roupas, visitam familiares e amigos, trocam cumprimentos e partilham refeições festivas;
- Atos de caridade e generosidade: É um momento para ajudar os menos afortunados, oferecendo-lhes comida e apoio financeiro;
- Reflexão e renovação da fé: Os muçulmanos lembram-se da história do sacrifício de Ibrahim e reafirmam a sua fé e submissão a Deus.
É importante notar que a data exata do Eid al-Adha varia a cada ano, pois é baseada no calendário lunar islâmico. As celebrações geralmente duram alguns dias. Na Guiné-Bissau, como em outros países com populações muçulmanas significativas, o Tabaski é geralmente um feriado nacional.
Guiné-Bissau > Bissau > 2004 > Festa do Tabaski (ou do carneiro) (em árabe, Aïd el- Kebir ou Aïd el-Adha) > O nosso grã-tabanqueiro Cherno Baldé com os seus 4 filhos... A festa do Tabaski (designação corrente nos países de forte tradição muçulmana da África ocidental) é, a seguir à festa do fim do Ramadão, a mais importante do Islamismo, equivalente ao Natal cristão. A data é variável, em 2015, foi a 24 de setembro. (***)
"Segundo o Islamismo, o filho herdeiro de Abraão foi Ismael e não Isaac. Esta festa é a comemoração do Livramento, do filho de Abraão que foi substituído por um cordeiro no momento exato em que seu pai iria sacrificá-lo, em obediência ao Senhor. Esta providência divina livrando (segundo o Islão) a Ismael, pai da nação árabe e antepassado do profeta, é lembrada anualmente por todo o povo muçulmano, como a Festa do Sacrifício ou a Festa do Cordeiro." (Fonte: Ordidja)
Foto: © Cherno Baldé (2010). Todos os direitos reservados. [Edição e legenda: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Guiné-Bissau > Região de Bissau > Tabatô > 28 de Novembro de 2009 > A festa do Tabaski... em que pela 1ª vez participaram três europeus, não-muçulmanos, duas portuguesas e um espanhol...
Tabatô passou-nos completamemte ao lado, ao tempo da guerra colonial. Era uma aldeia, discreta e pacífica, de músicos e construtores de instrumentos músicos, com raízes ancestrais no antigo império do Mali e depois no reino do Gabu, Fica a 10 km, a nordeste de Bafatá, do lado direito da estrada que segue para Contuboel (e a cerca de 15 km, a sul desta povoação, onde alguns de nós estiveram no respetivo Centro de Instrução Militar, em 1969). É a terra natal do nosso grão-tabanqueiro Mamadu Baio, músico.
Uma das portuguesas que participou no Tabaski de 2009 foi a Catarina Meireles, médica (minha antiga aluna de saúde pública, em 2007, na ENSP / NOVA), que aparece aqui com uma criança mandinga ao colo.
Foto (e legenda): © Catarina Meireles (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complemenetar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
III. Resposta do Cherno Baldé, em comentário ao poste P16801 (*)
O conjunto das fotos (*)mostra diferentes momentos da vida da tabanca, as primeiras fotos, de 1 a 3 mostram o dia da festa do Tabaski, a cerimónia que faz referência à fidelidade do Patriarca/Profeta Abraão para com o seu Deus ao sacrificar o seu único filho (Isaac para os cristaáos e Ismael para os muçulmanos).
As outras fotos (4 e 5) podem não estar associadas à festa do Tabaski, mas de outras festividades como o Fanado de rapazes e/ou o aparecimento de Cancurans.
Cordialmente,
Cherno AB
2025 M05 15, Thu 16:46:59 GMT+1
IV. O Tabaski em Tabatô, pela Catarina Meireles, é um texto de antologia do nosso blogue. Não nos cansamos de o reproduzir, aqui, pela terceira vez (****):
O Tabaski em Tabatô
por Catarina Meireles
No passado fim de semana (26-27 de novembro de 2009) fui ao Tabaski − cerimónia de imolação do carneiro (por analogia: Páscoa dos Muçulmanos).
Depois de muitas resistências, dúvidas, declinações... lá consegui que me deixassem assistir ao ritual ("eucaristia") numa tabanca perto de Bafatá, de seu nome Tabatô − muito especial, particularmente pela sua forma de vida comunitária, que assenta na música e dança étnicas. São fabulosos!
Fui com mais uma amiga (portuguesa) e um amigo (espanhol). Vestimos roupas típicas, ocupámos as posições indicadas (segundo a ordem social vigente) e imitámos tudo o que nos diziam para fazer... E não me senti diferente... ao contrário, até me senti mais especial!
No fim do ritual, chamaram-nos (aos 3 brancos) para junto dos Homens Grandes e ajoelhámos-nos em círculo.
Para quê? Para dar graças a Alá por esta dávida − pela primeira vez 3 brancos visitaram aquela tabanca no dia do Tabaski. Era um sinal divino de prosperidade e de vida longa (incluindo para nós!)
As explicações foram reforçadas várias vezes para que percebessemos o quão importante e bem-vinda era a visita dos 3 brancos.
Eu disse:
− Sim, 3 é número sagrado!
Eles rejubilaram com o entendimento do misticismo!
Foi-me pedido que falasse... e falei. Pedi uma cadeia de união − corrente de mãos dadas.
Expliquei como fazer e disse:
− Não há preto, não há branco, somos todos irmãos... daí esta cadeia de união.
E do meu lado esquerdo soou uma voz meiga, dum dos homens que me acolheu nas 3 vezes que fui a essa tabanca:
− Obrigado, Fátima de Portugal!