Guiné > Bolama > Centro de Instrução Militar > CCAÇ 2592 / CCAÇ 14 > 1969 > Da esquerda para a direita, os furriéis milicianos Eduardo Estrela, o Manuel Ramos Marques Cruz (de Vila Real de Santo António, já falecido) e o António G. Carvalho.
Foto (e legenda): © António G. Carvalho (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Foto (e legenda): © António G. Carvalho (2021). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Três mensagens de Eduardo Estrela:
Assunto . Pontos de vista
Lá, onde deixámos o coração a alma e dois dos nossos melhores anos de meninos e moços, opinávamos, comentávamos e praticávamos a partilha do pensamento , mesmo que contraditório
Tudo ao momento e sem medos. Esses, os medos, advinham do não saber nem adivinhar o instante seguinte.
Vivia-se na e/ou para a ocasião. O futuro era o agora. O presente e o passado a fonte onde merulhávamos a esperança.
És o português que encenou e teve a coragem de iniciar os contos da verdade e se assim não tivesse sido e porque a memória é curta, tudo seria adulterado em prol de interesses obscuros.
Mal, fomos executores duma adulterada palermice em nome de equívocos.
Tenho saudades dos meus primeiros tempos de bloguista. Comentava e.... imediatamente surgia o que achava oportuno mencionar.
Será que o guião pode voltar a ser mudado, Luís?
2. Data - 30/04/2025, 04:01
(..) Aquando do reordenamento de Cuntima, as colunas a Farim eram diárias e o desgaste físico e psíquico muito grande, pois volta não volta o PAIGC aparecia. O meu grupo de combate foi o primeiro a transitar para Farim, no início de dezembro de 1970 (...) e durante um mês estivemos a reforçar a CCaç 2549 estacionada em Nema, a qual tinha estado anteriormente connosco em Cuntima.
Em Farim fazíamos interdição ao corredor de Lamel, numa época em que o PAIGC estava muito activo. De tal modo activo que entre o início de dezembro de 1970 e meados de janeiro de 1971, a guarnição do Batalhão 2879 sofreu na zona de Lamel 14 mortos, uns em combate e outros por acidente resultante de actividade operacional. Para além dos camaradas falecidos, também houve muitos feridos.
No final de 1970, o meu grupo de combate regressou a Cuntima e só no início de fevereiro de 1971 a CCAÇ 14 foi para Farim, tendo o meu grupo ficado em Cuntima para dar sobreposição à Cart 3331, até ao fim de fevereiro.
Mas a "actividade operacional" que mais me agradava, eram os "golpes de mão" que fazíamos à messe ou ao bar e onde através duma "emboscada" bem montada, agarrávamos a amizade a fraternidade e a comunhão de alegrias e tristezas, partilhadas por irmãos que fomos e que sei, continuamos a ser. (...)
(i) ex-fur mil at inf, CCAÇ 2592/CCAÇ 14 (Cuntima e Farim, 1969/71);
(ii) partimos juntos no T/T Niassa, em 24 de maio de 1969; mas só nos conhecemos pessoalmente há pouco tempo, na Tabanca da Linha, em Algés;
(iii) é de Faro, reformou-se como téncico de seguros, vive em Cacela, Vila Reald e Santo António;
(iv) integra a Tabanca Grande desde 29/2/2012;
(v) tem mais de 4 dezenas de referências no nosso blogue;
(vi) faz teatro amador, o que é uma excelente atividade, e um dos melhoras formas de um antigo combatente prevenir o risco de se tornar protésico, radioativo, parkinsónico e alzheimareado
1. Data - segunda, 5/05/2025, 23:38
Assunto . Pontos de vista
Lá, onde deixámos o coração a alma e dois dos nossos melhores anos de meninos e moços, opinávamos, comentávamos e praticávamos a partilha do pensamento , mesmo que contraditório
Tudo ao momento e sem medos. Esses, os medos, advinham do não saber nem adivinhar o instante seguinte.
Vivia-se na e/ou para a ocasião. O futuro era o agora. O presente e o passado a fonte onde merulhávamos a esperança.
És o português que encenou e teve a coragem de iniciar os contos da verdade e se assim não tivesse sido e porque a memória é curta, tudo seria adulterado em prol de interesses obscuros.
Mal, fomos executores duma adulterada palermice em nome de equívocos.
Agora é estranhamente cansativo escrever para um quadro vivo que desaparece e (felizmente ) na maior parte das vezes ressuscita.
Será que o guião pode voltar a ser mudado, Luís?
Grande abraço, Eduardo
2. Data - 30/04/2025, 04:01
Assunto - Sabemos !
Ambos sabemos!... Glória aos homens que vindos da academia militar souberam racionalmente dar o impulso final ao estertor lento dum regime caduco. Mas... e a história nunca nos fará menção desse facto, vai ignorar que fomos nós, os milicianos , filhos do povo denominado mais profundo, aqueles que produziam a riqueza que os poderosos gastavam em orgias capazes de alimentar condignamente uma sociedade empobrecida e explorada, que a pouco e pouco fomos minando o dique da hipocrisia e da alarvice.
O amor pelo país não se rege por questões de finança, nem de estrato político, intelectual, moral e ou social.
Acima de tudo a decência e o decoro.
Caminhamos alegres e convictos para a meta. A mesma alegria que tinhamos quando na " nossa " querida e adorada Guiné, cantávamos, Zeca, Fanhais, Adriano, Ary, Alegre , Aleixo e toda a legião de mensageiros da mudança enquanto a metralha caía.

Tive o privilégio de ter como camarada de armas um homem que foi um dos elementos mais importantes do derrube do fascismo
.
O meu grupo de combate esteve integrado na sua companhia no final da minha comissão , depois de termos estado juntos, em unidades militares diferentes em Cuntima
.
Um abraço forte fraterno e amigo ao coronel Vasco Lourenço. Eu sei que muitos não se reveem na figura e na postura dum dos homens que me deu no dia 25 de Abril de 1974 a alegria de começar a pensar que as naus do império nunca mais iam transportar nos seus porões carne para canhão.
Mas nós, os milicianos, fomos a mecha lenta que projectou a mudança.
Grande abraço, Luís
Assunto . Imaginação relembrada
São 21,47 do dia 29 de março de 2025. Tenho na minha frente uma televisão desligada, uma estante com livros, um armário cheio de memórias e recordações alicerçadas em fotografias .
Lá, tínhamos a entrega, o compartilhar de emoções , a confissão de desgostos e a procura da amizade do amor e do carinho que todos os seres vivos necessitam.
Somos filhos duma época cheia de contradições e onde o respeito pelos outros era meta de somenos importância.
Mas soubemos, no infortúnio de quem nos lançou na alienação intelectual e humana. construir pontes.
Embarcámos para a Guiné em 24 de maio de 1969 e, depois de termos dado instrução aos militares africanos que compunham a Companhia (dado e recebido, pois muitos deles já tinham experiência de combate), partimos em 3 de novembro de 1969 para a zona operacional que nos tinha sido destinada, Cuntima, junto à linha de fronteira do Senegal.
Ainda em Bolama, onde a instrução foi dada e recebida e depois de uma operação mal programada para a zona de S. João, onde as CCaç 13 e CCaç 14 podiam ter sofrido sério revés, face ao local de desembarque escolhido, extremamente lodoso e onde vi camaradas atolados até à cintura, ainda em Bolama dizia, sofremos, à hora da saída da LDG, um ataque onde o PAIGC utilizou pela primeira vez foguetões terra-terra. Ninguém sabia que tipo de armamento o PAIGC utilizara e só em Bissau, no dia seguinte, nos foi comunicado o tipo de arma.
Em Cuntima, a actividade operacional era intensa pois estavam no mato permanentemente 2 ou mais grupos de combate, por períodos de 48 horas. A guarnição de Cuntima normalmente composta por 2 Companhias operacionais, Pelotão de Obuses e Pelotão de Milícias, para além das interdições ao corredor de Sitató, fazia picagens à estrada, escolta às colunas para Farim, segurança próxima e afastada ao aquartelamento e as operações militares que obrigavam a utilização de maiores meios.
Boa noite camarada, companheiro, amigo e escravo da idiotice.
Ambos sabemos!... Glória aos homens que vindos da academia militar souberam racionalmente dar o impulso final ao estertor lento dum regime caduco. Mas... e a história nunca nos fará menção desse facto, vai ignorar que fomos nós, os milicianos , filhos do povo denominado mais profundo, aqueles que produziam a riqueza que os poderosos gastavam em orgias capazes de alimentar condignamente uma sociedade empobrecida e explorada, que a pouco e pouco fomos minando o dique da hipocrisia e da alarvice.
Nós é que éramos a charneira da decisão e do executar. Profissionais da guerra contam-se pelos dedos aqueles que afrontaram ao nosso lado os medos, as angústias, o desconhecido, a infâmia de nos sentirmos marionetes descarcarteis duma vontade oculta e apodrecida.
O amor pelo país não se rege por questões de finança, nem de estrato político, intelectual, moral e ou social.
Acima de tudo a decência e o decoro.
Caminhamos alegres e convictos para a meta. A mesma alegria que tinhamos quando na " nossa " querida e adorada Guiné, cantávamos, Zeca, Fanhais, Adriano, Ary, Alegre , Aleixo e toda a legião de mensageiros da mudança enquanto a metralha caía.

Capa do livro "No Regresso Vinham Todos", de Vasco Lourenço (originalmente publicado pela Editorial Notícias, Lisboa, 1978, 104 pp.)
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O meu grupo de combate esteve integrado na sua companhia no final da minha comissão , depois de termos estado juntos, em unidades militares diferentes em Cuntima
.
Um abraço forte fraterno e amigo ao coronel Vasco Lourenço. Eu sei que muitos não se reveem na figura e na postura dum dos homens que me deu no dia 25 de Abril de 1974 a alegria de começar a pensar que as naus do império nunca mais iam transportar nos seus porões carne para canhão.
Mas nós, os milicianos, fomos a mecha lenta que projectou a mudança.
Grande abraço, Luís
3. Data - sábado, 29/03/2025, 22:31
Assunto . Imaginação relembrada
São 21,47 do dia 29 de março de 2025. Tenho na minha frente uma televisão desligada, uma estante com livros, um armário cheio de memórias e recordações alicerçadas em fotografias .
Lá, tínhamos a entrega, o compartilhar de emoções , a confissão de desgostos e a procura da amizade do amor e do carinho que todos os seres vivos necessitam.
Somos filhos duma época cheia de contradições e onde o respeito pelos outros era meta de somenos importância.
Mas soubemos, no infortúnio de quem nos lançou na alienação intelectual e humana. construir pontes.
Hoje partiu um amigo . Não sei mas vou saber, para onde o lançaram na sua juventude. Era um moço dos nossos tempos de mais jovens do que agora somos.
E a pouco e pouco o filho de puta do Caronte vai arrebanhando os filhos do sonho.
O teu projecto Luís, permite a possibilidade de continuarmos a acreditar no Homem. Bem hajas
E a pouco e pouco o filho de puta do Caronte vai arrebanhando os filhos do sonho.
O teu projecto Luís, permite a possibilidade de continuarmos a acreditar no Homem. Bem hajas
Abraço do tamanho da Guiné ao sítio onde nascemos.
Eduardo
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Eduardo
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Notas do editor:
(*) Vd. poste de 29 de fevereiro de 2012 Guiné 63/74 - P9548: Tabanca Grande (322): Eduardo Estrela, ex-Fur Mil da CCAÇ 14 (Cuntima, 1969/71)
(...) Sou o ex-Fur Mil Eduardo Estrela e enquadrei o início da CCaç 14, originalmente CCaç 2592.
(*) Vd. poste de 29 de fevereiro de 2012 Guiné 63/74 - P9548: Tabanca Grande (322): Eduardo Estrela, ex-Fur Mil da CCAÇ 14 (Cuntima, 1969/71)
(...) Sou o ex-Fur Mil Eduardo Estrela e enquadrei o início da CCaç 14, originalmente CCaç 2592.
Embarcámos para a Guiné em 24 de maio de 1969 e, depois de termos dado instrução aos militares africanos que compunham a Companhia (dado e recebido, pois muitos deles já tinham experiência de combate), partimos em 3 de novembro de 1969 para a zona operacional que nos tinha sido destinada, Cuntima, junto à linha de fronteira do Senegal.
Ainda em Bolama, onde a instrução foi dada e recebida e depois de uma operação mal programada para a zona de S. João, onde as CCaç 13 e CCaç 14 podiam ter sofrido sério revés, face ao local de desembarque escolhido, extremamente lodoso e onde vi camaradas atolados até à cintura, ainda em Bolama dizia, sofremos, à hora da saída da LDG, um ataque onde o PAIGC utilizou pela primeira vez foguetões terra-terra. Ninguém sabia que tipo de armamento o PAIGC utilizara e só em Bissau, no dia seguinte, nos foi comunicado o tipo de arma.
Em Cuntima, a actividade operacional era intensa pois estavam no mato permanentemente 2 ou mais grupos de combate, por períodos de 48 horas. A guarnição de Cuntima normalmente composta por 2 Companhias operacionais, Pelotão de Obuses e Pelotão de Milícias, para além das interdições ao corredor de Sitató, fazia picagens à estrada, escolta às colunas para Farim, segurança próxima e afastada ao aquartelamento e as operações militares que obrigavam a utilização de maiores meios.
(..) Aquando do reordenamento de Cuntima, as colunas a Farim eram diárias e o desgaste físico e psíquico muito grande, pois volta não volta o PAIGC aparecia. O meu grupo de combate foi o primeiro a transitar para Farim, no início de dezembro de 1970 (...) e durante um mês estivemos a reforçar a CCaç 2549 estacionada em Nema, a qual tinha estado anteriormente connosco em Cuntima.
Em Farim fazíamos interdição ao corredor de Lamel, numa época em que o PAIGC estava muito activo. De tal modo activo que entre o início de dezembro de 1970 e meados de janeiro de 1971, a guarnição do Batalhão 2879 sofreu na zona de Lamel 14 mortos, uns em combate e outros por acidente resultante de actividade operacional. Para além dos camaradas falecidos, também houve muitos feridos.
No final de 1970, o meu grupo de combate regressou a Cuntima e só no início de fevereiro de 1971 a CCAÇ 14 foi para Farim, tendo o meu grupo ficado em Cuntima para dar sobreposição à Cart 3331, até ao fim de fevereiro.
Mas a "actividade operacional" que mais me agradava, eram os "golpes de mão" que fazíamos à messe ou ao bar e onde através duma "emboscada" bem montada, agarrávamos a amizade a fraternidade e a comunhão de alegrias e tristezas, partilhadas por irmãos que fomos e que sei, continuamos a ser. (...)
(**) Último poste da série > 2 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26754: (In)citações (269): Quem se lembra destes preços? (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)
5 comentários:
Eduardo Estrela
21 mai 2025 07:37
Bom dia Luís!
Já li o post. É evidente que concordo com a orientação e o título que lhe deste.
Só duas rectificações a fazer.
Não regressei no Uige, pois o meu substituto chegou uns dias mais tarde .
Regressei a bordo do Manuel Alfredo e parti de Bissau em 22 de março de 1971.
Nunca fui bancário. Trabalhei na área do comércio automóvel e dos 33 anos até à reforma, na actividade seguradora como regularizador de sinistros.
Grande abraço
Eduardo
Ok, Eduardo, já corrigi... De facto, os graduados (e especialitas) das companhias africanas (CCAÇ 2590, 2591, 2592...) eram todos de rendição individual, e enquanto não chegasse o seu "periquito", da metrópole, não tinham a "carta de alforria"...De facto, nem todos pudemos partir no T/T Uíge, a 17 de março de 1971 (se não erro a data, já são muitas datas para guardar na tola...). Recordo aqui o drama do nosso 1º cabo cripto, o Gabriel Gonçalves, que esteve na iminência de ter fazer,,, uma segunda comissão, demorou um ror de tempo a chegar o seu "periquito"... Tenho que lembrar aqui essa história...
João Crisóstomo (by email)
21 mai 2025, 07:31
Caro Luís Graça,
A idade faz destas coisas :mesmo quando estou de férias, (e portanto não devia haver nenhuma razão para não dormir), passo metade das noites acordado. Quando tal sucede a maioria das vezes vezes agarro no computador que até já está acostumado com a rotina das minhas visitas : primeiro ver se há alguma mensagem E mail de especial interesse que até precise ou mereça rápida reação ou resposta , como foi o caso desta manhã e de que dei logo conhecimento; depois tento saber e pôr-me em dia com o que vai por esse mundo: CNN e Fox News ( USA); CNN Portugal ; e de vez em quando também Vatican News. E “ last but not the least”, que também nunca falha, uma consulta ao nosso blogue. E quando estou em épocas de boas marés até consigo fazer algum comentário ou pelo menos enviar um abraço aos nossos camaradas aniversariantes.
Por vezes leio posts e comentários ( que por vezes são a parte mais interessante) para os quais, tivera eu o condão de fácil expressão, haveria sempre pano para mangas para responder e dialogar. Na ausência desta, deixa-me dar-te alguns exemplos de comentários que hoje me fizeram vibrar e mereciam uma resposta, se eu tivesse a tal facilidade de expressão. Talvez o que sucede comigo suceda com outros . E portanto a ausência de respostas e diálogos não quer dizer falta de interesse ou que eles não sejam lidos… Mas por exemplo hoje, onde vou eu encontrar palavras para “ comentar comentários” como os que seguem? (Os itálicos e os negritos são meus!)
"nós, os milicianos, fomos a mecha lenta que projectou a mudança. Grande abraço, Luís"
"O teu projecto Luís, permite a possibilidade de continuarmos a acreditar no Homem. Bem hajas. Eduardo".
"o Manuel Resende 'era apenas o fotógrafo'.Palavras para quê?? O apenas, como é óbvio está a mais!!!!! Eduardo".
E "já que estou com as mãos na massa” ao computador, deixa-me dizer-te que temos tido um tempo maravilhoso nestas terras de Sabugal:
(i) passeatas de sonho pela quase pristina serra da Malcata;
(ii) vales e vertentes do Rio Coa , ( que por vezes me lembram a Eslovénia!);
(iii) experiências pouco vulgares como um encontro com um indivíduo que foi emigrante em França, e que agora retornado a Portugal, de cajado na mão como eu costumava ver quando era miúdo, com os seus cães amestrados ( dois para controle das ovelhas e dois outros - que pelo tamanho impõem respeito ´- para defesa de lobos e outros possíveis atentados, trata dum enorme rebanho de ovelhas) e que "contente e feliz não quer outra vida”;
(iv) vinhos, queijos, cabrito, trutas, comidas e especialidades da região…
(v) mas sobretudo a encantadora bondade, simplicidade e generosidade desta gente, a maioria deles conhecidos e amigos do Rui Chamusco, do qual alguns deles foram alunos…
Mas, não podemos ficar mais e amanhã voltamos à Lourinhã. Até porque tenho de ir Varatojo para tratar de "logísticas” relacionadas com o meu/nosso encontro dos Crispins, Crisóstomos, Camaradas e Amigos que queiram aparecer para um abraço.
É que agora, em cima da hora, (pelos vistos não sabiam ou esqueceram…) avisaram-me que afinal nesse dia vai lá estar também um outro grupo pois é o "dia das missões franciscanas”. Não posso negar que fiquei mesmo surpreendido e “confuso” pois vai-me alterar o que eu tinha programado. Mas, insistem, que não vai haver problema etc , que ao lado do claustro ( que , como em ocasiões anteriores, eu esperava estar livre, e seria só para nós) há uma grande sala para reuniões etc…
Não vejo onde é essa sala e tenho de ir ver. Quero ver como vai ser, pois até tenho programado “cantar cantigas da nossa terra” com o Rui a acompanhar… O importante é o podermo-nos dar um abraço, mas… se eu tivesse sabido antes podia ter organizado para outro dia. E agora já é tarde demais para mudar, muito menos cancelar. Disseram-me que o portão grande estaria aberto para maior estacionamento. Quero confirmar e avisar-te-ei.
Um abraco grande, João
João, usas um vocábulo que há muito não ouvia nem lia... "prístina serra"...Não direi que é "arcaico", mas só o vejo nos nossos clássicos... Obrigado. Luís
PS - A palavra é "esdrúxula", leva acento tónico na antepenúltima sílaba...
prístino
prístino(prís·ti·no)
adjectivo
[Linguagem poética] Relativo aos primeiros momentos ou estados de algo ou a momentos ou estados anteriores (ex.: ambiente quase prístino; florestas prístinas). = ANTIGO, PRIMITIVO, PRISCO
etimologia Origem etimológica: latim pristinus, -a, -um.
"prístino", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2025, https://dicionario.priberam.org/pr%C3%ADstino.
Recorri ao Ciberdúvidas da Língua Portuguesa:
Pergunta: Li um texto em que se usou a expressão «local prístino» («Sebastião Salgado fotografa paisagens em áreas prístinas dos quatro cantos do mundo»), para indicar lugar remoto ou intocado. Em espanhol prístino tem (parece-me) esse sentido, mas os dicionários de português que consultei (Aurélio e Houaiss) só registram a acepção «antigo, prisco». Pode-se, afinal, dizer-se «fotografei animais nos locais mais prístinos»?
Laura Aguiar Brasil
Resposta: No Grande Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, a palavra prístino tem como significados «antigo, primitivo, prisco». São também estes os significados que a palavra latina ‘pristinus’ tem no dicionário de latim. Não me parece difícil a aquisição de um novo sentido, que, partindo de primitivo, conduza a remoto, ou intocado, como já aconteceu noutras línguas. Além disso, o sinónimo primitivo permite uma interpretação adequada, pelo que não vejo por que não se possa utilizar a expressão «locais prístinos».
Edite Prada 16 de dezembro de 2004'
in Ciberdúvidas da Língua Portuguesa, https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/o-significado-de-pristino/15552 [consultado em 21-05-2025]
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