Camarigo Luís Graça:
Referes uma situação em que a "tua montada", e não sei quantas antes, passou e a seguinte "voou", dizendo que tinha sido sorte, a tua.
Ora, quantos de nós tivemos sorte, uma vez..., n vezes, enquanto outros nem uma vez a tiveram?
Foi por essas situações de "sorte", do "acaso" ou seja lá de outra coisa, que às tantas, lá na Guiné, me comecei a interrogar e a "filosofar" comigo. Será isto o destino? Será que o destino está mesmo traçado? Será que ao nascer a nossa vida já está de facto pré-definida? Podem crer que a partir de algumas situações que ocorreram comigo e que me levaram a esses questionamentos interiores, passei a acreditar nesse determinismo.
Quanto às vias de comunicação, a que chamas "estrada", sempre que escrevo algo sobre as paragens que pisei, uso "itinerário", com excepção dos percursos, Bissau-Mansabá e Bissau-Teixeira Pinto-Bachile, onde uso "estrada", uma vez que eram asfaltadas e dignas desse vocábulo. Todas as outras por onde circulei, não passavam de "picadas".
Os abastecimentos, a logística em geral, das NT movimentavam e ocupavam de facto muitos efectivos. Mesmo no Sector de Mansoa, quando lá estive, isso era uma realidade.
Por Mansoa passavam, várias vezes por mês, colunas de abastecimentos para Bissorã e Olossato, em que o pessoal da CCaç 2589, destacado em Braia e no Infandre, tinha de assegurar a limpeza do itinerário até ao alto de Namedão, bem como a segurança com emboscadas nos pontos "mais vulneráveis".
Quanto às colunas para Mansabá, não havia necessidade de picar a estrada, mas montar a segurança, pelo pessoal destacado em Cutia, quase no limite da zona, visto haver um cruzamento com um dos carreiros IN Sara/Canjambari-Morés.
Abraços
Jorge Picado
PS - Quando me refiro ao pessoal da CCaç 2589 (Mansoa, Braia, Infandre e Cutia), quero indicar todo aquele que dependia desse comando e não apenas o da subunidade orgânica.
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Nota de L. G.:
Último poste da série > 10 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7415: (Ex)citações (118): A propósito do vídeo da ORTF sobre a Op Ostra Amarga: "As imagens que vi, foram uma espécie de murro no estômago e cimentaram a admiração que nutro por todos aqueles que sentiram o silêncio bem no meio do capim" (Miguel Sentieiro)
Referes uma situação em que a "tua montada", e não sei quantas antes, passou e a seguinte "voou", dizendo que tinha sido sorte, a tua.
Ora, quantos de nós tivemos sorte, uma vez..., n vezes, enquanto outros nem uma vez a tiveram?
Foi por essas situações de "sorte", do "acaso" ou seja lá de outra coisa, que às tantas, lá na Guiné, me comecei a interrogar e a "filosofar" comigo. Será isto o destino? Será que o destino está mesmo traçado? Será que ao nascer a nossa vida já está de facto pré-definida? Podem crer que a partir de algumas situações que ocorreram comigo e que me levaram a esses questionamentos interiores, passei a acreditar nesse determinismo.
Quanto às vias de comunicação, a que chamas "estrada", sempre que escrevo algo sobre as paragens que pisei, uso "itinerário", com excepção dos percursos, Bissau-Mansabá e Bissau-Teixeira Pinto-Bachile, onde uso "estrada", uma vez que eram asfaltadas e dignas desse vocábulo. Todas as outras por onde circulei, não passavam de "picadas".
Os abastecimentos, a logística em geral, das NT movimentavam e ocupavam de facto muitos efectivos. Mesmo no Sector de Mansoa, quando lá estive, isso era uma realidade.
Por Mansoa passavam, várias vezes por mês, colunas de abastecimentos para Bissorã e Olossato, em que o pessoal da CCaç 2589, destacado em Braia e no Infandre, tinha de assegurar a limpeza do itinerário até ao alto de Namedão, bem como a segurança com emboscadas nos pontos "mais vulneráveis".
Quanto às colunas para Mansabá, não havia necessidade de picar a estrada, mas montar a segurança, pelo pessoal destacado em Cutia, quase no limite da zona, visto haver um cruzamento com um dos carreiros IN Sara/Canjambari-Morés.
Abraços
Jorge Picado
PS - Quando me refiro ao pessoal da CCaç 2589 (Mansoa, Braia, Infandre e Cutia), quero indicar todo aquele que dependia desse comando e não apenas o da subunidade orgânica.
Nota de L. G.:
Último poste da série > 10 de Dezembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7415: (Ex)citações (118): A propósito do vídeo da ORTF sobre a Op Ostra Amarga: "As imagens que vi, foram uma espécie de murro no estômago e cimentaram a admiração que nutro por todos aqueles que sentiram o silêncio bem no meio do capim" (Miguel Sentieiro)
4 comentários:
Jorge:
1. A propósito, tenho que ir recuperar as fotos que te tirei, a ti e ao teu amigo, engenheiro, do BENG, na Costa Nova, no verão passado... Recorda-me como é que ele se chama... Tomei nota algures, mas também posso pedir ao Zé António...
2. Aconteceram-nos tantas ou tão poucas, que somos levados a acreditar no destino... Minas, tive duas ou três, daquelas de provocar calafrios... No final, perguntas-te sempre: Por quê ele, o teu camarada do lado, por que não eu ? A mais óbvia, foi em 13 de Janeiro de 1970, já quase no final da comissão, à saída de Nhabijões, quando eu e o Furriel Marques (o da Tabanca da Linha) disputámos o "lugar do morto"... Eu fui no "lugar do morto" e ele,. que foi atrás, na GMC, com o pelotão, o 4º Gr Comnb da CCAÇ 12, é que foi parar ao hospital... dois anos.
Outra foi a 8 de Setembro de 1969, no meu baptismo de fogo, na região do Poindon / Ponta do Inglês, Xime... Não apanhei com o dilagrama por um triz... Mas morreu (e ficou gravemente ferida) gente ao meu lado...
Se estamos vivos, é sobretudo por que tivemos mais sorte do que outros... Nalguns casos fomos mais espertos, mais prudentes, mais cobardes ou não estávamos no sítio errado... Pessoalmenet não acredito no destino... Mas aceito que outros tenham explicações transcendentais para o que ocorre aqui em baixo... Diz o nosso camarigo Mexia Alves, no poste anterior: "Diziam que pagavam não sei o quê pelas minas levantadas, mas não me lembro de ter recebido nada. Mais tarde e já no Pel Caç Nat 52, com o 'clima' e outras coisas, cometia a rematada estupidez louca de ir pisando o caminho à frente do Pelotão, o que os soldados africanos muito apreciavam, só me valendo o facto de Deus nunca estar distraído"...
Todos fizemos "disparates" desses, comportamentos de "bravata" com que testávamos, no limite, a nossa (in)capacidade de sobrevivência... Alguns de nós, muitos de nós, forçaram, a nota, tiveram azar ou apanharam Deus distraído...
Um grande palada, meu capitão!
Luís
Eu nunca fui de filosofias, pois aquelas leituras, a que fui obrigado no meu 6.º e 7.º anos do Liceu, teimavam em não se encaixar fosse lá em que zona cerebral deviam entrar. Por isso nunca tinha pensado nesses assuntos.
Mas lá, ao longo do percurso que fui percorrendo e quando "as drogas" não me alienavam o cérebro, fui matutando nestas questões e arrajando as minhas soluções.
Quanto ao engenheiro do BENG, chama-se José Manuel Bastos CACHIM e esteve lá entre 1966/68. Se algum camarigo do BENG desta época que "frequente" o Blogue se lembrar, ele era o responsável pela Carpintaria e Mecanica Pesada (Caterpiler´s, etc).
Abraço
Jorge Picado
Amigo Jorge Picado
Na verdade por vezes dava para pensar,numa tentativa de arranjar uma resposta plausível que,por vezes era encontrada mas que de outras era atribuida à sorte ou a outras causas.
Nas vezes que me aconteceu...agradeci a Deus e tentei melhorar a minha relação com o próximo.
Um abraço e desculpa
Luis Faria
Camaradas,
Afinal, nós podíamos contribuir para o destino, conforme as nossas cautelas, a prudência, a disciplina no mato.
No que às minas diz respeito, por que razão nos dávamos ao trabalho de picar? Provavelmente para influenciar o "destino" a nosso favor. Sorte, era passar incólume sem a devida picagem.
Já andava um bocado desconfiado quando fui para a Guine, ali, desprezei a protecção trancendental, porque só a minha actividade, se bem executada, me poderia dar esperança para um bom regresso.
Apesar disso, cometi alguns abusos.
Safei-me, e cá estou a chatear-vos.
Abraços
JD
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