1. De Manuel Maia (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), Sociedade lusa, enviado em mensagem com data de 5 de Janeiro de 2011:
Sociedade lusa
Sociedade lusa é inquietante,
passiva, obediente, inoperante
estática, parada, sem acção...
São brandos os costumes, "isto passa"...
"o povo é mui sereno, é só fumaça",
chavões da canga, jugo/submissão...
Tal qual vai o cabrito, o porco, o touro,
p`ra morte no açougue/matadouro,
assim, num "ledo engano", vai meu povo...
Aceitação de inevitável fim,
sem "espernear", gritar, tenho p`ra mim,
que anestesia alguém lhe deu de novo...
Bem forte foi, por certo, essa narcose,
com injecções de bola, em dupla dose,
de Fátima e de fado, quanto baste...
Alheamento à vida e ao futuro
evidencia o novo e o mais maduro,
no aceitar da imposição do traste...
Que um dia surja um gongue salvador
para acordar país desse torpor,
às consciências dando um abanão...
Com mais de oito centúrias, Portugal,
vive hoje o maior drama nacional
parados estão os braços, falta o pão...
MM
__________
Nota de CV:
Vd. último poste da série de 6 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7561: Blogpoesia (101): Considerações (Manuel Maia)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
5 comentários:
Amigo Manuel Maia
Continuas e bem e ainda bem,a deixar cantar a tua Alma
Um abraço
Luis Faria
Força Vate
ESPERO TER BOAS NOTÍCIAS TERÇA OU QUARTA.
Vasco A. R. da Gama
Manel,
Cantas muito bem na constatação, mas, não concordo com essa esperança da chegada de um gang. Há duzentos anos que o nosso Portugal anda de mão em mão, submetido a dirigentes autocráticos, ou travestidos de democratas, por terem sido eleitos.
Usam e abusam impunemente, pelo que o que a sociedade moderna precisa, é de mecanismos que controlem a democracia, isto é, a acção dos eleitos e gestores públicos.
Parece-me simples que o poder de um abaixo-assinado, v.g., possa suspender um qualquer mandato até esclarecimento da sua motivação, com a garantia de reintegração do suspenso, se provada a inocêcia, ou a definitiva exclusão de funções públicas e julgamento pelos tribunais competentes.
Em alternativa, poderemos ficar suspensos de outro golpe, que iniciará novo ciclo.
E os golpes não mostram que tenham trazido o interesse público à ribalta.
Abraços
JD
Camaradas,
Lamento a minha precipitação. o Manel referiu um gongue, e eu interpretei um Gang. Será premonição?
Peço-vos desculpa.
JD
Caríssimo Maia
Este teu poema é, sem dúvida, uma excelente 'foto' do que na generalidade se passa.
Percebo que um ou outro de nós, até por leitura apressada e consequente pressa em chamar a atenção para os hipotéticos perigos que podiam advir da 'proposta' que subentendeu, possa pretender, muito justamente, querer saber qual ou quais as coisas que podem advir para contrariar a descrição contida no poema.
É exigir demais a um poema!
Os poetas têm a capacidade de dizer que 'o rei vai nú' e essa denúncia é, em si mesma, muito importante, é, talvez, mais forte que muitos discursos.
O que é preciso, antes de determinar a 'prescrição para a cura', depois de 'determinar o estado do doente' (que é o que o poema revela), o que é preciso, dizis, é determinar a 'causa do mal', ou seja a origem do problema.
Se formos por aí é possível que se encontrem opiniões diversas e daí 'mezinhas' diferentes, mas esse exercício é indispensável.
Como me parece que não cabe no âmbito do nosso blogue esse tipo de discussões, fico por aqui, nesse aspecto, porque quero deixar bem vincada a valia do poema, particularmente no que à caracterização do 'estado da nação' diz respeito.
Abraço
Hélder S.
Enviar um comentário