domingo, 21 de dezembro de 2014

Guiné 63/74 - P14062: Bom ou mau tempo na bolanha (80): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (20) (Tony Borié)

Septuagésimo nono episódio da série Bom ou mau tempo na bolanha, do nosso camarada Tony Borié, ex-1.º Cabo Operador Cripto do CMD AGRU 16, Mansoa, 1964/66.




Dia 12 de Julho de 2014

Resumo do dia vigésimo segundo dia

Contentes pelo dia anterior bem passado, seguimos na estrada número 26, que em algumas distâncias se chama 89 ou mesmo 191, rumo ao sul, por pouco tempo, pois desviámo-nos para oeste e, quando se entra no estado de Idaho, esta estrada, se chama somente 26.

Estávamos no estado de Idaho, que há muitos anos fazia parte do “Oregon Country”, um território disputado entre os Estados Unidos e o Reino Unido, mas através de um tratado assinado em 1846, os Estados Unidos assumiram posse da região, que inicialmente fez parte do Território de Oregon, mas que em 1853 se tornou parte do Território de Washington. O Território de Idaho foi formado em 1863, e elevado à categoria de Estado em Julho de 1890, altura em que se tornou o 43.º Estado americano a entrar na União.

Para não “perder o fio à meada”, como é costume dizer-se, seguíamos na estrada número 26, que nos levou por entre grandes plantações de batata, beterraba, ervilhas e grão de bico, até à cidade de Idaho Falls, que dizem recebeu o seu primeiro nome de “Eagle Rock”, devido a existir uma ilha coberta de pedras no meio do Snake River, que passa mais ou menos a 7 milhas da cidade, e que, naquela altura era habitada por mais de 20 águias.


Por volta do ano de 1874, aqui se foram estabelecendo pessoas que criavam vacas e ovelhas, construíram represas, abrindo canais para regar as suas terras, mais tarde, o Union Pacific Railroad, construiu uma ponte em madeira sobre o Snack River, para escoar o produto das minas de cobre que existiam na cidade de Bute, no estado de Montana. Com a construção da ponte e da linha do caminho de ferro, aquela área depressa se tornou num campo/aldeia de tendas, com “sallons”, dançarinas, casas de jogo e hotéis. Por volta do ano de 1891, as pessoas importantes da já pequena cidade, votaram para se trocar o nome para Idaho Falls, em referência às “cataratas” que existiam por baixo da ponte.


Aqui parámos por algum tempo, comprando gasolina, água e fruta, continuando rumo ao oeste pela estrada número 20, entrando algum tempo depois pelo deserto onde em tempos existiu o “National Reactor Testing Station”, onde estava instalado um reactor nuclear, que produziu electricidade pela primeira vez na história, e que neste momento está desactivado.

Viajando pela estrada, com longas rectas, sempre plana, vendo-se ao longe uma enorme montanha, que em outros tempos serviu de marco de sinalização para os pioneiros, que a caminho do oeste usavam a “Oregon Trail”, que em português podemos designar, como a Rota do Oregon ou o Trilho do Oregon, um itinerário histórico com cerca de 3200 km de comprimento que segue a direção leste-oeste, ligando o rio Missouri aos vales do do Oregon.

Para não nos alongarmos muito com a sua história, a “Oregon Trail” é uma das três “Emigrant Trails”, que em conjunto com a “California Trail” e a “Mormon Trail”, usados em meados do século XIX pelos que buscavam terras a oeste das planícies interiores e das montanhas rochosas, cuja parte oriental do itinerário percorria parte do futuro estado do Kansas e, quase todo o território do que são hoje os estados do Nebraska e Wyoming, mas a parte ocidental, passava por aqui, cobrindo grande parte dos futuros estados do Idaho e Oregon, pois quando nos aproximávamos, embora passando a uma certa distância, verificámos que nessa montanha não havia árvores ou qualquer outra vegetação. Era “pelada”, com enormes proporções, que de facto, não era mais que um “marco” que foi usado como instrumento de navegação por muitos milhares de pessoas, incluindo colonizadores, rancheiros, agricultores, mineiros, homens de negócios e suas famílias, que seguiam esta rota, onde se incluíam militares, caçadores e comerciantes de peles, viajando por estas terras, que eram apenas atravessáveis a pé ou a cavalo, tudo isto, talvez num período que podia ser de 1810 a 1870, pois o uso da “Oregon Trail” decaiu quando o primeiro caminho de ferro transcontinental ficou terminado em 1869, tornando a viagem para oeste muito mais rápida, barata e segura. Hoje, as estradas rápidas modernas, seguem o mesmo percurso e passam pelas localidades fundadas para servir a “Oregon Trail”.



Já chega de história. Uns quilómetros mais para oeste, havia um Centro de Informação com umas agradáveis instalações, onde se podia beber água, usar os quartos de banho, tirar folhetos de informação das estantes, mas não havia ninguém a atender e, no parque de estacionamento, algumas pessoas dormiam dentro das viaturas, com as janelas abertas.

Era deserto, a temperatura no Jeep marcava 114º Fahrenheit. Seguindo a rota do oeste, encontrámos de novo a estrada número 26, seguia um pouco para norte, até se encontrar com a estrada número 93, que seguia para sul, onde entrámos no “Craters of the Moon National Monument and Preserve”, que é um “campo de lava”, com mais de 1000Km2, onde existem restos da lava de vulcões, onde podemos presenciar crateras de vulcões adormecidos que formavam vales e pequenas montanhas, onde só existia pedra negra, agreste, com a formação de pequenas ondas, que em alguns lugares estavam a detiriorar-se, porque estavam ali, a sofrer a erosão, recebendo calor, frio ou chuva, por milhões de anos.



Havia, no meio deste deserto, também um Centro de Informação, este sim, com pessoas a atender, que explicavam o fenómeno, mostrando um pequeno filme. Com a temperatura alta, que era a nossa maior preocupação, seguimos rumo ao sul, onde, umas horas depois encontrámos um agradável parque de campismo, com árvores, água e electricidade, onde depois de cozinhar uma ligeira refeição, dormimos, com o ar condicionado da caravana trabalhando, já próximo da estrada rápida número 84, que ao outro dia nos havia de levar rumo a leste/sul, para outras paragens.


Neste dia percorremos 668 milhas, com o preço da gasolina a variar entre $3.68 e $3.70 o galão, que são aproximadamente 4 litros.

Tony Borie, Agosto de 2014
____________

Nota do editor

Último poste da série de 14 de dezembro de 2014 > Guiné 63/74 - P14025: Bom ou mau tempo na bolanha (78): Da Florida ao Alaska, num Jeep, em caravana (19) (Tony Borié)

Sem comentários: