Texto do Mário Dias, ex-sargento comando (Brá, 1963/66), em resposta a uma provocação minha: "Obrigado ao Pepito, pela sua delicadeza (e competência) em matéria de tradução do crioulo para o português… Mas, já agora, também gostava de ouvir a opinião do outro meu assessor sociolinguístico, o Mário Dias… Agora digam-me lá se os nossos queridos nharros não tinham sentido de humor… A propósito, este termo (nharro) é actualmente ofensivo ? Usa-se ? Não poderá ter uma conotação racista, aliás como tuga ? Temos de ter cuidado com a língua… Mas aqui, na nossa caserna, cultiva-se o humor"…
Caro Luis e restantes tertulianos:
1. Antes de mais, congratulo-me com o aparecimento de novos militares na nossa caserna. Sem desprimor para os restantes, quero saudar o Beja Santos cujo Presépio de Chicri me encantou e comoveu até às lágrimas. A idade tem destas coisas: torna-nos um pouco piegas. Ou será outra coisa? Estou em crer que as barreiras sentimentais que a nós próprios impomos enquanto novos, devido à nossa condição de machos, se esboroam com a idade.
2. E essa condição de macho vem mesmo a calhar para melhor entendermos a tal matchundadi referida pelo Pepito.
Eu sempre disse ao Luis que o crioulo é uma língua cheia de subtilezas. O Pepito traduziu a matchundadi com o significado implícito no contexto da fotografia da tal flor ou seja: pénis dos brancos.
Porém, e pelo meu entendimento do língua crioula (o Pepito que me emende se estiver errado) matchundadi designa especialmente a qualidade própria dos homens no sentido de másculo, valente, varonil, robusto. Aliás, alguns dicionários de português já registam a palavra machundade nesse sentido, fazendo menção da sua origem na Guiné-Bissau.
Por outro lado, e dado que fisiologicamente o atributo que distingue os machos é o seu aparelho genital, tem esta palavra, subjectivamente, o significado de órgão genital masculino. (Cada um traduza a seu gosto: pénis, gaita, etc. etc.).
3. Quanto ao termo nharro, e dado que actualmente é utilizado com uma certa dose de ternura, de afeição, ninguém, julgo eu, se ofenderá. O mesmo se passa com o tuga que, sendo antigamente uma palavra intencionalmente humilhante, já se tornou de tal forma vulgar para referir os portugueses (culpa do mundial de futebol na Coreia em 2002) que ninguém se ofende. Creio que o sentido das palavras se altera com o rodar dos tempos.
Um abraço para todos.
Mário Dias
Caro Luis e restantes tertulianos:
1. Antes de mais, congratulo-me com o aparecimento de novos militares na nossa caserna. Sem desprimor para os restantes, quero saudar o Beja Santos cujo Presépio de Chicri me encantou e comoveu até às lágrimas. A idade tem destas coisas: torna-nos um pouco piegas. Ou será outra coisa? Estou em crer que as barreiras sentimentais que a nós próprios impomos enquanto novos, devido à nossa condição de machos, se esboroam com a idade.
2. E essa condição de macho vem mesmo a calhar para melhor entendermos a tal matchundadi referida pelo Pepito.
Eu sempre disse ao Luis que o crioulo é uma língua cheia de subtilezas. O Pepito traduziu a matchundadi com o significado implícito no contexto da fotografia da tal flor ou seja: pénis dos brancos.
Porém, e pelo meu entendimento do língua crioula (o Pepito que me emende se estiver errado) matchundadi designa especialmente a qualidade própria dos homens no sentido de másculo, valente, varonil, robusto. Aliás, alguns dicionários de português já registam a palavra machundade nesse sentido, fazendo menção da sua origem na Guiné-Bissau.
Por outro lado, e dado que fisiologicamente o atributo que distingue os machos é o seu aparelho genital, tem esta palavra, subjectivamente, o significado de órgão genital masculino. (Cada um traduza a seu gosto: pénis, gaita, etc. etc.).
3. Quanto ao termo nharro, e dado que actualmente é utilizado com uma certa dose de ternura, de afeição, ninguém, julgo eu, se ofenderá. O mesmo se passa com o tuga que, sendo antigamente uma palavra intencionalmente humilhante, já se tornou de tal forma vulgar para referir os portugueses (culpa do mundial de futebol na Coreia em 2002) que ninguém se ofende. Creio que o sentido das palavras se altera com o rodar dos tempos.
Um abraço para todos.
Mário Dias
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