domingo, 18 de junho de 2006

Guiné 63/74 - P881: Tabanca Grande: Uma saudação especial ao nosso camarada Beja Santos (Pel Caç Nat 52, Missirá, 1968/70)

Esposende > Fão > 26 de Novembro de 1994 > Convívio da CCAÇ 12, da CCS do BCAÇ 2852 e outras unidades destacadas em Bambadinca, entre 1968 e 1971... Na imagem, ao centro o Mário Beja Santos, ex-alferes miliciano que comandou o Pel Caç Nat 52 (Missirá, 1968/70), ladeado pelo Humberto reis (à direita) e o Tony Levezinho (de costas, à esquerda). Ao fundo, particularmente sorridente, vê-se o Arlindo Teixeira Roda. Estes três eram furriéis milicianos da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71) (1) .

Foto: © Humberto Reis (2006)


Segundo as minhas próprias recordações e as do Humberto Reis, este foi o primeiro convívio colectivo que o pessoal de Bambadinca realizou, depois do regresso a casa. Foi organizado em Fão, Esposende, por iniciativa do ex-Alf Mil Carlão, da CCAÇ 12. Foi também o único em que participei, até à data. Entre os velhos camaradas de Bambadinca, reencontrei o Beja Santos. O convívio seguinte foi na herdade do J. Vacas de Carvalho aonde, creio, o Beja Santos também foi.

Há dias encontrei na Net um belíssimo texto do Beja Santos, aliás, do Dr. Mário Beja Santos, um figura pública conhecida (especialista, de renome internacional, em questões de direito do consumidor, assessor do Instituto do Consumidor, professor universitário, etc.). E isso foi um pretexto para o contactar e pedir-lhe autorização para publicar o texto no nosso blogue.

Aproveito para lembrar que, com o Pel Caç Nat 52, comandando pelo Beja Santos, fizemos (a CCAÇ 12, mais a CCAÇ 2636, mais 1 Esq. Morteiros do Pel Mort 2106 (e ainda - segundo creio - mais o Pel Caç Nat 54) talvez a mais dramática, temerária e penosa operação de que eu me lembre: Op Tigre Vadio (Março de 1970), na pensínsula de Madina/Belel, a norte do Rio Geba, no regulado do Cuor, na extremidade sul do famoso corredor do Morès...

De facto, todos os anos nos obrigavam (o comando de Bambadinca) a fazer uma visita à base do PAIGC de Madina/Belel... O Beja Santos foi lá pelo menos duas vezes... Jorge Cabral também lá foi, pelo menos uma vez, de helicóptero, com os paraquedistas... Um belo dia destes teremos que falar destas estórias fabulosas e dramáticas das nossas incursões a Madina/Belel... O Jorge Cabral também conhece muito bem o Beja Santos, de resto também ele foi rei e senhor de Missirá...

O texto, que eu vou reproduzir, a seguir, no nosso blogue (depois de obtida a competente autorização do autor), evoca duas figuras: por um lado, o herói mandinga Infali Soncó, régulo do Cuor, que terá derrotado o Teixeira Pinto em 1917; e por outro, um anti-herói, português, o alferes Hermínio de Jesus, aprisionado pelo Infali e que depois terá morrido de loucura e de amores por uma bela mandinga...

O texto, escrito por um homem de cultura como é o Beja Santos, e que já circulou internamente pela nossa tertúlia, por e-mail, evoca igualmente um das mais mais belas regiões da Guiné, justamente aquela que ele próprio, mas também eu próprio, o Jorge Cabral, o Humberto Reis, o Tony Levezinho, o Joaquim Fernandes, o Vacas de Carvalho, o Luís Moreira, o António Duarte, o Sousa Castro, o Carlos Marques dos Santos e outros tertulianos, tão bem conheceram e amaram... Chamo a atenção também para a evocação da figura da professora primária de Bambadinca, Dona Violete da Silva Alves (2)...

Falando há dias com o Beja Santos pelo telefone, pareceu-me que ele, embora sendo um homem atarefado, mostrou interesse pela existência da nossa tertúlia e sobretudo disposição para colaborar com mais textos da sua autoria. Autorizou-me expressamente a publicar a lenda do Alferes Hermínio de Jesus (2)… Fica aqui o meu agradecimento (público) pela sua atenção e o nosso voto para que se junte à centena de amigos & camaradas da Guiné que constituem já a nossa tertúlia…

Eis a mensagem que ele me mandou, por e-mail: "Prezado Luís Graça, gostei muito do seu telefonema e procurarei corresponder ao seu solicitado. Para já leva dois textos com todas as autorizações necessárias para os publicar. Estou asfixiado com o fim do ano lectivo. Mas terei muito gosto em continuar em conversar consigo nos próximos tempos. Abraços, Beja Santos".

Tine oportunidade de responder-lhe de imediato , por e-mail de 14 de Junho de 2006:

"Caro Beja Santos:

"1. Obrigado pelo gesto de camaradagem. Irei publicar, com muito gosto, os dois textos que mandou para a nossa tertúlia.

"2. Teremos oportunidade de ir matando saudades das terras do Cuor: Missirá, Finete, Mato Cão, Enxalé, Portogole... Eu também sou professor universitário, ambos sabemos o que é a azáfama do fim de ano lectivo... Tenho pena que as circunstâncias não nos tenham permitido, na Guiné, manter um contacto mais pessoal... Estive várias vezes em Missirá, usufruindo da sua hospitalidade e até dos seus bens culturais... Recordo-me que você era um melómano e que um dia perdeu toda a sua discoteca (incluindo a sinfomia do Novo Mundo, que era uma das suas preferidas, se a memória não me atraiçoa)" (...)

___________

Notas de L.G.

(1) Vd. post de 21 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCLXXV: Composição da CCAÇ 12, por Grupo de Combate, incluindo os soldados africanos (posto, número, nome, função e etnia)

(2) Vd. post seguinte, com data de hoje.

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