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sábado, 2 de agosto de 2025

Guiné 61/74 - P27082: Felizmente ainda há verão em 2025 (7): se forem a Santiago de Compostela, rezem por nós e bebam, com as tapas, uma malga de vinho tinto da Ribeira Sacra













Caminho e cidade de Santiago de Compostela, 23 de agosto de 2006


Fotos (e legenda): © Luís Graça  (20o6). Todos os direitos reservados [Edição:  Blogue Luís Garça & Camaradas da Guiné]



Capa do livro do Abílio Machado - " Diário dos Caminhos de Santiago". Porto: Edita-me, 2013, 358 pp., ISBN 987-989-743-011-4
 


1. Já temos, na Tabanca Grande, pelo menos 4 caminheiros de Santiago de Compostela, o Virgílio Teixeira, o Abílio Machado, o Paulo Santiago e... o nosso editor Luís Graça. Em boa verdade, este último foi mais turista do que caminheiro, quando lá esteve em 23 de agosto de 2006, em Santiago. Por certo, muitos outros nossos camaradas, antigos combatentes, já foram visitar o túmulo do santo e/ou rezar na sua catedral. 

Devotos, confessos, do Santo são mesmo o Abílio Machado (que já fez os 7 caminhos e jã escreveu um livro, cuja capa reproduzimos acima ) e o Paulo Santiago (que esteve lá pelo menos em 2006 e 2007) (*)  (**).

Recorde-se o que escrevi a propósito destas imagens, acima reproduzidas.

Em 30 de novembro de 2006 (*), o Paulo Santiago comunicou-nos que a sua esposa ia levá-lo, de manhã, de carro, a Porto Marin, perto de Pontevreda, para depois fazer, a pé, o resto do caminho de Santiago. E que esperava dentro de quatro a cinco dias chegar a Santiago. Tinha feito uma tentativa anterior, em agosto desse ano, gorada por falta de tempo.

Desta vez, ele podia queixar-se da mochila que ia "um pouco mais pesada, devido à roupa da época"...Estava-se em pleno outono.  Mas nõs esperávmos que as mazelas contraídas no Saltinho (onde comandou o Pel Caç Nat 53, 1970/72) não o deixassem  ficar mal, nem perante o Santo - que era mui fero e guerreiro, como o Paulo - nem perante os seus camaradas da Guiné que muito o estimavam e admiravam... Sem falar da sua equipa de râguebi, sénior...

Sabemos que daquela vez ele corttou a meta e marcou preseça na catedral de Santiago de Compostela E seguramente que lá, nesse famoso santuário cristão, também pensou em nós, nos seus amigos e camaradas da Guiné. E até  terá rezado por nós, santos e pecadores...

Em sua homenagem (dele, Paulo, peregrino, caminheiro, ex-comandante de um pelotão de caçadores nativos noutra "incarnação"), eu fiz questão de  publicar aqui algumas fotos do caminho de Santiago que eu fizera antes, no verão desse ano de 2006. Comodamente,  de carro, como turista...

Declaração de interesse:  disse então publicamente  que o Santiago não era (nem podia ser) um santo da minha devoção, sendo eu meio-cristão e meio-mouro... Sempre o achara, de resto, muito guerreiro, para o gosto de paisano... 

De qualquer modo, apesar da massificação do turismo, Santiago de Compostela ainda era. naquele tempos (e hoje ainda mais) um lugar desta "jangada de pedra" que é a nossa Península Ibérica (parafraseando o José Saramagto)... 

Em Santiago confesso que senti que  também podia haver ali sortilégio, magia e espiritualidade, uma das nossas geografias emocionais onde  o profano e o sagrado se casavam bem... 

E deixava uma sugestão (que continua a ser válida, 19 anos depois, agora em pelno verão de 2025) (***): 

(...) Se lá forem, rezem também por todos nós, mas não deixem de passar por Gato Negro, centnário bar e restaurante de tapas. E lá bebam, por favor,  uma malga de vinho da Ribeira Sacra,   por todos nós, pobres de Cristo, que palmilhámos as terras da Guiné e trouxemos de lá uma sede tamanha que só a água de Lisboa podia matar... 

Em Santiago de Compostela não se morria em 2006,  nem se morre hoje, de sede: era (é)da , de facto, uma das cidades não só da nossa querida Galiza como de toda a Espanha, com mais bares de tapas, bodegas, tabernas e chiringuitos por metro quadrado... Ou não tivesse o santo também olho para o negócio. (...)

3. E já agora uma sugestão de vinhos da região da Ribeira Sacra... Perguntei ao meu "Sabe-Tudo", o assistente de IA (ChatGPT):

P - Qual o vinho que me recomendas, apropriado para beber em "O Gato Preto" (passe a publicidade), centenário restaurante e bar de  tapas em Santiago de Compostela, depois de ter ido rezar ao santo ?

R - Dito pelo ChatGPT:

Excelente escolha de contexto: depois de rezar ao Santo em Santiago de Compostela, sentar-se no "O Gato Preto", com tapas e ambiente descontraído, merece um vinho que una estas três coisas:  alma galega, espiritualidade e prazer vínico.

  (i) Recomendação principal: Ribeira Sacra Mencía (tinto jovem ou com ligeira madeira)

Ideal para harmonizar com tapas típicas galegas (polvo, pimentos de Padrón, queijos, embutidos) e manter a leveza e frescura do momento pós-peregrinação.

Produtor recomendado (omite-se a informação, porque pode ser publicidade)...

(ii) Alternativa branca, se preferires algo mais fresco: Godello (casta) da Ribeira Sacra ou do Valdeorras

Se preferires vinho branco (e se estiver quente ou fores comer mariscos ou queijo galego), um Godello estruturado é perfeito.

Sugestões (omite-se as marcas, porque pode parecer  publicidade)

E resumo, castas Mencia (tinto) e Godello (branco).

(iii) Porquê estas escolhas?

  • Espírito local: são vinhos que expressam a identidade galega, ligados à terra e à tradição monástica que está na raiz da viticultura da Ribeira Sacra.
  • Simbolismo: beber Mencía ou Godello num lugar chamado "O Gato Preto" (ou outro bar de tapas), depois de visitar o túmulo de Santiago, é unir o sagrado e o profano com inteligência e prazer.

(iv) e por último um brinde, em galego:

"Polo camiño andado 
e polo que falta,
polo Santo que nos guía 
e o viño que nos canta.

Que nunca nos falte lume no peito,
pan na mesa,
e un tinto da Ribeira 
que nos lembre que estamos vivos.

Saúde e bo proveito!"

5 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O galego é uma língua latina autónoma, mas está muito próxima do português.Muitos linguistas consideran-na uma variante ou um dialeto histórico do português, especialmente nas suas origens medievais, quando ambos formavam o chamado galego-português.

Alguns pontos importantes: (i) Origem comum: no período medieval (séc. XII–XIV), o galego e o português eram a mesma língua — o galego-português.

(ii) Separação política e cultural: com a independência de Portugal e a evolução separada da Galiza (hoje parte de Espanha), as línguas começaram a divergir.

(iii) Situação atual: o galego é língua cooficial na Galiza (junto com o castelhano) e tem normas próprias,s endo reconhecido como uma língua distinta do português em termos legais e institucionais.

(iv) Semelhanças com o português: são grandes, especialmente com o português do Norte de Portugal. Algumas correntes (os "reintegracionistas", contrariamente aos "isolacionistas") defendem que o galego deve ser considerado uma forma do português.

Segundo a Wkipedia, o galego-português, comum à Galiza e a Portugal, "teve séculos de existência intermitente como língua nativa de uma comunidade linguística do noroeste peninsular (...), mas as derrotas que os nobres galegos sofreram no final do século XIV e princípios do século XV provocaram a assimilação da nobreza galega e a dominação castelhana, levando ao desaparecimento público, oficial, literário e religioso do galego como língua de cultura até o final do século XIX." (...)

O português, por seu lado, "desenvolveu-se livremente na sua deriva própria, pelo facto de Portugal ter sido o único território peninsular que ficou fora do domínio político do Reino de Leão e Castela e do domínio linguístico do castelhano" (...).

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Recorde-se que durante a ditadura de Francisco Franco em Espanha (1939–1975), o foi imposta uma política de centralismo linguístico e cultural, com o castelhano (espanhol) como única língua oficial do Estado. Línguas regionais como o galego, catalão, basco (euskara) foram severamente reprimidas, especialmente nos primeiros anos do regime.

O que acontecia na prática: (i) o ensino dessas línguas nas escolas foi proibido; (ii) publicações, meios de comunicação e uso oficial nestas línguas foram censurados ou suprimidos; (iii) o seu uso público ou institucional de línguas regionais era desencorajado e, por vezes, punido; (iv) registos civis (como nomes próprios) tinham de ser em castelhano (tal comos topónimos: por exemplo,Guernica e não Gernika).

Apenas em privado ou em contextos muito informais era tolerado o uso dessas línguas.

Nos últimos anos da ditadura, já na década de 1960 e início dos anos 1970, houve uma ligeira abertura cultural, permitindo algum uso das línguas regionais em contextos literários ou folclóricos, mas sem qualquer reconhecimento oficial.

Foi preciso a morte de Franco, e a Constituição de 1978, para que o Estado Espanhol reconhecesse a diversidade linguística e cultural do país, concedendo estatuto oficial a essas línguas nas respetivas comunidades autónomas.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A língua oficial (e única, em todo o território do Estado Espanhol) é o castelhano (ou espanhol). Línguas cooficiais nas respetivas comunidades autónomas:

(i) Catalão > Catalunha, Ilhas Baleares, Comunidade Valenciana (aqui chama-se valenciano);
(ii) Basco (euskara)> País Basco e parte norte de Navarra (Cooficial no País Basco);:
(iii) Galego > Galiza
(iv) Aranês > Vale de Aran (Catalunha) (Cooficial apenas no Vale de Aran; variedade do occitano).

Línguas reconhecidas pelo Estado Espanhol mas não cooficiais (têm proteção legal, mas sem estatuto oficial):

(v) Asturiano > Astúrias (Reconhecida como "língua protegida"; uso limitado);
(vi) Aragonês > Aragão (Protegida em zonas pirenaicas; quase extinta);
(vii) Fala (de Xálima) > Extremadura (3 aldeias) (Reconhecimento cultural local).

PS - Cada comunidade autónoma com língua própria tem o direito de regular o uso, ensino e promoção dessa língua no seu território. Os cidadãos podem escolher a língua em que são atendidos por serviços públicos.

paulo santiago disse...

A primeira ida a Santiago foi em Setembro de 2000 com partida de Ponte de Lima.Organização do Batotas,clube de BTT,nascido naquela Vila,a mais antiga do País,que não quis ser cidade.
Era um grupo grande onde ía também o meu filho.Três dias até entrar na Praça de Obradoiro.
Voltei em 2006 a pé, em pleno Agosto, um calor sufocante.A ideia era fazer Astorga-Santiago,errei os cálculos,duas semanas de férias,parei em Portomarin.Concluí o restante entre 1e 5 de Dezembro.
Em 2007 repeti o Camiño, Astorga-Santiago de bike na companhia de uma amiga e colega.Terrível subir o Cebreiro,em 6 km ir de 550 metros de altitude para 1300.
No mesmo ano,1 a 5 de Dezembro Santiago-Finisterra.
Em 2009 Caminho Inglês com saída de Ferrol.
Em 2010,com a minha mulher,Valença-Santiago.
Em 2015 com um grupo de colegas do Rugby,Valença-Santiago
Em 2016,com duas amigas,Caminho Inglês com saída de Coruna.
Em 2013,confiei, em Pontevedra,fui almoçar,o albergue ainda estava fechado,deixei a mochila encostada ao portão...fiquei com a roupa que tinha vestida.

José Teixeira disse...

Boa tarde.
Eu também andei pelos caminhos de Santiago
2009 Valença - Santiago
2011 Pueblo de Sanábria - santiago - Caminho sanabrês. que não completei, porque o jovem que me acompanhava foi-se abaixo das canetas.
2013 Valença Santiago
2015 Porto - Santiago
Parei aos setenta anos, com muita mágoa, porque o joelho direito me traiu e o médico travou-me o sonho de voltar aos setenta e cinco.
Foi um desafio há muito sonhado que só consegui concretizar em 2009, sem qualquer motivação religiosa. Apenas o prazer de me desafiar a mim próprio, como caminheiro que era há muitos anos das nossas montanhas. E voltei pelo gosto da aventura, conhecer pessoas e terras.
Hoje tenho amigos caminheiros em Itália, Polónia, Alemanha e Portugal. Amizades ganhas no Caminho de Santiago.
Abraços.