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sábado, 24 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25208: Os nossos seres, saberes e lazeres (615): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (143): Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (3) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 13 de Novembro de 2023:

Queridos amigos,
Este resplandecente Museu de Évora, altamente requalificado e da melhor museologia, teve como pai fundador Frei Manuel do Cenáculo, era arcebispo de Évora no início do século XIX, o museu ocupa o antigo Paço Episcopal, o que assombra é a boa exposição de toda esta riqueza, hoje falamos do acervo depositado no rés do chão, onde está arqueologia, escultura e heráldica e artes decorativas, de seguida iremos até à pinacoteca, foi visita inolvidável, depois segue-se o Centro Cultural Eugénio de Almeida, outro deslumbramento, em tão curto espaço de centro histórico encontram-se tesouros que fazem desta cidade o lugar de vir, partir e voltar, sempre com o coração em festa.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (143):
Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (3)


Mário Beja Santos

Quando me preparei para visitar Évora ocorreu-me pegar no romance de Vergílio Ferreira, Aparição, no fundo uma memória do tempo em que o grande escritor aqui residiu, relembro uma passagem do livro: “(…) A cidade resplandecia a um sol familiar, branca, enredada de ruínas, de arcos partidos, nichos de orações de outras eras, com como olhares embiocados. Évora mortuária, encruzilhada de raças, ossuário dos séculos e dos sonhos dos homens, como te lembro, como me dóis! (…)”
Estou prantado em frente do Museu Nacional e vou citar Túlio Espanca, figura maior da cultura eborense:
“A constituição do museu da cidade deve-se ao Governo da I República, que o criou em 1915, após vicissitudes da fundação do Museu Arqueológico Cenáculo, devido aos esforços do Dr. Augusto Filipe Simões, que na década de 1870 recolheu neste estabelecimento cultural as peças romanas, visigóticas e árabes que haviam permanecido no andar térreo do Palácio D. Manuel e do Templo de Diana, além das retiradas da Domus Municipalis da Praça do Giraldo e do quintal da casa de Mestre André de Resende. As coleções, do património do Estado, foram-se reunindo no Palácio Amaral e definitivamente no expropriado Paço Metropolitano, edifício típico e austero do tipo filipino onde estão expostas em distribuição científico-museológica: arqueologia pré e proto-histórica, arquitetura, escultura, epigrafia e heráldica, ourivesaria, pintura e artes decorativas.”
É neste antigo Paço Episcopal que temos uma coleção de mais de 20 mil objetos de todos os géneros artísticos, mas há que destacar uma importante coleção de lapidária romana, medieval e renascentista. O destaque vai para a coleção de pintura do séc. XVI, com relevo para o retábulo da Sé de Évora.

Fachada do Museu Nacional de Évora – Frei Manuel do Cenáculo
É um museu modelar, as obras recentes, depois de escavações arqueológicas, permitem ver as ruínas, as coleções provenientes de vários conventos estão magnificamente expostas, veja-se esta soberba entrada ao estilo manuelino e a profusão de objetos de heráldica de primeiríssima qualidade.
Brasão de Armas dos Vasconcelos, mármore, séc. XVI
Brasão de Armas Reais, mármore, 1513
Brasão de Armas da Cidade, mármore, 1513
São notáveis neste museu a estatuária romana, a tumulografia medieval portuguesa, tudo exposto para que o visitante sinta a relação com o espaço e o valor artístico que contempla. Há de tudo um pouco, para além das ruínas romanas, aras votivas, prataria de valor extraordinário, restos de baixelas, azulejos, majólica, esmalte de Limoges, isto no rés do chão, veremos mais adiante a notabilíssima pinacoteca, onde se destacam os 13 painéis com a vida da Virgem, todos de influência flamenga.
Uma expressiva escultura do Pai e do Filho, peça de grande equilíbrio e de expressão sentimental
Santa Catarina, calcário, séc. XVI, sente-se a ingenuidade da obra, basta ver a desmesura das mãos da santa
Anunciação – túmulo de Rui Pires Alfageme, mármore, séc. XV
Um surpreendente claro-escuro dado por uma janela aberta sobre o claustro ensolarado
Eça de Queirós, escultura de António Alberto Nunes, 1899
O Chafariz de Massamá, por Silva Porto
Nossa Senhora do Rosário com São Domingos de Gusmão e Santa Catarina de Sena, 3.º quartel do século XVII
Grão Vasco, 1.º quartel do séc. XVI

Agora vamos visitar a pinacoteca, ver a influência da Escola de Bruges, e pinturas de grandes mestres portugueses, como Gregório Lopes, Garcia Fernandes, Mestre do Sardoal, Josefa de Óbidos, Vieira Lusitano.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 17 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25181: Os nossos seres, saberes e lazeres (614): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (142): Com que satisfação regressei à Princesa do Alentejo, uma incompreensível ausência de décadas (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25207: Capas da Ilustração Portugueza - Parte X: A barbárie da guerra... que se tem repetido demasidas vezes na nossa casa comum, que é a Europa e o Mundo...


Legenda: "O carinho com que um soldado inglês socorre um ferido alemão (The Sphere)"

Capa da "Ilustração Portugueza", 2ª série, nº 473, Lisboa, 15 de março de 1915. Preço avulso: 10 centavos. Cortesia de Hemeroteca Digital de Lisboa / Câmara Municipal de Lisboa.


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Guiné 61/74 - P25206: Convívios (979): 54.º almoço-convívio da Tabanca da Linha, levado a efeito no dia 22 de Fevereiro, em Algés... Palmas, isso sim, para o magnífico régulo, o Manuel Resende, que com o seu ar discreto mas sempre com grande eficiência "monta e desmonta este bivaque" - II (e última ) Parte



Foto nº 14 > António Andrade (Oeiras), Daniel Gonçalves (Carcavelos) e Vitor Jesus Carvalho (Linda-a-velha)


Foto nº 15 - Luis Paulino e Adolfo Cruz (Algés), Armando Pires (Carnaxide)


Foto nº 16 > José Carioca (Cascais), Rui Silva e Armando Marques Ramos (Costa Caparica). (O coronel Armando Marques Ramos trouxe alguns exemplares do seu livro acabado de sair, , "Da Ditadura à Democracia - A Minha Estrada...Preso, exilado, estropiado de guerra por amor do meu País", edição de autor, fevereiro de 2024, 320 pp., preço de capa,35 €)


Foto nº 17 > António Figuinha (Seixal) e Carlos A. Pinto (Amadora)





Foto nº 18 > António Maria Silva (Cacém) e Carlos Silvério (Lourinhã)


Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 >


1. Mais umas tantas fotos da exaustiva reportagem fotográfica que o régulo Manuel Resende, que é um verdadeiro homem dos sete instrumentos, faz sempre questão de fazer... 

Tal como na Parte I (*),  contámos com o nosso régulo para nos  ajudar a legendar esta última seleção, aleatória,  de imagens.  Sabemos o nome de alguns camaradas, mas não os de todos, já há largos meses que não frequentávamos a Tabanca da Linha... Um próximo almoço-convívio  poderá realizar-se no próximo dia 14 de março, se houver quórum.

Já agora ficamos a saber que o número de membros da Magnífica Tabanca da Linha já chegou aos 300. 

Fotos: © Manuel Resende (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25205: In Memoriam (498): Maria Júlia Lourenço Alves da Silva († Guifões - 23/02/2024), esposa do nosso camarada Abel Santos. Estará em Câmara Ardente a partir das 11 horas de domingo no Tanatório de Matosinhos e o seu funeral realiza-se na segunda-feira, dia 26, às 11 horas

IN MEMORIAM

Maria Júlia Lourenço Alves da Silva, esposa do nosso camarada Abel Santos


Caros camaradas e amigos

Faleceu há poucas horas a nossa amiga Maria Júlia, esposa do amigo e camarada Abel Santos.

De acordo com os nossos registos, a Maria Júlia esteve presente, acompanhando o Abel, no XI Encontro Nacional da Tabanca Grande em 2016. Enquanto o casal morou em Leça da Palmeira eram frequentes os contactos comigo ou com a Dina, fosse na rua ou em estabelecimentos comerciais, já que éramos vizinhos. Entretanto o casal mudou para Guifões e só quando era a Júlia a atender o telefone se entabulavam as conversas normais acerca da saúde. A notícia da sua morte apanhou-nos de surpresa.

Talvez por isso, ao receber a notícia pela voz do próprio marido, fiquei revoltado com as chamadas "voltas que a vida dá" e que nas horas difíceis não temos capacidade para aceitar.

Leiria > Monte Real > Palace Hotel Monte Real > XI Encontro Nacional da Tabanca Grande > 16 de abril de 2016 > Abel Santos, a esposa Júlia, ao centro, e a Dina Vinhal
Sanxenxo > 6 de Junho de 2015 > Passeio de barco nas Rias Baixas > Maria Júlia à direita e Dina Vinhal à esquerda 


- O Corpo da Maria Júlia estará em Câmara Ardente a partir das 11 horas do próximo domingo, dia 25, no Tanatório de Matosinhos.
- O funeral terá lugar, também no Tanatório de Matosinhos, na próxima segunda-feira, dia 26, às 11 horas.
- A Missa do 7.º Dia será celebrada no dia 29, quinta-feira, pelas 18h30, na Igreja Matriz de Matosinhos.


Ao nosso amigo Abel Santos, seus filhos, netos e demais família, a tertúlia deste Bog apresenta as mais sentidas condolências.

Permito-me deixar também por este meio o meu abraço solidário ao Abel e a minha disponibilidade para o que ele achar necessário.


Carlos Vinhal
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Nota do editor

Último post da série de 14 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25171: In Memoriam (497): Maj Inf ref, Humberto Trigo de Bordalo Xavier (1935-2024): missa de corpo presente, amanhã, pelas 11h00, na igreja de Santa Cruz, em Lamego, seguindo depois o funeral para o crematório de Mangualde

Guiné 61/74 - P25204: Notas de leitura (1669): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (13) (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 20 de Fevereiro de 2024:

Queridos amigos,
Não vale a pena determo-nos muito tempo sobre os primeiros meses da governação de Spínola, são bem conhecidas as suas diretivas, as admoestações e castigos a oficiais de superiores removidos para a metrópole, a sua estrondosa exposição no Conselho Superior de Defesa Nacional onde aludiu à probabilidade de um colapso militar, tendo recebido, como contrapartida, alguns milhões para o seu programa Por Uma Guiné Melhor e alguns recursos militares. Os autores dão conta de que a retirada de quartéis na zona Sul e Leste suscitou um novo quadro de atuação para a Zona Aérea, as chamadas ZLIFA conheceram uma substituição praticamente semântica, se bem que continuasse a existir, em poder do PAIGC, sistemas de defesa antiaérea operacionais, particularmente na zona Sul. Aqui se faz um sucinto relato deste período inicial da governação de Spínola.

Um abraço do
Mário



O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974
Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (13)


Mário Beja Santos

Deste segundo volume d’O Santuário Perdido, por ora só tem edição inglesa, dá-se a referência a todos os interessados na sua aquisição: Helion & Company Limited, email: info@helion.co.uk; website: www.helion.co.uk; blogue: http://blog.helion.co.uk/.

Capítulo 4: “A pedra angular”


Muitos autores já se debruçaram sobre o diagnóstico feito por Spínola, passados os três primeiros meses desde que chegara à Guiné em maio, deixou relatórios bem incisivos e dirá mesmo na reunião do Conselho Superior da Defesa Nacional que poderia estar iminente um colapso militar. Não esconde que o PAIGC tomara a iniciativa militar, estava mais motivado, cada vez mais bem armado e que controlava um conjunto impressionante da superfície do território. Terá mesmo provocado um sobressalto nos altos-comandos quando alertou para que tal colapso iria criar “uma onda imparável de apoio aos movimentos de libertação”, suscetível de levar Angola e Moçambique à independência. Ao formular a sua estratégia para evitar tal colapso, o Governador e Comandante-chefe advertiu que a guerra revolucionária que se enfrentava na Guiné tinha que ser totalmente invertida com a conquista das pessoas, não podia haver uma abordagem puramente militar, mas sim “uma solução genuína, clara e decisiva através da revolução social, com programas que concretizassem as justas aspirações do povo”. A peça central deste seu programa foi designada “Por Uma Guiné Melhor”.

O governo de Marcello Caetano abriu os cordões à bolsa, vieram meios para a construção de aldeamentos, mais escolas, postos médicos, estradas e portos. Aumentou o número de matrículas escolares, surgiram empreendimentos infraestruturais, intensificou-se o apoio à agricultura e surgiram os Congressos do Povo, era um compromisso de Spínola para dar à população uma aparência de representação política. Através deste conjunto de programas, Spínola esperava privar o inimigo de razões para mais adesões a apoio a luta armada.

Entrou em marcha a operação dos reordenamentos, Spínola pretendia que estes novos aldeamentos separassem fisicamente a população que aceitava a soberania portuguesa da que apoiava o PAIGC, e assim também se privaria estes insurgentes de fontes de informação, alimentação e de locais de presença temporária. Igualmente foi implementada uma campanha psicológica para que as populações participassem neste conjunto de reformas. Mas não havia ilusões, tais programas não obstavam a que se dinamizasse uma mentalidade ofensiva e para tal o novo comandante-chefe determinou mudanças nas Forças Armadas. A princípio, Spínola norteava-se com uma economia de recursos, dada a improbabilidade de muito mais reforços, provocou mudanças na quadricula, procurando gerar a concentração no dispositivo militar, foram retirados efetivos militares de locais junto das fronteiras com a República da Guiné e na área do corredor de Guileje, bem como no Boé; obviamente que este abandono de posições abriu espaço, tanto no Sul como no Leste a uma maior presença dos grupos insurgentes. Amílcar Cabral fez questão de anunciar que a retirada destas posições portuguesas era o prenúncio para vitórias de decisivas. Mais tarde, Nino Vieira veio vangloriar-se de que podiam avançar muito mais quilómetros sem avistar o inimigo.

Para tirar partido de que estavam em curso grandes mudanças político-militares, Joaquim da Silva Cunha, Ministro do Ultramar, visitou a Guiné durante nove dias em março de 1970, foi uma sucessão de eventos cuidadosamente planeados para se mostrar o andamento do programa Guiné Melhor e também para mostrar ao Governo que havia uma ampla liberdade de movimentos em toda a Província. Com efeito, o ministro visitou diferentes partes do território, apareceu a ser saudado com entusiasmo em todos os lugares. E mesmo quando Silva Cunha foi a Madina do Boé, quartel de onde as forças portuguesas se tinham retirado em fevereiro, o helicanhão sobrevoava a visita meramente propagandística do ministro, como observou o Coronel Kruz Abecassis, o ministro partiu e o PAIGC regressou. A retirada de guarnições periféricas criou desafios e oportunidades para a Zona Aérea, ficou delineado de forma mais clara áreas seguras de áreas contestadas. Com a redistribuição das forças de superfície, Spínola apelou à Força Aérea para compensar os setores mais vulneráveis com apoio de fogo oportuno e expandiram-se áreas reservadas, tanto como zonas exclusivas de intervenção aérea ou de intervenção de artilharia móvel ou de forças aerotransportadas.

Schulz, com a concordância da Zona Aérea estabelecera a chamada Zona de Livre Intervenção da Força Aérea (ZLIFA) e Spínola implementou novos procedimentos, introduzindo o conceito de Zona de Intervenção do Comando-Chefe (ZICC), foram criadas sete ZICC, mais ou menos correspondendo às chamadas regiões “libertadas” do PAIGC ou territórios desocupados recentemente pelas forças terrestres portuguesas e onde agora a Força Aérea poderia atuar por ordem direta do comandante-chefe, sem necessidade de coordenar as suas operações com os comandos locais. As ZICC permitiam à Zona Aérea a agir rapidamente quando surgiam informações que necessitassem respostas imediatas.

Para gerir de forma mais eficiente os meios aéreos que estavam atribuídos à Zona Aérea, Spínola dividiu conceitualmente, os ativos, uns dedicados a apoio direto às unidades (logística, ligação, reconhecimento e apoio de fogo), e outros como componente aérea da manobra do comando-chefe. Spínola atribuía uma grande importância a esta componente dada a precariedade dos percursos terrestres e a sua limitada capacidade de reagir em tempo útil – era a “pedra angular“ da sua estratégica. Spínola enfatizava que o objetivo não era o da aniquilação do inimigo, ele precisava de tempo para alcançar objetivos primários do seu programa socioeconómico e, portanto, a Força Aérea desempenhava um papel crucial de apoio logístico e informações de ataque ou assalto e até de retaliação nas áreas transfronteiriças. Spínola foi confrontado pela retoma da guerra pela supremacia aérea. Em 28 de setembro de 1968, um par de Fiat lançara foguetes para silenciar “armas pesadas não especificadas” que tinha disparado contra eles durante uma missão de reconhecimento armado perto de Guileje. Três meses mais tarde, em 6 de janeiro de 1969, quatro Fiat atingiram uma ZPU-4 de 14,5 mm que estava a apoiar um ataque do PAIGC ao quartel de Gadamael, no extremo norte da Península do Quitafine. Veio-se a saber mais tarde que a arma antiaérea fora destruída e danificadas armas pesadas, todo o pessoal que operava a arma antiaérea morrera, as tropas portuguesas que foram inspecionar o terreno recuperaram a mira ótica da ZPU-4.

Embora se tenham registado incidentes esporádicos noutros lugares da Província, o ambiente antiaéreos mais intenso permanecia no Sul, particularmente no Quitafine. Em finais de 1968, um par de Fiat que patrulhavam esta região avistaram uma ZPU-4 na abandonada aldeia de Cassebeche estava cercada por cinco ou seis armas antiaérea de 12,7 mm. Dadas as dificuldades até então sentidas em destruir armas antiaéreas apenas mediante ataques aéreos, Spínola ordenou um ataque de forças paraquedistas para garantir a eliminação da ameaça após uma série de ataques aéreos. O Comandante-chefe determinou que a operação fosse adiada na esperança que o PAIGC ainda concentrasse mais meios adicionais de defesa aérea na região, o elemento surpresa ficou à espera de uma nova data, sabia-se estar em presença de um inimigo alertado e bem-preparado.

Uma escola primária a funcionar em zona de soberania portuguesa. O programa Por Uma Guiné Melhor privilegiava a educação (Arquivo da Defesa Nacional)
Ministro do Ultramar na sua visita à Guiné em março de 1970, imagem efetuada na região do Gabu (Coleção António de Spínola)
Imagem tirada durante a retirada do aquartelamento de Madina do Boé, em fevereiro de 1969, veem-se em primeiro plano Spínola e a seu lado o Coronel Hélio Felgas, Comandante do Agrupamento de Bafatá (Coleção Álvaro B. Geraldo)
Zonas de intervenção do Comandante-chefe, agosto de 1970 (Matthew M. Hurley)
Poster de propaganda evocativo da viagem de Silva Cunha à Guiné, em março de 1970 (Coleção José Matos)

(continua)
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Notas do editor:

Post anterior de 16 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25176: Notas de leitura (1667): O Santuário Perdido: A Força Aérea na Guerra da Guiné, 1961-1974 - Volume II: Perto do abismo até ao impasse (1966-1972), por Matthew M. Hurley e José Augusto Matos, 2023 (12) (Mário Beja Santos)

Último post da série de 19 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25189: Notas de leitura (1668): "Amílcar Cabral e o Fim do Império", por António Duarte Silva; Temas e Debates, 2024 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P25203: Efemérides (429): Foi há 50 anos, em 22/2/1974, que saiu o livro de Spínola, Portugal e o Futuro um livro que se tornou um "best-seller", que toda a gente comprou e que poucos leram e entenderam, mas que abalou um regime...


Capa do livro, cortesia da Visão (2009)

1. Há 50 anos,  a 22 de Fevereiro de 1974, era publicado  o livro Portugal e o Futuro, do General António de Spínola sob a chancela da editora Arcádia, Lisboa, e por iniciativa do editor Paradela de Abreu.

Nele se defendia, no essencial, a ideia de que a solução para o "problema ultramarino" passava por outras vias que não a sorte das armas, e nomeadamente a solução política, com a concessão de progressiva autonomia para as "províncias ultramarinas", integradas numa espécie de "Commonweath" lusófona tardia (a chamada "tese federalista").

O livro não foi censurado, e a alguma comunicação social, sujeita à censura ("Exame Prévio"), pôde noticiar o seu lançamento. (Portugal continuava a ser um "país amordaçado" desde 1926, mas jornais como a "República" e o "Expresso" deram cobertura ao evento, transcrevendo inclusive alguns excertos; no "Diário de Lisboa", por seu turno, não há uma única linha sobre o acontecimento, nas edições de 22, 23 e 24 de fevereiro de 1974.)

Marcello Caetano, apesar da irritação do Ministro do Ultramar e da clara oposição do Presidente da República, Américo Tomás, não quis impedir a saída do livro (receoso das repercussões que a notícia da proibição poderia ter, a nível nacional, nomedamente entre os militares, e sobretudo a nível internacional) que foi autorizada pelo nº 1 da hierarquia militar, o CEMGFA, o gen Costa Gomes. 

O livro, de 248 páginas, tornou-se um best-seller. Mais de 300 mil exemplares foram vendidos, num ápice, dentro e sobretudo fora do circuito normal do mercado livreiro. Toda a gente o comprou. Mas poucos leitores, na época, terão tido a pachorra de o ler de fio a pavio e de entender e analisar as suas propostas (de algum modo, tardias, desfasadas e confusas) para pôr fim à "guerra de África" e repensar o regime... 

Confesso que eu fui um deles. A obra era um estopada. E estupidamente não me aprecebi da sua importância naquele momento da nossa História. Hoje dou a mão à palmatória. E prometo ir ao sótão  limpar-lhe o pó. 

É daqueles livros que se vende ainda hoje nas feiras de velharias, em saldo, a preço de um euro ou menos. Mesmo assim foi seguramente um dos livros que abalou uma época e um regime, e  ajudou a acelerar o caminho para o 25 de Abril. (Os oficiais das Forças Armadas, mais conservadores,  cautelosos, reservados, mas descontentes com a sua carreira devorada por uma guerra interminável), acabaram também por aderir às "teses spinolistas"; o livro deu-lhes respaldo moral e disciplinar para o seu descontentamento e até revolta, como aquela que, logo a seguir à demissão de Spín0la e Costa Gomes, foi ensaiada no dia 16 de março de 1974, o chamado "golpe das Caldas".

Recorde-se (porque a memória é curta) que, a 17 de janeiro de 1974, Spínola fora nomeado vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, por sugestão de Costa Gomes (CEMGFA). U cargo criado só para ele,  considerado um herói da guerra de África e com muito prestígio... Menos de 2 meses, a 15 de março, os dois generais serão afastados dos seus cargos (o topo da hierarquia militar) devido à recusa em participar na manifestação de apoio ao Governo e à sua política ultramarina, cena que ficou conhecida como a "brigada do reumático".

A demissão de Spínola e Costa Gomes (que teve amplo eco nos jornais da época, apesar da censura), acabou por ser um tiro de ricochete, isolando, desautorizando e fragilizando ainda mais o Govermo de Marcello Caetano que  já em 28 de fevereiro havia apresentado um pedido de demissão ao Presidente da República, Américo Tomás (que obviamente o recusou). 

Já antes, no dia do lançamento do livro, em reunião com Costa Gomes e Spínola, Marcello Caetano terá oferecido de bandeja o poder aos dois generais (que obviamente recusaram o presente envenenado).

Ao que se sabe hoje, Spínola oferecera um exemplar autografado a Marcello Cateano e pediu a sua autorização para o publicar, como mandavam as regras (sendo um militar no ativo, e n.º 2 da hierarquia militar, o vice-Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas). No dia 20 de fevereiro de 1974, o professor e primeiro-ministro acabou de ler o livro. Confessaria, mais tarde, nas suas memórias, que o golpe militar que ele pressentia e temia há meses, já estava em marcha e era imparável. 

Há 15 anos atrás, o jornalista Luís Almeida Martins publicou, a propósito desta efeméride, na revista Visão,  (edição nº 833, de 19 a 25 de Fevereiro de 2009) um artigo com o título (irónico), "Portugal e o passado", e que termina com este parágrafo:

" (...) Poucos dias antes de morrer, a 13 de agosto de 1996, com 86 anos, [Spínola] foi visitado no Hospital da Estrela por Nino Vieira, presidente da Guiné-Bissau e antigo comandante do PAIGC. Ao sair do quarto, Nino trazia uma lágrima no olho. Os guerreiros têm uma conceção própria da vida e da morte. Não sabem é ler o futuro, como o livro de Spínola demonstrou à saciedade"... 

Curiosamente, Nino voltaria a referir este episódio, na audiência que concedeu, doze anos depois, em 6 de março de 2008 (a um ano de ser brutalmente assassinado), a um grupo de participantes do Simpósio Internacional de Guiledje, em que eu estava presente, e que registei.

De qualquer modo, o livro "Portugal e o Futuro" abalou Marcello Caetano e o seu regime, defendia, ha 15 anosm  o jornalista da Visão;

"Pela primeira vez, um oficial-general atrevia-se a discordar da doutrina oficial"... 

E não era um oficial qualquer. 

(...) O homem do "pingalim e monóculo" ganhara uma "aura castrense talvez só suplantada pelas de Mouzinho de Albuquerque e de outros chefes militares das campanhas coloniais da viragem do século. Dando uma no cravo e outra na ferradura, combatia a guerrilha, enquanto, de pingalim na mão, organizava congressos dos povos guineenses e delegava poderes nas autoridades tradicionais. O seu monóculo tornou-se lendário. Alcunharam-no de 'Caco' e tinha uma corte de admiradores de camuflado que bebiam as suas palavras" (...).
 
O alcance efectivo da obra de Spínola e da sua tese do federalismo e do "diálogo" com os movimentos nacionalistas africanos, a começar pelo PAIGC (como solução política para uma guerra que não poderia ter solução militar), ainda é hoje objecto de discussão e controvérsia  entre especialistas, historiadores e antigos combatentes (como é o nosso caso).

De qualquer modo, importa sobretudo sinalizar a efeméride, mais uma vez. Ao fim e ao cabo, Spínola foi o comandante de muitos de nós, entre 1968 e 1973... e a ninguém deixou indiferente, pela positiva ou pela negativa, a sua figura, a sua conduta, o seu pensamento, a sua estratégia, o seu percurso. Um lugar na História da nossa Pátria ninguém lho tira.
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Nota do editor:

Último poste da série > 21 de fevereiro de 2024 > Guiné 61/74 - P25196: Efemérides (428): Homenagem aos Antigos Combatentes da Guerra do Ultramar do Concelho de Resende - Freguesia de Anreade, no dia 13 de Abril, pelas 15h00 e S. Romão de Aregos, no dia 4 de Maio, à mesma hora

Guiné 61/74 - P25202: Parabéns a você (2248): José Ferreira da Silva, ex-Fur Mil Op Especiais da CART 1689 / BART 1913 (Fá, Catió, Cabedú, Gandembel e Canquelifá, 1967/69)

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Nota do editor

Último post da série de 17 DE FEVEREIRO DE 2024 > Guiné 61/74 - P25178: Parabéns a você (2247): António Carvalho, ex-Fur Mil Enfermeiro da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Guiné 61/74 - P25201: Convívios (979): 54.º almoço-convívio da Tabanca da Linha, levado a efeito neste dia 22 de Fevereiro, em Algés... Palmas, isso sim, para o magnífico régulo, o Manuel Resende, que com o seu ar discreto mas sempre com grande eficiência "monta e desmonta este bivaque" - Parte I

 


Foto nº 1 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > Malta do CIM de Contuboel (junho/julho de 1969, da CCAÇ 12 e da CART 11): da esquerda para a direita, Luís Graça (CCAÇ 12),  António F. Marques (CCAÇ 12), Abílio Duarte (CART 11), Humberto Reis  (CCAÇ 12) e Manuel Macias  (CART 11) (o "penetra", o da ponta direita, é o Carlos Silvério, meu conterrâneo e primo, por afinidade, ex.fur mil at cav, CCAV 3378, Olossato e Brá, 1971/73)... Fizemos um brinde à saúde do Valdemar Queiroz, que foi muito recordado à minha mesa, por mim e pelo Abílio Duarte, e também pelo Manuel Macias. "Força, Valdemar, desta hás de safar-te!!...


Foto nº 2 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > A mesa onde eu fiquei, ao meu lado o António Graça de Abreu.


Foto nº 3 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > Mais outros dois convivas da minha mesa: o Arménio Santos (Oeiras) e o António Casquilho Alves (Lisboa)


Foto nº 4 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > Ainda na minha mesa, o Abílio Duarte (Amadora) e o João Parreira (São Domingos de Rana)


Foto nº 5 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > O Carlos Silva e a esposa (que moram em Massamá) mais o Zé Rodrigues (Belas)


Foto nº 6 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > O indefetível Jorge Ferreira (ao centro) mais a esposa e, à direita, o Paraíso Pinto (se não erro), também ele tabanquero fiel da Linha...


Foto nº 7 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > A Ilda e o Zé Carioca, que raramente falham... Moram em Cascais.


Foto nº 8 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > O José Miguel Louro e a sua companheira (moram em Algueirão)



Foto nº 9 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > O João Rebelo (Lisboa), o Jorge Canhão e um camarada que veio com ele de Setúbal,  o José Silva.


Foto nº 10 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > Também nunca falham, Manuel Macias (Linda-A-Velha) e Luís Paulino (Algés)... os dois da ponta, o camarada do meio e o Jorge Rochá. 


Foto nº 11 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > Carlos Silvério (Lourinhã), Jorge Pinto (Sintra) e José Miguel Louro (Algueirão)


Foto nº 13 > Magnífica Tabanca da Linha > 54º almoço-convívio > Algés > Restaurante Caravela de Ouro > 22 de fevereiro de 2024 > O Raul Folques /Muratl/ Parede), à nossa direita... Os outros camaradas José Augusto Oliveira (Linda-A-Velha) e  Ernesto Baptista  (Sintra) 

Fotos: © Manuel Resende (2024). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Jà não ia a um convívio da Tabanca da Linha há uns largos meses... Daí me escaparem alguns nomes nas legendas das fotos que agora se publicam (I Parte) (Já os recuperei com a ajuda do Manuel Resende)... 

Confesso que gostei de rever a malta... Éramos para aí uns 70... Estou, estamos mais velhos... e alguns mais vezes a caminho dos médicos e do hospital... Mas o espírito de corpo (mais do que o espírito e o corpo, em separado) continua "fixe"... Sã convívio, tolerância, amizade, camaradagem, descontração, vontade de (con)viver... Sim, tolerância, respeito mútuo...Cabemos lá todos com tudo o os que une e até com aquilo que nos pode separar... 

São duas horas e meia que valem "ouro, incenso e mirra"... Fica aqui um primeiro apontamento do 54º almoço-convívio dos "magníficos". 

No pouco tempo dos aperitivos (meia hora, de pé, antes da malta se sentar à mesa-redonda), dá para pôr a conversa em dia, tirar dúvidas, contar estórias, fazer pedidos e sugestões para o blogue... 

Mesmo com um minuto para cada um (além do pastel de bacalhau e do copo de branco...), consegui falar com o Raul Folques, o Jorge Ferreira, o Domingos Robalo, o Francisco H. Silva, o Jorge Pinto, o João Martins, o Humberto Reis, o António F. Marques, o António Figuinha, o Augusto Silva Santos, o Carlos Silva, etc., e, depois, mais folgadamemte, com os camaradas que ficaram na minha mesa. 

Senhoras, eram poucas desta vez (quatro).

Palmas, isso sim, para o magnífico régulo, o Manuel Resende, que com o seu ar discreto mas sempre com grande  eficiência ( e com o apoio da gerência do restaurante "Caravela de Ouro",  o Lopes, que também foi comando em Angola,,,) "monta e desmonta este bivaque": é ele que organiza estes almoços-convívios numa magnífica sala (privativa...) com vista privilegiada para Pedrouços  e o estuário do Tejo, trata da ementa, discute o preço, anuncia e divulga o evento no Facebook, faz a lista dos inscritos, recebe a massa, tira as fotos... e duvido que, por fim, chegue a almoçar!... 

É duma dedicação extraordinária à Tabanca da Linha e aos seus magníficos tabanqueiros... 

Pela lista que a seguir se publica, o raio de ação da Tabanca da Linha tem-se vindo a alargar umas léguas, desta já vai da Lourinhã (Luís Graça e Carlos Silvério) a Setúbal, passando por Montejunto (Cadaval) (Joaquim Pinto Carvalho, com quem mal falei!)... 

Não digam, pois, que os "meninos da Linha" são elitistas... Para a próxima, está convidada mais tropa e até já temos um "nova-iorquino" inscrito como membro da Tabanca da Linha, o João Crisóstomo!...

PS - Obrigado ao Carlos Silvério e à minha prima Zita pela boleia que me deram até Alfragide, no regresso a casa... s vezes também moro por estas bandas, mas oficialmente estou na Lourinhã, onde faço ginástica com PT.)


(Continua)

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Nota do editor;

Último poste da série > 19 de fevereiro de 2024 > 
Guiné 61/74 - P25187: Convívios (978): 54º almoço-convívio da Magnífica Tabanca da Linha, Restaurante Caravela de Ouro, Algés, 5ª feira, 22 de fevereiro de 2024... Últimas inscrições até às 12h00 de 3ª feira

Guiné 61/74 - P25200: O nosso livro de visitas (220): Leitora Marie, filha do nosso camarada Joaquim Pires Lopes da CCAÇ 312, Moçambique, 1962/64, procura documentos e fotos da unidade de seu pai

1. Mensagem da nossa leitura Marie, filha de Joaquim Pires Lopes da CCAÇ 312 (Beira - Moçambique, 1962/64),enviada ao nosso editor Luís Graça em 13 de Fevereiro de 2024:

De: MarieL
Date: terça, 13/02/2024 à(s) 23:58
Subject: Procura de blog ou documentos sobre o período Ultramar 1962-1964 na Beira
To: luis.graca.prof@gmail.com

Boa noite Senhor Luis,

Procurando documentos e fotos da companhia do batalhão de Caçadores Especiais 312 (CCE312), BC10 de Chaves da qual meu pai fez parte no ano 1962/1964, conheci seu blog por acaso, você pode-me dizer onde posso encontrar informações sobre o General Aurelio Manuel Trindade e do Alferes Tenente Varela Vital Lopes.

O meu pai (Joaquim Pires Lopes, nativo da freguesia do Espinhal, Sabugal) gostaria ter notícias dessas pessoas, assim como dos seus camaradas ou outras pessoas que estiveram na Beira neste periodo, na esperança que não tenham já morrido!

Esperando ter notícias suas,
Atentamente,
Marie

PS:
Ao ler algumas paginas do seu blogue, pelo que entendi, o general Aurelio Manuel Trindade, ainda está vivo, ele tem 91 anos e vive rodeado dos seus sobrinhos em Amadora, certo?
Será que o senhor tem o numero de telefone ou endereço postal, ou e-mail para o contatar?

https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2022/08/guine-6174-p23553-notas-de-leitura-1478.html


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Companhia de Caçadores N.º 312

Identificação: CCaç 312
Unidade Mob: BC 10 - Chaves
Cmdt: Cap Inf Aurélio Manuel Trindade
Divisa: "Sempre Excelentes e Valorosos"
Partida: Embarque em 17Jul62; Desembarque em 06Ago62
Regresso: Embarque em 13Ago64

Síntese da Actividade Operacional:

Desembarcou na Beira, a 06Ago62. Permaneceu 4 meses nas instalações da empresa de cervejas da Manga (cerca de 8 Km da Beira). Teve a seu cargo a segurança dos paiois do Dondo, com 1 pelotão ali destacado.
Em Dez62, seguiu para Chibabava, ficando, sob o comando operacional do BCav 163, sediado em Vila Pery. Guarneceu Machaze, Espungabera e Gógoi com um pelotão. Rendido em Out63, o BCav 163 pelo BCaç 596 passou a depender deste.
A actividade da Comp, consistia em treino operacional, patrulhamentos e contacto com autoridades tradicionais e com a população, prestando-lhes assistência educativa e medicamentosa.
Foi rendida em Chibabava (Ago64), pela CCaç 695.

Observações:
Não tem História da Unidade. Os elementos foram fornecidos por Vasco F. Garcês Atougueira (ex-alf. da Comp)


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Notas do editor CV:
- O senhor General Aurélio Manuel Trindade, como Capitão, entre 1962 e 1964 comandou a CCAÇ 312 em Moçambique; e entre 1965 e 1967 comandou a 4.ª CCAÇ e a CCAÇ 6 na Guiné.
- Com o pseudónimo literário Manuel Andrezo, escreveu o livro "Panteras à solta", de que o nosso editor Luís Graça fez uma recensão alargada.
- A fim de responder ao solicitado pela nossa leitora Marie, o editor Luís Graça vai tentar obter o contacto telefónico do senhor General Aurélio Trindade.

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Nota do editor

Último post da série de 16 DE JUNHO DE 2023 > Guiné 61/74 - P24402: O nosso livro de visitas (219): Jaime Saraiva, CCAÇ 2789 / BCAÇ 2928 (Bula, 1970/72), procura camaradas

Guiné 61/74 - P25199: Recordando o Amadu Bailo Djaló (Bafatá, 1940 - Lisboa, 2015), um luso-guineense com duas pátrias amadas, um valoroso combatente, um homem sábio, um bom muçulmano - Anexos: III. Lista dos "meus companheiros do Batalhão de Comandos, que morreram em combate, acidentes ou por doença" (n=59)


Lisboa > 1970 > O cap graduado 'comando'.  cmdt da 1ª CCmds Africanos João Bacar Jaló com o o nosso veteraníssimo João Sacôto (ex-alf mil, CCAÇ 617/BCAÇ 619, Catió, Ilha do Como e Cachil, 1964/66), hoje comandante da TAP reformado, membro da nossa Tabanca Grande desde 20/12/2011. 

O João Bacar Jaló veio a Lisboa, nessa altura, no 10 de Junho, receber a Torre e Espada. Nasceu em Cacine, em 1929, e morreu em 1971, em combate, no sector de Tite. Era alferes de 2ª linha em 6 de junho de 1965. 

Foto (e legenda): © João Sacôto (2019). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Guiné > Região de Bafatá > Fá Mandinga  (?) > c. 1970/72 > O tenente graduado 'comando'  João Bacar Jaló,  rodeado de pessoal da 1ª CCmds Africanos. Entre outros, é possível identificar o furriel “Dico” Andrade, o 1º da esquerda, o furriel Orlando da Silva, ajoelhado, no meio e o 1º da direita, em cima, o soldado Francisco Gomes Nanque, que esteve preso na Libéria após a Op Mar Verde (21/nov/1970). 

Foto de Amadu Bailo Djaló, publicado na pág. 190 do seu livro, " "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974", Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, + fotos, edição esgotada. 





 Op Mar Verde > 22 de novembro de 1970 > Na lancha de regresso a Bissau. Os soldados Aliu Djaló, Abdulai Djaló Cula, Meta Baldé, furriel Félix Diuf, furriel Vagomestre (não lembro o nome) e soldados Papa e Idrissa Dabo, da esquerda para a direita. (Foto publicada no livro, pág. 182, sem indicação de fonte).



Ussumane Seca, Abdulai Djalo Cula, Aliu Djaquite, Aliu Sana Sanhé 
e Sissau Candé, em Tite, 1971 (pág. 215 do livro do Amadu Djaló)




Guiné > Presumivelmente em Brá ou Fá Mandinga > s/d >  Soldado Caetano Gomes, morto na ilha de Sogo,   em acidente no mar, já depois do regresso d Op Mar Verde. (Foto publicada no livro,  pág. 181, sem indicação de fonte)


 

Capa do livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada) 




O autor, em Bafatá, sua terra natal, por volta de meados de 1966.
(Foto reproduzida no livro, na pág. 149)



1. Ainda com base no manuscrito, digitalizado, do livro do Amadu Bailo Djaló, "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada) (*), vamos publicar alguns "Anexos" (pp. 287-299).

O nosso camarada e amigo Virgínio Briote, o editor literário ou "copydesk" desta obra , facultou-nos uma cópia digital. (O Virgínio, com a sua santa paciência e a sua grande generosidade, gastou mais de um ano a ajudar o Amadu a pòr as suas memórias direitinhas em formato word, a pedido da Associação dos Comandos, a quem, de resto, manifestamos também o nosso apreço e gratidão...).

O Amadu Djaló, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem mais  de 120 referências no nosso blogue. Tinha um 2º volume em preparação, que a doença e a morte não lhe permitaram ultimar. As folhas manuscritaas foram entregues ao Virgínio Briote com a autorização para as transcrever (e eventualmente publicar no nosso blogue). Desconhecemos o seu conteúdo, mas já incentivámos o nosso coeditor jubilado a fazer um derradeiro esforço para transcrever, em word, o manuscrito do II volume (que ficou incompleto). E ele prometei-nos que ia começar a fazê-lo, "para a semana"...

Segue  lista dos "lista dos  "meus companheiros do Batalhão de Comandos, que morreram em combate, acidentes ou por doença"  (pp. 291/294) que, certamete por lapso,  não inclui, entre outros, os camaradas da 35ª  CCmds e 38ª CCmds  (faziam parte do BCmds da Guiné) nem muito menos os miliatred que dados como desaparecidos no decurso da Op Mar Verde (Coancri, 22 de novembro de 1970, comndados pelo ten graduado 'cmd' João Januário Lopes.

Anexos

III. Os meus companheiros do Batalhão de Comandos, que morreram em combate, acidentes ou por doença (por ordem cronológoca) (n=59)


- Bubacar Sidi Bá, Soldado, 1ª CCmds, morto em 28 Maio 1970.

- José Mendonça, Furriel Graduado, 1ª CCmds, morto em 18 Junho 1970, mina anti-pessoal.

- Nicolau Tomás Cabral, Soldado, 1ª CCmds, morto em 26 Junho 1970 na área Bajocunda-Pirada.

- Juliano Albano Cabral, 1º Cabo, 1ª CCmds, morto em 4 Julho 1970, numa emboscada IN, no pontão do rio Mael-Jaude, zona de Pirada.

- José Augusto Maru Djaná, Soldado, 1ª CCmds, morto em 4 Julho 1970, emboscada IN, no pontão do rio Mael-Jaude, zona de Pirada.

- Lourenço Pedro Dias, Soldado, 1ª CCmds, morto às 03H15 de 22 Novembro 1970, durante o ataque ao quartel de Samory, operação ‘Mar Verde’, Conackry. Corpo não recuperado.

- João Bacar Cassamá, Soldado, 1ª CCmds, morto às 03H15 de 22 Novembro 1970, durante o ataque ao quartel de Samory, operação ‘Mar Verde’, Conackry. Corpo não recuperado.

- Álvaro Raimundo Ledo Pontes, 1º Cabo, 1ª CCmds, morto em acidente em 24 Novembro de 1970.

- Caetano Gomes, Soldado, 1ª CCmds, morto por acidente em 25 Novembro 1970, na Ilha de Soga, depois do regresso da operação ‘Mar Verde’, a Conackry.

- João Bacar Jaló, Capitão Graduado, 1ª CCmds, morto no decorrer da operação ‘Nilo’, em Jufandanca, área de Fá Mandinga, em 16 Abril 1971.

- Carlos Aliu Mané, Soldado, 2ª CCmds, morto em 21 Dezembro 1971, entre Bissorã e Mansabá, área de Morés, operação ‘Safira Solitária’.

- Mamadu Camará, Soldado, 2ª CCmds, morto em 22 Dezembro 1971 no HM241, operação ‘Safira Solitária’, área de Morés.

- Aliu Djaquité, Soldado, 1ª CCmds, morto em 24 Dezembro 1971, operação ‘Safira Solitária’, área de Morés.

- Abdulai Djaló, Soldado, 1ª CCmds, morto em 24 Dezembro 1971, operação ‘Safira Solitária’, área de Morés.

- Vicente Malefo, Soldado, 1ª CCmds, morto em 24 Dezembro 1971, operação ‘Safira Solitária’, área de Morés.

- Quintino Gomes, Soldado, 2ª CCmds, morto em 24 Dezembro 1971, operação ‘Safira Solitária’, área de Morés.

- Demba Dembó, 2ª CCmds, morto em 24 Dezembro 1971, operação ‘Safira Solitária’, área de Morés.

- Issufi Turé, Soldado, 1ª CCmds, morto em 7 Fevereiro 1972, mina anti-carro, estrada Mansoa-Bissorã.

- Xerifo Canhá, Soldado, 2ª CCmds, morto em 11 Fevereiro 1972, operação ‘Juventude III’, zona de Morés.

- Mamadu Saliu Djaló, Furriel Graduado, 1ª CCmds, morto em 15 Fevereiro 1972, entre Mansoa e Bissorã.

- Marciano Lopes, Furriel Graduado, 2ª CCmds, morto em 1 Abril 1972, Cacheu, operação ‘Joeirada’.

- Sambel Djaló, Soldado, 3ª CCmds, morto em 2 Maio 1972, instrução, Fá Mandinga.

- Fernando Jorge Fortes Gomes, Soldado, 3ª CCmds, morto em 16 Maio 1972, instrução, Fá Mandinga.

- Mutaró Baldé, Soldado, 3ª CCmds, morto por afogamento no Geba, instrução, em 29 Maio 1972.

- Braima Djaló, Soldado, 2ª CCmds, morto em 28 Junho 1972, em Cimbele, Guiné-Conakry, operação ‘Bafo Quente’.

- Manuel Malan Sissé, Soldado, 3ª CCmds, morto por doença, em 19 Setembro 1972.

- Carlos Iero Embaló, Soldado, 3ª CCmds, morto em 4 Dezembro 1972, Campada-Ingoré.

- Domingos Quiassé Antunes, Soldado, 3ª CCmds, morto em Mambocó/Mansabá, operação ‘Esmeralda Negra’, 15 Fevereiro 1973.

- Cherno Baldé, Soldado, 3ª CCmds, Mambocó/Mansabá, operação ‘Esmeralda Negra’, 15 Fevereiro 1973.

- Bubacar Jaló, Alferes Graduado, 3ª CCmds, Mambocó/Mansabá, operação ‘Esmeralda Negra’, 15 Fevereiro 1973.

- António Djifam Barreto, Furriel Graduado, 2ª CCmds, morto em Ponta Matar, rio Cacheu, operação ‘Canguru Indisposto’, 23 Março 1973.

- Pedro Quebá Dabé, Soldado, 1ª CCmds, morto por doença no HM 241, em 17 Abril 1973.

- Saranjo Baldé, Soldado, BCmds, morto por acidente com arma de fogo, Mansabá, 21 Abril 1973.

- Anso Baldé, Soldado, 1ª CCmds, morto em Cumbamori, durante assalto à base In, operação ‘Ametista Real’, 19 Maio 1973.

- José Vieira, Soldado, 1ª CCmds, morto em Cumbamori, durante assalto à base In, operação ‘Ametista Real’, 19 Maio 1973.

- Pedro Melna, Alferes Graduado, 2ª CCmds, morto em Cumbamori, durante assalto à base In, operação ‘Ametista Real’, 19 Maio 1973.

- Mama Samba Baldé, Alferes Graduado, 3ª CCmds, morto em Cumbamori, durante assalto à base In, operação ‘Ametista Real’, 19 Maio 1973.

- Saliu Sané, Soldado, 3ª CCmds, morto em Cumbamori, durante assalto à base In, operação ‘Ametista Real’, 19 Maio 1973.

- Becute Tungué, Soldado, 3ª CCmds, morto em Cumbamori, durante assalto à base In, operação ‘Ametista Real’, 19 Maio 1973.

- Carlos Intchama, Soldado, 3ª CCmds, morto em Cumbamori, durante assalto à base In, operação ‘Ametista Real’, 19 Maio 1973.

- Armando Beta Santa, Soldado, 3ª CCmds, morto em Cumbamori, durante assalto à base In, operação ‘Ametista Real’, 19 Maio 1973.

- Mama Samba Embaló, Soldado, 3ª CCmds, morto em Cumbamori, durante assalto à base In, operação ‘Ametista Real’, 19 Maio 1973.

- Quintino Rodrigues, Furriel Graduado, 1ª CCmds, morto na mata de Cobiana, Cacheu, em 25 Setembro de 1973.

- Lama Jaló, Soldado, 3ª CCmds, morto na mata de Cobiana, Cacheu, em 25 Setembro de 1973.

- Braima Djaló, Soldado, 3ª CCmds, morto na mata de Cobiana, Cacheu, em 25 Setembro de 1973.

- Mamadu Sani, Soldado, BCmds, morto em Mansabá, acidente com arma de fogo, em 13 Outubro 1973, durante Vº Curso de Comandos.

- Domingos Cumbá, Soldado. 2ª CCmds, morto em 18 Novembro 1973, Có/Pelundo.

- Bacar Sissé, Furriel Graduado, 1ª CCmds, morto em 10 Dezembro 1973, emboscada a 2 kms de Cutia.

- Sabana Fonhá Sambo, Soldado, 1ª CCmds, morto em 10 Dezembro 1973, emboscada a 2 kms de Cutia.

- Sori Baldé, Soldado, 1ª CCmds, morto em 10 Dezembro 1973, emboscada a 2 kms de Cutia.

- Dembo Camará, Soldado, 3ª CCmds, morto em 26 Dezembro 1973, Cachamba Balanta.

- Bolama Intchudé, Soldado, 3ª CCmds, morto em 26 Dezembro 1973, Cachamba Balanta.

- Albino Furna, Soldado, 2ª CCmds, morto em 5 Fevereiro 1974, Bajocunda-Copá, operação ‘Gato Zangado I’. Corpo não recuperado.

- Ansu Turé, Soldado, 1ª CCmds, morto em 2 Março 1974, acidente viação em Bissau.

- Sajo Fati, Soldado, 2ª CCmds, morto em 21 Março 1974, entre Canquelifá e Piche, operação ‘Neve Gelada’ (NT capturaram 3 morteiros 120).

- Gainde Candé, Soldado, 2ª CCmds, morto em 21 Março 1974, entre Canquelifá e Piche, operação ‘Neve Gelada’ (NT capturaram 3 morteiros 120).

- Alfredo da Silva, Soldado, 2ª CCmds, morto em 21 Março 1974, entre Canquelifá e Piche, operação ‘Neve Gelada’ (NT capturaram 3 morteiros 120).

- Bacar Bala, Soldado, 2ª CCmds, morto por granada que transportava, entre Brá e Bissau, em 17 Abril 1974.

- João Mango, Soldado, 2º CCmds, morto em 28 Abril 1974, em Bula, rebentamento de granada de rocket.

(Revisão/fixação de texto, negritos: LG)
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