[Versão policopiada gentilmente ao nosso blogue pelo ex-Fur Mil Trms Inf, José Armando Ferreira de Almeida, CCS/ BART 2917, Bambadinca, 1970/72, membro da nossa Tabanca Grande, foto à direita]
3. População
a. Generaliades:
São muito ténues as migrações que hoje se verificam no Sector L1 [, com sede em Bambadinca,] que sofreu sucessivas grandes invasões de povos vindos do interior: primeiro os Beafadas, depois os Mandingas no séc. XIV e posteriormente, já no Séc. XIX, os Fulas.
Senhores de um a cultura mais avançada, os Mandingas pacificamente habituam aos Beafadas aos seus costumes e religião (de tal forma que os dois grupos étnicos muitas vezes se identificam), e convertem, no Sector L1, os seus vencedores Fulas ao seu islamismo, passando a influenciá-los profundamente através dos dignatários religiosos, ainda hoje quase todos eles Mandingas ou a estes subordinados (Confraria Cadiria).
Aliados, os Fulas, aos portugueses nas campanhas de “ocupação”, vêem, por influência das próprias autoridades administrativas, aumentar já no presente século [XX] o seu domínio sobre os restantes grupos étnicos como quasi exclusivos mandatários daquelas autoridades (Cipaios e intérpretes).
Com a ocupação efectiva do Sector L1 pela autoridade portuguesa, dão-se novas migrações, agora do litoral para interior:
(i) os Papéis acompanhando as casas comerciais especialmente ligadas à navegação;
(ii) os Manjacos acompanhando a expansão da exploração do coconote (são ainda desta etnia a quasi totalidade dos que sobem às palmeiras no corte dos cachos de chabéu);
e (iii) os Balantas, mestiços de Beafada e Papel (?), atraídos pelas extensas e produtivas bolanhas dos Rios Geba e Corubal que ocupam, praticando a cultura alagada do arroz em que são exímios.
Parece também, ser posterior àquelas campanhas a dessiminação dos (iv) Caboverdianos, especialmente ligados, neste sector, ao funcionalismo (veterinária, agricultura, correios, casa Gouveia, etc.).
A actual guerrilha deu origem a novas migrações na área:
(i) o rico regulado do Cuor – praticamente Mandinga - despovoou-se, quase completamente;
(ii) diminuiu a ocupação dos Regulados do Corubal e do Xime, passando grande parte das suas áreas e populações ao conrtolo IN;
(iii) o Regulado de Badora – ilha de paz na conturbada Guiné - vê aumentar a sua população especialmente com Balantas e Mandingas deslocados do Regulado do Xime e do Cuor, e Fulas vindos do Regulado do Corubal, Gabu e outros onde o IN campeia.
b. Grupos étnicos
(1) Na zona controlada pelas NT [Vd. Quadro 3.1, acima].
Verifica-se que predomimam os Fulas nos Regulados do Xime, Corubal e Badora, os Mandingas no Regulado do Cuor e os Balantas no Regulado do Enxalé; estes últimos estão no Regulado de Badora localizados nos grandes núcleos de Nhabijões, Mero e Santa Helena.
Quanto à ocupação branca, ela é muito pequena assim como a caboverdianna, limitando-se quase só a comerciantes e funcionários.
(2) Zona controlado pelo IN
Todos os dados de que se dispõe são estimados e as notícias contraditórias. Podem,os contudo, sem grande margem de erro, avaliar em cerca de 5400 pessoas, na sua maioria de etnia Balanta, Beafada ou Mandinga, a população controlado pelo IN no Sector L1 dividida pelos seguintes núcleos:
- A NW do Sector, espalhada pelso reguados do Enxalé e do Cuor - 1900 pessoas.
- No Regulado do Xime, ao longo do Rio Corubal, e a sul da Ponta do Inglês - 2000 pessoas.
- No Regulado do Corubal, ao lonmgo detse rio e para jusante da foz do rio Pulom - 1500 pessoas.
(Continua)
[ Revisão / fixação de texto / quadro: L.G.]
Guiné 1969/71 > Croquis do Sector L1 / Zona Leste (Bambadinca) (vd. Sinais e legendas). O Sector L1 era basicamente constituído por 5 regulados: Enxalé e Cuor, a norte do Rio Geba; Xime, Corubal e Badora, a leste do Rio Corubal. No regulado de Bissari, não havia população controlada pelas NT.
Em 1970/72, o BART 2917 estava sedeado em Bambadinca, com três unidades de quadrícula em Xime e Enxalé (CART 2715), Mansambo (CART 2714) e Xitole e Ponte dos Fulas (CART 2716).
Fonte: História da CCAÇ 12: Guiné 69/71. Bambadinca: Companhia de Caçadores nº 12. 1971
Infogravura: © Luís Graça (2005). Direitos reservados.
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