
Guiné > Região Leste > Xime > 1969 > Uma Lancha de Desembarque Grande,a LDG 101, ao largo do Ximne, no Rio Geba.
Arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71). © Humberto Reis (2006).
Arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71). © Humberto Reis (2006).
1. Texto do António Lema Santos (ex-1º tenente da Marinha em 1972, serviu como Imediato na NRP Orion, na Guiné, entre 1966 e 1968; hoje é empresário e reside em Massam):
Caros Humberto Reis e Luis Graça:
Desejo-vos um excelente regresso às actividades incluindo as blognotícias.
Por vezes com exagerada persistência a rondar a palavra obstinado, vulgo chato, tenho a preocupação de não alterar, pela narrativa simplificada, factos e acontecimentos que se encadeiam uns nos outros, documental e historicamente.
Como permaneci na Guiné e naveguei nos rios Cacine e Cumbijã um par de dias fora do habitual, atrevo-me a tentar esclarecer alguns pormenores que não me parecem suficientemente precisos:
(i) Enquanto Imediato da LFG Orion, conheci pessoal, profissionalmente e até familiarmente o 1º Tenente José António Cervaes Rodrigues, à época Comandante da Companhia de Fuzileiros nº 9, com quem mantive simpático e agradável relacionamento, quer profissional quer pessoalmente;
(ii) O relacionamento entre militares embarcados em unidades navais, em instalações em terra no INAB (Instalações Navais de Bissau), CDMG e Esquadrilha de Lanchas, alargava-se ao saudável convívio na vida civil e não só, também com militares de outros ramos das FA [Forças Armadasa] e familiares de alguns que em Bissau permaneciam; assim foi e até usufrui, algumas vezes, da possibilidade de utilizar um Land Rover cedido pela CF9;
(iii) Naquela altura, as LFG (Hidra, Lira, Orion, Cassiopeia e Sagitário) tal como as LDG (Alfange e Montante), tinham comando autónomo, estavam atribuídos operacionalmente ao CDMG e incluiam na guarnição dois oficiais:
- comandante, em princípio um primeiro tenente dos QP's [Quadros Permanentes] da classe de Marinha, era nomeado pelo CEMA com publicação em OA; apenas conhecido um único caso de comando, durante algum tempo, por oficial da Reserva Naval - a Cassiopeia;
- imediato, em princípio um oficial da Reserva Naval, igualmente da classe de Marinha, nomeado em OA e que, por inerência do cargo, substituia sempre o comandante em caso de ausência ou impedimento daquele; alguns deles também foram oficiais dos QP;
(iv) As LFP (Bellatrix, Canopus e Deneb) apenas dispunham de um oficial, o comandante, nomeado da mesma forma pelo CEMA, da classe de Marinha e da Reserva Naval; alguns das LFP's também foram comandadas por oficiais dos QP;
(v) Nenhuma unidade naval (navio) foi comandada por um oficial que não fosse da classe de Marinha e, apenas em caso de operações conjuntas, podiam várias unidades navais participantes ficar a depender, apenas operacionalmente e durante o tempo da operação, do comando de um oficial único nomeado pelo CDMG, também da classe de Marinha e, por norma, sempre mais antigo que qualquer dos oficiais participantes na operação;
(vi) Os comandos da Esquadrilha de Lanchas, de uma Companhia de Fuzileiros e de um Destacamentos de Fuzileiros dependia operacionalmente do CDMG, da mesma forma que as LFG ou as LDP e estavam sob o seu comando os elementos das respectivas unidades; especificamente, no caso da Esquadrilha de Lanchas, as LDM e as LDP e até outras embarcações;
(vii) As LFG apenas participavam nos comboios para Bedanda com a responsabilidade da escolta e não incluídas nele, dado que, normalmente, até tinham a seu cargo a fiscalização de uma área Sul alargada que incluía o rio Grande Buba, Tombali, Cacine e os Bijagós mas essencialmente centrada no Cumbijã e Cacine;
(viii) As LFP integravam-se igualmente na escolta desses comboios. Nunca chegavam exactamente à zona de Cufar, quedando-se pela foz do rio Macobum, ligeiramente a montante ou a jusante de Cadique; o comboio prosseguia com os batelões e as LDM com FZ embarcados como forças de protecção;
(ix) Considerando o conjunto de todas as LFG era uma zona em que, quase sistematicamente, havia sempre ataques;
(x) Por curiosidade apenas, a informação de que, no período de 10 a 20 de Fevereiro de 1968 o Cacine e o Cumbijã foram fiscalizados pela LFG Orion, rendida de seguida pela LFG Hidra, de 21 a 29 de Fevereiro do mesmo mês.
Mais um acrescento aos relatos.
Um abraço,
Manuel Lema Santos
Caros Humberto Reis e Luis Graça:
Desejo-vos um excelente regresso às actividades incluindo as blognotícias.
Por vezes com exagerada persistência a rondar a palavra obstinado, vulgo chato, tenho a preocupação de não alterar, pela narrativa simplificada, factos e acontecimentos que se encadeiam uns nos outros, documental e historicamente.
Como permaneci na Guiné e naveguei nos rios Cacine e Cumbijã um par de dias fora do habitual, atrevo-me a tentar esclarecer alguns pormenores que não me parecem suficientemente precisos:
(i) Enquanto Imediato da LFG Orion, conheci pessoal, profissionalmente e até familiarmente o 1º Tenente José António Cervaes Rodrigues, à época Comandante da Companhia de Fuzileiros nº 9, com quem mantive simpático e agradável relacionamento, quer profissional quer pessoalmente;
(ii) O relacionamento entre militares embarcados em unidades navais, em instalações em terra no INAB (Instalações Navais de Bissau), CDMG e Esquadrilha de Lanchas, alargava-se ao saudável convívio na vida civil e não só, também com militares de outros ramos das FA [Forças Armadasa] e familiares de alguns que em Bissau permaneciam; assim foi e até usufrui, algumas vezes, da possibilidade de utilizar um Land Rover cedido pela CF9;
(iii) Naquela altura, as LFG (Hidra, Lira, Orion, Cassiopeia e Sagitário) tal como as LDG (Alfange e Montante), tinham comando autónomo, estavam atribuídos operacionalmente ao CDMG e incluiam na guarnição dois oficiais:
- comandante, em princípio um primeiro tenente dos QP's [Quadros Permanentes] da classe de Marinha, era nomeado pelo CEMA com publicação em OA; apenas conhecido um único caso de comando, durante algum tempo, por oficial da Reserva Naval - a Cassiopeia;
- imediato, em princípio um oficial da Reserva Naval, igualmente da classe de Marinha, nomeado em OA e que, por inerência do cargo, substituia sempre o comandante em caso de ausência ou impedimento daquele; alguns deles também foram oficiais dos QP;
(iv) As LFP (Bellatrix, Canopus e Deneb) apenas dispunham de um oficial, o comandante, nomeado da mesma forma pelo CEMA, da classe de Marinha e da Reserva Naval; alguns das LFP's também foram comandadas por oficiais dos QP;
(v) Nenhuma unidade naval (navio) foi comandada por um oficial que não fosse da classe de Marinha e, apenas em caso de operações conjuntas, podiam várias unidades navais participantes ficar a depender, apenas operacionalmente e durante o tempo da operação, do comando de um oficial único nomeado pelo CDMG, também da classe de Marinha e, por norma, sempre mais antigo que qualquer dos oficiais participantes na operação;
(vi) Os comandos da Esquadrilha de Lanchas, de uma Companhia de Fuzileiros e de um Destacamentos de Fuzileiros dependia operacionalmente do CDMG, da mesma forma que as LFG ou as LDP e estavam sob o seu comando os elementos das respectivas unidades; especificamente, no caso da Esquadrilha de Lanchas, as LDM e as LDP e até outras embarcações;
(vii) As LFG apenas participavam nos comboios para Bedanda com a responsabilidade da escolta e não incluídas nele, dado que, normalmente, até tinham a seu cargo a fiscalização de uma área Sul alargada que incluía o rio Grande Buba, Tombali, Cacine e os Bijagós mas essencialmente centrada no Cumbijã e Cacine;
(viii) As LFP integravam-se igualmente na escolta desses comboios. Nunca chegavam exactamente à zona de Cufar, quedando-se pela foz do rio Macobum, ligeiramente a montante ou a jusante de Cadique; o comboio prosseguia com os batelões e as LDM com FZ embarcados como forças de protecção;
(ix) Considerando o conjunto de todas as LFG era uma zona em que, quase sistematicamente, havia sempre ataques;
(x) Por curiosidade apenas, a informação de que, no período de 10 a 20 de Fevereiro de 1968 o Cacine e o Cumbijã foram fiscalizados pela LFG Orion, rendida de seguida pela LFG Hidra, de 21 a 29 de Fevereiro do mesmo mês.
Mais um acrescento aos relatos.
Um abraço,
Manuel Lema Santos
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