sábado, 6 de setembro de 2008

Guiné 63/74 - P3178: Blogpoesia (24): A minha pequenez é que era uma tristeza (Rui A. Ferreira)

Sedutora, atractiva, aterradora, mortífera...



Guiné. Foto de Knut Andreasson. Nov. 1970. Fonte: Nord Documentation on the Liberation Struggle in Southern Africa. Com a devida vénia.


A Floresta


Selvagem nas terras de ninguém, perdida,
indiferente ao tempo que passava vagaroso,
exuberante ao Sol que lhe condicionava a vida,
misteriosa no interior dum cinzento tenebroso.

Crescendo na imensidão daquelas vastidões,
Sôfrega nos terrenos que ia conquistando,
numa profusão de espécies e de dimensões,
pelos espaços devolutos se iam hostilizando.

Era tal a superioridade das Forças da Natureza,
tão afrontosa a altura, tão milenar a idade,
que a alma se conformou com a certeza.

Não me perturbava tão brutal grandeza
mas, perdidas as ilusões perante a realidade,
a minha pequenez é que era uma tristeza.


Rui A. Ferreira
__________

Notas de vb:

1. O Ten Cor Ref Rui A. Ferreira é natural de Angola (Lubango, 1943). Tem duas comissões na Guiné, primeiro como Alferes Miliciano (CCAÇ 1420, Fulacunda, 1965/67) e depois como Capitão Miliciano (CCAÇ 18, Aldeia Formosa, 1970/72). Fez ainda uma comissão em Angola, como capitão. Publicou em 2001 a sua primeira obra literária, "Rumo a Fulacunda".

2. Do mesmo autor, artigo em
4 Setembro 2008 > Guiné 63/74 - P3169: Blogpoesia (23): Amálgama de sentimentos e emoções...(Rui A. Ferreira).

5 comentários:

entrefogocruzado disse...

Rui, parabéns por essa tua faceta de poeta ainda pouco conhecida...
Fico à espera de mais.
Um Grande Abraço
Henrique

Anónimo disse...

Sonhos da Guiné ou do Maiombe?
Todos nós somos pequenos perante a Natureza!
Estou a gostar! Continua Rui.
Um abraço,

Mário Fitas

Anónimo disse...

Ruizinho
Continuas a deslumbrar-me.
Quando vamos ter um livro de poesia?
Continua!
Grande abraço
Santiago

Anónimo disse...

olá Rui,
quando no passado dia 4 li o teu "Amalgama de sentimentos..." nem reparei bem quem era o autor e só agora ao ver mais um Rui, caí em mim e percebi a minha distracção.
Força!
Henrique

Anónimo disse...

Boa-noite Sr. Tenente coronel Rui Ferreira!

Adorei a sua poesia (A Floresta)
e ao contrário do que diz, o Sr. é um (gigante), que conseguia ver o tamanho, a idade, e as dimensões conquistada por ela!
Só não acredito, que não o perturbasse (tão brutal grandeza).
Gostaria de ler mais poemas seus.
Parabéns
Saudações amigas da:

Felismina Costa