1. O nosso Camarada Mário Gualter Rodrigues Pinto, ex-Fur Mil At Art da CART 2519 - "Os Morcegos de Mampatá" (Buba, Aldeia Formosa e Mampatá - 1969/71), enviou-nos a sua 36ª mensagem, em 25 de Março de 2010:
Camaradas,
Ao desfolhar o caderno de apontamentos, onde se encontram as minhas memórias descritivas, fui encontrar este curioso acontecimento que se propunha, então, mudar o curso da guerra.
REUNIÃO MAGNA NO PALÁCIO DO GOVERNADOR
Faz precisamente este mês quarenta anos, que o General Spínola - Com-Chefe do CTIG, decidiu convocar todos os Comandantes de Batalhão, Oficiais de Operações e Comandantes de Companhia de todas as unidades sob o seu comando.
De todos os pontos do território afluíram a Bissau, os oficiais com as patentes de capitão e seus superiores (majores, tenentes coronéis e coronéis), que além de Bissau comandavam as unidades chamadas do “Vietname”.
Como é óbvio, todos se digiram para a capital, interrogando-se sobre o que teria o "Caco" em mente, para convocar tão magna reunião.
Especulava-se entre os oficiais, durante o jantar no dia anterior á reunião no Solar dos Dez.
A presença dos majores Passos Ramos, Pereira da Silva e Osório, do Comando Operacional de Teixeira Pinto, deixava antever que alguma coisa estaria relacionada com aquele sector.
No dia seguinte, há hora estabelecida para a reunião magna, 09H00 da manhã, deu entrada no salão o General Spínola e o seu Staff de oficiais, para presidir a tão alta reunião.
Depois de agradecer a presença de todos expôs, aos presentes, o seguinte:
"Meus senhores, a guerra na Guiné pode terminar dentro de pouco tempo, porque dos contactos directos havidos no Norte, entre oficiais Portugueses e grupos rebeldes, estes têm revelado intenção de se entregarem às autoridades Portugueses, desde que tenham garantias de que não serão sujeitos a represálias, e que serão integrados na sociedade Guineense.
Este propósito, a materializar-se, pode conduzir a uma reviravolta da política Nacional em relação à Guiné e, posteriormente, aos restantes territórios Ultramarinos.
Portanto, todas as unidades militares têm que estar preparadas para receber os grupos rebeldes, que voluntariamente deponham as armas, pois é muito provável que o movimento, a partir do Norte, se estenda rapidamente a todas as regiões da Guiné".
Era o nosso General e Com-Chefe, na sua maior convicção de psicologia enganosa que iria mais tarde custar a vida aos célebres majores; Passos Ramos, Pereira da Silva, Osório e ao Alferes Mosca, juntamente com os Guineenses que os acompanharam, numa morte cruel e bárbara como se veio a constatar mais tarde.
Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
____________
Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
6 de Março de 2010 > Guiné 63/74 – P5941: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (35): A dança das bazucas (Mário G R Pinto)
De todos os pontos do território afluíram a Bissau, os oficiais com as patentes de capitão e seus superiores (majores, tenentes coronéis e coronéis), que além de Bissau comandavam as unidades chamadas do “Vietname”.
Como é óbvio, todos se digiram para a capital, interrogando-se sobre o que teria o "Caco" em mente, para convocar tão magna reunião.
Especulava-se entre os oficiais, durante o jantar no dia anterior á reunião no Solar dos Dez.
A presença dos majores Passos Ramos, Pereira da Silva e Osório, do Comando Operacional de Teixeira Pinto, deixava antever que alguma coisa estaria relacionada com aquele sector.
No dia seguinte, há hora estabelecida para a reunião magna, 09H00 da manhã, deu entrada no salão o General Spínola e o seu Staff de oficiais, para presidir a tão alta reunião.
Depois de agradecer a presença de todos expôs, aos presentes, o seguinte:
"Meus senhores, a guerra na Guiné pode terminar dentro de pouco tempo, porque dos contactos directos havidos no Norte, entre oficiais Portugueses e grupos rebeldes, estes têm revelado intenção de se entregarem às autoridades Portugueses, desde que tenham garantias de que não serão sujeitos a represálias, e que serão integrados na sociedade Guineense.
Este propósito, a materializar-se, pode conduzir a uma reviravolta da política Nacional em relação à Guiné e, posteriormente, aos restantes territórios Ultramarinos.
Portanto, todas as unidades militares têm que estar preparadas para receber os grupos rebeldes, que voluntariamente deponham as armas, pois é muito provável que o movimento, a partir do Norte, se estenda rapidamente a todas as regiões da Guiné".
Era o nosso General e Com-Chefe, na sua maior convicção de psicologia enganosa que iria mais tarde custar a vida aos célebres majores; Passos Ramos, Pereira da Silva, Osório e ao Alferes Mosca, juntamente com os Guineenses que os acompanharam, numa morte cruel e bárbara como se veio a constatar mais tarde.
Um abraço,
Mário Pinto
Fur Mil At Art
Emblema de colecção: © Carlos Coutinho (2009). Direitos reservados.
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Nota de M.R.:
Vd. último poste desta série em:
6 de Março de 2010 > Guiné 63/74 – P5941: Estórias do Mário Pinto (Mário Gualter Rodrigues Pinto) (35): A dança das bazucas (Mário G R Pinto)
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