terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Guiné 63/74 - P7552: Operação Tangomau (Álbum fotográfico de Mário Beja Santos) (8): Dia 26 de Novembro de 2010

1. Mensagem de Mário Beja Santos* (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Dezembro de 2010:

Malta,
Foi um dia em cheio. Agora, já conheço praticamente todo o Cuor. Mas ainda volto ao Cuor, ali há vida depois da guerra, surgiram tabancas em Sansão, Maná, Canturé e Madina de Gambiel.
Amanhã volto para completar o dia de hoje.
É em Gambiel que alguém me vai reconhecer 41 anos depois. Não sei como é que se explica e se comenta esta comoção. Prefiro dizer que chorei e lavei os olhos, enternecido.

Um abraço do
Mário


OPERAÇÃO TANGOMAU - ÁLBUM FOTOGRÁFICO (8)

DIA 26 DE NOVEMBRO DE 2010

Foi um dia com um amanhecer ameno, troca de cumprimentos na estrada entre Finete e Canturé. Encontro imprevisto com o Sr. Biloche, presumível empreiteiro da casa do anarca Jorge Cabral em Finete. O Sr. Biloche mostra o seu palacete, é uma construção recomendável e muito provavelmente invejável para o que o Jorge Cabral pretende (mas em dimensão mais reduzida, o Sr. Biloche tem várias mulheres e muitos filhos e ainda não passou os 35 anos…). Segue-se por Mato de Cão, Saliquinhé, São Belchior e entra-se à esquerda na mais apetecível e frondosa avenida de poilões que deve haver em todo o mundo. Depois de cerca de 20 minutos a fugir das covas, capim das bermas e charcos, entra-se no Enxalé, mudou de fisionomia mas guarda preciosos vestígios de construções militares. Cabe aos interessados ajudarem a interpretar o que se vê. Por exemplo, este edifício. Segundo o chefe de tabanca, Suleimane Sanhá, seria uma oficina ou depósito, edificado com a primeira companhia que chegou ao Enxalé. A ver quem nos explica a função desta ruína.

Foto de Henrique Matos (Guiné, 1966/68) em que se vê a Oficina e uma casota semelhante à da foto acima

Na altura em que se tirou esta fotografia, o Tangomau estava acompanhado do chefe de tabanca, de Malã Tchamo, do pelotão de milícia 310 e de Sadjo Tchamo, igualmente milícia em Missirá e Finete. A explicação que deram é que se tratava de um posto de vigia fortificado, naquele tempo temia-se flagelações a partir da mata entre o caminho que leva ao Xime e o caminho que leva ao Porto Novo. Fica-se a aguardar os comentários de quem viveu no Enxalé

Segundo os acompanhantes do Tangomau, aqui começava o caminho que atravessava a bolanha, bem extensa por sinal que levava ao pequeno ancoradouro, mesmo em frente do Xime. Não há quaisquer razões para duvidar desta afirmação dos autóctones. O Tangomau já teve esta nostalgia em Finete, irá senti-la na Ponta do Inglês, amanhã. A Natureza toma conta do que o homem abandonou, a um prenúncio de civilização cresce um bulício da paisagem, sempre redentora.

Aqui a descodificação entra na fase mais empolgante. Aqui andou a companhia dos madeirenses, muito provavelmente os alferes Henrique Matos Francisco, João Crisóstomo e Luís Zagalo Matos cirandaram por aqui. Aguardam-se comentários: quando surgiu o memorial, quem foram os seus artífices, o que se escreveu para uma posteridade que não aconteceu em pleno

Henrique Matos (Guiné, 1966/68) junto aos memoriais da CCaç 1439 (madeirenses) e da CCaç 556 que a antecedeu

Fica-se com sérias dúvidas se os militares do Enxalé são capazes de decifrar de que instalação se trata. Os acompanhantes do Tangomau foram peremptórios: era armazém, depósito, talvez caserna, hoje é um antro de sabedoria, aqui se alinham as letras e se expande a capacidade matemática de meninos guineenses, até aqui provavelmente se revelarão pintores ou génios da informática. O fundamental é que da guerra se passou à paz, isto é um espaço para as crianças sonharem e para os mestres acreditarem no seu papel de ajudantes do sonho.

Longo, muito longo e atribulado é o caminho que nos leva da estrada do Enxalé até Cabuca, Madina e Belel. Estamos em Novembro, não esqueçam: o capim é elevado e amarelece, a época das chuvas deixou vestígios, esta região continua árida e um pouco inóspita, parece que ainda é uma praga da guerra. Não foi por acaso que o PAIGC aqui se instalou, de pedra e cal. Quem foi a Belel ou a Madina não esqueceu a aspereza do terreno, talvez a zanguizarra dos grilos, a majestade do baga-baga. Madina não é propriamente um oásis, já se passou ao largo de Cabuca (várias opiniões confirmam que aqui era a Madina do PAIGC, mais junto à água, mais inacessível e onde era mais fácil referenciar o atacante. O fundamental é que se chegou a Madina, fez-se a apresentação dos intentos da viagem, Lânsana Sori olha para a câmara, sentado, sabe-se lá se a esta hora já não estava arrependido da empreitada em que se metera. Este senhor em jovem foi combatente do PAIGC, recebeu risonho o Tangomau e pediu à mulher para ficar na fotografia. Ali trabalha-se arduamente, sim, a terra é madrasta, dói que se farta arrancar-lhe o sustento. O que o Tangomau mais gosta é da disponibilidade do casal em se fotografar, já se conversou sobre a pretérita guerra, a comunicação foi muito pacifica, o Tangomau e o seu condutor prometeram receber um pouco de mancarra e beber água quando vierem de Belel. São assim os ínvios caminhos da paz e da convivência dos homens.

Se há foto que neste dia encheu as medidas do Tangomau foi esta. Para quem esteve na operação Tigre Vadio até a pele se arrepanha quando se pensa que se andou por aqui em chacina, tal como aconteceu nos finais de Março de 1970. Se até Madina tudo é áspero, daqui até à tabanca de Belel é a aridez mais desolada, mais agreste, como se uma paisagem lunar atravessasse a luxúria tropical. Olhe-se para as lianas e para o capim. É tudo um convite para fugir. Para o Tangomau, vir a Belel era um ponto alto para a sua reconciliação. E assim aconteceu. Não esqueçam: quando aqui vierem, qualquer coisa como 5 km depois de Madina viram à esquerda, a pé, de bicicleta ou motocicleta. Se forem em frente, desatentos, entram no corredor do Oio, por portas e travessas chegam a Mansabá.

Já estamos no regresso, com a alegria da missão cumprida. Por hoje ficamos por aqui, mas ainda há muitas coisas a contar na Operação Tangomau. Despedimo-nos com esta imagem de gente apaziguada que recebeu calorosamente Lânsana e o Tangomau. Era a hora da sesta, eles preparavam-se para dormitar, a motocicleta trazia um pneu em baixo, o Tangomau mostrou-lhes os livros, houve risada e boa disposição. “Tira fotografia para lembrares o povo de Madina!”. Agradece-se à representação do povo de Madina esta visita há tanto aguardada. Agora já não há território inimigo. Apertam-se as mãos, diz-se até à próxima, entre nuvens de poeira regressa-se, sabe Deus como, até à estrada do Enxalé

O Tangomau vem publicamente agradecer as provas de perícia, competência e profissionalismo do motociclista Lânsana Sori, ao longo de três dias. Feito o contrato de prestação de serviços, que abrangia atestar o depósito e pagar os encargos diários de transporte, Lânsana tudo fez para tornar a viagem mais cómoda para o seu inesperado cliente. Mal ouvia uma exclamação, logo propunha uma paragem para captar um registo fotográfico, de nenúfares ou vestígios da presença militar se tratasse. Chegou ao cúmulo de propor regressos a Chicri, Mato de Cão e Canturé, serviços extra, ele ia acumulando cansaço, não deve ter graça nenhuma o elevado grau de concentração entre charcos de água e desníveis brutais do piso. Sem ele, o Tangomau não teria tido as compensações espirituais que teve. Recorda o martírio de um pneu furado, ainda não se tinha chegado a Madina, e que obrigou a uma alteração, chegados à estrada do Enxalé, houve que regressar num camião até à Bantajã Mandinga para substituição do pneu. Revelou estoicismo, o cliente passou a admirá-lo para o resto da vida. E se houver regresso à Guiné, como se prevê, é impensável chegar ao Buronton, ao Fiofioli, ao Baio, a Moricanhe, sem o talento e a dedicação de Lânsana Sori.

Fotos: © Mário Beja Santos (2010). Direitos reservados.
Fotos (PB): © Henrique Matos (2010). Direitos reservados.
__________

Nota de CV:

Vd. último poste da série de 1 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7541: Operação Tangomau (Álbum fotográfico de Mário Beja Santos) (7): Dia 25 de Novembro de 2010

16 comentários:

antonio barbosa disse...

Boa noite companheiro Mario
Parabéns pelo belo trabalho com que nos tem presenteado,li o poste
e gostei não resisti á tentação de
comentar após ter visto aparecer uma povoação que ainda hoje mexe
comigo CABUCA pois foi lá que fiz a minha comissão como Alf. Mil.Op.
Esp. em 73/74 e onde deixei bastan-
tes amigos que infelizmente nunca mais tive contacto com eles, se por ventura tiver fotos ou novi-
dades sobre CABUCA tinha todo o gosto em recebê-las.
a.antonio.barbosa@gmail.com
Cumprimentos do tamanho do Corubal
ANTONIO BARBOSA

Torcato Mendonca disse...

António Barbosa
Esta Cabuca é a norte do Enxalé. Conhecida por Sinchã Camisa (Cabuca) ou Belel. Mais a norte ficava Madina.Eram os acampamentos In da zona do Enxalé.
Ver Carta 1/50.000 de Bambadinca. Já no Oio, ficava outra Madina e outra Belel.(Ver Carta)

As primeiras que referi foram destruídas por nós em Abril de 68. O Pel. Caç que viria a ser comandado pelo Beja Santos (participou nesse assalto e era comandado pelo Z. Saiegh).Tivemos um morto etc.
Já há tempos ouve aqui uma confusão. Não sei a Madina a que o Mário se refere mas deve ser esta. Ele que esclareça.Mas se fala em Enxalé e S. Belchior são as que nós destruímos. A Cabuca não era aqui e, francamente não sei aonde ficava ou fica.
AB T

Mário Beja Santos disse...

Queridos camaradas, Esclareço que a minha viagem a partir do Enxalé foi por um estradão que leva até Sinchã Camisa ou Cabuca, Madina e Belel, na região ocidental do regulado do Cuor. Entregarei, espero, aos editores do blogue um conjunto de imagens referentes a Cabuca que interessa ao António Barbosa, espero ser uma agradável surpresa. Confirmo os dados apresentados por Lorde Torcato, introduzindo só o comentário de que o que se destruiu em 1968 foi logo reconstruído, tal como a grande destruição que fizemos em finais de Março de 1970, na Operação Tigre Vadio, foi sol de pouca dura. Como não podia deixar de ser, bater e fugir era o que nos competia fazer. Regressar e camuflar era o que competia ao PAIGC. Um abraço para os dois, Mário

Luís Graça disse...

Mário / Tangomau: Tenho reflexos de dinossauro....Ainda não consegui "gerir" as emoções que a tua incrível foto-reportagem com as suas magníficas legendas me estão a provocar...

Acredita que só vi algumas imagens, e mesmo assim "de olhos tapados" ?... Quero e não quero ver, recordar, reviver... todo esse Cuor mas também a região do Xime onde muito penámos...

Agora imagino-te, lá, ao vivo.... Vai ser um livro de sangue, suor e lágrimas... Deixo-te respirar, a mim dá-me tempo... É um momento alto do nosso blogue, a tua reportagem de regresso ao passado...

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Mário

Registo as tuas palavras:

"Como não podia deixar de ser, bater e fugir era o que nos competia fazer."

Bater e fugir? Fugir? O Tigre de Missirá, com os seus soldados e agora os seus tão queridos irmãos de luta, africanos, homens da Guiné, a "fugir" dos guerrilheiros dos PAIGC? E acrescentas, "como não podia deixar de ser."

Desculpa, Mário, a tua guerra inventada ou real, não foi a minha guerra.

Abraço,
e acredita, do fundo do coração, não tenho mais vontade de te incomodar com o que quer que seja.

António Graça de Abreu

antonio barbosa disse...

Boa tarde tertulianos
Grato pela explicação dada pelo Torcato e completada pelo Mário,
pois na realidade Junto a CABUCA
existia tambem uma Madina ambas pertenças do Batalhão sediado em NOVA LAMEGO, cá ficarei a aguardar pelas imagens da minha CABUCA
Um abraço do tamanho do Corubal
ANTONIO BARBOSA

Torcato Mendonca disse...

De um Operacional para um militar de Informações:

-uma daquelas "casas de mato, aquartelamento In...(Madina;Belel ou outro)foi assaltado porque havia um forte ataque de abelhas. Só se gritava "baguera". Foge, foge e, de repente, está o acampamento In...destrava a arma ,gritos , mexe algo, fogo e segue...pára e faz segurança...a segunda leva entra e destrói o resto...mexe em gente a "partir" deste mundo... apanha algum material e ouve-se o crepitar das chamas, os gritos de comando e tudo foge para se reunir um pouco afastado, mais além. Monta segurança, avalia os resultados, troca de palavras pelo rádio...tecto baixo não há evacuações...merda...injecta o gajo que é alérgico ás abelhas ou tens que abrir um buraco no pescoço...tiros, correria...um africano do Xime, o Tura a expirar-me nos braços...bora ,bora, são as ordens...regresso com dois grupos a abrirem, a par, pois era terreno aberto - o meu e o do Saiegh...o guia leva a malta de sitio de flagelação em flagelação...acaba por falecer devido ao esforço...acelera pois em S Belchior estão viaturas e levam alguns...goce, goce...estoirados, derreados e as bagueiras de novo...As viaturas ali...já noite o Enxalé..,.o outro guia suicidou-se na prisão. Falta um militar da outra Companhia, o morto e duas armas...merda...regressa e camba,de noite, o Geba para o Xime...fod...a merda do tarrafo, a água a subir ...enfermeiro dá-me mais uma vez- mistura de Bonin? só mais esta...doi-me caral..camba...alguns não sabem nadar...a noite e passa o Xime, Bambadinca e chegam a Fá...o dia a raiar, a lama seca, a dor a não passar...mais um assalto...bate...destrói,mata..foge... que puta de vida...as armas em falta...
bate...foge...alguém vai ter que regressar...que puta de vida...
Abraço-te e estou velho demais PARA OUTRA GUERRA. SE HOUVESSE IAS COMIGO...AO LADO PORQUE ÉS MEU AMIGO.Eu ensinava-te. Info tinha melhores que as vossas ,lá para os meus lados... Agora, fraternalmente e com amizade Abraço-te.T
AINDA NOS HAVEMOS DE ENCONTRAR OS TRÊS

Joaquim Mexia Alves disse...

Meu caro camarigo Mário

Estou a gostar desta viagem que vou fazendo contigo a muitos sítios por onde andei.

Gosto das tuas descrições e ponho a imaginar o que esteve antes nas fotografias do presente. Obrigado.

Não concordo contigo com a expressão que usas no etu comentário de "bater e fugir".

Isso era a actuação do PAIGC, o que aliás é tipico das guerras de guerrilha.

Nós estavamos em quadricula nos nosso aquartelamentos e de quando em vez faziamos operações obviamente.

Se fosse para ficar e ocupar, com certeza que o faziamos, com mais ou menos esforço, por isso acho a palavra "fugir" aqui mal utilizada, com todo o respeito que me mereces.

Um grande e camarigo abraço

Torcato Mendonca disse...

Camarigo

Não sei se pertenceste ou não á intervenção.
O Mário não precisa de defesa. Eu escrevi ao António Graça de Abreu que, igualmente, não necessita defesa e, menos ainda, de ataque. Li o "bate e foge" como a prática de um assalto, mais concretamente àquelas tabancas In da zona do Enxalé. Participou a minha Companhia, como Companhia de interversão do BART. 1904, o Grupo dele sob outro comando e mais outro Grupo e outra Companhia.
Foram duas linhas de uma operação dura e de um assalto cómico a um dos objectivos. Nada mais.
Um Abraço e já te escrevo.T

antonio graça de abreu disse...

Meu caro Torcato

A tua descrição é exemplar, paradigmática da fuga das NT,com mortos, feridos, sem evacuações, guerra a sério, face às abelhas e ao superior (?) poder fogo do PAIGC.
Viveste tudo isso e nunca mais esqueces. Todas as guerras são cruéis e injustas, quanto sofrimento, quanto sangue jovem a embeber a terra e as nossas almas para sempre!... Em nome de quê, para quê?

Mas como afirmar que fugir diante do inimigo, era "aquilo que nos competia fazer"?

Quase juro que não foi isso que aconteceu com mais de 98% da tropa portuguesa na Guiné, em onze anos de guerra. Conheci bem a actividade operacional, por exemplo, da C CAÇ. 4740,com quem estive onze meses em Cufar, 73/74. Alguma vez fugiram diante de complicadas situações de guerra dura, real, violenta? Tiveram muitos feridos (três alferes evacuados) nenhum morto em toda a comissão. Não foram heróis, mas não fugiram.

Não entendes, meu caro Torcato, que generalizar e falar de "fugir" como sendo "o que nos competia fazer"
pode ser um insulto a todos quantos,e foram quase todos,
em extremas situações de guerra não fugiram.

Um abraço,

António Graça de Abreu

Torcato Mendonca disse...

Não fugi,como sinónimo de abandono cobarde em lado algum.
Quando se assalta um objectivo foge-se e, rapidamente se destrói e bate ou abate ou limpa e vem a segunda vaga. Esta já protegida pelos primeiros. Destruído o objectivo, rapidamente se abandona o local e continua-se a cumprir a missão. Foi o que se fez naquele dia.
O In sofreu 5 (cinco) mortos confirmados. Nós infelizmente um milicia do Xime o Tura.
É ofensivo para as Companhias 2338,2339 e Pelotões de Caç.Nat.52 e 53 dizer que alguém fugiu. O principal inimigo foram as abelhas. Alguns eram alérgicos e podiam sufocar.

Antº Graça de Abreu eu não te digo como fui como combatente,ou o Zacarias Saiegh, o Beja Santos e todos os militares das Companhias e Pelotões que referi.

Não ofendas com fugas e,se quiseres podes ler a minha "caderneta militar"
É só o hipotético plágio??do diário da guiné...???Quantos plágios haveria?

Um favor, fazes? Não me aborreças com essa...m...tenho tentado que vocês se entendam. Mas não me ofendas e a todos os militares que em Abril de 68 fizeram esta operação.
Abraços T.

Anónimo disse...

Camaradas,
Voltamos à análise de equívocos, parece!
Quando se faz um assalto a território IN, pode não se ter uma boa noção do mesmo, nem das posições, nem do nº. de combatentes ali estacionados ou ocasionais. Normalmente, faz-se um estudo com base em informações (e o Torcato mostrou a falibilidade das informações, assim como a Op.Mar Verde falhou pelas fracas informações e fuga de informações).
Aconteceu muitas vezes que, quem "estudava", não só não comunicava suficientemente, como não participava. Logo, os golpes de mão eram um bocado condicionados pela sorte, porque os centros de decisão não eram eficazes. Se calhar, nem podiam sê-lo.
Assim, o cmdt do golpe deve agir pela surpresa. O Torcato, novamente, dá uma boa imagem da acção. A seguir ao golpe já não há surpresa. O IN sabe onde estão as NT, conhece o terreno, que é o seu território, onde tem base(s) e lavras, às vezes até famílias. Sendo assim, o grupo assaltante, necessariamente poucos, fica no local a fazer o quê? À espera de ser alvejado?
É que aconteciam diferentes tipos de operações: bate e foge, ou bate e desbrava caminho para ocupação com outra tropa. Com comportamentos distintos.
Quem andou metido naquelas merdas, sabe que fugir (desandar)pode ser uma opção estratégica. E eu também fugi. Pois não!!
Esta avaliação tem que ser feita por quem viveu e sentiu, por quem sentiu o medo de ser surpreendido em inevitáveis travessias de bolanhas ou em certos trilhos, por quem sentiu a compressão dos ossos em momentos que quase não dava para respirar, por quem tinha baixas e não podia contar com outros auxílios. Por quem era responsável, sentia, e agia responsavelmente.
Não foi a brincar para os intervenientes.
Não se pode agora conjecturar superiormente, sem avaliar as situações nos diferentes detalhes. Ou corre-se o risco de papaguear.
Abraços fraternos
JD

Anónimo disse...

os c.....s dos amanuenses não fugiam

Anónimo disse...

C.C. 763 "Os Lassas" quadricula em Cufar assaltou diversos acampamentos do PAIGC: Cufar Nalu, Cabolol (2) Flaque Injã (2) Caboxanque, Cadique etc.... 7 mortos em combate, 53 e três feridos, chegou a ter apenas 48 homens operacionais, que com a ajuda da C.CAV 1484 de quem tinha sempre um grupo de combate desponível. Fez anti-guerrilha que é o contrário do "Bate e foje". Só para esclarecimento. Parece-me haver para além da confusão semântica (termos utilizados), um maior desconhecimento de uma "guerra de guerrilha" o que por vezes se torna complicado para debate.

Mário Fitas

Joaquim Mexia Alves disse...

Meus camarigos

Estamos a discutir uma coisa que apenas tem a ver, quanto a mim, com os termos utilizados.

Ou seja, se usarmos o termo "retirar", parece-me correcto, se usarmos o termo "fugir" pode etr outra conotação.

As operações deste tipo, algums delas, nem todas, eram planeadas com ataque e retirada, tanto mais que a maior parte das vezes havia unidades que protegiam a retirada das forças atacantes/assaltantes.

Ora se havia um planeamento, havia uma retirada, não havia uma fuga.

Houve aliás outras operações na Guiné em que as nossas forças atacaram e acabaram por se instalar nos locais que tinham atacado/assaltado.

Estes comentários, quanto a mim, não têm a ver com o camarigo Mário, de quem estou francamente a apreciar a viagem, mas sim com o termo utilizado.

Outro que o escrevesse e eu reagiria do mesmo modo.

É uma conversa serena, á volta do poilão.

Um abraço camarigo para todos.

antonio graça de abreu disse...

Obrigado, camarigo Joaquim.
É isso mesmo, o termo será "retirar" após o golpe de mão, o assalto, a destruição do acampamento IN. Retirada ordenada, ou mesmo algo desordenada. Só em situações raríssimas terá acontecido a fuga com medo do IN.

Acho que a minha cabeça não é assim tão obtusa, mas há pessoas no blogue que não entendem certos comentários meus.
Todos os camaradas me merecem
respeito, incluindo o Beja Santos que saúdo pelas excelentes fotografias publicadas no blogue.
Bem hajas, Mário Beja Santos!

Agora tenho todo o direito de dar a minha opinião e de tentar analisar os factos.
"Factos são factos, e não opiniões", li ontem no jornal Público, pag. 27, e estas palavras
são do José Mourinho, treinador de futebol e homem determinado e inteligente.
"Factos são factos, e não opiniões".
isto também tem a ver com o nosso entendimento das coisas da Guiné.

Um abraço,

António Graça de Abreu