1. Mensagem de João Seabra, ex-Alf Mil da CCAV 8350,
Piratas de Guileje (
Guileje, 1972/73), com data de 18 de Fevereiro de 2009:
Caro Luís,
Pedindo desculpa por o fazer tão tardiamente, volto à
vexata quaestio de Guileje/Gadamael.
Já tinha dado a entender que a minha colaboração não seria muito fluente, por razões que expliquei: os nossos amigos do QP (Coutinho e Lima, Miguel Pessoa, Martins de Matos, Nuno Rubim) estão na reserva – e eu não sei o que me estará ainda reservado.
Nunca gostei da expressão "
cerco de Guileje" (se bem que, em certo sentido, possa ser apropriada) e – em texto de 2005 publicado no P63/74 de 27/1 – exprimo-me assim "
Guileje foi isolado mediante a interdição dos seus acessos rodoviários a Gadamael e à água potável …". E, acima, refiro que Guileje era um destacamento "
dependente, para o seu aprovisionamento de complicadas colunas rodoviárias múltiplas, de e para Gadamael, com uma pontualidade que poderia servir de exemplo à CP…".
Convém que estas afirmações sejam melhor explicitadas – nomeadamente no que se refere às colunas Guileje/Gadamael/Guileje aproveitando, para expressar uma sincera homenagem a duas unidades da FAP que muito admiro: a BA 12 (especialmente aos pilotos de Fiat G-91) e o BCP 12 e para fazer alguns comentários à última mensagem de António Matos Martins (*).
Numa próxima oportunidade enviarei uma mensagem, a qual – para alívio geral – será, espero, a última sobre este tema.
Em anexo, vai então um ficheiro, cujo interesse para publicação – de uma vez só ou fraccionadamente – deixo ao teu critério: é o Pastelão II, o qual, como é da praxe, é maior e mais temível do que o primeiro.
Abraço
João Seabra
Força Aérea, o BCP12 e a Coluna Guileje/Gadamael/Guileje (*)
A. Eu e a Força Aérea na Guiné
Refere António Martins de Matos, numa das suas mensagens, que a FAP na Guiné é (foi) muitas vezes esquecida e injustiçada.
Mas não por mim, certamente.
Sempre tive o maior respeito por este Ramo, por todas as suas acções de apoio, de projecção de forças helitransportadas, etc., desempenhadas, muitas vezes, em situações-limite, e com meios insuficientes.
Mas ao respeito acresce uma genuína e profunda admiração – que não é de agora – quando se trata de voo de combate.
E à admiração junta-se alguma inveja da minha parte, quando leio os textos do Miguel Pessoa e do Sr. Tenente-Coronel J. Pinto Ferreira: que capacidade para transmitir, clara e concisamente, tanta informação relevante, pontuando aspectos técnicos e acontecimentos trágicos com notas do mais fino humor!
Tal admiração que já vinha do antecedente, torna-se agora superlativa, ao tomar conhecimento cabal do esforço e da perícia exigidas aos 6 (seis!) técnicos pilotos de Fiat G-91 existentes na Guiné nos meses de Abril, Maio e Junho de 1973.
O que fica dito é evidentemente extensivo ao António Martins de Matos, apesar das nossas divergências em relação às concretas questões de que agora se trata.
E é justamente ao António Martins de Matos que eu peço para – em relação ao seu propósito de não escrever mais sobre este tema – abrir a seguinte excepção:
- Escreve-se no P3737 de 14/1/2009 (1) que "
o ataque a Gadamael foi sustido depois de se ter bombardeado Kandiafara",
- Interessa-me (e interessará a muita gente) saber em que dia (ou dias) se verificou tal bombardeamento, quais os meios e armas utilizados, e, supondo que o respectivo resultado não foi fotografado ou filmado, quais as notícias que há a tal respeito, de que fontes, se foram observadas explosões secundárias, por quem e em que circunstâncias.
Se o António Martins de Matos não quiser (ou não puder) satisfazer a nossa curiosidade, servindo-se da sua Caderneta de Serviço Aéreo, ou de outros elementos, apelo para o Miguel Pessoa nos mesmos termos e para os mesmos efeitos.
B. Factos, argumentos, especulações, opiniões, interpretações e juízos de valor
Ao ler o P3872 (2) de António Martins de Matos (AMM), lembrei-me do último de uma série de e-mails que enviei, no ano passado, ao Nuno Rubim, que estava de partida para o Simpósio sobre o Guileje, prestando-lhe uma série de informações que ele me pediu, e lá encontrei o seguinte trecho:
"Não dê como bom tudo o que lhe conto, sem exame crítico e confronto com outras fontes".
Neste aspecto o trabalho do historiador tem certas semelhanças com o tratamento de informações militares.
No meu caso especial – além de eventuais falhas de memória e lapsos de percepção – há dois factores que podem afectar o meu discernimento:
- a minha lealdade ao Coronel Coutinho e Lima;
- a minha admiração sem limites pelo BCP 12.
Aliás, do lado do PAIGC também avultam certas, por assim dizer, liberdades poéticas, como, por exemplo, a do
assalto a Guileje.
Vendo recentemente o filme “
As Duas Faces da Guerra”, ouvi o Sr. Presidente da República de Cabo Verde dizer que uma coluna de Guileje para Gadamael tinha sido
esmagada.
Portanto, este vosso amigo, a bem dizer, deveria ter contemplado todas estas peripécias – não do alto, como AMM – mas junto do Altíssimo.
Além disso, há também aqui uma motivação pessoal muito importante: se, na altura própria não discordei da decisão do Coronel Coutinho e Lima, seria asqueroso que agora o fizesse.
Não há, no que antecede, qualquer honestidade especial ou probidade intelectual a louvar. Aliás, na minha primeira intervenção, e antes de a tal ter sido perguntado, “
aos costumes disse logo que me considero amigo do Coronel Coutinho e Lima”.
Dito isto, entendo que se
se procura o registo do que efectivamente aconteceu – prescindindo do testemunho dos que estiveram em Guileje (de um lado e do outro) em Maio de 73 – o melhor é desistir já.
Os depoimentos de quem tem interesses especiais nas questões a resolver, não podem, nem devem, ser postos de parte. Devem, isso sim, ser ponderados com especiais cautelas, em função da sua consistência interna, e do confronto com outros elementos de prova.
Dirá AMM que não foi isso que disse. Mas é isso que vai pressuposto ou sugerido quando afirma que “
devem ser os que não estiveram em Guileje que podem fazer uma análise crítica dos acontecimentos, pela simples razão que poderão fazer esse estudo com a cabeça e não como coração”.
Vai aqui implícito – mas não demonstrado – que quem não esteve em Guileje, por esse simples facto, está isento de “
paixões demagógicas e de ideias pré-concebidas” (não gosto da expressão, mas é certo que está consagrada).
E, à cautela, ainda considera, dentro da vasta classe dos que “
não estiveram em Guileje”, uma categoria residual: a dos que não pensam, porque se pensassem, pensariam como ele (AMM).
Sucede que é virtualmente impossível que alguém tenha estado na Guiné em 1973 não tenha qualquer
ideia pré-concebida sobre os acontecimentos de Guileje.
Mais que não seja, porque a retirada, não autorizada pelo Comandante-Chefe, de uma guarnição de um destacamento, cria logo uma fortíssima
aparência desfavorável, propícia a toda a espécie de pré-conceitos, pré-juízos, ou mesmo juízos sumários (que são naturais e não têm nada de censurável).
Veja-se, a este propósito, o Post 3881 de 12 Fevereiro (3), pelo Vasco da Gama, que afirma
com toda a franqueza, que teve receio pela vinda da CCAV 8350 para o Cumbijã, achando melhor falar previamente com os seus homens a tal respeito.
Se se tratasse de submeter, agora, o sucedido em Guileje a qualquer tipo de
julgamento – nem que fosse o célebre
julgamento da história - aceitaria de bom grado a minha exclusão do júri, em nome da necessária distinção entre parte e julgador (mas teria sempre o direito de ser ouvido).
Mas como, segundo AMM, “
não se trata de encontrar culpados ou inocentes”, não me considero desqualificado para o debate.
Dito isto, reconheço as minhas limitações, e não só aceito como agradeço a quem me quiser corrigir.
Afinal,
corrigir os ignorantes é uma das obras de misericórdia espirituais (suponho até que vem logo a seguir a
consolar os aflitos).
Àcerca da célebre distinção entre
facto e
opinião, diria que é muito mais árdua do que parece.
Aliás, diria mesmo que, em se tratando de condutas humanas – mesmo as mais triviais (
bola na mão ou mão na bola, quem é que promoveu o contacto, etc.) – há sempre um vasto campo para a opinião.
Ensina-me até a minha experiência profissional, que é muito raro que duas, ou mais, pessoas que presenciaram o mesmo acontecimento o descrevam da mesma maneira (e, se o fizerem, é melhor desconfiar).
Ademais os
factos são estabelecidos mediante
provas, e no exame crítico das provas avultam sempre
juízos de valor (portanto matéria de opinião), mais que não seja sobre o respectivo
valor de convicção ou valor probatório.
Aliás, basta ligar a televisão para perceber que é muito frequente que as pessoas que mais estridentemente protestam, reportar-se
só a factos, (por oposição a opiniões) terem a irresistível tendência para enunciarem, principalmente, conclusões destituídas de premissas ou fórmulas
passe partout.
Finalmente, gostaria de acentuar o óbvio: os factos precisam de ser
interpretados, só assim se apura o seu sentido e alcance ou, se quiserem, o seu significado.
Já em matéria de alcance de armas, pode-se aplicar a velha máxima, segundo a qual
o material tem sempre razão (salvo avaria ou deterioração das munições).
No livro a Retirada do Guileje, há várias alusões a um
canhão 85mm, a
armas novas, a
projécteis muito rápidos, a situações em que o lapso de tempo entre a saída e o impacto é de 3 ou 4 a 5 segundos, ou mesmo em que há o impacto primeiro e só depois se ouve a saída.
Confortavelmente instalado, e 36 anos depois, resolvi fazer uma busca apressada pelo
WordWide Equipement, e lá encontrei as seguintes armas de artilharia de campanha:
a. O canhão (ou peça) soviético de 85 mm D44 (fotografia em anexo)
- Alcance em tiro indirecto: 15,65 Km
- Velocidade do projéctil à saída do cano: 1030 m/s
- Peso da granada: 10 Kg.
- Não é um canhão sem recuo. Tem um recuperador hidráulico.
- Foi produzido entre 1945 e 1953.
b. A peça de 130 mm M-46 modelo 1954, soviética (fotografia em anexo)
- Alcance em tiro indirecto c/projéctil Frag-HE OF-44: 22,5 Km
- Velocidade do projéctil à saída do cano: 930 m/s
- Peso da munição completa: 33 Kg
É hoje minha convicção que estas armas terão sido intensivamente utilizadas contra a nossa posição de Guileje, uma delas (a peça 85 mm) muito mais frequentemente do que a outra, e
muito plausivelmente faziam fogo a partir da Guiné-Conacri. Suponho até que uma parte muito substancial do fogo IN teria essa origem.
A distância de Guileje ao ponto mais próximo da fronteira é de 7,5 Km; de Guileje a Kandiafara, em linha recta, é de 17,4 Km; e de Kandiafara a Gadamael, também em linha recta, 21,8 Km (
Google Earth).
Mas lá está: é preciso mudar de armas.
Quer isto dizer que eu concordo com a tese de AMM? Não concordo.
Por um lado não atribuo o relevo que ele dá à questão de saber se o fogo de artilharia do IN vinha
de dentro do nosso território ou
da fronteira. Pelo contrário: acho que é uma questão relativamente secundária – por motivos que explicarei numa próxima oportunidade.
Por outro lado, entendo que houve fogo de outras armas:
- morteiro pesado 120 mm, se bem que utilizado de noite e em muito menor grau do que se verificou em Gadamael;
- canhão sem recuo B10 de 82 mm, arma muito portátil (no fundo tem certas semelhanças, de princípios de funcionamento, com alguns LGF, mas mais pesado e com maior alcance);
- morteiro 82 mm, o qual fazia parte da dotação dos bigrupos do IN.
Todas estas armas faziam,
obrigatoriamente, fogo
do lado de cá da fronteira.
As peças de artilharia de campanha são mais difíceis de regular do que os morteiros. As acima referidas estavam perfeitamente reguladas para Guileje: ao contrário do que sucedia em flagelações anteriores, a percentagem de impactos dentro do perímetro do aquartelamento excedia os 90%,
melhorando de dia para dia.
Já em Gadamael o IN nunca conseguiu regular capazmente o tiro destas peças: ao fim de 24 horas de experiência, já sabia que os
projécteis supersónicos caíam, na sua maior parte, na margem oposta do braço do rio Cacine que por lá passava, ou, quando muito, junto ao arame, pelo lado poente.
Já o morteiro pesado 120mm aí (em Gadamael) foi utilizado com grande intensidade e precisão,
seguindo todas as movimentações mais significativas de pessoal dentro do quartel.
Não me pareceu que o GRAD 122 mm (Katiusha) tenha sido utilizado contra Guileje.
Foi-o todavia em Gadamael com uma certa precisão. Como é que sei? Vi restos dos respectivos projécteis, designadamente numa enorme cratera na parte inferior da pista.
Evidentemente que valem sempre – para o que antecede como para o que se segue – as prevenções anteriormente feitas para os meus eventuais lapsos de memória e erros de percepção.
Quem assim o entender, poderá conjecturar que a operação sobre Guileje foi cuidadosamente planeada, e que Gadamael terá sido um, por assim dizer,
alvo de oportunidade, para o qual se aproveitou um poderoso dispositivo já reunido.
Também se poderá fazer suposições sobre o que ainda
sobrava para Guileje, senão ocorresse a retirada: entre 31 de Maio e 2 de Junho houve tantos impactos dentro de Gadamael, como em Guileje durante quatro dias.
Em Gadamael, fiz uma observação muito mais aprofundada do tiro de armas pesadas do IN e dos seus efeitos do eu em Guileje.
Aliás em Guileje adquiri uma aversão especial e duas coisas: abrigos (preferi valas bem feitas e visão desimpedida para as orientações do fogo IN, e clara percepção dos seus efeitos acústicos) e
itinerários obrigatórios.
Escusado será dizer que valas bem feitas (bons parapeitos, estreitas e profundas, em linha quebrada com um homem em cada segmento), era coisa que não existia em Guileje. E muito menos em Gadamael, onde, inicialmente, as valas, que não chegavam para toda a gente, eram largas e com cerca de 50cm de profundidade (quando muito), em segmentos de linha recta de grande extensão, de tal modo que, cada granada que lá caísse,
enfiava logo três ou quatro pessoas.
C. O BCP 12
Quando a CCP 122 (transportada pelo rio Cacine) chegou a Gadamael, vindo da península do Catanhez (no dia 2JUN73 e não no dia 3, como saiu por lapso em meu escrito anterior), trazia consigo um conhecido meu: o Alferes Miliciano Pára Afonso, que andou no Liceu D. João de Castro com um dos meus irmãos.
Fomos conversando, e ele apresentou-me ao Comandante da sua Companhia, o Capitão Pára Terras Marques e, posteriormente, ao Comandante da CCP 123 Capitão Pára Cordeiro (morto estupidamente num acidente ocorrido num salto de grande altitude).
Se bem me recordo, a CCP 122 tomou posição ao longo do lado poente da Tabanca, paralelamente à pista. A sensação que eu tive, nos primeiros contactos, foi a de que aquela tropa já tinha sido
puxada até aos limites, principalmente na complexa ocupação da península do Catanhez e, eventualmente, em outras operações.
No primeiro dia, constatei que a CCP 122 levava, talvez, vinte minutos a tentar sair do aquartelamento: a qualidade do fogo inimigo era tal, que dirigiam flagelações para os pontos onde se tentavam as saídas, orientados por um posto de observação avançada, situado (como se veio a descobrir) num local imediatamente a sul do braço do rio Cacine que passava por Gadamael, e numa quota relativamente mais alta, porque o quartel desenvolvia-se em declive suave até ao rio.
Muitas vezes, os bigrupos e as Companhias só se conseguiam agrupar já fora do arame. Notei que as tropas - pára-quedistas – devido ao seu treino e mentalidade eminentemente ofensivos – reagiam, às vezes, um pouco temperamentalmente ao facto de se verem batidas passivamente, no aquartelamento, pelo fogo das armas pesadas do IN.
De qualquer modo, diria que passavam muito mais tempo fora do que dentro do aquartelamento, tendo sempre em Cacine, em recuperação, uma das Companhias.
Pois bem: o dispositivo do IN em torno de Gadamael foi, ao longo de três ou quatro semanas de operações, literalmente empurrado pelo BCP 12, desde o arame de Gadamael até bem para lá da fronteira com a Guiné-Conacri.
O fogo do IN foi perdendo não só intensidade como, sobretudo, qualidade (à medida que lhe era negada a observação avançada), e as, por assim dizer,
bases de fogos que tivesse a veleidade de manter, dentro do alcance de Gadamael, seriam inevitavelmente cercadas e aniquiladas.
Evidentemente que a FAP desempenhou aqui um importante papel: o seu apoio de fogo às operações do BCP 12 foi intensíssimo.
Contra ela o IN reagia com tudo o que tinha disponível, além do Strela (sobre cujo uso só posso conjecturar), recordo-me distintamente de ouvir insistente fogo de anti-aérea convencional, provavelmente de quádruplas.
Efectivamente os Fiat G91 estavam, nessa altura, pintados de cinzento metálico. Julgo até recordar-me de um dos seus indicativos rádio: "
Níquel" (mas também posso estar a divagar).
Suponho que havia todo um histórico de
colaboração profissional entre o BCP 12 e os pilotos de Fiat-G91, que tornava a combinação muito eficiente.
A este propósito, o António Martins de Matos tem toda a razão: o apoio de fogo pela FAP tem toda a sua eficácia muito condicionada à colaboração das forças terrestres, e compreendo a exasperação de um piloto que só obtém indicações vagas.
Em 21 de Junho de 73, a CCP 121, comandada pelo então Tenente (hoje Major General) Hugo Borges, aproveitando o barulho da chuva torrencial, conseguiu cercar um importante acampamento do IN 8 Km a sudeste de Gadamael – tendo conseguido entrar dentro das valas deles e aberto fogo a partir daí.
Não consigo descrever os metros cúbicos de armamento e munições capturados, parte dele transportado em Zebro do DFE n.º 22 para Cacine, e o restante, por terra, para Gadamael.
Foi esta mesma Companhia que, em 23 de Maio, saiu de Binta e chegou a Guidage, sofrendo quatro mortos embora a coluna, e os elementos dos DFE n.ºs 1 e 4 que a acompanhavam, terem tido de voltar para trás.
Nem esta Companhia, nem o Batalhão, tiveram qualquer condecoração, individual ou colectiva, por estas acções.
Segundo a verdade oficial da época,
salvaram Gadamael o Capitão (Major General) Manuel Soares Monge, e o Coronel (Major General) Rafael Durão.
O primeiro destes oficiais é, sem dúvida, uma pessoa inteligente e sensata, e a sua influência junto do General Comandante-Chefe terá, certamente, contribuído para que tenham sido, tardiamente, tomadas as decisões que se impunham sobre Gadamael.
Como escrevi ao Nuno Rubim, compreendo que aos responsáveis, actuais e passados, da Guiné Bissau não lhe apeteça organizar um simpósio sobre a temática compreensiva de Guileje e Gadamael.
Mas que os nossos responsáveis, à época das ocorrências, tenham votado ao esquecimento o desempenho do BCP 12 em Gadamael, é triste. Muito triste.
Uns dias antes do sucesso da CCP 121, a CCP 122 teve a infelicidade de cair em forte emboscada, onde sofreu, parece-me, cerca de quinze feridos, os quais vieram aos ombros dos seus companheiros até ao aquartelamento, e daí foram evacuados por sintex ou Zebros para Cacine.
Foi portanto com grande surpresa que li o P3783 (4) de António Martins de Matos, onde refere ter o Major Raul Folques, ferido, dito por rádio: “
Ó Tigres, não se vão embora que estes… querem deixar-me aqui, sozinho”.
Como também me surpreende, a referência, na operação Ametista Real, a
desaparecidos (três, segundo Matos Gomes, treze segundo Almeida Bruno) – mas aqui a surpresa resulta certamente da ignorância das circunstâncias concretas.
Especulando com meras aparências, poderia dizer que o BCP 12 tinha uma, por assim dizer, técnica de combate diferente.
Não quero deixar passar a oportunidade sem homenagear a memória do Sr. Tenente Coronel (Coronel Pára) Sílvio Araújo e Sá, Comandante do BCP 12 e do COP5 desde 5/6/73.
Admito que a extremidade do esforço a que teve de submeter a sua unidade, lhe tenha proporcionado inimizades dentro dos seus subordinados.
Para mim, no entanto, constituiu uma grande novidade: um Comandante perfeitamente lúcido (numa altura em que os mais altos responsáveis andavam à deriva, a começar pela General Comandante-Chefe), que tinha uma noção precisa da situação, e os meios indispensáveis para sobre ela actuar.
Convém salientar que o BCP 12 actuou em Gadamael abordando o IN, e o seu dispositivo, nas circunstâncias e nas oportunidades que entendia, e que eram as escolhidas pelo seu perspicaz oficial de operações Major (Coronel) Moura Calheiros, sem quaisquer restrições impostas pelo uso de
itinerários obrigatórios ou constrangimentos de abastecimento e rotação de pessoal, o que tudo fluía, à vontade, pelo Rio Cacine.
Fica então aqui este testemunho de um não-pára-quedista, que eu entendo dever prestar, porque, tanto quanto os conheço, se nos dirigirmos à maior parte deles, é difícil
arrancar-lhes mais que cinco palavras: - “F
ez-se o que foi preciso”.
D. A Coluna Guileje-Gadamael-Guileje
1. Como já referi, Guileje dependia, em absoluto, de colunas de reabastecimento de e para Gadamael, cujo processo de execução se passa a sumariar:
a. Saíam de Guileje dois pelotões da respectiva Companhia e uma secção de milícias picando a
estrada;
b. À frente ia a milícia, a qual, a partir da ramificação, para Guileje, da estrada Gadamael-Gadembel (ponto B do extracto de carta em anexo, e de ora em diante
o cruzamento) flanqueava a estrada, isto é: seguia um itinerário paralelo, a 30 ou 40 metros da mesma, do lado da fronteira;
c. O pelotão da frente da nossa Companhia (determinado por escala), prosseguia pela estrada, indo estacionar perto de um pontão sobre o
rio Bendugo, cerca de 5 Km adiante do dito cruzamento, no limite da Zona de acção da Companhia;
d. O pelotão de trás instalava-se no
cruzamento;
e. Do lado de Gadamael adoptavam-se disposições idênticas;
f. Estabelecida a segurança lateral do lado da fronteira, partiam: uma coluna (carregada) de Gadamael para Guileje, e outra de Guileje para Gadamael para ir aí carregar;
g. Ambas as colunas levavam embarcado um pelotão das respectivas Companhias;
h. A coluna de Guileje levava ainda uma autometralhadora Fox (c/duas metralhadoras pesadas Browning 12,7 e 7,9) e uma viatura descoberta White com uma Breda 7,9 mm;
i. A coluna de Gadamael para Guileje levava uma viatura White;
j. A estrada era muito apertada, a mata, de ambos os lados, muito fechada, e o único sítio onde as duas colunas se podiam cruzar era, justamente, perto do pontão sobre o
rio Bendugo: a que chegasse primeiro, esperava pela outra;
k. A coluna de Gadamael descarregava em Guileje e regressava;
l. A coluna de Guileje carregava em Gadamael e regressava;
m. Concluídas estas extraordinárias manobras (que se iniciavam pelas 7.00h), os pelotões de segurança apeados regressavam aos aquartelamentos respectivos (o que sucedia pelas 15.00h)
n. Durante a execução das colunas estava estacionada (parece-me) na pista de Guileje, uma DO-27 armada com rokets e foguetes. A partir de Abril as colunas deixaram de contar com protecção aérea por este meio.
Estas manobras, que envolviam cerca de 80% do efectivo de cada Companhia, não tinham, para o Comando-Chefe, a consideração de
actividade operacional.
Entre Junho e Outubro todas as linhas de água que passavam por esta estrada transbordavam, e Guileje ficava isolada de Gadamael durante 4 meses. Razão pela qual, durante o mês de Maio, as colunas se efectuavam dia-sim, dia-não, seguindo sempre os mesmos horários e rotinas.
Tal frequência, comprometia, inevitavelmente, a actividade de patrulhamento das duas Companhias envolvidas.
No caso particular do ano de 1973, era necessário pôr em Guileje todos os abastecimentos necessários para 4 meses de isolamento, e ainda os obuses 14 cm que chegavam, levar as peças 11,4 cm, que partiam, e respectivas munições, o que poderia determinar que as colunas viessem a ser diárias.
2. Combates do dia 18 de Maio de 1973
Na semana anterior, por ordem do Major (Coronel) Coutinho e Lima, saí com o meu pelotão para tentar regular o tiro de um morteiro 10,7 cm (o outro foi requisitado, com as respectivas munições para Cufar), para o chamado
cruzamento (ponto B da carta em anexo).
Após várias tentativas e aproximações, julguei aperceber-me de dois ou três impactos, senão no
cruzamento, pelo menos lá perto.
Aproximei-me para tentar o reconhecimento dos pontos de impacto, mas não consegui, por a mata ser muito densa.
No dia 18 de Maio de 1973, às 7.00h, saíram de Guileje, por esta ordem:
- uma secção de milícias reforçada;
- o pelotão do alferes Manuel Reis, destinado a estacionar no Bendugo;
- o meu pelotão, destinado a estacionar no cruzamento.
Como se verá, com início a 200 ou 250 metros do cruzamento, o IN tinha instalado, na estrada, 16 a 18 potentes fornilhos, os quais, por serem accionados à distância por um dispositivo eléctrico, podiam ser enterrados a profundidade que evitasse a sua detecção pelas
picas – trabalho de sapadores especiais.
Tinha chovido durante a noite, e o sargento de milícias deparou-se com uma pegada (livro a
Retirada de Guileje), ou com um troço de fio eléctrico (segundo me contaram outros milícias), e começou a sondar com a
pica.
Foi logo abatido, eventualmente por um atirador especial.
Imediatamente todos (ou grande parte) dos fornilhos foram accionados (prematuramente) por controlo remoto, seguindo-se uma fortíssima acção de fogo do inimigo (várias metralhadoras ligeiras e LGF RPG7), causando imediatamente 4 feridos graves e alguns ligeiros, além do morto já referenciado.
O morteiro 10,7cm do aquartelamento fez dois ou três tiros, tendo suspendido o fogo por indicação do alferes Manuel Reis porque as granadas quase caíram em cima do nosso pessoal.
Refira-se que havia um único especialista em armas pesadas de infantaria, o Furriel Mil Neves, que estava incluído no GC do Alferes Manuel Reis, estando o tiro de morteiro 10,7 , nesse dia, cometido ao 1.º Sargento encarregado do material Dias Ferreira.
E porque é que o Manuel Reis levou o único especialista em morteiros pesados da Companhia? Provavelmente porque não tinha outro Furriel disponível.
Enquanto isto se passava, eu estava situado no pontão do
rio Mangojá, e pensei abrir fogo de morteiro 60mm.
Acabei por não o fazer, por não ter confiança, nem em mim próprio, nem no atirador habitual, para fazer tiro indirecto a tão curta distância, temendo um acidente por
fogo amigo.
Entretanto o Manuel Reis recuou, trazendo os feridos graves, e cedeu-me a vez. Já tinha levado a sua dose (e que dose!).
Ficaram junto da cratera do 1.º fornilho, o cadáver do sargento da milícia e várias armas.
Pedi via rádio, que transmitissem ao Capitão Quintas que pretendia que me enviassem a Fox, a White, um unimogue e dois morteiros 60 mm e respectivos pratos.
Com cerca de 12 homens do meu pelotão (e dois do pelotão do Manuel Reis que se voluntariaram, vindo um deles a morrer) saímos da estrada para a esquerda (em relação ao sentido da nossa marcha) em linha pelo resto da lala do rio Magojá, fazendo fogo para a orla do mato denso com tudo o que tínhamos (dilagramas, LGF 8,9 etc.).
Reentrámos na estrada no local onde estavam o cadáver do Sargento de milícias e as armas abandonadas, e avancei até à cratera aberta pelo 3.º fornilho.
Entretanto, chegou à estrada (pontão sobre o rio Mangojá) não o que eu tinha pedido (Fox e Unimogue) mas a coluna completa, com a Fox em 2.ª posição.
Voltei a correr para trás, soltando todas as improprérios que me vieram à cabeça.
Enfim, tristes figuras.
Conseguimos que a Fox passasse para a frente, e tomasse posição imediatamente antes da cratera do 1.º fornilho.
O pelotão da CCaç 3520 (Companhia de Cacine) que estava de reforço a Guileje, apeou-se no ponto A, do extracto de carta anexo, e aí ficou.
Na coluna vieram mais quatro milícias entre as quais o
velho Adulai Sila ou Adulai caçador (morreu em Gadamael) cuja presença me acalmou.
Entretanto, passou por mim disparado um
corrécio – Furriel Mil Op Esp Marques dos Santos, transferido para o COP5 na sequência de uma punição - transportando um morteiro 60mm sem prato e uma caixa das respectivas granadas, que me ultrapassou em cerca de 20 metros (ainda lhe gritei: - Pára aí!).
Seguiu-se nova e violenta acção de fogo do IN (metralhadoras ligeiras e RPG7).
Na altura eu estava em pé na estrada (que estupidez!), com um LGF 8,9 nas mãos, que um milícia (Tala Camará) tentava municiar.
O dito milícia levou um tiro que lhe entrou por debaixo da clavícula esquerda e lhe saiu por cima da omoplata do mesmo lado, mas só
carne limpa.
Saltei para dentro da cratera do 3.º fornilho, arrastando-o comigo.
As Browning 12,7 e 7,9 da Fox (que enfiavam a estrada), responderam ao fogo IN, enquanto este durou.
O 1.º Cabo Rabaço, do pelotão do Manuel Reis, que estava duas ou três posições atrás de mim (com o lança
rockets de 37 mm), foi atingido por estilhaços do RPG7, sendo que, ao que julgo lembrar-me, um deles se terá cravado entre duas vértebras. Morreu no quartel, 3,5 horas depois, por falta de evacuação.
O Furriel Marques dos Santos escapou miraculosamente, mas deixou, no ponto onde retrocedeu, o morteiro 60 e respectiva caixa de granadas.
Nunca pensei que 20 metros fossem uma distância tão grande. Enfim, eu e o Adulai Sila lá fomos, em
sprint, buscar o morteiro e as granadas, e só à volta o IN reagiu pelo fogo.
Lembro-me que mergulhei para a cratera do 3.º ou 4.º fornilho de tal maneira que parti a coronha da G3.
Enquanto isto, não consegui restabelecer o fogo do morteiro 10,7. Um obus 14 terá feito 55 a 70 tiros, tendo os projécteis caído
in the middle of nowhere, alguns, muito para sudeste do cruzamento (já me referi em escrito anterior, aos problemas de falta de regulação do tiro desta arma).
Retirámos para a aquartelamento, tendo a Fox de fazer mais de 100 metros em marcha atrás.
Da parte do inimigo não me parece que tenham praticado um grande feito de armas.
Perante pouco mais de uma dúzia de espontâneos, vagamente comandados por um atarantado alferes, tinham a obrigação de nos abater ou capturar a todos.
Não me parece que uma Fox imobilizada fosse grande obstáculo para uma dúzia de RPG2 e RPG7.
Tudo visto, não apanharam uma arma sequer.
Não houve apoio aéreo por falta de condições meteorológicas (nuvens baixas?).
A Repoper recomendou que, de futuro, se coordenassem as colunas com as condições meteorológicas adequadas.
O que o Coronel Coutinho e Lima poderia fazer talvez (e digo-o sem raiva) – lançando cartas de Tarot.
Ainda por cima, atenta a minha rudimentar instrução militar, confesso que não saberia como lidar com um ATAP, na modalidade de bombardeamento a picar, com bombas de 750 libras, lançadas dos 5000 pés.
Provavelmente, teríamos que nos dirigir para o ponto A da carta anexa, e depois ir reconhecer o resultado.
E nem quero imaginar o que seria, se o ATAP fosse dirigido a partir do aquartelamento.
Quanto ao efectivo que nos emboscou, estimo-o em um bigrupo (40 homens, fora os sapadores especiais) talvez um bigrupo reforçado (70 homens) das FAN (forças armadas nacionais) e não das FAL (forças armadas locais).
Como?
a. Considerando a intensidade do fogo de metralhadoras ligeiras Degtyarev: não seriam menos do que 4 ou 5 destas armas.
b. O fogo de RPG7 foi intenso, sempre enfiando a estrada. Nas imediações do ponto B a mata é densíssima e é impossível usar esta arma. Onde a mata
abre, e é possível dispará-la é no cruzamento propriamente dito. Calculo portanto que o dispositivo inimigo teria uma extensão de 200 a 250 metros.
Evidentemente que só poderia ter a certeza se mandasse parar a guerra com um apito, e passasse revista à subunidade inimiga (podia ser que encontrasse algum tão mal ataviado como o Vasco da Gama).
E como é que eu sei que havia 16 a 18 fornilhos e não menos?
A bem dizer não sei: só fui até à 6.ª cratera. Penso todavia, ter visto mais duas à frente.
O Comandante Fefé Cofre do PAIGC refere 18 fornilhos comandados por “
cordão que ia até aos abrigos dos sapadores” (“
As Duas Faces da Guerra”, testemunho a considerar com as reservas já enunciadas).
Posto isto, pode-se conjecturar sobre o que deveríamos ter feito.
Envolver o IN?
Com o efectivo disponível, não sei quem é que envolveria quem. Ademais o IN deveria ter-se prevenido contra essa manobra, quer com minas e armadilhas (aproveitando os seus sapadores) quer com uma equipa de reserva por detrás do seu dispositivo.
Sondar, mais profundamente, a zona de morte da emboscada? Até onde? Até ao 10.º fornilho? Até ao 18.º?
Uma coisa tenho eu por certa: se não fosse o Sargento da milícia Jan Samba, e a nossa coluna apeada tivesse
entrado mais 200 (ou 100) metros, o Coronel Coutinho e Lima poderia ter-se apresentado, no seu
briefing com o General Comandante Chefe, levando – a crédito das suas modestas pretensões – uma carnificina satisfatória.
Uma curiosidade:
36 horas antes destes acontecimentos, a estrada tinha sido toda picada, tinha-se realizado colunas nos moldes descritos e – no local onde o IN montou o seu dispositivo – esteve instalado um Gr Comb nosso.
É caso para dizer que quem vai ao mar perde o lugar. E também para introduzir um tema que, ao que parece, o António Martins de Matos não leva em devida consideração: O IN tinha o irritante hábito de se movimentar.
Outra curiosidade:
O milícia Tala Camará (não confundir com outro, o Tala Uri Camará), veio para Portugal, em meados da década de oitenta. Falando muito mal o português, foi ao Depósito de Adidos (onde fui desmobilizado) e apareceu em casa dos meus sogros, cuja morada eu tinha indicado como meu domicílio na disponibilidade, procurando por mim.
João Seabra
Canhão (ou peça) soviético de 85 mm D44
Peça de 130 mm M-46 modelo 1954, soviética
Extracto de Carta
Fotos: © João Seabra (2009). Direitos reservados.
__________
Notas de CV:
Vd. postes de:
(1) 14 de Janeiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3737: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (11): Um erro de 'casting', o comandante do COP 5 (António Martins de Matos)
(2) 11 de Fevereiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3872: A retirada de Guileje, por Coutinho e Lima (21): Resposta de António Martins de Matos a Nuno Rubim
(3) 12 de Fevereiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3881: Considerações sobre o P3853: Apontamentos sobre Guileje e Gadamael (Vasco da Gama)
(4) 23 de Janeiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3783: FAP (1): A diferença entre o desastre e a segurança das tropas terrestres (António Martins de Matos, Ten Gen Pilav Res)
(*) Vd. postes da série Dossiê Guieje / Gadamael 1973:
24 de Janeiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3788: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (1): Depoimento de Manuel Reis (ex-Alf Mil, CCav 8350)
24 de Janeiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3789: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (2): Esclarecimento adicional de Manuel Reis (ex-Alf Mil, CCav 8350)
25 de Janeiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3790: Dossiê Guileje / Gadamael (3): "Um precedente grave" (Diário, Mansoa, 28 de Maio de 1973) ... (António Graça de Abreu)
27 de Janeiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3801: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (4): Cobarde num dia, herói no outro (João Seabra, ex-Alf Mil, CCav 8350)
29 de Janeiro de 2009 >
Guiné 63/74 - P3816: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (5): Strellado nos céus de Guileje, em 25 de Março de 1973 (Miguel Pessoa, ex-Ten Pilav)
1 de Março de 2009 >
Guiné 63/74 - P3954: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (6): A posição, mais difícil do que a minha, do Cap Cmd Ferreira da Silva (João Seabra)
4 de Março de 2009 >
Guiné 63/74 - P3982: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (7): Ferreira da Silva, ex-Capitão Comando, novo comandante do COP 5 a partir de 31/5/1973
15 de Março de 2009 >
Guiné 63/74 - P4035: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (8): Amigo Paiva, confirmas que fomos vítimas de ameaças e pressões (Manuel Reis)