segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9071: Notas de leitura (304): Dois Anos de Guiné - Diário da Companhia de Caçadores 675, por Fur Mil Oliveira (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 28 de Outubro de 2011:

Queridos amigos,
Aqui se começa a falar do diário de JERO, um livro de 1965, de circulação restrita. Uma construção ingénua e comovente, um punho cheio de convicções e um olhar cheio de ternura. Pergunto se nalguma frente de combate houve um capitão tão estimado (quase idolatrado) como o de Binta, o “capitão do quadrado”. Mas pergunto se alguma vez nos passou pela cabeça que existisse um enfermeiro tão desvelado a fazer crónica, escondendo o seu heroísmo tal como se mascarava no arvoredo, nas longas esperas de uma emboscada. Não sei se é o JERO se somos nós quem está de parabéns.


Estou a trabalhar com o exemplar nº 31, pertença do Belmiro Tavares.
Obrigado, Belmiro, por me teres confiado esta missão.

Um abraço do
Mário


Um documento histórico, o diário da CCAÇ 675, o diário de JERO

Beja Santos

José Eduardo Reis de Oliveira (JERO) é um Furriel Miliciano Enfermeiro responsável por uma singularidade histórica: escreve o diário da CCAÇ 675 referente ao período de Maio de 1964 a 1965 que a SOCTIP (uma conceituada tipografia da época) imprimiu. Todos os volumes têm carimbado o termo “confidencial” e todos os exemplares estão numerados. O nosso confrade Belmiro Tavares muito me sensibilizou entregando-me para análise o diário que JERO, outro dos nossos confrades, registou e veio a ser impresso a Lisboa, quase em tempo real. O “capitão do quadrado”, Alípio Tomé Pinto, escreveu a ressalva de que tal diário continha matéria classificada e não podia ser do conhecimento de todas as pessoas. Agora já pode, o diário de JERO passou a ser um bem patrimonial por mérito próprio, pelo desvelo do autor em tudo quanto escreve, refugiando-se num semianonimato, exaltando o capitão de Binta, compendiando meticulosamente os actos de um colectivo que deixou memória pelo espírito corpo e pela sua mentalidade ofensiva, lá para os lados do Cacheu, em meados dos anos 60. Aqui se publicitou o ineditismo de Tarrafo, de Armor Pires Mota, publicado no Jornal da Bairrada, sem nenhum óbice da censura e logo retirado, em 1965, quando posto à venda em forma de livro. JERO, ao coligir todos os dados do seu diário, só queria registar um período de uma gesta colectiva anónima, escreveu para as gentes da CCAÇ 675, não para nós. Também por essa razão de pura discrição, o JERO já então revelava os seus primores de carácter.

Estamos em Maio de 1964, a Companhia independente parte de Évora, no dia 8 chegam a Lisboa cerca das 6.30 horas: “Particularmente impressionante a passagem em marcha lenta da composição pelas zonas do Areeiro, Campolide e Alcântara, com muitas pessoas, principalmente de classes humildes a caminho do seu trabalho, que nos acenavam, desejando-nos felicidades para a vida difícil que ia começar para todos nós”. Depois a despedida, o Uíge afasta-se e cumpre a JERO inquietar-se, falando por todos, como regista no seu poema “Partida”: “Que vai ser de mim? Viverei? Voltarei a ver os meus? A Pátria querida?”.

O Uíge vai fundear diante de Bissau, a mocetada arde em curiosidade: “Nos mais variados pontos do navio, empoleirados nos mastros, nas baleeiras, na ponte, nas amuradas, algumas centenas de olhos dirigiam-se para a pequena cidade que crescia junto do rio e se estendia para o interior". E o mês de Maio decorre com instrução na carreira de tiro e no campo, JERO anota: distribuição do correio. Junho é praticamente dedicado a exercícios operacionais, no dia 13 JERO anota: um mês na Guiné. Dia 19, pelas 8 da manhã: desastre de viação, choque de um Unimog com um tronco de palmeira, viatura destruída, um ferido ligeiro. A 23 há boatos de caserna, está próxima a ida para o mato. A 28 partem de Bissau no “Alexandre da Silva”. JERO já está afadigado a registar os eventos primigénios: “Poucos momentos depois do desembarque o nosso capitão saiu com o primeiro pelotão para uma patrulha de reconhecimento nas proximidades do estacionamento, seguindo até ao entroncamento de Courbá, onde se incendiaram duas moranças. Continuou-se a descarga do navio até cerca da meia-noite. No silêncio da noite as sentinelas estavam atentas. E o mês de Julho introduz os primeiros momentos épicos, mesmo o leitor menos experimentado nas fainas da guerrilha e da contra-guerrilha questiona porque é que Binta e arredores viviam entregues a uma quase total liberdade das forças do PAIGC. Vamos aos factos.

Obras no quartel e saída dos grupos de combate, montam-se emboscadas. Nada de viaturas, tudo a butes para evitar sinistros no homem e na máquina. O “capitão do quadrado” tem gente motivada, mal chegam arranca a operação Lenquetó (povoação situada a 12 quilómetros de Binta. Troca de tiros, um atirador de uma árvore é abatido e “outros dois indivíduos saíram em correria da tabanca e ziguezagueando conseguiram passar por meio de uma secção, escapando ao fogo de duas ou três dezenas de atiradores. Foi uma fuga desesperada que um mínimo de probabilidades de êxito resultou”. Houve um inimigo que apesar de ferido lançou uma granada e acto contínuo foi abatido. Prisioneiros foram cerca de 40. Vejamos os detalhes registados por JERO, acerca de um regresso enquanto Lenquetó ardia, enquanto, no chão, ficavam os corpos de duas ou três dezenas de inimigos: “Quando acerca de 500 metros de Caurbá progredíamos numa zona fortemente arborizada, fomos emboscados pelo inimigo. Depois de um primeiro momento de expectativa e surpresa, instalámo-nos rapidamente em círculo (…) Continuámos a responder ao inimigo com fogo baixo e uma bazucada deve ter feito grandes estrago no inimigo, pois ouviram-se gritos lancinantes durante alguns momentos. Junto a uma árvore o nosso capitão transmitia ordens e recomendava ordem no fogo para não virem a faltar munições (…) A pedido do nosso capitão o piloto metralhou a zona por onde, electrizados pelo exemplo do nosso capitão que arrancou para a frente, seguimos o mais rapidamente possível, respondendo ao fogo inimigo que de cima das árvores nos continuou a flagelar durante algum tempo. A experiência e o arrojo do nosso Comandante de Companhia conseguiu que dois grupos de maçaricos que se agarravam ao terreno logo que se ouvia um tiro “voassem” por uma zona batida pelo fogo do inimigo que nos viu afastar com rapidez e segurança. A registar a tentativa de fuga de três prisioneiros aquando da retirada da zona de emboscada que no entanto foram abatidos (…) Acabava-se de viver o nosso primeiro dia operacional em terras da Guiné. Tínhamos combatido duramente com o inimigo. Tinha chegado a Binta uma Companhia de homens duros chefiados por um leão que andava de pé debaixo das balas inimigas”.

Isto é o começo, estamos no dia 4 de Julho. Em catadupa, prosseguem os patrulhamentos ofensivos e golpes de mão e batidas. De vez em quando, o inimigo resiste mas acaba por se pôr em fuga. O fundamental é que ao longo do mês a CCAÇ 675 percorre todo o território da sua quadrícula, a prudência mantém-se, os temores esfumam-se. JERO participa ou colhe informações para compendiar as suas notas, por vezes são parágrafos adubados, outras vezes prima pelo laconismo: “Não foi possível carregar os géneros em virtude da chuva. A zona ficou armadilhada”. Registam-se ingenuidades, sustos com vacas e burros, dores de cabeça debaixo de fogo, alguém rasteja a pedir ao sargento enfermeiro umas aspirinas. As estradas que estavam ao abandono são limpas das abatizes, assim se chega a Guidage, se contacta com a população que fugira para o Senegal. Lá para o fim do mês vai-se até Canicó, há uma grande troca de fogo, impressivamente registada. O guia Pathé Baldé é morto em combate. O “capitão do quadrado” propõe no seu relatório uma condecoração para este brioso combatente: “Não posso deixar de frisar os bons serviços prestados pelo guia Pathé Baldé.

Além do entusiasmo permanente pela missão que estava cumprindo, era sempre o primeiro nos locais mais difíceis. Granjeou com as suas atitudes e maneira de ser a amizade de todo o pessoal da Companhia; correcto e bem-educado, ele “valia por uma secção” como os soldados diziam ao referir-se ao seu valor; com a sua morte perdeu esta Companhia um bom guia e auxiliar que dificilmente poderá ser substituído. Creio que seria de grande valor que à família do mesmo fosse dada uma pensão de sangue e se possível o Exército demonstrar-lhe reconhecimento, pelos serviços prestados, através de uma condecoração, que de facto merece”.

Isto é o princípio do diário de JERO, que soma cerca de 280 páginas. Surpresa mais gratificante não podia ter. Publicitar o diário do JERO no blogue, anunciá-lo a quem estuda a guerra da Guiné, é uma honra e um grato dever.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Novembro de 2011 < Guiné 63/74 - P9057: Notas de leitura (303): Amílcar Cabral Filho de África, de Oleg Ignatiev (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P9070: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (2): Hugo Spadafora (1940-1985), que combateu como médico e guerrilheiro nas fileiras do PAIGC (entre 1965 e 1967), e que encontrei na década de 1980 no Panamá...

1. Texto do Zé Ferraz, nosso camarada da diáspora (*):

Na década de 80, quando era Zone service manager - para a América Central e Caraíbas - da divisão Detroit Diesel Allison da General Motors, ia muitas vezes ao Panamá. 


Numa dessas visitas estava num almoço com os meus contactos locais quando o gerente da nosso representante me disse:
- Como és Português e estiveste em África, quero apresentar-te a um amigo meu.
- Ok, onde está ?
- Está para chegar porque te quer conhecer pessoalmente.

Passados ums minutos chega um tipo que à guisa de apresentação me diz:
- Corpo di bó ?

Fiquei espantado mais ainda quando soube o seu nome:
- Eu sou o Hugo Spadafora, médico. 

Primeiro senti um ódio intenso, acalmei-me e durante a tarde ficámos na mesa do restaurante a falar dos nossos tempos na Guiné. Para mim, foi uma experiência catártica que fechou em mim o desejo de vingança que guardei comigo durante anos.

Posteriormente o Hugo foi morto (degolado), pelo que a gente diz, por ordem do ditador Noriega [e não Torrijos, como certamente por lapso escreveu o Zé]. Vox populi vox dei [, Voz do povo, voz de Deus].

Um forte abraço. 
Zé. 

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Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 20 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9068: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (1): O valente soldado Júlio

(**) Vd. entrada da Wikipédia em inglês, sobre o médico, guerrilheiro e ativista político, panamiano, Hugo Spadafora (1940-1985):

(...) Hugo Spadafora Franco (September 1940 – September 1985) was a Italian and Panamanian doctor and guerrilla fighter in Guinea-Bissau and Nicaragua. He criticized the military in Panama, which led to his murder in 1985.

Born in Chitré, Spadafora was a doctor, graduated from the University of Bologna, in Italy. He served as a combat doctor with the independence guerrilla of Guinea-Bissau.

Originally a critic of the military regime headed by Omar Torrijos, he served as its Vice-Minister of Health. In 1978, he organized the Victoriano Lorenzo Brigade, formed by a group of Panamanian fighters to fight against the Anastasio Somoza Debayle regime in Nicaragua.

Concerned about the increased Soviet and Cuban influence in the Sandinista regime of Nicaragua and the delay of free elections, Spadafora joined the Sandino Revolutionary Front (FRS) alongside Edén Pastora ("Comandante Zero"), hero of the August 1978 seizure of Somoza's palace. 

The rise of Manuel Noriega as authoritarian ruler of Panama compelled Spadafora to denounce Noriega's protection of drug trafficking. Spadafora was detained by Noriega's forces when entering Panama from Costa Rica in September 1985, and his decapitated body was later found stuffed in a post office bag. The autopsy later found Spadafora's stomach full of the blood he had ingested during the slow severing of his head. 

He had also endured hours of severe torture, as is quoted in Gary Webb's book, Dark Alliance: 

"His body bore evidence of unimaginable tortures. The thigh muscles had been neatly sliced so he could not close his legs, and then something had been jammed up his rectum, tearing it apart. His testicles were swollen horribly, the result of prolonged garroting, his ribs were broken, and then, while he was still alive, his head had been sawed off with a butcher's knife." 

His head was never found. President Nicolás Ardito Barletta tried to set up a commission to investigate the murder but was forced to resign by Noriega, which increased suspicions that the military ordered the beheading.

It was not until the administration of President Guillermo Endara that a court found Noriega (in absentia) and other followers guilty of a conspiracy to murder Spadafora.

In 2010, the Spadafora family published a website on the life of Hugo Spadafora Hugo Spadafora Website (...). (***)



Tradução livre:

Hugo Spadafora nasceu em 1940, filho de uma família pobre, do sul de Itália, que emigrara para o Panamá. Formou-se em medicina, pela Universidade de Bolonha, em 1964. Entre 1965 e 1967, combateu nas fileiras do PAIGC. Foi talvez na Guiné que começou a ser conhecido como o "Che Guevara italiano"...

De regresso ao Panamá,  foi vice-ministro da saúde sob o governo de Omar Torrijos (1968-1981).   Em, 1978, formou a brigada panamiana Lorenzo Vitoriano para combater a ditadura de Somoza, no país vizinho, a Nicarágua.

Mais tarde, preocupado com a crescente influência soviética e cubana no regime sandinista da Nicarágua e com o atraso do processo eleições livres, Spadafora juntou-se à frente sul da Frente Revolucionária Sandinista (FRS), ao lado de Edén Pastora ("Comandante Zero"), herói do 25 de Agosto de 1978 (tomada de assalto do palácio de Somoza). 

A ascensão de Manuel Noriega, em 1982,  como ditador da Nicarágua, leva Spadafora a denunciar o tráfico de drogas e a proteção que beneficia por parte dos militares. Spadafora será foi detido pelas forças de Noriega ao entrar Panamá a partir de Costa Rica, em setembro de 1985. O seu corpo, decapitado, foi encontrado mais tarde escondido num saco de correios. A autópsia viria a descobrir que o estômago estava cheio de sangue, ingerido durante o corte lento de cabeça de Spadafora. O médico e guerrilheiro enfrentou horas e horas de tortura antes da sua morte infamante e horrorosa… 
A cabeça nunca chega a ser encontrada. 

O Presidente Nicolás Ardito Barletta tentou criar uma comissão para investigar o assassinato, mas foi forçado a desistir por pressão de Noriega, o que veio fazer aumentar as suspeitas de que por detrás da ordem de decapitação estavam os militares. Só sob a administração do presidente Guillermo Endara é que um tribunal considerou Noriega (entretanto deposto e capturados pelos americanos em 1990) e outros seguidores, culpados de conspiração para assassinar Spadafora. No princípio de 2010, o último condenado no processo saiu da prisão, depois de cumprir uma pena de cerca de 20 anos. Nesse ano a família Spadafora abriu, na Net, um “site” sobre a vida de Hugo Spadafora, continuando a sua luta pela justiça... Noriega cumpre uma sentença de 30 anos nos EUA por crimes relacionados com o tráfico de droga...


(***) Neste "site" da família pode ler-se o seguinte sobre a atividade de Hugo Spadafora [, foto á direita, reproduzida com a devida vénia,] como médico e guerrilheiro na Guiné-Bissau, entre 1965 e 1967:

(...) Hugo nació el 6 de Septiembre de 1940 (...). Haciendo uso de la beca, Hugo decide ir a estudiar a la Universidad de Boloña en Italia donde opta por estudiar Medicina, graduándose en Noviembre de 1964. Luego de su graduación regresa al país [, Panama,] , donde realiza su internado de año y medio.


(...) Con la excusa de haberse ganado otra beca, pero esta vez para tomar un postgrado, viaja a El Cairo (Egipto), pero su verdadero propósito no era buscar una especialización o maestría si no enrolarse un movimiento revolucionario independista que en 1960 pululaban en África, allí en el Cairo, luego de varios intentos y cartas enviadas a los líderes revolucionarios independentistas logra hacer contacto con el movimiento de separación de Guinea Bissau y las Islas de Cabo Verde, luchas éstas lideradas por ese gran líder africano Amílcar Cabral. 

Hugo se ofrece como voluntario, brindando sus conocimientos médicos, y es así como forma parte de ese movimiento revolucionario y los anales de ese país. Hoy independiente, con el nombre de la República de Guinea Bissau, existe una avenida con el nombre del médico panameño Hugo Spadafora.


En África Hugo lucha contra el colonialismo Portugués y luego después de dos años regresa a Panamá en 1967 y decide hacer su segundo año de internado. Allí lo sorprende el golpe de estado del 11 de Octubre de 1968 (...)  

Comentário de L.G.:


Spadafora não tem a ver com os primeiros médicos cubanos que se juntaram ao PAIGC,  em 1966. Faziam parte de um primeiro grupo de "voluntários", enviados por Fidel Castro. Eram todos cubanos, num total de 24. O grupo era composto sobretudo por instrutores. Os médicos eram três. Vd. depoimento do dr. Domingo Diaz Delgado, cirurgião, que chefiava a equipa médica (1966/67): Tinha 29 anos - nascera em 1936 - quando parte de Cuba... Mais velho,  portanto, e com mais  experiência clínica, decerto,  do que o jovem italopanamiano Hugo Safadora, que parte para a Guiné, com 24  anos, acabado de se formar em medicina, em Bolonha... Seria interessante saber o que fez (medicina ? guerrilha ? ) e por onde andou este homem na Guiné, entre 1965 e 1967... 


É a primeira vez que oiço falar do seu nome... Teve um destino trágico às mãos dos torcionários de Noriega, em setembro de 1985. 

domingo, 20 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9069: O nosso blogue em números (21): A propósito dos 3 milhões de visitas... Sondagem... Fotos de Nova Lamego, de Tino Neves





Guiné > Zona leste > Região do Gabu >   Nova Lamego > CCS do BCAÇ 2893 (1969/71) > Cerimónia de Inauguração do Quartel Novo em 31 de Janeiro de 1971.

Fotos do Constantino (ou Tino) Neves, ex-1º Cabo Escriturário, desta CCS/BCAÇ 2893, membro da nossa Tabanca Grande desde 2006, mas de quem não temos tido notícia há muito tempo.



Fotos: © Tino Neves (2007). Todos os direitos reservados.


1. Mensagem enviada, internamente, pelo correio da Tabanca Grande aos amigos e camaradas da Guiné, em 16 do corrente, e que republicamos aqui com as necessárias adaptações:

 Amigos/as e camaradas:

(i)  Não queremos abusar da vossa santa paciência... Mas   a vossa opinião (sobre a forma e o conteúdo do blogue) interessa-nos... Queremos fazer todos os dias mais e melhor... Claro que a qualidade do blogue não depende tanto (ou tão só) dos editores como (sobretudo) dos autores que nos enviam os seus escritos, fotos e outros documentos...

(ii) Não queremos pensar que o "baú de memórias da Guiné" está a chegar ao fim... Na realidade, podemos perguntar:

Quantas histórias ainda há por contar ?!...
Quantos camaradas ainda há a espreitar à porta da Tabanca Grande ?!...
Quantos lugares há ainda por visitar (e conhecer) ?!...
Quantas fotos, aerogramas e outros papéis ainda estão por ver a luz do dia ?!...
(iii) Nos próximos 6 dias vai decorrer (está já a decorrer até amanhá) uma sondagem, "on line", para a qual se pede a vossa colaboração (assilando o vosso voto no blogue, no respetivo sítio,  na coluna ao lado esquerdo)...

(iv) Infelizmente o enunciado tem uma malvada gralha que já não pode ser corrigida... Mas é facilmente detetável: "Expetivas iniciais" em vez de "expetativas iniciais"... 

(v) O enunciado correto é este:

Sondagem: Tendo em conta as minhas expetativas iniciais e a minha experiência de utilização, hoje, com 3 milhões de visitas, o nosso blogue está...
Seguem-se depois 7 hipóteses de resposta... Quem quiser fazer o favor de votar, é só escolher uma dessas hipóteses, a que corresponder mais aproximadamente  à vossa opinião...
Muito melhor / Melhor / Bom / Nem bom nem mau / Mau / Pior / Muito pior
(vi) Mandem-nos, também, por email (ou escrevam diretamente na respetiva caixa), os vossos comentários a fundamentar a vossa escolha: por exemplo, "Acho que o blogue está melhor ou  está pior, por isto e por aquilo"... E, se possível, deem uma ou duas sugestões de melhoria...

A quem já participou, votando e/ou comentando, o nosso agradecimento e o nosso apreço.
Um Alfa Bravo para todos/as. Luís Graça
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Nota do editor:

Último poste da série > 20 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9067: O nosso blogue em números (20): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários dos tertulianos António Estácio, Armandino Oliveira e Juvenal Amado

Guiné 63/74 - P9068: Se bem me lembro... O baú de memórias do Zé Ferraz (1): O valente soldado Júlio





Guiné > Região do Oio > Bissorã > Pessoal da CART 1525 (1966/67) e da CART 1746 (1967/69) > Na messe de oficiais: O Rogério Freire, alf mil da CART 1525, é o de "de óculos ao lado do Madaíl" (Gilberto Madaíl, em primeiro plano, no lado esquerdo). "Ao fundo está o (na altura) Capitão Mourão da CART 1525 e, ao seu lado, à direita da foto de óculos, o Capitão Vaz" (RF)... Este último comandava a companhia a que pertencia o Alf Mil Madaíl, a CART 1746 (que irá acabar a sua comissão no Xime, Zona Leste, Sector L1;; aqui, no Xime, os oficiais dormiam em rulotes que, segundo o Zé Ferraz, terão da antiga estação agronómica de Fá Mandinga onde dizem - mas ainda não vi documentado - terá trabalhado o Eng. Agrónomo Amílcar Cabral e possivelmente a sua esposa e colega, portuguesa, Helena).

Em Bissorã, sempre houve uma tradição ligada à actividade desportiva e, nomeadamente, ao futebol... Não sabemos se o jovem Madaíl tinha jeito para a bola ou, na altura, já tinha revelado a sua vocação para dirigente desportivo... Diz o Rogério Freire (RF) sobre o Gilberto Madaíl, que é hoje uma figura pública (presidente da Federação Portuguesa de Futebol): "A imagem que retenho do Madaíl daquele tempo é o de uma pessoa muito alegre e bem disposta e de muito fácil conversa e diálogo"... Pergunto ao Zé Ferraz se o reconhece... a ele e ao Cap Vaz, aqui referido no texto supra... (LG)

Foto: CART 1525 - Os Falcões (Bissorã,Guiné-Bissau, 1966-67) (Reproduzida com a devida vénia...).





1. Texto do José Ferraz [de Carvalho] que vive nos EUA há mais de 40 anos, e que fez a sua comissão de serviço na Guiné entre 1968 e 1970 (*):


Companheiro e camarada Luís: Aqui está a história do Júlio.

Uma manhã ao alvorecer saí do Xime com a minha malta para montar segurança na área do costume,  entre o Xime e Amedalai para uma coluna de reabastecimentos que sairia pouco depois. Sem novidades passaram e nós regressamos ao Xime.

Essas colunas de reabastecimento de costume regressavam por volta das 3 da tarde. Chegam as três e nada... Quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze e nada. Nunca soube porque os meios rádio nesse dia estavam de rastos e não conseguíamos comunicar com Bambadinca.

Por volta da meia noite fui chamado à  rulotes [, onde dormíam os oficiais]:
- Ferraz,  aguarre no seu grupo e vá ver o que se passa.

Noite de lua nova,  não se via nada.... Agarrei na G-3,  passei pelo abrigo da minha malta,  acordei dois ou três passando duma ponta a outra dizendo:
-Tá no ir,  pessoal balanta!...

E arranquei pelo arame farpado fora. Já no trilho da bolanha passaram-me à frente a bazuca e o morteiro porque suspeitávamos que o IN estava emboscado junto à primeira ponte. Fazia sempre fogo de reconhecimento com 3 morteiradas e isso fazia com que o IN levantasse a emboscada. Nessa noite,  devido ao imprevisto,  tinha a certeza que eles não teriam tido tempo de fazer nenhuma emboscada nem teriam tido nenhuma informação [, do pessoal da tabanca,] indicando a nossa saída... Íamos à vontade mas,  como sempre,  prevenidos.

Passámos Amedalai, e nada da coluna...Chegámos a Bambadinca e eles ali estavam porque a GMC tinha tido um problema com o eixo. Disse ao meu pessoal que se desenrrascasse com os amigos e eu fui dormir. Na manhã seguinte vieram-me avisar que o Júlio estava na enfermaria,  todo cortado.

Primeiro pensamento: O sacana foi para a tabanca mandar a queca da ordem e lixou-se!... Fui à enfermaria e aí estava o Júlio, nu,  na cama,  a G-3 e o saco de dilagramas no chão. 
- Ó Julio,  o que é que te aconteceu ?...
- Meu furriel - diz-me ele - como é que nós chegámos aqui ?
- Ó Júlio,  estavas com a burra,  não?
- Meu furriel,  sabia lá que íamos sair ontem à noite nem me lembro do caminho..

É evidente que o nosso amigo -  vim mais tarde a saber - acordaram- no no gosse gosse,  tá no ir,  ele de tanga,  para não dizer nu,  agarra na sua G-3 e saco de dilagramos e porta fora... Durante esse trajecto,  lua nova,  ninguém se deu conta do estado em que estava ou o que trazia vestido. E aos trambolhões lá foi andando até Bambadinca.


A partir desse dia tive o maior respeito pela sua façanha. Que grande soldado,  que bêbado ou não, não deixou os seus companheiros!... Valente!

Lembro agora, depois da minha louca chegada ao Xime,  quando o Cap Vaz me chamou ao seu gabinete no dia seguinte e me apresentei... Lembro bem da sua figura,  pera e tudo (se bem me lembro,   era arquitecto)..
- Ó nosso furriel,  se não é louco tem-nos de bronze... Benvindo,  agora quero que forme um grupo de combate com aquilo que aprendeu...

E eu disse-lhe:
- Meu capitão,  posso pedir voluntários ?...

Disse-me que sim e,  quando a palavra passou que eu queria voluntários,  quase a toda companhia se apresentou na "parada"... Nunca se formou nada e vi-me como o furriel reponsável pelo 2º pelotão cujo alferes tinha ido para Lisboa evacuado.

Realmente foi um pelotão formidável,  éramos companheiros e tinhamos a maior confiança em todos nós, em situações de perigo ou fora de perigo. Tenho imensas saudades de todos esse valiosos companheiros.

Um forte abraço,  Luís... Do Zé...e aí tens agora o resto história do valente [soldado] Júlio... Se bem me lembro...



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Nota do editor:


(*)  vd. postes de apresentação:



19 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9065: Tabanca Grande (307): José Ferraz de Carvalho, português há mais de 40 anos nos EUA, ex-Fur Mil da CART 1746 (Xime, 1969)

(...) Assentei tropa em Setembro de 1966 no CSM [ Curso de Sargentos Milicianos,] das Caldas da Rainha [ RI 5,] e depois da recruta fui enviado para Lamego, para o primeiro curso de Operações Especiais como especialização.



Posteriormente ofereci-me como voluntário para a 16ª  Companhia de Comandos com a qual cheguei a Guiné em 68. No fim da fase operacional não quis ser comando e fui então destacado para a Cart 1746, Xime,  onde o Capitão Vaz me responsabilizou em formar um grupo de combate com o segundo pelotão cujo alferes tinha sido enviado para Lisboa doente. (...)

[Depois do regresso da CART 1746 à Metrópole, em Julho de 1969, ] passei os meus últimos meses da minha comissão como adido ao QG em Bissau. Regressei a Lisboa no velho Carvalho Araujo em 1970. (...)

Guiné 63/74 - P9067: O nosso blogue em números (20): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentários dos tertulianos António Estácio, Armandino Oliveira e Juvenal Amado

Mansoa > Mulheres à pesca
Foto: © Ex-Alf Mil Alfredo Montezuma do BCAÇ 2885 (2011). Todos os direitos reservados.


1. Comentário do nosso tertuliano António Estácio:

O Blog assume-se como o valioso repositório temático de depoimentos da chamada (e porque não dizê-lo) Guerra do Ultramar, em que a juventude portuguesa foi obrigada a intervir e em que grande parte sofreu e foi muito sacrificada, perdendo a vida, comprometendo carreiras profissionais, ficando cursos a meios, serem portadores de maleitas e limitações físicas, sem o merecido apoio pós traumático, etc.

Para além disso, o que muito me surpreende e, frequentemente, me leva a interrogar quanto a essa postura ─ que não encontro nem é evidenciado, por outros camaradas que (como eu) estiveram em cenários de guerra muito mais suaves, o não aparentam ─ que é a forte ligação que, de um modo geral, se estabeleceu com os guineenses, em que muitos dos antigos combatentes manifestam o desejo de voltarem ao que foi o autêntico Vietname militar português!

Dada a abundância de temas, afigura-se-me desejável e ouso (re)propô-lo que, muito embora reconheça o contributo que tem sido dado e a dificuldade em gerir-se a imensidão de informação acumulada, se proceda, logo que possível, a uma divisão temática o que, salvo melhor opinião, permitirá a celeridade a nível de busca e de análise. Aliás, creio bem que, mais cedo ou mais tarde, essa arrumação terá que ser feita e, ou muito me engano, quanto mais tarde a executarem, maior será o esforço e o tempo necessário para a efetuarem.

Sem destacar nomes, felicito pelo trabalho desenvolvido a equipe que é a alma do projeto e respondendo objetivamente ao que é solicitado, votarei atribuindo um merecido Bom.

Com um abração do guineense amigo
António J. Estácio


2. ...E do nosso camarada Armandino José de Jesus Oliveira, ex-Fur Mil da CCS/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/682:

(…) Já votei e o meu único comentário é que o blog não está... ele é óptimo.

Considero que sou preguiçoso, pois poderia colaborar um pouco convosco, mas vou tentar, pelo menos enviando algumas fotos.
Parabéns pela vossa perseverança.

Abs
Armandino (Brasil )
Ex-Fur Mil
BCAV 1897


3. Mensagem do nosso camarada Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), com data de 19 de Novembro de 2011:

O blogue com três milhões de visitas e ser Proibido Proibir

Já por diversas vezes li afirmações de que o blogue está a ser afastado do caminho inicial para que foi criado e de que a sua utilização por franjas mais intelectuais, inibe os com menos facilidade de escrever e de se expressar.

Não me parece que esta crítica seja justa!
E não parece justa uma vez que ninguém aqui assumiu normas quanto ao que se escreve, no que diz respeito à qualidade da escrita mas por vezes sim ao conteúdo. Pela maneira que se expressam, tais assuntos bem como os próprios livros, (nas tais montras do blogue) deviam ser pura e simplesmente afastados do blogue.
As estórias, ou relatos, mais os diários, mais o antes e o depois das nossas comissões, mais as pessoas que viveram aqueles tempos ainda de forma paralela, são testemunhos importantes para se fazer a História daquela época das nossas vidas, que não começou com o nosso embarque, mas muito antes nas escolas, nos campos e nas fábricas. Também não terminou com o nosso regresso.

Porquê amputarmos o conhecimento e não transcrever o que nos tocou, ou a forma como tocamos nos outros?

No fundo nestas opiniões há uma forma subtil de censura à qualidade do que se escreve e sobre o que se escreve. Não restam dúvidas que a vontade de riscar alguns textos e postes do blogue é latente para alguns.
Há camaradas que não estão de acordo com aquilo que penso, que é a evolução do blogue. Defendem que ele só foi criado para relatar os dias de Sol tórrido, operações, minas, tiros e vitórias ou derrotas, estando logo em desacordo com a prática de neste sítio se dar a conhecer, o que se escreve politicamente desse tempo, (especialmente se for contra as suas ideias) as suas implicações na guerra e na sociedade portuguesa.
Com facilidade se suporta algumas mentiras e não se tolera algumas verdades.
Se não se falar desses assuntos como saberemos que eles existem? Quem lia livros de cowboys em criança nunca poderá ler Manuel da Fonseca ou Saramago?

O blogue pode e deve ser um veículo de abertura das mentes e dará assim um contributo para aclarar o nosso passado comum.
Algumas normas do blogue coincidem com os direitos básicos da nossa Constituição e a essas eu acrescentaria, a proibição da ignorância.
Atenção porque não quero que pensem que estou a chamar ignorante a alguém, mas sim ao princípio de que há coisas que não têm lá cabimento e por isso não se devem falar delas.

Dentro da estrita observação das normas da Tabanca Grande, penso que deve ser proibido proibir, porque proibir alguma coisa, pode levar a que proíbam todas as coisas.
Não fui que fui que criei esta frase mas sabe-me bem citá-la.

Um abraço a todos
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 19 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9063: O nosso blogue em números (19): A propósito dos 3 milhões de visitas... Bom mesmo é termos um espaço onde, cada um à sua maneira, diga a verdade da sua vida e da dos seus na mata da Guiné, no respeito e conservando a amizade que aqui se cultiva (José Brás)

Guiné 63/74 - P9066: Agenda cultural (169): Colóquio, Arquivos do Silêncio: Alianças Secretas da Guerra Colonial, dia 29 de Novembro de 2011 às 10 horas no Colégio de S. Jerónimo - Centro de Estudos Sociais - Coimbra (José Manuel Matos Dinis)

1. Mensagem do nosso camarada José Manuel Matos Dinis, ex-Fur Mil da CCAÇ 2679, Bajocunda, 1970/71:

Caríssimos,
O colóquio aqui divulgado, para 29 de Novembro, parece-me de muito interesse para os antigos combatentes, nomeadamente os que integram o Blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné.

É gratutita a participação. Podemo-nos organizar, e os que entenderem ir organizam-se para partilha de transporte. Se quiserem, podem dizer-me até 2ª. feira (para acautelar as reservas), quem quer deslocar-se a Coimbra, se disponibiliza a viatura, para fazermos contas a cada carro e dividirmos o pessoal em grupos de 4. Proponho que cada "pendura" pague 15 euros ao condutor, para despesas de gasolina e portagens.

Abraços
JD




Colóquio*
Arquivos do Silêncio: Alianças Secretas da Guerra Colonial

29 de Novembro de 2011, 10h00, Sala 1, CES-Coimbra
Programa | Inscrições


Enquadramento:

Assinalam-se este ano os 50 anos sobre o Início da Guerra Colonial portuguesa. O tema da Guerra Colonial tem vindo a conhecer novas revelações suscitando debates sobre o sentido desta guerra e das lutas nacionalistas que conduziram a processos de independências em meados dos anos 70. Questionar o colonial implica o levantar de inúmeras questões, quer nos espaços outrora metropolitanos imperiais, quer nos vários contextos colonizados. Esta relação obriga a repensar o tempo da história e a própria História. A luta pela independência de Angola, da Guiné e de Moçambique esteve intimamente ligada a outros processos geopolíticos, a apoios do continente africano e à persistência do fascismo em Portugal. Porém muito permanece por dizer sobre a Guerra Colonial e suas implicações geoestratégicas no contexto da guerra-fria.

O ritmo crescente das polémicas associadas a este conflito opõe-se todavia ao ritmo lento da constituição de saberes académicos. Este colóquio procura cruzar olhares e perspectivas sobre a última etapa da história colonial de Portugal, abrindo portas para uma análise mais profunda dos vários sujeitos e narrativas que este violento processo encerrou, integrando oradores com diferentes percursos. Procura-se, igualmente, aprofundar os conhecimentos sobre os contornos e implicações do Exercício Alcora, uma aliança nunca publicamente reconhecida, que Portugal estabeleceu com a África do Sul e a Rodésia em 1970 para apoiar a sua luta contra os movimentos nacionalistas na Guerra Colonial. Neste sentido a aliança estabelecida pelo Exercício Alcora oferece elementos importantes para confrontar visões já estabelecidas sobre a Guerra Colonial e para uma melhor compreensão das suas consequências.

ENTRADA LIVRE, ATÉ O LIMITE DOS LUGARES DISPONÍVEIS, COM INSCRIÇÃO OBRIGATÓRIA.


(*) Nota: - Com a devida vénia a Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 23 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8940: Agenda cultural (168): Lançada no passado dia 13, no Museu Militar, em Lisboa, a 3ª edição do livro do Cor Inf Ref Manuel Bernardo, Marcelo e Spínola: a ruptura, sob a chancela da Edium Editores, Porto

sábado, 19 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9065: Tabanca Grande (307): José Ferraz de Carvalho, português há mais de 40 anos nos EUA, ex-Fur Mil da CART 1746 (Xime, 1969)

1. Mensagem, de 16 do corrente, do José Ferraz de Carvalho (ou simplesmente J. de Ferraz, ou ainda mais simplesmente Zé, como ele gosta que o tratem), aceitando o nosso convite para a ingressar na Tabanca Grande, o que muito nos honra [; ele vive nos EUA, há mais de 40 anos, e continua orgulhosamente a ser cidadão português e a sentir-se patrioticamente português]





Companheiro e camarada Luís:


(i) Ser o nº 527 é uma honra. Obrigado. Para mim é uma honra juntar-me à Tabanca [Grande]. As histórias, como dizes,  já as tens.


Quanto às fotos... tinha uma quantidade delas,  dos meus tempos na Guiné, infelizmente no transcurso da minha vida,  aqui nas Américas,  não sei onde estão.


Foi formidável, o companheiro e camarada Manuel Moreira enviou-me um e-mail dizendo que se lembrava muito bem de mim; enviou-me também uma foto tirada no Xime quando, para descarga da infinita espera, decidimos fundar a Rádio Televisão do Xime.


Por curiosidade o homem à minha direita, de tanga, era o famoso Júlio que bebia 2 garrafas de Sagres grandes como pequeno almoço e foi o protagonista da coluna a Bambadinca onde se cortou o corpo inteiro [sic].




Lisboa > Lyceu Central de Pedro Nunes, no tempo da 1ª República... Foto: Cortesia do blogue De Rerum Natura > 17 de Setembro de 2010 > Os liceus na 1º República.



(ii) Nasci por acidente em Ponta Delgada, Açores,  em 20 de março de 1945, quando meu pai como oficial da marinha aí estava destacado num dos nossos submarinos.

Com 15 dias voltei a Lisboa com a mãe e,  depois de viver com os avós paternos, mudámo-nos para casa dos avós maternos e em 1948 os meus pais finalmente encontraram casa própria, em Carcavelos, onde me criei.


Estive no liceu de Oeiras, depois no Pedro Nunes onde me envolvi nos movimentos de estudantes dessa época e finalmente fiz o terceiro ciclo nos Salesianos do Estoril.


Em 1965 o pai foi nomeado para ser o Senior Portuguese Officer no SACLANT [The Supreme Allied Commander Atlantic,], em Norfolk, Virgínia. Vim então estudar Engenharia nuclear para o Virginia Politecnical Institute,  mas tive que ir primeiro para o Old Dominion College para fazer estudos de habilitação. Sempre quis fazer tropa e estava aqui com uma licença militar porque era da incorporação de 65. Lisboa nunca me reconheceu os meus estudos aqui, pelo que em vez de ir para Mafra [, COM], fui para as Caldas [, CSM].

2. Comentário de L.G.:

Zé, para refrescar a tua memória: A CART 1746 eve como unidade mobilizadora o GCA 2, seguiu para a Guiné em 20/7/1967, regressou em 7/6/1969; esteve em Bissorã e no Xime; comandante: Cap Mil António Gabriel Rodrigues Vaz. O destacamento da Ponta do Inglês, onde esteve o Moreira, foi desativado ao Novembro de 1968. Tudo indica que tenhas chegado ao Xime, em janeiro ou fevereiro de 1969, um ou dois meses do início da Op Lança Afiada. Eu, periquito, quando desembarquei no Xime, em 2 de junho de 1969, ainda estavas lá tu.

Depois foste para Bissau, para o QG, onde ficaste os "últimos meses" da tua  comissão e regressaste a Lisboa já em 1970. Deves ter chegado à Guiné, com a 16ª Ccmds, meados ou finais de 1968... É isso ? É o que deduzo do que escreveste no primeiro poste (*): 


(...) Ofereci-me como voluntário para a 16ª Companhia de Comandos com a qual cheguei a Guiné em 68 [, não dizes em que mês]. No fim da fase operacional [, IAO,] não quis ser comando e fui então destacado para a Cart 1746, Xime, onde o Capitão Vaz me responsabilizou em formar um grupo de combate com o segundo pelotão cujo alferes tinha sido enviado para Lisboa doente" (...).

O Torcato Mendonça acrescenta o seguinte: 


"A Companhia do Xime era a Cart 1746, comandada pelo Cap Mil Vaz e pertencente ao Bart 1904. Os Alferes eram o [Gilberto ]Madaíl; um de Évora (Montes? creio que não, talvez Mata); um que foi evacuado para a metrópole em meados de 68 (estive com ele em Agosto de 68 na minha vinda de férias, acompanhado com o Cap Vaz); e um outro que era, salvo erro, de Angola. Não recordo o nome".

Antes da CART 1746,  passou pelo Xime a CCAÇ 1550 (1966/68) (estivera antes em Farim; era comandada pelo Cap Mil Inf Agostinho Duarte Belo). À CART 1746, seguiu-se a CART 2520 (1969/70) (que veio comigo na LDG), a CART 2715 (1970/71), a CART 3494 (1972/73) e a CCAÇ 12 (1973/74)...

Há cinco anos atrás, recebemos aqui um comentário do António Vaz:

(...) Chamo-me Antonio Vaz, tenho 73 anos e fui capitão miliciano, comandante da CART 1746, no Xime, de Janeiro 1968 até ao fim da comissão, em Junho de 1969.

Como companhia independente, conheci vários comandantes de batalhão: primeiro os de Bula e depois de Bambadinca. Dos que me recordo melhor foram o Cmdt do BCAÇ 1904, Ten Cor Branco, o Fontoura e o Pimentel Bastos. Todos diferentes, todos iguais. Do Pimentel Bastos recordo com saudade o espírito, a cultura e a simpatia ingénua de um homem que não nascera para aquilo. Nas muitas conversas que tive com ele compreendi o seu drama. Eu estimei-o. António Vaz (...)

[Vd. poste de 4 de Agosto de 2006 > Guiné 63/74 - P1025: Tenente-coronel Pimentel Bastos: a honra e a verdade (Luís Graça) ]

Zé, camarada, senta-se aqui ao pé de nós, sob o poilão, frondoso, secular, mágico, fraterno, inspirador, protetor, da Tabanca Grande (**), e deixa fluir (e partilha connosco) os teus pensamentos, memórias, emoções... Estou a acompanhar os teus comentários com muito interesse. Vou aproveitar alguns, para os editar em poste. Manda-me (ou tu, o Manuel Moreira) a tua a que te referes acima, e explica-me o que se passou na tal coluna Xime-Bambadinca em que o Júlio  "se cortou o corpo inteiro". Vejo, por outro lado,  que és um cidadão do mundo, mas intrinsecamente português. Para quem não escrevia em português há muitos anos, estás muito bem. Recebe um grande Alfa Bravo, querido camarada do Xime!... Meu, dos demais editores e do resto da Tabanca Grande. LG


PS - Vou pôr-te na lista alfabética dos membros da Tabanca Grande (constante da coluna do lado esquerdo) como José Ferraz de Carvalho, se achares bem. Ou só José de Ferraz, se achares melhor.

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Notas do editor:

(*) 14 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9043: Camaradas da diáspora (7): José Marçal Wang de Ferraz de Carvalho, Fur Mil Op Esp, da 16ª CCmds e da CART 1746 (Xime, 1968/69): vive hoje em Austin, Texas, EUA

(**) Último poste da série > 16 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9052: Tabanca Grande (306): José Santos, ex-1º Cabo Enf, CCAÇ 3326 (Mampatá e Quinhamel, Jan 71/Jan 73)

Guiné 63/74 - P9064: Parabéns a você (342): Jacinto Cristina, ex-Sold, CCAÇ 3546, Piche e Caium (1972/74), alentejano, padeiro, reformado, 62 anos, feitos a 14 deste mês...



Fez anos, 62, a 14 deste mês (*)... Por lapso, estávamos para cantar-lhe os parabéns a 20 (**)... Ontem, a falar ao telefone com o seu genro, o meu amigo Dr. Rui Silva, que vive no Funchal,  é que me apercebi que ele já tinha feito anos, na segunda feira passada...

Mas não é tarde, para lhe mandar aqui um abraço do tamanho da Ponte Caium, onde ele aguentou, de pé firme, mais de um ano... Este ano não deu para ir a Figueira dos Cavaleiros, em Ferreira do Alentejo... Sei que entretanto se reformou, por incapacidade, da sua profissão de padeiro... Mas nem por isso tem mais descanso, segundo me conta o genro...


Como já em tempos escrevi, a história deste homem é paradigmática, é também a história de vida de muitos jovens da sua, nossa geração: (i) nasce no campo, de pai pequeno agricultor que precisa de alugar terras para viabilizar a sua exploração; (ii) irmão mais velho de cinco, trabalha no duro "para o pai patrão", até ao dia em que, antes da tropa, constitui a sua própria família; (iii) casado,  pai de uma filha,  a nossa amiga Cristina, é mobilizado, parte para a Guiné, deixando um pequeno pecúlio para a mulher e a família...

E se acontece alguma coisa ? Era a angústia de muitos jovens, já casados. Felizmente tudo correu bem pelo seu lado...Volta ao Alentejo e à terra, conheceu as misérias e as grandezas da reforma agrária, até se estabelecer por sua conta... Voltou à arte que aprendeu na Ponte Caium, a arte de fazer o pão (a partir do saber, antigo, transmitido pela sua mãe...).


 Foi, é (e continua a ser) um exemplo de tenacidade, trabalho, amor à família. Um grande abraço para os meus amigos Jacinto Cristina e Rui Silva. Bj para a Goreti e a sua filha Cristina. Muita saúde, longa vida. LG
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Notas do editor:

(*) 20 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7312: Parabéns a você (176): Soldado Cristina, padeiro, municiador de morteiro e bravo do pelotão da Ponte de Caium

(**) Último poste da série > 19 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9062: Parabéns a você (341): Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf (Bambadinca e Saltinho, 1970/72)

Guiné 63/74 - P9063: O nosso blogue em números (19): A propósito dos 3 milhões de visitas... Bom mesmo é termos um espaço onde, cada um à sua maneira, diga a verdade da sua vida e da dos seus na mata da Guiné, no respeito e conservando a amizade que aqui se cultiva (José Brás)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de Outubro de 2010 > Posto de sentinela junto ao porto
Foto (e legenda): © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 18 de Novembro de 2011:

Meu amigo Carlos
Aqui te envio um texto na sequência de outro que li, ambos sob o tema do título deste.
Um forte abraço para ti
José Brás


TRÊS MILHÕES DE VISITANTES

Cito apenas na parte que me foi dado ver, o desabafo de Armando Fonseca(**), a propósito dos três milhões de visitas ao blogue, "(...) Estou inteiramente de acordo com os comentários do camarigo Manuel Marinho. Eu próprio não enviei o resto da minha história por me parecer que estaria fora de contexto visto que o que tem aparecido ultimamente - e visito o blogue todos os dias - são textos escritos por intelectuais da escrita e não as simples descrições das situações vividas na guerra. Com um abraço (...)".

E é este pensamento, não direi a regra geral porque nunca fui muito de passar rasoira sobre o alqueire e deixar a superfície do milho idealmente plana, nem bago a mais, nem bago a menos em toda a largura dos treze litros, é este pensamento, redigo, que mais vai na alma da maioria dos camaradas perante o prato forte da Tabanca, isto é, o testemunho escrito e fotografado da sua passagem pela Guiné nos anos entre 63 e 74.

Nada tenho contra este pensamento e devo mesmo relembrar que aqui já disse antes da compreensão de um fenómeno que, na diferença de ferramentas, de estilo e de formas que cada um tem para se expressar, pode criar-se uma espécie de inibição em grande parte da camarigagem, levando-os a uma postura que pode apresentar um dos dois aspectos (ou os dois juntos) A contenção ou a reclamação.

Se o segundo caso pode assumir, até, a face de alguma riqueza na troca do correio, e nesse caso, assumido o respeito mútuo, poder recriar e recriar-se nos conteúdos do blogue, o primeiro caso poderá trazer verdadeiro prejuízo aos propósitos e objectivos da sua criação e às funções que, na dinâmica que todos os fenómenos sociais possuem em si mesmos e no contacto com o mundo, este espaço tem vindo a preencher na alma de milhares de cidadãos e na divulgação de verdades que, sem isto, continuariam escamoteadas ao juízo da sociedade mais alargada do País.

Então, quando se juntam os dois casos, ou a contenção exagerada pode dar azo a uma reclamação também exagerada, ou a reclamação pode reforçar e alargar ainda mais a contenção.

Devo dizer que não me parece ser este o caso do camarada Armando Fonseca, pelo menos na parte que me foi dado ler e entender apenas como lamento porque "o que tem aparecido ultimamente - e visito o blogue todos os dias - são textos escritos por intelectuais da escrita e não as simples descrições das situações vividas na guerra".

Mas na verdade já assistimos aqui à expressão de verdadeiras revoltas na explosão de camaradas profundamente agastados contra o espaço ocupado por esses alegados "intelectuais", mas mesmo contra a expressão mais elaborada do relato, do sentimento, da opinião que julgam não corresponderem a verdades verdadeiras mas a outras, produtos de criação fantasiosa de prosápias individuais que, por isso, não deviam ter lugar neste seu espaço.

Não sei, talvez que tenham razão, pelo menos na reclamação sobre o espaço ocupado, perigosamente substituindo o relato raso de coisas que aconteceram e que aqui podem e devem vir assim mesmo, sem mais indagações, bala é bala, granada é granada, pronto... por falas escritas que poderão não ser mais que especulação manienta de quem se julga capaz de descobrir mais sobre quem disparou a bala ou despoletou e atirou a granada. E também sobre quem recebeu a bala no peito, ou se estraçalhou na explosão da granada.
Quem eram ambos de um lado e do outro, e o quem eram deve incluir logo, não apenas a sua fotografia, ainda que emocionada ao lançar a granada ou a retalhar-se na sua explosão, mas também como nasceu, como cresceu, como se fez gente, onde aprendeu que era seu dever atirar balas ou granadas ou delas morrer, onde ganhou ódios e amores e coragens e medos... e causas que valham a sua morte.

Há duas coisas que aqui tenho defendido.

Uma, é que a verdade não é apenas a da fotografia que, bem ou mal tirada, desde logo capta ou esconde a pessoa que tem aquela cara. A verdade nunca é apenas a leitura imediata e visível em dado momento, mesmo que na morte de homem, mas um conjunto de outras verdades e mesmo de algumas mentiras que se somam para nos dar a ver uma superfície apenas nas causas que despoletam.
E é obrigação de quem tem ferramentas para cavar na busca mais aprofundada desse novelo, que busque ou que tente buscar as ligações e os porquês do vigamento do edifício que se vê, ainda que para isso tenha de "inventar" de supor, de recriar os antes, os agoras e os depois, os possíveis seres que justificam possíveis actos, possíveis lugares e tempos, não menos reais do que os que foram vividos em cada segundo do respirar dos personagens.

Noam Chomsky, célebre linguista americano, professor em Harvard e no famoso "Massachusetts Institut of Tecnology", diz em "O Poder Americano" que..."existe uma minoria privilegiada a quem as democracias ocidentais concedem ócios, facilidades e a educação necessária para buscarem a verdade por detrás da camada deformadora da ideologia dominante que cobre a nossa visão da história em curso". "Cabe aos intelectuais dizer a verdade e denunciar as mentiras". Mais à frente questiona-se ele próprio reconhecendo que "Martin Heidegger escreve numa declaração de 1933 em prol de Hitler que "«a verdade constitui a revelação daquilo que torna um povo seguro, lúcido e forte nas acções e no entendimento das coisas»".

Poderá parecer que tais citações nada têm a ver com esta racha entre camaradas que se sentem prejudicados pela escrita mais elaborada sobre a realidade que apreenderam na sua vivência na Guiné, e aqueles que o fazem desse modo. Como dizia o outro, na verdade está tudo ligado.

Agora, naturalmente, quem navega nessa experiência, o faz sempre, ou deve fazer, a partir de realidades vividas, por ele ou por outros que lhas contam, juntando muitas vezes em cada personagem recriada, não apenas aquilo que ela terá sido realmente, mas o pensar de outros, os actos de outros, as ânsias de outros, as sortes e os azares de outros, igualmente vivos ou sugeridos pela capacidade especulativa do criador, mas também não menos possivelmente reais.
E pode ser dessa aproximação da recriação à realidade ou a realidades, que se constrói a qualidade da ficção, estando o criador seguro que, acontecimento relatado terá mesmo acontecido no espaço e no tempo que se contêm no relato, porque as condições da realidade relatada impõem tais resultados.
E quase poderei afirmar que o que aqui têm escrito os acusados de "intelectuais", nem são mentiras e invenções, nem menos ou mais importantes do que o que escrevem os que se queixam e preferem a "simplicidade " rasa do relato hoje, que julgam tão fiel quanto o foi no local e no centro do acontecimento, há quarenta anos.

Aliás, a mentira pode até ser maior no relatório sobre uma emboscada sofrida, do que na ficção que a recriou mais tarde. Todos nós conhecemos casos destes, e, de facto, quem escreve hoje numa perspectiva ficcional, fez as mesmas ou piores picadas do que os que, com a sua simplicidade honesta, mostram fotos com ou sem macacos e dão vazão à sua alegria por poderem aqui estar em convívio, contando as suas "aventuras".

Eu fiz 12 meses de Medjo, Guiledje, Balana, Gadamael Porto e só pisei Bissau para vir uma vez de férias com as mãos queimadas pelos canos de várias G3 que utilizei em Medjo na véspera, e para apanhar o Niassa de volta ao puto.

E o camarada Armando Fonseca, por onde andou?

Bom mesmo, e isso tem que ser entendido assim, é termos um espaço onde, cada um à sua maneira, diga a verdade da sua vida e da dos seus na mata sub-tropical da Guiné, no respeito e conservando a amizade que aqui se cultiva.
E quem diz que a inibição que prende a vontade de falar aos que se julgam menos capazes ou mais verdadeiros, não poderá inibir também os outros, os que poderão sentir-se também "fora do contexto", para usar as palavras do Armando?

Num caso ou no outro, quem perderá sempre é a verdade que o blogue busca em permanência.
E também o abraço, diga-se, para ser verdadeiro.
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 13 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9036: (Ex)citações (155): Em louvor de Mário Fitas e da sua Pami Na Dondo: Deus é apenas um horizonte nos nossos esforços a caminho da perfeição (José Brás)

(**) Vd. poste de 17 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9055: O nosso blogue em números (17): A propósito da sondagem dos 3 milhões... Comentários de Armando Fonseca / José Nunes / Manuel Bastos / Rui Silva.... Foto de Guileje, de Abílio Pimentel

Vd. último poste da série de 18 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9058: O nosso blogue em números (18): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentário de Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil, 2ª CART / BART 6523, Cabuca, 1973/74)

Guiné 63/74 - P9062: Parabéns a você (341): Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf (Bambadinca e Saltinho, 1970/72)

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 15 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9049: Parabéns a você (340): António Inverno (ex-Alf Mil Op Esp/RANGER da 1.ª e 2.ª CART do BART 6522 e Pel Caç Nat 60 – S. Domingos -, 1972/74

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9061: Convívios (387): Almoço de Natal da Tabanca dos Melros, dia 10 de Dezembro de 2011 em Fânzeres, Gondomar (Carlos Silva)

1. Mensagem do nosso camarada Carlos Silva (ex-Fur Mil Inf CCAÇ 2548/BCAÇ 2879, Jumbembem, 1969/71), com data de 18 de Novembro de 2011:

Meus Caros Amigos & Camaradas
Junto envio o Cartaz/Convite para o almoço de Natal que a Tabanca dos Melros leva a efeito no dia 10-12-2011 no Restaurante do Choupal dos Melros em Fânzeres Gondomar.

Teremos muito gosto na vossa presença.

Localização, poderão ver o site

http://www.quintadoschoupos.com/

http://www.tabancadosmelros.blogspot.com/

http://carlosilva-guine.i9tc.com/site/

Com um abraço amigo
Carlos Silva

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 12 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9030: Convívios (379): Último Encontro de 2011 da Tabanca do Centro, dia 30 de Novembro de 2011 em Monte Real (Joaquim Mexia Alves)