sábado, 19 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9063: O nosso blogue em números (19): A propósito dos 3 milhões de visitas... Bom mesmo é termos um espaço onde, cada um à sua maneira, diga a verdade da sua vida e da dos seus na mata da Guiné, no respeito e conservando a amizade que aqui se cultiva (José Brás)

Guiné-Bissau > Região de Tombali > Gadamael Porto > 10 de Outubro de 2010 > Posto de sentinela junto ao porto
Foto (e legenda): © Pepito / AD - Acção para o Desenvolvimento (2010) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Mensagem do nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), com data de 18 de Novembro de 2011:

Meu amigo Carlos
Aqui te envio um texto na sequência de outro que li, ambos sob o tema do título deste.
Um forte abraço para ti
José Brás


TRÊS MILHÕES DE VISITANTES

Cito apenas na parte que me foi dado ver, o desabafo de Armando Fonseca(**), a propósito dos três milhões de visitas ao blogue, "(...) Estou inteiramente de acordo com os comentários do camarigo Manuel Marinho. Eu próprio não enviei o resto da minha história por me parecer que estaria fora de contexto visto que o que tem aparecido ultimamente - e visito o blogue todos os dias - são textos escritos por intelectuais da escrita e não as simples descrições das situações vividas na guerra. Com um abraço (...)".

E é este pensamento, não direi a regra geral porque nunca fui muito de passar rasoira sobre o alqueire e deixar a superfície do milho idealmente plana, nem bago a mais, nem bago a menos em toda a largura dos treze litros, é este pensamento, redigo, que mais vai na alma da maioria dos camaradas perante o prato forte da Tabanca, isto é, o testemunho escrito e fotografado da sua passagem pela Guiné nos anos entre 63 e 74.

Nada tenho contra este pensamento e devo mesmo relembrar que aqui já disse antes da compreensão de um fenómeno que, na diferença de ferramentas, de estilo e de formas que cada um tem para se expressar, pode criar-se uma espécie de inibição em grande parte da camarigagem, levando-os a uma postura que pode apresentar um dos dois aspectos (ou os dois juntos) A contenção ou a reclamação.

Se o segundo caso pode assumir, até, a face de alguma riqueza na troca do correio, e nesse caso, assumido o respeito mútuo, poder recriar e recriar-se nos conteúdos do blogue, o primeiro caso poderá trazer verdadeiro prejuízo aos propósitos e objectivos da sua criação e às funções que, na dinâmica que todos os fenómenos sociais possuem em si mesmos e no contacto com o mundo, este espaço tem vindo a preencher na alma de milhares de cidadãos e na divulgação de verdades que, sem isto, continuariam escamoteadas ao juízo da sociedade mais alargada do País.

Então, quando se juntam os dois casos, ou a contenção exagerada pode dar azo a uma reclamação também exagerada, ou a reclamação pode reforçar e alargar ainda mais a contenção.

Devo dizer que não me parece ser este o caso do camarada Armando Fonseca, pelo menos na parte que me foi dado ler e entender apenas como lamento porque "o que tem aparecido ultimamente - e visito o blogue todos os dias - são textos escritos por intelectuais da escrita e não as simples descrições das situações vividas na guerra".

Mas na verdade já assistimos aqui à expressão de verdadeiras revoltas na explosão de camaradas profundamente agastados contra o espaço ocupado por esses alegados "intelectuais", mas mesmo contra a expressão mais elaborada do relato, do sentimento, da opinião que julgam não corresponderem a verdades verdadeiras mas a outras, produtos de criação fantasiosa de prosápias individuais que, por isso, não deviam ter lugar neste seu espaço.

Não sei, talvez que tenham razão, pelo menos na reclamação sobre o espaço ocupado, perigosamente substituindo o relato raso de coisas que aconteceram e que aqui podem e devem vir assim mesmo, sem mais indagações, bala é bala, granada é granada, pronto... por falas escritas que poderão não ser mais que especulação manienta de quem se julga capaz de descobrir mais sobre quem disparou a bala ou despoletou e atirou a granada. E também sobre quem recebeu a bala no peito, ou se estraçalhou na explosão da granada.
Quem eram ambos de um lado e do outro, e o quem eram deve incluir logo, não apenas a sua fotografia, ainda que emocionada ao lançar a granada ou a retalhar-se na sua explosão, mas também como nasceu, como cresceu, como se fez gente, onde aprendeu que era seu dever atirar balas ou granadas ou delas morrer, onde ganhou ódios e amores e coragens e medos... e causas que valham a sua morte.

Há duas coisas que aqui tenho defendido.

Uma, é que a verdade não é apenas a da fotografia que, bem ou mal tirada, desde logo capta ou esconde a pessoa que tem aquela cara. A verdade nunca é apenas a leitura imediata e visível em dado momento, mesmo que na morte de homem, mas um conjunto de outras verdades e mesmo de algumas mentiras que se somam para nos dar a ver uma superfície apenas nas causas que despoletam.
E é obrigação de quem tem ferramentas para cavar na busca mais aprofundada desse novelo, que busque ou que tente buscar as ligações e os porquês do vigamento do edifício que se vê, ainda que para isso tenha de "inventar" de supor, de recriar os antes, os agoras e os depois, os possíveis seres que justificam possíveis actos, possíveis lugares e tempos, não menos reais do que os que foram vividos em cada segundo do respirar dos personagens.

Noam Chomsky, célebre linguista americano, professor em Harvard e no famoso "Massachusetts Institut of Tecnology", diz em "O Poder Americano" que..."existe uma minoria privilegiada a quem as democracias ocidentais concedem ócios, facilidades e a educação necessária para buscarem a verdade por detrás da camada deformadora da ideologia dominante que cobre a nossa visão da história em curso". "Cabe aos intelectuais dizer a verdade e denunciar as mentiras". Mais à frente questiona-se ele próprio reconhecendo que "Martin Heidegger escreve numa declaração de 1933 em prol de Hitler que "«a verdade constitui a revelação daquilo que torna um povo seguro, lúcido e forte nas acções e no entendimento das coisas»".

Poderá parecer que tais citações nada têm a ver com esta racha entre camaradas que se sentem prejudicados pela escrita mais elaborada sobre a realidade que apreenderam na sua vivência na Guiné, e aqueles que o fazem desse modo. Como dizia o outro, na verdade está tudo ligado.

Agora, naturalmente, quem navega nessa experiência, o faz sempre, ou deve fazer, a partir de realidades vividas, por ele ou por outros que lhas contam, juntando muitas vezes em cada personagem recriada, não apenas aquilo que ela terá sido realmente, mas o pensar de outros, os actos de outros, as ânsias de outros, as sortes e os azares de outros, igualmente vivos ou sugeridos pela capacidade especulativa do criador, mas também não menos possivelmente reais.
E pode ser dessa aproximação da recriação à realidade ou a realidades, que se constrói a qualidade da ficção, estando o criador seguro que, acontecimento relatado terá mesmo acontecido no espaço e no tempo que se contêm no relato, porque as condições da realidade relatada impõem tais resultados.
E quase poderei afirmar que o que aqui têm escrito os acusados de "intelectuais", nem são mentiras e invenções, nem menos ou mais importantes do que o que escrevem os que se queixam e preferem a "simplicidade " rasa do relato hoje, que julgam tão fiel quanto o foi no local e no centro do acontecimento, há quarenta anos.

Aliás, a mentira pode até ser maior no relatório sobre uma emboscada sofrida, do que na ficção que a recriou mais tarde. Todos nós conhecemos casos destes, e, de facto, quem escreve hoje numa perspectiva ficcional, fez as mesmas ou piores picadas do que os que, com a sua simplicidade honesta, mostram fotos com ou sem macacos e dão vazão à sua alegria por poderem aqui estar em convívio, contando as suas "aventuras".

Eu fiz 12 meses de Medjo, Guiledje, Balana, Gadamael Porto e só pisei Bissau para vir uma vez de férias com as mãos queimadas pelos canos de várias G3 que utilizei em Medjo na véspera, e para apanhar o Niassa de volta ao puto.

E o camarada Armando Fonseca, por onde andou?

Bom mesmo, e isso tem que ser entendido assim, é termos um espaço onde, cada um à sua maneira, diga a verdade da sua vida e da dos seus na mata sub-tropical da Guiné, no respeito e conservando a amizade que aqui se cultiva.
E quem diz que a inibição que prende a vontade de falar aos que se julgam menos capazes ou mais verdadeiros, não poderá inibir também os outros, os que poderão sentir-se também "fora do contexto", para usar as palavras do Armando?

Num caso ou no outro, quem perderá sempre é a verdade que o blogue busca em permanência.
E também o abraço, diga-se, para ser verdadeiro.
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 13 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9036: (Ex)citações (155): Em louvor de Mário Fitas e da sua Pami Na Dondo: Deus é apenas um horizonte nos nossos esforços a caminho da perfeição (José Brás)

(**) Vd. poste de 17 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9055: O nosso blogue em números (17): A propósito da sondagem dos 3 milhões... Comentários de Armando Fonseca / José Nunes / Manuel Bastos / Rui Silva.... Foto de Guileje, de Abílio Pimentel

Vd. último poste da série de 18 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9058: O nosso blogue em números (18): A propósito dos 3 milhões de visitas... Comentário de Ricardo Figueiredo (ex-Fur Mil, 2ª CART / BART 6523, Cabuca, 1973/74)

14 comentários:

Anónimo disse...

A verdade é a de cada um desde que não minta.

O mesmo acontecimento visto e vivido por duas pessoas é relatado de forma diferente e ambos são verdadeiros.

A foto supra do posto de sentinela em gadamael não fica junto ao cais, mas perto deste e está (estava virada para a mata na direcção da fronteira da guiné-conakry).
Este tinha uma browning(anti-aérea) de 12,5 e ainda uma bateria para accionar electricamente as minas (colamory ?) de esferas colocadas entre o arame farpado e a orla da mata.
Uma noite após rebentamento na mata, um dos três sentinelas começou a disparar a browning, cujo o cunhete tinha balas explosivas e incendiárias--imaginam a cena.
Quando entrei deparei com os outros dois sentinelas a tentar desesperadamente retirar as mãos dos manipulos da browning do que disparava..passamos a ser três "desperados"..só terminou quando se esgotou o cunhete.
O cano fumegava..a mata ardia..
Aconteceu que o "disparador" era periquito.. os velhinhos encheram-lhe a cabeça..incluindo infiltrações do IN a degolar sentinelas e após lhe terem explicado como se disparava..dá-se o rebentamento na mata...bem foi só pegar nos manípulos e carregar nas patilhas.

Qualquer outra versão igual deste acontecimento é mera coincidência.

C.Martins

Anónimo disse...

Caro José Brás

O alqueire de 13 litros é o "alfacinha".
Aqui no interior "desquecido" e "ostracizado" é de 15 litros, mesmo para medir ostras...eeeh.

Gostei da tua prosa.

Um alfa bravo

C.Martins

Anónimo disse...

Na verdade, Martins, o alqueire pode andar entre os 10 e os 14 litros e em algumas regiões mesmo os 15 litros.
Mas bom mesmo é ter ainda os "três alqueires", coisa que num tempo como vivemos e nestas idades, vai sendo difícil.
Um abraço
José Brás

PS
a fotografia não é minha

Torcato Mendonca disse...

Pois é José Brás.Pois é. Não será esta bela prosa,que acabo de ler, o exemplo do lamento do nosso camarada?

Para mim e por mim há lugar, e tem que haver, para todos os escritos. Sejam ou não considerados mais ou menos intelectuais.
O relato da experiência vivida nunca expressa a verdade absoluta. Lá venho eu citar o Águalusa: "de quantas mentiras é feita a verdade"?
Sem citações nós sabemos que o relato posterior do facto, ainda mais se vivido sob forte tensão,diverge no próprio individuo, que o viveu e relata, com o passar dos anos. Ora, esse mesmo facto, se vivido num colectivo, terá vários relatos, convergentes e divergentes, aqui ou acolá, mas todos a quererem exprimir a verdade.O que é a verdade? Utopias ou conveniências?
Esta,a verdade, contudo, é fundamental aqui, sendo causa primeira dos relatos ou estórias. Bem ,bem, isto é uma corrente comprida de letras, palavra em tentativa de se transformarem em ideias. Paremos.

Gostei do alqueire, ainda em uso, e das suas diferentes medidas tendo como referência o litro -sólido ou liquido.Eu sei...
Mais ainda gostei da escrita. Lastimo não responder como devia e queria. Alongamentos que ficam para depois. Sempre para depois e deviam ser assim dirimidos aqui neste espaço de pluralidade. Com calma "á sombra do poilão"...

Vai um abraço forte para afastar,nesta tarde fria e chuvosa, os incómodos das cicatrizes de meus tormentos ou de vidas vividas.
Ab T.

Torcato Mendonca disse...

Camarada
Um forte Abraço de Parabéns.
Saúde e longa Vida,
T.

antonio graça de abreu disse...

Por volta do ano 200 antes de Cristo, escrevia o filósofo chinês Zhuang Zi:

“Supõe que tu e eu discutimos. Se tu venceres e eu perder, isso significa que tu estás necessariamente certo e eu errado? Se eu vencer e tu perderes, isso significa que tu estás necessariamente errado e eu certo? Estaremos ambos completamente certos, ou errados, ou parcialmente certos ou errados?
A quem devemos pedir para ser juiz? Podes chamar alguém que concorde contigo. Mas se concorda contigo, como pode ser justo a decidir? Posso chamar alguém que concorda comigo. Mas se concorda comigo como pode ser justo a decidir? Se o juiz difere de ti e de mim, hesita ao tomar uma decisão? Se tu e eu não conseguimos compreender a verdade, muito menos outros a conseguirão entender.”

Pois, o conceito de verdade, em termos filosóficos.

Mas a verdade dos factos, a verdade histórica. A mentira.

Em 1964 as tropas portuguesas tiveram 900 mortos na batalha da Ilha do Como, com os Strela, em 1973/74, os homens do PAIGC abateram quarenta aviões, os guerrilheiros acabaram por derrotar militarmente as tropas portuguesas.
Até já tinham os Migs com os motores a aquecer...

Não é para cada um sua verdade.
É o rigor, a seriedade dos factos,
o que aconteceu.


Abraço

António Graça de Abreu

Anónimo disse...

Joé Brás, há malta que parece que "enjoou" de participar no blog.

Talvez não seja esse o termo correto do que quero dizer.

Mas que pelo menos desistiu de participar é verdade.

Se por acaso, tambem constares isso, podias usar a tua prática de escrita, tu ou outros, para analizar esta constatação.

É uma ideia minha.

Cumprimentos,

Antº Rosinha

Anónimo disse...

Muito meu amigo António

Talvez que quem, do outro lado, fabricou tais números, tivesse lido Heidegger e se convencesse que bastava que o "povo" se julgasse forte (mesmo que não lúcido) para se julgar a "verdade".
A verdade, porém, é o abraço que te envio
José Brás

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

Um texto para reflectir.

Sobre a propalada questão de o Blogue 'sofrer' (ou beneficiar?) de algum trato intelectual que se manifestaria por um excesso de protagonismo de 'escritores' e coisas assim, o qual, na prática, 'afastaria' 'gente comum' de escrever, acho que isso é, ao mesmo tempo um pretexto e uma arma que se pretende usar para abalar e minar o Blogue com vista a esvaziá-lo.

Sinceramente, na prática, nunca me apercebi que qualquer camarada que tenha enviado escritos para publicação tenha sido menorizado ou ridicularizado. Esta balela já foi em tempos referida e tenho a lembrança que o Vinhal 'desmontou' a situação revelando a permanente disposição para melhorar o enquadramento dos textos, se for o caso.

Abraço
Hélder S.

Henrique Cerqueira disse...

Bravo Helder.
Palavras certeiras e com fundamento.
Não tenho muito jeito para a escrita chamada de "Intelectual",pois quando escrevo no blog o faço sempre com o coração.E nunca senti qualquer reparo pelos editores deste blog.Por tal apoio veementemente as palavras do Helder Valério.
Quando a andarmos (eu)arredados de escrever è porque tambem é necessário ouvir e ler os outros.
Um abraço para todos os tertulianos
Henrique Cerqueira

Henrique Cerqueira disse...

Já agora e a talho de "foice"e no caso de este comentário ser lido por antigos camaradas meus que estiveram no Biambe entre 72/74 Bat.4610/72.Informo que ontem tivemos um almoço muito agradável em Leça da Palmeira.No qual estiveram presentes entre outros dois camaradas meus visados no artigo em que se falava nos apelidos na tropa.Foram eles o Fur.mil Teixeira "MEC..MEC" e o 1ºCab.Cunha "O Escrita,Faca do Mato".Mais tarde tentarei escrever um relato deste nosso almoço e como sempre será com o "Coração e ao correr da Pena"
Uma vês mais um abraço e bom Domingo.
Henrique Cerqueira

Anónimo disse...

Escreveu José Brás:"Na verdade está tudo ligado".Creio que será dentro desse contexto que um comentador apresenta um exemplo feliz de filosofia chinesa quanto à "verdade" nas suas relatividades.Mas o salto para (e cito):"Mas a verdade dos factos,a verdade Histórica.A mentira",seguido pelo exemplo de uma tirada de propaganda de um movimento de libertacäo em plena guerra,já se me torna mais difícil de apreender...no seu aparente simplismo linear.Todos os beligerantes em todas as guerras usaram,usam e usarão a propaganda como arma de arremesso,mas daí a misturá-la num contexto de perspectivas quanto a verdades Históricas?Propaganda é...propaganda.Venha ela de um PAIGC ou de um programa de rádio "Por uma Guiné Melhor".Para nos continuarmos a situar dentro da área geográfica da filosofia acima referida recordo um "clássico" local ao dirigir-se em 1965 aos soldados do Exército Vermelho:"A arma da propaganda deverá ser flexível como a cobra que se insinua em todas as brechas". Um abraço.

Luís Graça disse...

E a propósito de propaganda em tempo de guerra, não percam, meus amigos, a exposição que fui ver hoje, no CCB...

“A Arte da Guerra — Propaganda da II Guerra Mundial”

[ Exposição temporária, de 19 Outubro de 2011 a 8 de Fevereiro de 2011]

(...) "A exposição 'A Arte da Guerra' debruça-se sobre o tema fascinante da propaganda em tempo de guerra. Fascinante pelo seu impacto, pelas diferentes formas como foi implementado nas várias nações, pela quantidade sem precedentes em que foi produzida, mas acima de tudo pela forma de arte que ela assumiu, cumprindo com o objectivo de uma qualquer outra obra de arte: provocar emoções nas pessoas e mudar o mundo". (...)

É uma notável coleção do Museu do Caramulo, com 200 cartazes e material diverso, de diversos beligerantes (da Alemanha nazi aos EUA, da Grã-Bretanha à União Soviética), e que abarca diversas dimensões da propaganda: motivação, recrutamento, financiamento, trabalho civil, racionamento, poupança, consumo, censura, segurança, etc.

Para saber mais:

http://www.museuberardo.pt/Files/MCB_Arte_da_Guerra_2011.pdf

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Foi assim que eu vos conheci, irreverentes;
Assim vos reencontrei, controversos;
No espaco deste nosso blogue e Tabanca Grande;
Espero e faco votos para que possam continuar a discutir, ainda por muito mais tempo;
Enquanto tiverem forcas e engenho;
Enquanto ainda quiserem e puderem concordar ou discordar;
Apoiados na vossa consciencia, na vossa capacidade de discernimento e de bom humor.

Eu acho que, neste blogue, ha espaco para toda a gente se exprimir livremente, bastando para isso que sejamos um pouco mais tolerantes e abertos na recepcao que fazemos das opinioes dos outros. Mas, às vezes, tenho a impressao que alguns camaradas se esquecem de que ja nao estao dentro das trincheiras dos tempos de outrora;

Senti alguma incompreensao na forma como foi recebido o Victor Junqueira da ultima vez que ele reapareceu no blogue, com a apresentacao do trabalho de um amigo Guineense, depois de uma prolongada ausencia, malgrado o seu “(...) chacun sa putain!...”, que a seu tempo foi apreciado e criticado sob diferentes pontos de vista, nao se tendo manifestado qualquer sentimento de ofensa ou de vitimizacao.

Senti alguma incompreensao em relacao ao vosso camarada Amilcar Ventura que foi, literalmente, “banido” do blogue por ter feito declaracoes que denunciavam a sua visao e postura “alegadamente” diferentes e nao conformes as regras de jogo da guerra colonial.

Como ja disse alguém, no dia em que nao houver diferencas e todos tiverem a mesma visao e opiniao sobre a vida e das coisas que a governam, sera o fim da vida deste blogue onde nos reunimos com o prazer de ouvir historias de outros tempos, das “nobas” da Guiné-Bissau e das “nobas” dos nossos amigos e camaradas.

Um grande abraco,

Cherno Baldé