domingo, 13 de novembro de 2011

Guiné 63/74 - P9036: (Ex)citações (155): Em louvor de Mário Fitas e da sua Pami Na Dondo: Deus é apenas um horizonte nos nossos esforços a caminho da perfeição (José Brás)

1. Comentário, com data de ontem, ao poste P8915, por José Brás  (*):


Mário Fitas é um homem que conheço há muitos anos. 

Conheceu ele primeiro "Vindimas no Capim" do que eu conheci "Pami Na Dondo", apenas por razões circunstanciais porque, como sabem, um prémio pode ser muito bem uma circunstância.

Quando li "Pami Na Dondo" disse-lhe do gosto que me havia dado lê-lo e o maior gosto ainda, na descoberta de um ser humano que eu desconhecia, provavelmente preso eu, ainda, em preconceitos redutores que, sem perda da amizade que lhe tinha, me levavam a colar-lhe uma imagem desmentida na leitura.


Nunca tive problemas no reconhecimento dos meus erros e tenho pena de não ter guardado cópia das palavras que lhe enviei comovido.


Não é fácil escrever sobre o inimigo como o Mário escreveu em "Pami Na Dondo". E não o fez com ferramentas de trabalho de escriturário, mas com as outras que conseguem dar da realidade real, uma outra, ou várias possíveis, apenas com referências na primeira.

Confesso que não me lembro se encontrei desconformidades, como diz o Hélder Valério. Sei sim, que gostei muito e que fiquei mais feliz na sua leitura.

Por outro lado, parece tempestade em copo de água, a reacção às últimas palavras do Mário Beja Santos (*). Afinal, deus é apenas um horizonte nos nossos esforços a caminho da perfeição e Beja Santos faz uma boa e positiva análise critica à obra e ao autor.

Um dia Urbano Tavares Rodrigues disse-me que, se para ser escritor fosse necessário ou bastasse ser professor de literatura, estaria muito mais pobre o mundo, seguramente. (**)

José Brás

____________

Notas do editor:



(*) Vd. poste de 17 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8915: Notas de leitura (288): Pami Na Dondo, A Guerrilheira, de Mário Vicente [, o nosso Mário Fitas, ex-Fur Mil Op Esp, CCAÇ 763, Cufar, 1965/66] (Mário Beja Santos)

(...) Queridos amigos, devíamos obrigar Mário Vicente (ou Mário Fitas ou Mário Ralheta) a remexer toda a sua novela, de indiscutível interesse e originalidade. Ele presta uma eloquente homenagem à CCAÇ 763 através de uma guerrilheira, a região de Cufar experimenta a agressividade operacional e também a resposta dos guerrilheiros. O autor intenta pôr nos olhos dos outros a interpretação da nossa realidade. A trama novelística tem pés para andar, carece de uma intensa revisão, quem tem aquela experiência, que é bem patente, bem pode desenvolver o que importa ser desenvolvido e despojar o texto da história da Guiné quando ela é postiça e deslocada. (...) 

 (...) Mário Vicente interessou-se pelo outro e recorreu ao que sabia e que experimentou. Na primeira oportunidade que se ponha a reedição de “Pami Na Dondo” deverá rever cuidadosamente o texto, polvilhado de agruras e dislates gramaticais. O texto merece e “Pami Na Dondo” agradece. (...).


(**) Último poste da série > 11 de Novembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9025: (Ex)citações (154): As apreciações de Mário Beja Santos ao livro de Mário Vicente [Mário Fitas], Pami Na Dondo A Guerrilheira (Vasco da Gama / Joaquim Mexia Alves)


5 comentários:

Anónimo disse...

Tudo o que escreverem depois desta análise do José Braz, será redutor e maniqueísta.

Obrigado José Braz, pela lucidez da sua análise, objectiva, sem azedumes e apartidária. Esta é na minha óptica a análise perfeita para encerrar, este assunto. Ficaria imensamente feliz que assim fosse, eu que embora à margem
dos factos, fiquei triste e chocado, com tudo o que se passou.

Espero continuar a ter neste Blog, um ponto de referência, de um período da m/vida que me marcou profundamente, embora noutro teatro de operações.

Saudações a todos os combatentes

A. Almeida

Anónimo disse...

Podia fazê-lo particularmente, contudo, entendo dever ser aqui que estas palavras devem ser escritas.

Tenho apreço e estima, além de reconhecer a Mário Beja Santos todas as qualidades de homem das letras, mas nem tudo é permitido.

Compreendo e estou de acordo com muito do que referes acerca do que se passou, uma tempestade num copo de água, sim, se o Mário Beja Santos reconhecesse o excesso nos termos da crítica à obra de Mário Fitas.

Não o podia ter dito de forma diferente? Não é ofensivo?

Não tenho dois pesos e duas medidas, critiquei já outros camaradas por excessos na forma de se dirigirem ao próprio Mário Beja Santos.

Como reagirias tu, José Brás, se publicamente viesse aqui um teu camarada dizer-te, desabridamente, que escreves e/ou publicas com erros?

Não podia a crítica dessa forma dura, ser feita diretamente e trocada entre os próprios?

Interrogo-me se o Mário Fitas é diferente dos outros escritores, incluindo os mais consagrados? Não têm também esses erros de pontuação e outros. Algum escritor está a salvo disso?

Lembro-me de um senhor, que considero como escritor, Baptista Bastos, e, o que ele disse uma vez, na qualidade de crítico de um programa de televisão, acerca da utilização do termos, estadia e estada. Conheço obra de um grande, enorme escritor português onde essa regra, norma, não foi respeitada. Alguém se atreveria ou atreverá a atirar-lhe pedra de enorme tamanho? Duvido, chamam-lhe gralha, falta de cuidado na revisão etc. etc. etc.

Um abraço,
BSardinha

Anónimo disse...

Meu Bom amigo Belarmino
Se alguma vez estive a coberto desses erros de que falas, cada vez o estou menos e nem por isso me amofino.
O que tenho é mais cuidado, e pronto.
Nem amofinaria se alguém me dissesse que a minha prosa era boa mas que tinha de ser mais cuidada a gramática em trabalho sem rede, quer dizer, sem revisor. Munca será o escritor o melhor revisor do que escreve pela simples razão que o leva a ler na revisão, não o que lá está mas o que ele pensou escrever. Lembras-te quando te pedi que desses uma vista de olhos ao Lugares de Passagem?.
E insisto. A apreciação do Mário (Beja Santos) ao livro do Mário (Fitas), é genericamente muito positiva com a ressalva de poder ter dito de outro modo o que foi posto em causa.
Quer dizer, eu não o diria assim...é só

José Brás

Anónimo disse...

Obrigado, José Brás, pelo que escreveste sobre o meu comentário, tudo dizes na linha final.

Um abraço,
BSardinha

antonio graca de abreu disse...

Desde Napoles,Italia, um fortissimo abraco a Helena e ao Mario Fitas. Tambem a outro Homem, o Joaquim Morais Alves.
Abraco igualmente ao Ze Bras.
Quanto ao MBS e mais esta polemicazinha, nao falo, nao escrevo, penso para mim, apenas.Nada de novo.

Toda a amizade do

Antonio Graca de Abreu