domingo, 16 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22912: Ocupação dos aquartelamentos das NT e povoações pelo PAIGC (jul-out 1974), de acordo com o Plano de Retração do Dispositivo: excertos do relatório da 2ª Rep/CC/FAG, datado de 28 de fevereiro de 1975


Guiné > Região de Quínara > Fulacunda > 3.ª CART/BART 6520/72 (Fulacunda, 1972/74) > Julho de 1974: visita de Bunca Dabó e do seu bigrupo, fortemente armado... Ao centro, o nosso amigo e camarada Jorge Pinto, então alf mil, em farda nº 2, desarmado, fazendo as "honras da casa" (*). O aquartelamento e a povoação foram ocupados pelo PAIGC apenas em 2 de setembro de 1974.  (Natural de Turquel, Alcobaça, o Jorge Pinto é professor do ensino secundário, reformado.)

Foto (e legenda): © Jorge Pinto  (2016). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 

Relatório 2ª Rep /Pág.  52


Relatório 2ª Rep /Pág.  53



Relatório 2ª Rep /Pág.  54

 

Luís Gonçalves Vaz


Henrique Gonçalves Vaz (1922-2001)

Excertos do relatório da 2ª Rep/CC/FAG, sobre a situação político-militar em 1974 , publicado em 28 de fevereiro de 1975, e na altura classificado como "Secreto". É 
 assinado pelo chefe da 2ª Rep do CC/FAG [, Comando Chefe das Forças Armadas da Guiné, comando unificado criado em 17 de Agosto de 1974], o maj inf Tito José Barroso Capela.

Este documento foi digitalizado pelo Luís Gonçalves Vaz, membro da nossa Tabanca Grande [,foto acima], a partir de um exemplar pertencente ao arquivo pessoal de seu pai, cor cav CEM Henrique Gonçalves Vaz (1922-2001), último Chefe do Estado-Maior do CTIG (1973/74) [, foto també, acima]. (**)

Índice do relatório [que tem 74 páginas] (***)

A. Período até 25Abr74

1. Situação em 25Abr74

a. Generalidades (pp.1/2)
b. Situação política externa:
(1) PAIGC e organizações internacionais (pp. 2/5)
(2) Países limítrofes (pp. 5/8)
(3) O reconhecimento internacional do “Estado da G/B em 25Abr74 (pp.8/9).

c. Situação interna:

1. Situação militar

(a) Actividade do PAIGC (pp. 10/12)
(b) Síntese da atividade do PAIGC e suas consequências (pp.13/15)
(c) Análise da actividade de guerrilha (pp. 16/18)
(d) Dispositivo geral do PAIGC e objetivos (pp. 18/19)
(e) Potencial de combate do PAIG (pp.19/20)
(f) Possibilidades do PAIGC e evolução provável da situação (p. 21)

2. Situação político-administrativa (pp. 22/24).

B. Período de 25Abr74 a 15Out74

2. Evolução da situação após 25Abr74

a. Generalidades (pp. 25/26)
b. Situação política externa (pp. 26/28)

(1) PAIGC (pp. 29/32)
(2) Organizações internacionais (pp. 32/34)
(3) Países africanos (pp. 34/35)
(4) Outros países (pp. 35/36)


c. Situação interna

(1) Situação militar

(a) Aspetos gerais (pp.37/46)

(b) Síntese da actividade de guerrilha

1. Ações de guerrilha realizadas pelo PAIGC após 25abr74 (pp. 47/52)
2. Ações de controlo às viaturas das NT (p. 52)
3. Ocupação dos aquartelamentos das NT e povoações pelo PAIG (pp. 52/54)

(2) Situação político-administrativa(a) PAIGC- Contactos e conversações no TO (pp. 55/64)

(b) Outros partidos políticos ou associações cívicas (pp. 64/66)
(c) Prisioneiros de guerra (pp. 66/68;
(d) Transferência dos serviços públicos sob administração portuguesa para a administração da República da Guiné-Bissau (pp. 68/70);
(e) Diversos (pp. 70/74)

___________

Notas do editor:



 (*** ) Vd. restantes postes da série:




4 de fevereiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9443: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte V): pp. 10/21

31 de Janeiro de 2012 > Guiné 63/74 - P9424: Situação Militar no TO da Guiné no ano de 1974: Relatório da 2ª REP/QG/CTIG: Transcrição, adaptação e digitalização de Luís Gonçalves Vaz (Parte IV): pp. 1/9

Guiné 61/74 - P22911: Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XXII: Os torneios de futebol e a Cilinha que não veio, e a notícia do 25 de Abril que só chegou a 26...



Foto nº 1 > Guiné > Região de Tombali > Cumbijã >  CCAV 8351 (1972/74), "Os Tigres do Cumbijã" > > 1974 > Festejando, condignamente, a conquista do último lugar do torneio de futebol inter pelotões bebendo uísque na minúscula taça. Da direita para a esquerda: Afonso, Belinha (o homem que ia sempre na dianteira do pelotão com a sua pica), Costa e mais camaradas do 2,º pelotão.

Foto (e legenda): © Joaquim Costa (2021). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Foto nº 2 > Guiné > Região de Tombali > Nhala >  2ª CCaç / BCaç 4513 (1973/74) > Domingo, 10 de março de 1974 > Visita da Cilinha ao aquartelamento de Nhala, escoltada por um grupo de fuzileiros.  Após a visita, a Cilinha é acompanhada até às viaturas para o regresso.  Cortesia do António Murta.

Foto (e legenda): © António Murta  (2015). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
 






O ex- furriel mil Joaquim Costa: natural de V. N. Famalicão,
vive hoje em Fânzeres, Gondomar, perto da Tabanca dos Melros.
É engenheiro técnico reformado.
Já saiu o seu livro de memórias (, a sua história de vida),
de que temos estado a editar  largos excertos, por cortesia sua.
Tem um pósfácio da autoria do nosso editor Luís Graça (*)


Paz & Guerra: memórias de um Tigre do Cumbijã (Joaquim Costa, ex-Furriel mil arm pes inf, CCAV 8351, 1972/74) - Parte XXII (**)

 

Atividades lúdicas… e Grândola, Vila Morena! 



Os dias estavam a tornar-se cada vez mais enfadonhos, com muitos de nós a riscar pauzinhos na parede da caserna por cada dia que passava, tal qual um prisioneiro.

Bem se esforçava o Furriel Formosinho, acabado de chegar à companhia carregando às costas a sua G3 e o seu violão, em levantar o moral das tropas com as suas serenatas noturnas cantando canções do “reviralho” e outras fora da caixa. Foi marcante e muito importante para todos nós a sua chegada ao Cumbijã,  trazendo para além do violão,  a sua irreverência e alegria contagiantes.

Sentíamos aqui como nunca a falta do dia das lavadeiras. Era aqui, neste “buraco” no fim do mundo, que estes momentos seriam importantes para quebrar um pouco as rotinas diárias de: Patrulhas, flagelações, minas, cerveja durante o dia e whisky durante a noite.

Aqui não havia população e a roupa era enviada para as nossas lavadeiras de Aldeia Formosa na coluna diária do transporte de água.

Desde a chegada ao Cumbijã, embora me continuasse a lavar a roupa, nunca mais vi a minha simpática e eficiente lavadeira.

Aqui, a única alegria a que tínhamos direito era a chegada do correio.

Até a "Cilinha" (Presidente do Movimento Nacional Feminino), não obstante a sua coragem, não teve a suficiente para visitar o Cumbijã, preferindo o aquartelamento vizinho de Nhala, dias antes do 25 de Abril de 74.  Obviamente era um hotel de 5 estrelas em comparação ao nosso parque de campismo selvagem!!! 

Teria sido um momento memorável ver a “Cilinha” tomar banho nos nossos chuveiros, com água a saber a gasóleo e com vistas privilegiadas para a horta do Zé Carlos e para todo o destacamento. Acredito que era mulher para o fazer sem nenhum constrangimento!

A própria RTP nunca ousou visitar-nos para gravar as históricas mensagens dos soldados transmitidas religiosamente no dia de Natal. Ainda chegaram a sugerir irmos a Aldeia Formosa fazer as gravações. Declinámos o convite, com o argumento que só fazíamos as gravações na nossa casa (Cumbijã).

Até os Capelães desconheciam este buraco tendo-nos honrado uma única vez com a sua presença com a celebração de uma missa. Dia histórico no Cumbijã, apesar da pouca audiência. Situação que o Capelão aproveitou para não mais aparecer (não quero ser injusto já que há relatos que confirmam a importância destes “homens de Deus” em diferentes locais do território da Guiné demonstrando grande humanismo e coragem).

Contudo, havia escola com alguns graduados a prepararem um grupo de soldados para realizarem o exame da 4ª classe. Exame esse que se realizou no Cumbijã com a deslocação de um professor primário, creio que de Bissau.

Reza a história que a coisa não estava a correr nada bem aos examinandos pelo que foi necessário simular um ataque ao destacamento, fazendo dois disparos de obus com o professor a fugir em pânico, deixando tranquilamente acontecer a ajuda aos nossos bravos soldados e acabando todos, obviamente, por passar.

Durante este período até deu para fazermos um torneio de futebol, onde a minha equipa (o meu pelotão) ficou num honroso 5.º lugar, ou seja, o último! Contudo, não deixamos de protestar o último jogo já que fomos claramente “roubados”. 

Sendo este o último jogo do dia, estava próxima a hora em que aconteciam as flagelações de canhão sem recuo do IN. Faltavam uns 3 minutos para acabar o jogo quando ouvimos uma grande explosão que fez levantar uma grande nuvem de pó, fazendo supor que estávamos na presença de uma nova flagelação, seguida da debandada de todos os jogadores para as valas. Situação aproveitada por um “cacimbado” da equipa adversária, retendo a fuga por uns segundos. introduzindo a bola na nossa baliza deserta antes de fugir. Como a equipa adversária equipava de vermelho o árbitro validou o golo averbando nós mais uma derrota.

A explosão não foi mais um ataque do IN mas sim o rebentamento de granadas antigas, já sem espoleta, que tinham sido colocadas, num buraco, fora do arama farpado para serem destruídas por simpatia com o lançamento de uma granada (???) para o monte de toda aquela sucata. Um pequeno incêndio junto às mesmas acabou por antecipar a sua destruição. Sendo evidente alguma negligência, felizmente, tudo não passou de um grande susto, sem consequências de maior… a não ser as desportivas!

Não obstante estas rotinas sentia-se no ar que o PAIGC estava a preparar novas incursões estilo Guileje, Gadamael e Guidage, com o apoio dos países amigos. Especulava-se que o PAIGC tinha já garantida a utilização de carros de combate e eventualmente aviação.

Foi neste clima de tensão que, um belo dia,  tivemos conhecimento pela “Maria Turra” (uma emissão de rádio do PAIGC, sediada na Guiné-Conacri e que nós muitas vezes ouvíamos), de um golpe de estado em Lisboa. 

Como sempre acontece nos conflitos militares, da propaganda à realidade vai a distância do céu ao inferno pelo que demos a importância de sempre às notícias difundidas por esta emissora - algum fumo de um pequeno incêndio!

Contudo, na tarde do dia 26, vinha eu com a minha cerveja e o meu "Norte Desportivo" na mão, quando o Martins se vira para mim e me diz, de forma perentória:
- Costa! Há mesmo “merda” em Lisboa.

[Sempre fui alvo de “chacota” por ler o "Norte Desportivo" (já que “gente fina” lia  "A Bola" – um dos muitos órgãos... oficiosos do Benfica), que o meu irmão Manuel esporadicamente me enviava. Este jornal, o único que falava do FCP, fazia o impensável (dado os meios da altura) de. aos domingos, quando ainda o pessoal estava a sair dos campos de futebol, já o ardina o está a vender à saída, com os resultados finais, com a constituição das equipas e respetivos comentários aos jogos. Os comentários eram feitos de véspera, e os resultados colocados muitas das vezes à mão. 90% dos comentários acabavam por bater certo, o que convenhamos, era uma boa média…]


Consolidado o 25 de Abril,  e estando nós já no fim da comissão, não obstante a alegria esfuziante que reinava, preocupava-nos a possibilidade de alguma anarquia bem como a nossa retenção na Guiné (já com a comissão no fim), já que as palavras de ordem nas ruas de Lisboa eram: "Nem mais um soldado para as colónias!"...

Com todos estes desenvolvimentos só tomei conhecimento que havia feito anos (27 de Abril), na segunda quinzena de Maio ao ler um aerograma vindo de casa, acompanhado do "Jornal de Notícias" com imagens das grandiosas manifestação do 1º de Maio.

Felizmente, ao contrário de outros teatros de guerra, de a ferro e fogo passámos para uma paz quase total.

As hostilidades cessaram, sem que nenhuma instituição, organização ou hierarquia (de um lado ou do outro) o decretasse. Em alguns locais houve mesmo encontros entre a nossa tropa e grupos armados do PAIGC, com abraços e festa conjunta.

Dá que pensar !...dá que pensar !…

Nota: Vai-se lá saber porquê, e para quê, fui eleito pelos meus pares como delegado do MFA, em representação da companhia. Manga de ronco! Ainda estou a pensar se hei-de colocar este cargo (que nunca exerci) no meu currículo!

(Continua)



Capa  do livro do Joaquim Costa, "Memórias de Guerra de um Tigre Azul: O Furriel Pequenina, Guiné: 1972/74". Rio Tinto, Gondomar, Lugar da Palavra Editora, 2021, 180 pp.(*)

O livro, saído neste último Natal de 2021, aguarda a melhor oportunidade para a sua apresentação ao público. Mas podem desde já serem feitos pedidos ao autor: valor 10 € (livro + custas de envio), a transferir para o seu NIB que será enviado juntamente com o livro. 

Guiné 61/74 - P22910: O nosso blogue em números (78): Os vinte postes com maior nº de visualizações ao longo dos 12 meses do ano de 2021...






1. Por curiosidade, fomos ver quais os postes "mais visualizados" nos últimos doze meses, ou seja, ao longo do ano de 2021 (*)... Mas a expressão  "mais visualizados" não quere dizer os "mais comentados"... Muito menos quer dizer que foram sequer "lidos"... O poste pode ter sido, num dado dia, clicado "n" vezes, sem nunca ter sido lido...

Estes resultados têm, pois,  que ser vistos com muitas reservas e cautelas... Não significam necessariamente "maior popularidade" ... Por exemplo, não temos meios para distinguir o interesse dos leitores e as pesquisas feitas por robôs... 

Por outro lado,  há "picos" nas visualizações (, um determinado dia, de um dado mês)... E há postes mais antigos, cujo nº excecional de visualizações fica por explicar: por exemplo, o poste P2352 é de 2007 e aparece, em 2021, com mais de 1,7 mil visualizações... (Está na lista dos 10 postes mais visualizados de sempre, em 6º lugar, tendo apenas 8 comentários, muito valiosos, mas de diferentes anos: 2007, 2008, 2012...)

Aqui vão, em todo o caso, os "dez mais" do ano de 2021 (, o 1º, em destaque, vem em cima, e é da série "Da Suécia com saudade" e teve mais de 12 mil visualizações e 32 comentários)... 

O título da série e os marcadores, descritores ou "tags", ou o próprio título do poste, também podem influenciar a pesquisa... Neste caso, o poste P21145 dirige-se a um público-alvo, o "macho ibério", muito mais vasto do que os antigos combatentes da Guiné...(**)





20 de maio de 2015 > Guiné 63/74 - P14640: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (31): Em busca das minhas raízes nalus / In search of my Nalu family origins (Nigel Davies, historiador britânico, originário da Serra Leoa / British historian, specialising in the study of Sierra Leone Creole people)

5,22 mil visualizações | 5 comentários





10 de maio de 2021 > Guiné 61/74 - P22191: Casos: a verdade sobre ...(22): A deflagração de um engenho explosivo no Café Ronda, em Bissau, em 26 de fevereiro de 1974 (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo, São Vicente, Cabo Verde)

4,88 mil visualizações | 38 comentários





6 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21522: FAP (124): A batalha das Colinas de Boé, ou a tentativa (frustrada) dos cubanos de fazerem de Madina do Boé o seu pequeno Dien Bien Phu (Abril-julho de 1968) - III (e última) Parte (José Nico, ex-ten pilav, BA 12, Bissalanca, 1968/70)


3,94 mil visualizações | 25 comentários





9 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22267: (Ex)citações (386): Valeu a pena andarmos todos à porrada, nós, e os ingleses, e os bóeres, e os alemães, e os cuanhamas, e os hereros, naquele Cu de Judas que era o sul de Angola e o Sudoeste Africano? (António Rosinha / Valdemar Queiroz)

3,74 mil visualizações | 11 comentários


10 de novembro de 2020 > Guiné 61/74 - P21531: Casos: a verdade sobre... (14): as razões da retirada de Madina do Boé em 6 de fevereiro de 1969... Já oito meses antes, em 8 de junho de 1968, havia saído uma Directiva do Comando-Chefe da Guiné para a transferência da unidade ali estacionada, a CCAÇ 1790, comandada pelo cap inf José Aparício

3,61 mil visualizações | 11 Comentários
 
2,6 mil visualizações | 23 comeentários |




5 de Dezembro de 2007 > Guiné 63/74 - P2352: Ilha do Como: os bravos de um Pelotão de Morteiros, o 912, que nunca existiu... (Santos Oliveira)

1,7 mil visualizações | 8 comentários


759 visualizações | 18 comentários


2. Na 11ª posição  (550 visualizações) até
 20ª (305 visualiações), ainda temos mais a seguinte lista:




3. Também por curiosidade liste-se, por ordem descrecescente e em números absolutos, as visualizações do nosso blogue em 2021 (cerca de 900 mil), por país (com a Suécia, surpreendentemente,  em 3º lugar e a Guiné-Bissau em 9º lugar, antecedida pelo Brasil):


Portugal > 264 mil
Estados Unidos > 237 mil
Suécia > 115 mil
França > 58,6 mil
Itália > 18 mil
Indonésia > 16,8 mil
Alemanha > 15,3 mil
Brasil > 9,34 mil
Guiné-Bissau > 7 mil
Outros > 142 mil


Vd. também poste de 8 de janeiro de2022 > Guiné 61/74 - P22888: (Ex)citações (397): Surpreendido com o aumento do nº de leitores do blogue, a partir da Suécia (José Belo, Key West, Florida, EUA)

sábado, 15 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22909: Os nossos seres, saberes e lazeres (487): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (33): A Arte Religiosa também conta neste portentoso Museu Nacional do Azulejo (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 2 de Dezembro de 2021:

Queridos amigos,
Prossegue a viagem no interior do Museu Nacional do Azulejo, houve a preocupação de voltar um pouco atrás e ver conjuntos azulejares de um maior interesse, visitar o Panorama de Jerusalém, uma pintura flamenga que comporta a narrativa visual das 76 passagens da Paixão de Cristo e onde aparece a Rainha D. Leonor, pelo Coro Baixo visita-se a admirável igreja do convento, os tetos, o altar-mor, o púlpito, a riquíssima azulejaria holandesa, para quem entra aqui pela primeira vez é quase um atordoamento. Mas vamos continuar, o andar superior reserva-nos grandes surpresas e temos toda a história da azulejaria por contar, espera-nos um espectáculo fora de série que é o silhar de azulejos Grande Vista de Lisboa.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (33):
A Arte Religiosa também conta neste portentoso Museu Nacional do Azulejo


Mário Beja Santos

Já se recordou ao leitor que este Museu nos revela Portugal com uma potência mundial do azulejo, depois de muita vicissitude aqui chegou ao Convento de Madre Deus este formidável acervo que é uma das manifestações artísticas identitárias da arte Portuguesa. Só que o convento, por si só, é um dos monumentos chave do barroco nacional. Se já visitou o restaurante-cafetaria com um conjunto representativo de azulejos da “cozinha de fumeiro”, ou espaireceu na estufa, pode agora contemplar o claustro, altamente depurado, obra de Diogo de Torralva (cerca de 1551), pode voltar de novo ao percurso didático da evolução do azulejo, só tem a ganhar em contemplar de novo o retábulo de Nossa Senhora da Vida, os padrões de enxaquetado, brações, panos de frontal de altar, percorrer o Coro Baixo, há tudo a ganhar em ver o azulejo da esfera armilar, divisa de D. Manuel I, executado em técnica hispano-mourisca. Pode agora contemplar uma obra extraordinária chamada Panorama de Jerusalém, veio da Flandres e data 1517. Foi oferta do Imperador Maximiano de Áustria à Rainha D. Leonor, é uma bela síntese do espírito de religiosidade mística do seu tempo. Ao fundo e à esquerda temos a imagem da Rainha D. Leonor, reza a tradição que a obra chegou a Portugal estando por pintar uma pequena área. Trata-se de uma narrativa visual de 76 passagens da Paixão de Cristo, que decorrem numa paisagem cujo eixo fundamental é o templo de Salomão. Para as freiras clarissas da Madre de Deus, esta pintura funcionaria como um substituto da peregrinação à Terra Santa, elas participariam de forma mística na Sua Paixão.
Claustro de Diogo de Torralva
Panorama de Jerusalém, Flandres 1517
Exemplos de belos conjuntos azulejares
Talvez o mais expressivo Cristo na cruz que faz parte deste precioso acervo

Estamos agora na Igreja do Convento da Madre de Deus, construída no reinado de D. João III e de D. Catarina de Áustria, substituiu a igreja primitiva. O seu esplendor deve-se às campanhas de obras empreendidas nos sucessivos reinados de D. Pedro II, D. João V e D. José, vejam-se os revestimentos azulejares encomendados à Holanda. Nos painéis, da autoria de Jan van Oort, completados por Willelm van der Kloet, há representação de palácios e jardins, um ermitério onde diversos religiosos se ocupam a orar. Era esta a moralidade: recordava-se aos fiéis as duas escolhas possíveis na época, um caminho de prazer e frivolidade ou um percurso de despojamento e virado para o Divino. O conjunto provoca-nos uma sensação de serenidade e harmonia, fruto do equilíbrio das proporções da arquitetura maneirista do século XVI. Acede-se pelo Coro Baixo através de uma imponente escadaria aqui colocada no século XIX. É igualmente impressionante a talha dourada, e olhando a toda à volta até se ganha quando se tem uma visita guiada, pois há complexos programas simbólicos barrocos nestes espaços à volta do teto e no altar-mor. Visite-se com tempo, e se necessário regresse-se a esta igreja antes de sair do museu
O púlpito espetacular com bela moldura azulejar
Aspeto do altar-mor
Pormenor de um conjunto azulejar alusivo a orações religiosas
Pormenor do teto da igreja do Convento de Madre de Deus
O lanternim da cúpula
Aspeto de um claustro interior
Azulejos representativos de Carlos II e Catarina de Bragança, sua mulher
Panorama da igreja vista do Coro Alto

Avisa-se o leitor que há muitíssimo mais para ver, há os painéis extravagantes, com aves e macacos, silhares para escadarias, a capela de Santo António com o fabuloso presépio, há as figuras de convite, a história do chapeleiro António Joaquim Carneiro, iremos até ao século XX e depois sobe-se a outro andar para termos a apoteose, o extraordinário conjunto chamado Grande Vista de Lisboa que veio da sala do Palácio dos Condes de Tentúgal, um autêntico diaporama com uma visão de 360º. Por tudo isso vamos prosseguir a visita.

(continua)

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Nota do editor

Último poste da série de 8 DE JANEIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22889: Os nossos seres, saberes e lazeres (486): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (25): O Museu que mostra como nos transformámos na potência mundial do azulejo (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P22908: Parabéns a você (2026): Manuel dos Santos Gonçalves, ex-Alf Mil Mec Auto da CCS/BCAÇ 3852 (Aldeia Formosa, 1971/73)

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Nota do editor

Último poste da série de 13 de Janeiro de 2022 > Guiné 61/74 - P22901: Parabéns a você (2025): Maria Ivone Reis, Major Enfermeira Paraquedista Reformada (1961/74)

Guiné 61/74 - P22907: O nosso blogue em números (77): em 2021, apesar da dupla fadiga pandémica e bloguística, tivemos uma média de 4,5 de comentários por poste, igual à do ano anterior...





Infografias: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2022)


1. Prosseguindo a nossa "prestação de contas" (*) ... O número de comentários, em 2021, num total de 5410 (limpos de mensagens Spam) foi ligeiramemte inferior ao do ano passado (5410) (Gráfico nº 9) mas está acima da média dos últimos sete anos (2015-2021), que foi de 5043. (**)

A dividir por 1140 postes publicados em 2021 (menos 62 que em 2020), temos uma média de 4,5 comentários por poste, no ano transato (Gráfico nº 10). Nos últimos sete anos,  a média anual  é de  4 comentários por poste!

O nosso recorde continua a ser  os 6 comentários, em média, por poste, nos anos de 2011 e 2012 em que publicámos um total de 1756 e 1604 postes, com 11 mil e 10,5 mil comentários, respetivamente... Mas nessa época o controlo do SPAM não era tão rigoroso. Hoje há um despiste rigoroso do SPAM por parte do nosso servidor, o Blogger.

2. Convém, entretanto, lembrar, mais uma vez, que estas "médias", como todas as médias estatístias, são "enganadoras": há postes sem um único comentário, a maior parte tem um, dois ou  três... Às vezes podem ter meia dúzia, ou até 10.... Outros podem ter, excecionalmente, algumas dezenas: 20, 30, ou até mais... Tudo depende do tema, do conteúdo, do interesse, do autor, da ilustração fotográfica, etc.
 
Há, naturalmente, postes mais "polémicos" ou mais "interessantes" ou até mais "apaixonantes" do que outros. Tudo depende do assunto e da sua abordagem. Os postes com pontos de vista menos "consensuais" podem originar mais comentários. Em todo o caso, ler e comentar dá trabalho... E nota-se, ao fim destes anos todos (vamos fazer 18 anos em 23/4/2022!) uma "fadiga bloguística", agravada nestes últimos dois pela "fadiga pandémica"... O que é natural e, mais do que isso, humano...  LG

Mas merece as nossas palmas (, dos editores e dos autores) os nossos leitores que, além de lerem os postes, ainda mostram interesse em os comentar. 

3. Recorde-se que qualquer leitor (,  mesmo não registado no Blogger ou sem conta no Google), pode comentar como "anónimo"... As nossas regras exigem, no entanto, que no final da mensagem deixe o seu nome e apelido (,como é conhecido dentro ou fora da Tabanca Grande).

Como "anónimo", o leitor terá sempre que "clicar" na caixa que diz "Não sou um robô"...

O ideal é, pois, usar a conta do Google (, basta só criar uma conta, o que é gratuito): quase toda a gente, hoje em dia, tem um endereço de @gmail...

Os comentários dão mais vida ao nosso blogue!... E são a prova de que estamos vivos!... O comentário não precisa de ser extenso: às vezes basta uma linha ou duas. (Há um limite de cerca de 4 mil carateres, incluindo espaços,  por comentário (cerca de página e meia em formato A4; mas podem desdobrar-se os comentários.)

Recorde-se que uma parte desses comentários pode dar (e tem dado) origem a postes, por iniciativa em geral dos editores mas também, nalguns casos, por sugestão dos autores.

Por outro lado, alguns camaradas nossos continuam a queixar-se de perderem, às vezes, extensos comentários, certamente por terem tocado numa tecla errada... Nestes casos, é preferível escrever o texto em word, à parte e no fim, fazer "copy & paste"... É mais seguro. Excecionalmente, há um comentário que não é publicado, mas não se perde, indo parar à caixa do SPAM. E nesse caso pode ser recuperado pelos editores.

Já a meio de janeiro de 2022,  reforçamos os votos da Tabanca Grande para que os nossos leitores continuem a aparecer a comentar os nossos postes. E quem aparecer será sempre bem vindo, desde que dê a cara... Os autores (e os editores) agradecem o interesse. 

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sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Guiné 61/74 - P22906: Notas de leitura (1409): Diário da Companhia da Loira & Zorba, por Manuel Neves Fonseca; Projecto Foco, 2020 (Mário Beja Santos)


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 6 de Janeiro de 2022:

Queridos amigos,
É mesmo uma narrativa agropastoril, com o seu quê de fantasiosa, muitas considerações de índole política, começámos num mundo rural das décadas de 1950 a 1960, percorremos vários pontos do Leste da Guiné, pena é ter-se ficado tão pouco a saber sobre a vida em Madina de Boé naqueles 14 meses do João Bigodes e porquê o mistério de tratar a Ponta do Inglês como Mata do Inglês, foi provavelmente artifício literário de que se se socorreu o autor.

Um abraço do
Mário



Diário da Companhia da Loira & Zorba, por Manuel Neves Fonseca

Mário Beja Santos

Manuel Neves Fonseca, foi furriel da CCAÇ 1417 (1965/1967) e tece uma narrativa um tanto fantasiosa de um reencontro de dois antigos combatentes em ambiente agropastoril,  "Diário da Companhia da Loira & Zorba", Projecto Foco, 2020. Tudo começa na Aldeia da Ribeira, afetada pela desertificação, a poucos quilómetros de Espanha, ouve-se o pífaro do João Bigodes, o narrador, de nome Silvestre, mete conversa, o pastor Bigodes declara ter prestado serviço militar na Guiné entre 1965 e 1967, passou 14 meses em Madina de Boé. Reconhece a Companhia a que pertence Silvestre, este estava em Bajocunda. Fazem amizade, conversam muito, Silvestre leva João à Guarda, um médico deteta que ele sofre de stress pós-traumático, deverá tomar medicamentos, ao fim de dois meses sente-se retemperado. Os amigos conversam, Silvestre também fala de si, nasceu no sopé da Serra da Estrela, numa aldeia pobre chamada Monte do Bispo, a que na época tudo faltava, é um puro ambiente rural, a vida social comandada pelo toque do sino, em que o pároco contabilizava rigorosamente todas as presenças na missa dominical; assiste-se à fuga dos jovens e até de homens de meia idade para França. Silvestre descreve o trabalho de um serrador, e depois como se apaixonou pela jovem Clarisse, há entendimento mútuo, a jovem vive numa cidade, Silvestre deixa a aldeia, dizendo que quer ir trabalhar para Castelo Branco e aprender a ler e a escrever, escreve a Clarisse que vive em Lisboa, é chamado para a tropa, procura a morada de Clarisse, é recebido pelo irmão: “Então és o Silvestre, aquele que anda para aqui a escrever cartas doidas? Pois, escreve à vontade que ela não leu, nem nunca vai ler nenhuma, vai para o lixo estão lá todas, e agora desaparece”. E é dentro deste diálogo agropastoril que João fala do local onde nasceu e da família, história bem triste.

Estão agora a bordo do Niassa, descrição da viagem, chegada a Bissau, lembranças de uma cidade que para eles era uma pequena vila da província rural portuguesa. Sobem o Rio Geba numa lancha da Marinha. Em Bambadinca João e Silvestre separam-se, Silvestre segue para Fá Mandiga, João para a zona de Bafatá. Silvestre descreve Fá Mandiga, diz que aqui nasceu a luta armada, teria sido aqui que Amílcar Cabral congeminou o plano de revolta e foi buscar o apoio aos Balantas, destinou-se a esta companhia a intervenção da Mata do Inglês. E vai dar-nos pormenores sobre essa região da Mata do Inglês: extensa zona de arvoredo centenário, coqueiros, imbondeiros, diversos arbustos. A Mata do Inglês começava para lá do quartel de Bambadinca. E dá pormenores da primeira incursão militar da chamada Companhia da Loira, constituída sobretudo por madeirenses. “Foi-nos atribuída a missão de destruir um acampamento da guerrilha no interior da Mata do Inglês, a poucos quilómetros de um lugar chamado Xitole”. “Quando chegávamos a esses acampamentos da guerrilha, não encontrávamos mais do que palhotas limpíssimas, uns bancos de madeira, umas mesas improvisadas com um ou dois livros do ensino básico abertos numa dessas mesas dando-nos a indicação de que ali havia uma escola e que ali se ensinava português. O trabalho da tropa era incendiar as palhotas e deixar a escola intacta”. Descreve um cerco num desses acampamentos, tudo parecia de feição quanto ao fator surpresa, só que apareceu um guerrilheiro e deu o alarme, atacou-se em força, vomitaram-se as balas indiscriminadamente sobre tudo o que mexia. “A violência do ataque enfureceu a guerrilha e dias depois duas minas anticarro apanharam dois veículos de transporte de militares e civis que se deslocavam de Bambadinca ao Xime, três soldados mortos e uma dezena de civis, para além de feridos. Silvestre ficou chocado com o funeral dos soldados mortos, enrolados em lençóis brancos desceram à cova, a identificação foi escrita num papel branco, metido de uma garrafa de cerveja fechada com uma rolha de cortiça”.

Mudamos de lugar, João e Silvestre falam de uma operação em 22 de outubro de 1966, é então que ficamos a saber porque é que a companhia se chama Zorba, havia um soldado que se metia numa canoa, passeava-se no Rio Corubal, ao som desta canção, tinha um pequeno leitor de cassetes, ouvia o Zorba aos berros. “A alcunha da Loira deriva do facto do comandante da Companhia ser visitado de quando em quando por uma bela jovem, alta, cabelos loiros, suficientemente provocadora, pertencia à hierarquia do Movimento Nacional Feminino em Bissau”. Voltando à operação, foram resgatar um grupo de mulheres e crianças que se encontravam junto da fronteira da Guiné-Conacri, e que pretendeu sair da zona de influência da guerrilha. Passam tormentos, mas a operação resultou, mesmo com emboscadas e muitos outros perigos, chovia torrencialmente. Mal chegados ao aquartelamento, verificam que faltavam dois homens, regressa-se ao local da luta, o reencontro com os dois militares perdidos compensou tanto penar.

E os dois amigos em ambiente agropastoril vão agora falar de Madina de Boé e Bajocunda, João recorda a caminhada para Madina, os ferros retorcidos de viaturas destruídas nas bermas, a segurança dada por outros pelotões, a chegada a Madina com uma receção de morteiradas que iriam marcar a vida quotidiana da companhia Zorba. Silvestre aproveita para descrever a instalação em Bajocunda, participaram na remodelação das instalações, desde os abrigos ao arame farpado, havia então uma intensa atividade comercial, elenca os comerciantes, e dentro do diálogo dá conta que o tratamento do stress pós-traumático renasceu o gosto por viver, apaixonou-se pela Maria Florinda, o Silvestre pagou a boda e de imediato voltamos a Madina de Boé, há para ali um comandante de Nova Lamego de quem o Silvestre não tem boa imagem, aquele tenente-coronel deu-se ao desplante de informar o Comando-Chefe em Bissau de que a zona de Madina estava pacificada não era necessário qualquer apoio aéreo, aquele tenente-coronel Falhardo ostentava bravatas e pesporrência, determinou que o abastecimento de Madina de Boé seria patrulhado por uma companhia de 100 militares, chegados há dois meses de Lisboa, enquadrados por 28 militares da Companhia da Loira. Tudo vai correr mal, cinco carros atingidos por roquetadas, os guerrilheiros sentiram-se à vontade para saquear mantimentos, foi então necessário ripostar com uma companhia de paraquedistas. E João explica que foi assim que começou a adoecer, que quando veio para Portugal ainda teve pequenos trabalhos, andou com um carro frigorífico, descobriu a Aldeia da Ribeira, foi aqui que se sentiu feliz na vida de pastor. Silvestre mostra-se muito politizado, entrepelado por João sobre o que andaram a fazer naquela guerra, explica que andámos a defender os interesses da CUF através da Casa Gouveia, fala sobre o comércio na mão dos libaneses e sírios, na administração do território exercida maioritariamente por cabo-verdianos, a instituição militar vivia bem com aquelas guerras, delas tirava partido. E Silvestre volta a falar da sua vida em Bajocunda, onde teve uma paixoneta por Mariana Falé, que se veio a descobrir a ser um quadro do PAIGC, como aliás um dos mais importantes comerciantes da terra. Muitos anos mais tarde, Mariana veio a Portugal estudar Direito do Trabalho e encontrou-se com Silvestre, restavam uma boa amizade. E o livro termina em ambiente agropastoril, João ainda não está em condições de contar tudo quanto viveu, ainda há muitos acontecimentos encravados na sua mente, aguarda a libertação dessa dor, diz ao amigo que as explicações que lhe deu ajudaram-no a sair da escuridão onde se encontrava, só que os seus sentimentos continuam obstruídos, qualquer dia voltarão a conversar. E ponto final.


Ponta do Inglês, era o que restava em 2010 da casa de Inglês Lopes, encontrei muitas árvores com marcas de balas, o que mais me empolgou foi a beleza extasiante da Foz do Corubal
Artilharia de Bajocunda. Com devida vénia ao autor da foto
Ruínas de uma antiga caserna de praças, Xime, imagem do nosso blog
A retirada de Madina do Boé. Imagem do nosso camarada Manuel Caldeira Coelho (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 1589/BCAÇ 1894, Nova Lamego e Madina do Boé, 1966/68), com a devida vénia
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Nota do editor

Último poste da série de 11 DE JANEIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22896: Notas de leitura (1408): "Aldeia Nova de São Bento: Estórias, Memórias e Gentes", de José Saúde: nota sobre o autor, introdução e sinopse

Guiné 61/74 - P22905: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (actual Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte XIX: Joaquim Vidal Pinheiro, ten art (Porto, 1892 - França, CEP, 1918)



Joaquim Vidal Pinheiro (1892 - 1918)


Nome:  Joaquim Vidal Pinheiro
Posto: Tenente de Artilharia
Naturalidade:  Porto
Data de nascimento;  16 de Dezembro de 1892
Incorporação:  1912 na Escola de Guerra (nº 35 do Corpo de Alunos)
Unidade: 3º Grupo de Baterias de Artilharia, Regimento de Obuses de Campanha
Condecorações

TO da morte em combate: França (CEP)
Data de embarque:  15 de Abril de 1917
Data da morte: 9 de Abril de 1918
Sepultura: França, Cemitério Militar de Vieille Chapelle
Circunstâncias da morte; Na batalha de 9 de Abril, ficou gravemente ferido e gaseado, quando se dirigia para a posição da sua bateria, pelo tremendo bombardeamento com que os alemães iniciaram a ofensiva. Retirado do local por uma ambulância inglesa nela faleceu hora depois.

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António Carlos Morais da Silva, hoje e ontem


1. Continuação da publicação da série respeitante à biografia (breve) de cada um oficiais oriundos da Escola do Exército e da Escola de Guerra que morreram em combate, na I Guerra Mundial, nos teatros de operações de Angola, Moçambique e França (*).

Trabalho de pesquisa do cor art ref António Carlos Morais da Silva, cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da Academia Militar e depois professor da AM, durante cerca de 3 décadas; é membro da nossa Tabanca Grande, tendo sido, no CTIG, instrutor da 1ª CCmds Africanos, em Fá Mandinga, adjunto do COP 6, em Mansabá, e comandante da CCAÇ 2796, em Gadamael, entre 1970 e 1972.