"Aldeia Nova de São Bento - Memórias, Estórias e Gentes": capa, badana e contracapa do livro (Edições Colibri, Lisboa, 2021, 299 pp.).
Sessão de autógrafos, no sábado, dia 15 de janeiro, às 15h00, no Pátio Àrabe da Casa do Alentejo, Rua Portas de Santo Antão, 58, Lisboa. (*)
José Saúde nasceu em Aldeia Nova de São Bento no dia 23 de Novembro de 1950, todavia, o seu registo oficial de nascimento reporta-se a 23 de Janeiro de 1951.
Ainda muito jovem, e sem nunca renegar as suas origens, fez da cidade de Beja a sua terra de adoção. Na velha Pax Júlia concluiu o ensino primário e foi aluno da antiga Escola Industrial e Comercial de Beja, agora D. Manuel I, na qual finalizou o Curso Geral de Comércio, ainda que pelo meio tivesse ficado uma passagem pela Escola Comercial Veiga Beirão, em Lisboa. Mais tarde completou o 12º Ano na Escola Diogo Gouveia, antigo Liceu de Beja.
Desportivamente, iniciou a sua carreira futebolística no Despertar Sporting Clube e aos 16 anos ingressou no Sporting Clube de Portugal, como juvenil.
Depois dessa experiência enriquecedora em Alvalade, e já como jogador sénior, representou o Desportivo de Beja e o FC Serpa.
Em 1975, com o serviço militar obrigatório cumprido, foi um dos grandes impulsionadores do reaparecimento do futebol de competição na Aldeia Nova de São Bento ao reativar a atividade no Clube Atlético Aldenovense.
O jornalismo foi sempre uma das suas grandes paixões. Em 1985 iniciou a sua carreira como jornalista no jornal desportivo bejense “O ÁS”. De agosto de 1989 a janeiro de 2000 assumiu o comando do pelouro desportivo da Rádio Voz da Planície (RVP), em Beja. Coordenou a equipa do desporto da Planície Desportiva da RVP aos domingos; foi o rosto do programa “Estádio” aos sábados e desenvolveu ao largo dos vários anos radiofónicos duas rubricas diárias desportivas de nome Livre Direto.
No ano de 1994 frequentou o Curso de Comunidades Europeas para Profisionales de Medios de Comunicacion no Centro de Documentacion e Formacion Europea de Extremadura, em Badajoz, onde recebeu o Diploma.
A nível nacional foi colaborador do jornal A Bola entre 1990 e 2015. Colaborou, também, com o JN - Jornal de Notícias - no período de 1996 a 2006 na área desportiva.
Em 2006 estreou-se na TV Beja (televisão por internet), sendo responsável pela área desportiva e em agosto de 2008 integrou o Departamento Desportivo do Diário do Alentejo, órgão no qual se mantém.
Em maio de 2009 foi galardoado pela Câmara Municipal de Beja com o Diploma de Medalhas e Insígnias Municipais – Mérito Grau “Prata” – “por ter sido destacado por serviços distintos e altamente meritórios ao Município, e cujo nome está intrinsecamente ligado a Beja” e em junho de 2015 foi distinguido com o Diploma de Sócio Honorário da Associação de Futebol de Beja.
De entre a sua bibliografia fazem parte as obras:
- Glórias do Passado, volumes I, 1999 e II, 2006 - relatando a evolução do futebol no século XX na Associação de Futebol de Beja;
- AVC Na Primeira Pessoa, 2009;
- O Trilho, 2013;
- Guiné-Bissau, As Minhas Memórias de Gabu 1973/1974, 2014;
- Associação de Futebol de Beja, 90 Anos de Memórias e Relatos,
- 2015; AVC Recuperação do Guerreiro da Liberdade;
- Do Aldenovense Foot-Ball Club ao Clube Atlético Aldenovense 1923 em 2016;
- Um Ranger na Guerra Colonial Guiné-Bissau 1973/74, em 2019.
Nasci em Aldeia Nova de São Bento no dia 23 de novembro de 1950 e sou filho de Francisco Saúde e de Ana dos Reis Romeiro, ambos naturais da povoação.
Oriundo de uma família humilde, gente que “comeu o pão que o diabo amassou”, mas cujo princípio familiar passou por me colocarem a estudar num ensino secundário, ensino este que ia para além da então trivial quarta classe, foi, de facto, o literal propósito dos meus saudosos pais, pessoas modestas, mas que oportunamente se identificaram com uma enorme solidez humana que motivou o homem que hoje sou.
Neste contexto, e num desafio permanente às “Memórias da Minha Aldeia”, deixo escrito, neste livro, parte das raízes da minha infância e dalguns pormenores de profissões que marcaram épicas gerações, onde os mestres foram personalidades que inspiraram épocas inesquecíveis, sendo que o seu labor ficará eternamente contemplado. Para além dessas inequívocas lembranças, recordo alguns dos nossos conterrâneos que ficarão perpetuamente expostos numa montra de eloquentes e requintadas individualidades.
Mas, além de tudo o que aqui vos deixo escrito, o que é sempre muito pouco, preocupei-me em investigar temáticas sobre a lenda da origem da nossa Aldeia, do seu Padroeiro São Bento, da Festa das Santas Cruzes, um dos nossos ícones anuais, assim como a envolvência da Procissão, do nosso fabuloso Cante Alentejano, do simbolismo das Santas Cruzes feitas em casas de devotos, enfim, uma panóplia de narrativas avulsas indiscriminadas no tempo e que dão maior força ao tema trabalhado com imensa ternura e resplandecente paixão.
É, ainda, plenamente crível que articule histórias genuínas da nossa terra e, obviamente, dos seus antigos costumes. Recupero, também, parte de narrativas inseridas numa outra obra que em tempos lancei para os escaparates, mas que julgo apresentarem-se determinantes para a composição de recordações do antigamente da comunidade aldeã e que jamais serão esquecidas.
Reconheço que muito mais haveria para expor, admito. Mas, neste planeta da escrita, sempre perplexo, o autor procura, neste caso, dar uma imagem do universo aldeão, embora o faça meticulosamente, sem preconceitos e isento de presumíveis susceptibilidades. Os textos, avulsos, são determinados por capítulos, mas não por ordem cronológica no tempo e nem tão-pouco sequencial no plano alfabético.
Deixo explícito nesta introdução à obra que me propus efectuar, o meu profundo agradecimento ao David Monge da Silva pela sua prestável colaboração, e pelo excelente espólio de memórias da nossa terra que possui e de onde bebi profícuos saberes, bem como ao Francisco Costa, à Constança Joana pela sua enorme disponibilidade de comigo colaborarem, sobretudo na recolha de fotografias e de instrumentos básicos para a construção dalguns dos textos, ao Zé Bica e à minha prima Mariana pelas muitas perguntas que lhes fiz sobre questões de outrora o que implicava, como é óbvio, um conhecimento mais rigoroso dessas eras, principalmente quando a minha perspicaz curiosidade impunha um saber mais sóbrio e literalmente verdadeiro.
A todos os meus conterrâneos um bem-haja! (**)
José Saúde
(...) Eu e o Zé Saúde vivemos a nossa infância e juventude nas décadas de 50 e 60, conhecemos a nossa aldeia com a sua população máxima, e acompanhámos o seu progressivo decréscimo.
(...) As memórias que nos são trazidas nesta obra situam-se, sobretudo, nestas duas décadas, trazem-nos personagens, profissões, modos de vida, relações sociais e formas de convívio que não voltarão mais. Há que ler atentamente para que os mais idosos recordem as suas vivências e os mais novos conheçam um pouco do que foi a vida dos seus pais e avós. Este livro é serviço público." (...)
José Saúde aborda também “os costumes da aldeia, as virtualidades dos mestres, o início do seu futebol, 1923 e o seu processo evolutivo, enfim, um conjunto de situações que nos leva a viajar no tempo, onde ressalta o êxodo rural para os grandes centros populacionais, Lisboa e os seus arredores assumindo-se como ponto fulcral, as “carradas” de famílias que diariamente deixavam a terra que os vira nascer em procura de uma vida melhor, da emigração, conterrâneos que partiam a salto para países que lhe proporcionavam um futuro mais risonho, o contrabando, ou do uivar dos lobos, as lutas politicas dos trabalhadores rurais” (...)
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