Até ao século XIX, esta área em particular ainda estava largamente desabitada, exceto por alguns boéres sul-africanos que no século 19 se mudaram para a Huila, no interior de Angola, longe do domínio britânico, primeiro na antiga província holandesa do Cabo e depois no Transvaal.
Os madeirenses aprenderam a cultivar a terra, a caçar e a construir robustos carroções de bois com os bôeres, que tinham adaptado um design não incomum da Holanda., e que controlava o comércio de transportes no sul de Angola para aborrecimento das autoridades portuguesas em Lisboa.
O avô Domingos Rodrigues conheceu bem os Afrikaner Boers , e passou mais de 50 anos a ajudar a desbravar o sertão angolano: tocava as suas canções Boer na sanfona e falava Afrikaans. Os Boers saíram como tinham vindo, em várias ondas durante o século seguinte (nomeadamente com o êxodo de 1928 e de 1958), tendo sido encurtado a cada passo pelas autoridades portuguesas nas suas tentativas de construir uma nova vida.
(Excertos de: http://schotanus.us/Angola.htm)
Comentários aos postes P22264 e P22266:
(i) António Rosinha (*)
A batalha de Naulila foi feita contra os alemães para defender aquela fronteira(sul). Os alemães que também nos massacraram em La Lys naquele tempo, forneceram armas aos Cuanhamas que eram muito difíceis e muito rebeldes e até bastante insociáveis e até 1974 não pagavam imposto.
Hoje, estes dias (jornais de duas semanas passadas), a Alemanha aceitou considerar genocídio aquilo que fizeram a sul de Naulila, ou seja, no sudoeste alemão (Namibia), genocídio contra os irmãos destes mesmos Cuanhamas que do lado de lá se chamam Hereros.
Os alemães precisavam dos rios do sul de Angola.
Os alemães perderam a I Guerra Mundial, com muitos sacrifícios da nossa parte, se a vitória tem sorrido aos alemães, Angola e Moçambique e seus habitantes tinham outro destino, principalmente os Cuanhamas, armados pelos alemães, falava-se em Mausers contra as nossas Lee-Enfields (ou coisa que o valha).
O 25 de Abril apanhou-me a fazer estradas exatamente naquela fronteira do sul.
Será que valeu a pena nós e os alemães andarmos à porrada naquele cu de judas?
É melhor perguntar aos descendentes de Agostinho Neto, de Lúcio Lara, de Eduardo dos Santos e de Savimbi, mais uns generais, eles é que se podiam pronunciar sobre o resultado final.
8 de junho de 2021 às 15:21
(ii) Valdemar Queiroz (*)
A batalha de Naulila foi feita contra os alemães para defender aquela fronteira(sul). Os alemães que também nos massacraram em La Lys naquele tempo, forneceram armas aos Cuanhamas que eram muito difíceis e muito rebeldes e até bastante insociáveis e até 1974 não pagavam imposto.
Hoje, estes dias (jornais de duas semanas passadas), a Alemanha aceitou considerar genocídio aquilo que fizeram a sul de Naulila, ou seja, no sudoeste alemão (Namibia), genocídio contra os irmãos destes mesmos Cuanhamas que do lado de lá se chamam Hereros.
Os alemães precisavam dos rios do sul de Angola.
Os alemães perderam a I Guerra Mundial, com muitos sacrifícios da nossa parte, se a vitória tem sorrido aos alemães, Angola e Moçambique e seus habitantes tinham outro destino, principalmente os Cuanhamas, armados pelos alemães, falava-se em Mausers contra as nossas Lee-Enfields (ou coisa que o valha).
O 25 de Abril apanhou-me a fazer estradas exatamente naquela fronteira do sul.
Será que valeu a pena nós e os alemães andarmos à porrada naquele cu de judas?
É melhor perguntar aos descendentes de Agostinho Neto, de Lúcio Lara, de Eduardo dos Santos e de Savimbi, mais uns generais, eles é que se podiam pronunciar sobre o resultado final.
8 de junho de 2021 às 15:21
(ii) Valdemar Queiroz (*)
Rosinha
É uma chatice e não nos sai da cabeça, o que se passou com a colonização da América do Norte e do Brasil, a colonização espanhola agora não entra.
Aquilo é que foi, e porque em África não aconteceu a mesma coisa? Até já havia por lá mão d'obra de borla.
Parece que em África (subsariana) só a partir do séc. XVII, com a chegada dos camponeses calvinistas holandeses (boéres)(#) ( ao sulO, é que deixou de ser quase unicamente a "mina" do negócio de escravos. Os boers fixaram-se no terreno e dedicaram-se à agricultura como já tinha feito outros calvinistas na América do Norte.
Por isto, a África nunca poderia ser igual à 'era só mais uns aninhos e tínhamos outros Brasis pra nós, ou anos antes outra América para os ingleses, franceses e outros' e, agora, com a civilização cristã e ocidental não haveria todos aqueles problemas em África.
Não sabemos é se aconteceria o mesmo que aconteceu aos índios da América do Norte.
Abraço
Valdemar Queiroz
(#) boers, em neerlandês pronuncia-se bôarrss
8 de junho de 2021 às 18:04
(iii) António Rosinha (**)
Umpungo, onde este heroi Roby morreu era ainda muito longe da fronteira e onde se deu a anteriormente mencionada batalha desatrosa de Naulila, só que os indígenas de Naulila eram Cuanhamas, e no Umpungo eram Mamuilas, da Huila.
Conheci desde 1958 estas regiões profissionalmente e conheci muitas histórias contadas por gente ainda viva de Sá da Bandeira e do Roçadas (Humbe) e Pereira D'Eça (Ondjiva).
Os alemães incitavam e armavam a população contra nós, mas não me tinha apercebido que vinham tanto para norte.
Ainda em 1958 ir de Luanda até estas regiões era muitíssimo complicado, apercebi-me porque trabalhei e percorri profissionalmente, em cartografia e estradas toda esta região.
O General Roçadas levou tareia e só mais tarde o General Pereira D'Eça é que dominou , mas só com a ajuda dos Boeres, porque estes muitos tinham-se refugiado no Sul de Angola, devido a guerras que mantinham com ingleses que nunca entendi bem, ainda viviam algumas familias naquela região no 25 de Abril, e do lado da Namíbia deram muita luta aos alemães.
Os boeres deixaram uma tradição de transporte animal, usada pelas nossas tropas no sul de Angola que constava quase exactamente com os nossos carros de bois que bastante estreitos, usavam os caminhos de pé posto dos indígenas, que com uma ligeira desmatação, ficaram a ser conhecidos por caminhos dos boeres, e desenrascava para levar armas e mantimentos em distâncias enormes.
Esta guerra no sul de Angola terminou com a derrota dos alemães nesta e noutras frentes evidentemente, mas o domínio total sobre a rebeldia dos Cuanhamas foi com uma batalha também célebre em Angola a batalha da Mongua com o General Pereira D'Eça.
Também nessa guerra foi usada alguma cavalaria e os Cuanhamas também usavam cavalos.
9 de junho de 2021 às 12:06 (***)
__________
Notas do editor:
(*) Vd. poste de 8 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22264: In Memoriam: Cadetes da Escola do Exército e da Escola de Guerra (hoje, Academia Militar), mortos em combate na 1ª Guerra Mundial (França, Angola e Moçambique, 1914-1918) (cor art ref António Carlos Morais Silva) - Parte I: Apresentação | Artur Homem Ribeiro, cap inf (Canas de Senhorim, 1874 - Angola, 1914)
(**) Vd. poste de 9 de junho de 2021 > Guiné 61/74 - P22266: Blogues da nossa blogosfera (160): Vida e morte do capitão Sebastião Roby (Braga, 1883 - Angola, 1915) (Excerto de "O sal da história", de Cristiana Vargas)
(***) Ultimo poste da série > 29 de maio de 2021 > Guiné 63/74 – P22234: (Ex)citações (385): Recordando as minhas lavadeiras (António Eduardo Ferreira, ex-1.º Cabo CAR da CART 3493/BART 3873)
11 comentários:
Nessa viagem do "Índia", referida no "site" citado ( http://schotanus.us/Angola.htm), em outubro de 1884, com partida do Funhal e destino ao sul de Angola, seguia a família de Francisco Sousa (bisavô de Irisalva Moita) e José Nóbrega (seu avÕ materno).
O José NóbrEga (1866-1941) era natural de Santa Cruz, Caniço, ilha da Madeira.
Irisalva Moita (1924-2009)foi arqueóloga, historiadora, olissipógrafa e fundadora do Museu da Cidade de Lisboa (e sua diretora durante 20 anos). A EGEAC fez-lhe aqui uma pequena homenageM, em documentário disponível no You Tube
https://www.youtube.com/watch?v=-2485EK2sjM
Tive o prazer de a conhecer em vida e recebê-la, eu e a Alice, na nossa Quinta de Candoz, tendo feito com ela (e a sua sobrinha Marília Sousa) uma visita a Tongóbriga, a antiga cidade romanizada, sita no Freixo, Marco de Canaveses.
O "Índia" levava então 222 colonos madeirenses, que irão fundar a cidade de Sã da Bandeira (hje, Lubango), onde nascerá a Irisalva.
Foi recentemente publicado (e eu assisti ao seu lançamento) o livro " Irisalva Moite: um percurSO fotobiográdico".
utores: Margarida Almeida Bastos, Rita Fragoso de Almeida
Edição: EGEAC
Idioma: Português.
Páginas: 200, capa mole.
Dimensões: 25 x 24 x 1,5 cm.
PS - O navio "Índia" chegou a Moçâmedes, em novembro de 1884, quando se dava o início da Conferência de Berlim (15/11/1884)...
Internado no Hospital- Cancro no Pulmão. acontecimento amplamente divulgado no Face. Nem uma palavrinha da Tertúlia Grande. Obrigado...
Jorge, tens toda a razão... Lamento muito. Mas tu sabes que eu não sou facebook...eiro. Foi a Alice que me deu a triste notícia. Espero que estejas a recuperar. Já tentei ligar-te. Quero saber, de viva voz, como estás. como se sentes!...Até mais logo. Luís
Sobre a histórIA DE Lobango/Sá da Bandeira (hoje com cerca de 900 mil habitantes)
(...) "Sá da Bandeira foi fundada oficialmente em 19 de Janeiro de 1885, com o nome primitivo de Lobango, que era o nome de um antigo soba da região. Embora os portugueses já estivessem instalados na região desde 1769 - data em que se criou a actual povoação da Huíla, com o nome de Alba Nova - foi na véspera de Natal de 1884 e em 16 de Janeiro de 1885 que chegaram ao Lubango as duas levas de 222 madeirenses, mandados pelo ministro Sá da Bandeira para povoar o fértil e saudável vale do Lubango.
Estes povoadores, constituídos por 78 chefes de família, entre homens, mulheres e crianças, haviam aportado a Moçamedes em 19 de Novembro, no vapor «Índia».
As dificuldades de transporte, em carros «boers», para vencer as duas centenas de quilómetros que separam o deserto de Namibe e as ravinas da serra da Chela do porto de Moçamedes, obrigaram a colónia a deslocar-se por duas vezes.
Só depois de totalmente instalados, o diretor da colónia, D. José da Câmara Leme, proclamava a fundação de Sá da Bandeira, no dia 19 de Janeiro de 1885.
Seguir-se-ia a ascenção a sede do Concelho em 1889, vila em 1901." (...)
https://sites.google.com/site/celiojgf/lobango-sa-da-bandeira
Ainda sobre o Lobango,ver Wikipedia:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Lubango
História
O primeiro contato europeu com a região do Lubango ocorreu em 1627, ano em que uma expedição luso-espanhola da cidade de Moçâmedes sobe o planalto da Humpata. A expedição alcançou a Serra da Chela, de onde era possível ver um vasto vale do domínio do soba Calubango, do País de Humbi-Onene.(...)
A actual cidade de Lubango implanta-se em território que se encontrava, até fins do século XIX, na área de influência do soba do Lubango, cuja ombala se localizava no distrito urbano actualmente conhecido como Munhino. (...)
Fundação da colónia agrícola
Os portugueses entenderam a necessidade de controle daquela região por volta de 1880, sendo pensado, em 1882, o estabelecimento de uma colónia com interessados recrutados no Arquipélago da Madeira, nos termos do decreto de 16 de agosto de 1881. A primeira comissão de madeirenses chegou a Moçâmedes em 19 de novembro de 1884, a bordo do navio Índia, atingindo o Planalto da Huíla a 19 de janeiro de 1885, onde fundaram a colónia de Sá da Bandeira,[5] assim designada em homenagem a Bernardo de Sá Nogueira de Figueiredo, Marquês de Sá da Bandeira. (...)
José Augusto da Câmara Leme, o líder dos madeirenses foi nomeando chefe do concelho do Lubango em 19 de fevereiro de 1890, e; comandante militar do concelho do Lubango, com o posto de capitão de 2ª linha, em 19 de outubro de 1890. Nessa altura a colónia era formada por madeirenses e brasileiros, passando a abrigar também os bôeres da Humpata. (...)
Dado o desenvolvimento da colónia de Sá da Bandeira, cria-se, em 1889, o concelho do Lubango, apropriando-se do nome do antigo soba local. Porém, somente em 1891 é que dá-se a primeira eleição para a Câmara do Lubango, ficando a presidência com João Gonçalves de Azevedo. (...)
Alguns sobas da região da Huila, distrito do Lubango, ainda usavam carros boeres puxados por 2 ou três juntas de bois (ou vacas) em 1958, ano do meu batismo de fogo profissional, 19 anos, quando fui à inspecção militar em Sá da Bandeira e passei 6 meses (cacimbo) naquela região.
Não havia estradas transitáveis no tempo das chuvas para camiões, e jeepes ainda eram desconhecidos, apenas o velho pequeno Wilis dos comandantes de Batalhão. (1958)
Em Angola havia asfalto em 1961 nas ruas principais de cada cidade, e 50 Klm mais ou menos à saída de Luanda para o interior.
Pergunta esquisita do Luis Graça, e de nós todos, se valeu a pena andarmos boeres e cuanhamas e alemães (não devemos esquecer os enormes e universais ingleses)todos â porrada.
Valeu sim a pena para a meia dúzia dos novos donos e senhores africanos e seus generais que ficaram com o destino de África nas suas mãos.
Que a Europa lhe entregou de mão beijada gratuitamente e sem qualquer explicação.
Pior que todas as escravaturas foi este tipo de independências dos anos 50, 60 e 70, só mesmo a África do Sul destes tais boeres, escapou da entrega a qualquer um.
Só em 1993, 20 anos após a independência da Guiné Bissau, o bem "escrutinado" Mandela assumiu o compromisso.
Os boeres deixaram-lhe os cofres bem recheados de ouro e diamantes e uma cultura de trabalho que até já lhe permitiu organizar um campeonato do mundo de futebol.
Os boeres, com o apartheid funcionaram dentro de uma certa lógica africana, o tribalismo puro e duro, que os africanos não condenavam de todo, estes apenas queriam viver tão bem ou melhor que os boeres, como seria humano.
Em Angola e Guiné apenas queriam correr com os portugueses e depois o-que-deus-queira.
Valdemar Silva
9 jun 2021 18:05
Olá Luís Graça.
Quer dizer que temos homem, cozinheiro, escritor, filhos médicos e uma neta, agora é só plantar uma árvore.
Uma videira, sem ser de latada, em Candoz, na Lourinhã e até nos antigos campos de trigo de Alfragide pode muito bem pegar de estaca. Uma videira cresce depressa e dá uvas rapidamente.
Essa de eu saber holandês não é bem assim, sei meia dúzia de frases/vocábulos e não mais que isso. Em casa do meu filho eu e ele falamos sempre em português e os meus netos e nora que entendam. Aliás ela já fala e escreve bem português e os meus netos nem tanto mas percebem bem.
Sobre os bóeres no sul de Angola também não sei mais que o que aparece no "site" que referes.
Sabe-se que foram rudes agricultores calvinistas do centro e norte da Holanda e da Alemanha que em vez de emigrar para a América aproveitaram a rota da holandesa Companhia das Índias e fixaram-se no sul do continente africano na Namíbia e Africa do Sul, e mais tarde após a 'guerra dos bóeres' fugiram para o sul de Angola.
Criaram sociedades agrícolas separados da população indígena e um idioma (afrikaans) com palavras do holandês da região de Amesterdão, alemão e incorporando várias palavras de regiões com ligações à Companhia das Índias como o malaio e o indonésio, que por acaso algumas destas palavras são semelhantes ao português.
Como curiosidade existe um pequeno monumento em Évora, junto do Templo de Diana, oferecido pela Africa do Sul escrito em africânder que os meus netos perceberam perfeitamente o que lá estava escrito.
O africânder (afrikaans) é muito mais que uma língua crioula da África do Sul, comparativamente ao crioulo falado na Guiné ou em Cabo Verde, e é mais falada pelos habitantes africanos que propriamente pelos habitantes de origem europeia.
Mas a questão que eu levantei foi sobre como seria/estaria agora África subsariana se, em vez da grande maioria da emigração dos calvinista que foi para América, tivesse ido para a África.
Na época em que Portugal esteve sob o domínio filipino os holandeses da Companhia das Índias foram se apoderando de algumas cidades das colónias portuguesas, mas passados vinte anos abandonaram ou foram corridos à espadeirada.
Continuação de boa recuperação e de confecção boa comidinha.
Abraço
Valdemar Queiroz
Caro Luis Graça,
Eu, a respeito dos Cuanhamas, só posso exprimir aquilo que os meus soldados angolanos me contaram. Nenhum deles era cuanhama, nem poderia ser, porque os Cuanhamas não iam para a tropa. Nem os Cuanhamas, nem os Mucubais, nem, talvez, os Cuamatos e mais alguma etnia angolana com tradições guerreiras. O regime anterior ao 25 de Abril não se atrevia a colocar armas de fogo nas mãos de membros destas tribos, mesmo que integrados no Exército regular, com receio de que eles se rebelassem e as virassem contra si. O serviço militar era obrigatório em Angola, pois era, mas era só para alguns...
Quando em novembro de 1973 o meu pelotão se instalou no destacamento do Banza Sosso, na fronteira norte de Angola, onde havia um posto fronteiriço aberto, estava lá colocada uma pequena força policial constituida por meia dúzia de guardas da PSPA (Polícia de Segurança Pública de Angola), todos brancos menos um, que era cuanhama. Os meus soldados angolanos ficaram espantadíssimos: «Um cuanhama na polícia?!!! Como é possível? Só pode ser um cuanhama degenerado!»
Foi então que eles me deram a saber do enorme respeito que tinham pelos Cuanhamas, precisamente por terem resistido com tanta firmeza à dominação portuguesa, em Angola, e alemã e sul-africana, na Namíbia. Para os meus soldados angolanos, ser cuanhama era sinónimo de ser invencível. Afirmaram-me eles convictamente que quem venceu os Cuanhamas não foi o general Pereira d'Eça, mas sim a seca (e a fome que esta provocou na região), quebrando a resistência cuanhama.
Antº Rosinha,
A Namíbia, de que temos vindo a falar, é um país africano agora independente, com um governo de maioria negra democraticamente eleito e cuja organização e limpeza pedem meças aos melhores do mundo.
O Botswana, vizinho da Namíbia, é outro país democrático de maioria negra, que tem sido um oásis de paz numa região assolada por guerras, nomeadamente na vizinha Rodésia/Zimbabwe, na Namíbia e também em Angola (embora Angola não tenha fronteira com o Botswana, está apenas separada deste por uma estreita faixa de 50 km de largura de território namibiano, a Faixa de Caprivi). Apesar de todas as borrascas à sua volta, o Botswana tem sabido manter a paz e a estabilidade no seu interior. O Botswana não é falado nos telejornais? Pois não e não é por acaso.
Quanto à África do Sul, lembro-me do que me disse uma angolana minha conhecida que viveu na Cidade do Cabo: «Não pense que as townships sul-africanas para negros, como o Soweto, eram semelhantes aos muceques de Luanda. Não eram. Eram muito piores. Eram bairros da lata extremamente precários, que a mais pequena tempestade arrasava. Só agora vão ganhando melhores condições de habitabilidade para os seus moradores. Foi preciso acabar com o apartheid para que isto acontecesse».
Valdemar Queiroz,
Os livros de História de Portugal do nosso tempo eram extremamente tendenciosos. Só falavam de coisas gloriosas. Dos holandeses diziam, nomeadamente, que eles tentaram conquistar o Recife e Luanda, mas levaram porrada para aprenderem a não se meter com os portugueses. O que eles não diziam era que os holandeses se apoderaram de possessões portuguesas tão importantes como Malaca (fundamental para o controle da navegação entre o Índico e o Mar do Sul da China), a ilha de Ceilão (atual Sri Lanka) e a colossal Indonésia, que é "apenas" o terceiro país mais populoso do mundo. Neste último caso, os holandeses tiveram a "generosidade" de permitir que os portugueses ficassem com meia ilha, Timor.
Um abraço a todos
Fernando Ribeiro
Fernando Ribeiro, de facto a África Austral, ou seja todos aqueles países que ficaram protegidos após as guerras de pacificação de certas influências estranhas ao contrário do que aconteceu com toda a África, apenas sofreram a influência britânica e boer, daí a calma e a ordem que se verifica naqueles países, com excepção de Moçambique que pertence à mesma região.
Muitos paises africanos estão extremamente vulneráveis a extremismos (ex. Moçambique, Quénia, etc.)mas aquela áfrica austral continua incólume a influências estranhas, daí a tal paz, sem noticias nos jornais e sem migrantes e refugiados.
Alguns ainda chamam à Rainha Isabel a sua rainha, isso tem muito significado para eles.
Fernando Ribeiro, sobre os cuanhamas talvez não saibas, mas foram militares sim, e era uma tropa de elite antes de 1961, quando tudo se alterou com a revolução total e toda a ordem que havia se alterou.
Então era assim, como havia muitos soldados indígenas nos regimentos de Luanda, de Nova Lisboa e de Sá da bandeira, só eu como cabo miliciano fiz dois juramentos de bandeira no Ril de recrutas indígenas em 1960 e com tantos soldados indígenas com dispensas ao fim de semana, principalmente quando recebiam os 30 ou 40 escudos do pré, faziam tanta desordem naqueles muceques, que alguém há vários anos se tinha lembrado e pôs em prática recrutar Cuanhamas, 1,90 de altura para polícia militar para dominar e pôr na ordem tanta gente, e penso que dava resultado.
Além de Policias Militares, também eram usados em guardas de honra em certas cerimónias, e até poderão ter sido os primeiros pretos indígenas a ter carta de condução pois o comandante do Regimento tinha um chaufer cuanhama.
Sobre Pereira D'Eça e a dominação dos Cuanhamas armados pelos alemães, e sobre a nossa gabarolice, e como já vi que gostas de ir às enciclopédias, procura Pelissier (insuspeito)e lê sobre a batalha da Môngua, que é um cu de judas que nem vem no mapa.
Fernando Ribeiro, sobre Holandeses, chegaste a ver matilhas de mabecos em Angola? Eu vi, perigosíssimos, têm o hábito de seguir de perto leões que andem à caça, e em matilha chegam a obrigar leões a largar as presas.
Pois nós portugueses tivemos no tempo dos Filipes, reis nossos e deles a perseguirem-nos por Ásia, África e Brasil, quais mabecos, os tais holandeses.
Aliás, a Europa teve sempre uns tantos mabecos, até quando o leão Napoleão veio cá a Portugal, os mabecos espanhois abocanharam o resto da carniça, Olivença, e quando o Hitler parecia ganhador, o Franco e seu 1º Ministro (histórico testemunhado)já tinham destinado o futuro das nossas colónias, e a fronteira de Espanha era no Atlântico.
Claro que hoje estamos de mão estendida à caridade, e reduzidos à ínfima, mas milagrosamente continuamos os mesmos, sem Ceuta, sem Timor e sem Guiné e sem Goa etc. com raiva e inveja de bascos e catalães, que até se consideram muito mais capazes que nós, já desde o tempo dos filipes e não vão lá.
Dizia o Saramago a Jô Soares, quando este lhe perguntou se aquele atraso e desgraça que é o Brasil, se devia ao que herdaram de nós: Então com tantos alemães, tantos italianos, tantos japoneses, e nós é que temos a culpa?
Estava presente Chico Buarque da Holanda e alguma plateia, e tiveram bater palmas e rir "amareladamente".
Estive no Brasil 5 anos, (Baía, Rio, São Paulo)não compreendem ainda hoje como foi possível, andam à procura de explicações, e não encontram.
Estive por 13 anos espaçados no tempo na Guiné , e vi italianos, suecos e outros, muitos, a tentarem substituir o "tuga" e não compreendiam e muitos desistiram de substituir o tuga.
Talvez nem nós próprios nos compreendamos, mesmo aqueles que só ao fim de treze anos passaram o que passaram.
Pois, Fernando Ribeiro, dos holandeses nem nos livros de História de Portugal e nos da História Universal do secundário pouco se falava deles.
Aquela gentinha dum pequeno país dentro de água, que nem sabia falar e maternidade de hereges, não se convencia que os portugueses deram mundos ao mundo.
'Tá bem, teria afirmado um advogado deles ao Papa, acrescentando 'e Deus criou os mares para todos e não apenas para os portugueses e espanhóis'.
E assim se foram arranjando uns capitalistas para formar a Companhia das Índias, aproveitando-se dos milhares de troncos de árvores comprados à Suécia, para estancar as águas na ampliação da Amesterdão, foram construindo centenas de navios e atravessando os oceanos chegaram à Ásia, Brasil e América do Norte ultrapassando os portugueses, espanhóis, ingleses e franceses no comércio marítimo.
Como se tratavam de verdadeiras sociedades de comerciantes queriam lá saber das igrejas e conventos, só lhes interessava o monopólio das especiarias da Ásia, o açúcar do Brasil e as peles da América e por isso criaram colónias na Indonésia, norte do Brasil e Antilhas, América do Norte e ainda descobriram a Nova Zelândia* e Tasmânia* nos mares austrais.
Os holandeses sempre foram grandes e interesseiros comerciantes (no tempo da ocupação nazi, só lhes entregam os judeus que não lhes interessavam e se lhes pagassem), nunca deixando de ser uns naífs acolhedores de toda a gente.
Actualmente os Países Baixos (Holanda é uma região) é um pequeno país que alimenta o mundo, são o 2º. maior exportador mundial de alimentos produzidos nas suas estufas de Westland.
Abraço
Valdemar Queiroz
*Em 1642, navegador holandês Abel Tasman aventurou-se nos mares do sul da Austrália e descobriu umas ilhas que se passaram a chamar New Zeeland (Zeeland região do sul dos Países Baixos) e Tasman em honra do seu nome.
Zeeland = terra do mar, o meu neto chama-se Zee Adrianus, sendo o Zee(mar) José Valdemar resumido e Adrianus por ser católico e nome de um Papa holandês.
Li há vários anos, não sei onde e escrito por não sei quem (não me lembro) a afirmação de que a verdadeira 1.ª Guerra Mundial não foi a guerra de 1914-18. Foi a guerra que opôs holandeses a portugueses, entre 1580 e 1640, porque ela se travou em todos os mares e em todos os continentes. Foi uma guerra verdadeiramente mundial. Foi a primeira.
Eu não sei praticamente nada da História da Holanda (ou dos Países Baixos, como agora se diz), mas parece-me que a expansão holandesa se deu pouco depois da libertação do domínio espanhol, empreendida por Guilherme de Orange, o conde de Egmont e mais não sei quem. Quer isto dizer que, em pouquíssimas dezenas de anos, a Holanda passou da condição de colónia espanhola à da maior potência mundial. Como terá sido possível? Os conhecimentos científicos levados para Amesterdão pelos judeus portugueses, expulsos de Portugal pelo rei D. Manuel I, terão tido alguma influência neste fenómeno?
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