Lisboa > Academia Militar > Palácio da Bemposta > Memorial dos cadetes mortos em combate: I Grande Guerra (1914-1918)
Durante duas dezenas de anos prestei serviço na Academia Militar e sempre cuidei de carrear informação para manter actualizado o memorial aos Oficiais do QP oriundos da EE [Escola do Exército] , EG [Escola de Guerra] e da AM [Academia Militar] . Mortos em Combate no período de 1833 a 1975. [A actual Academia Militar, criada em 1959, é herdeira da Escola do Exército (1837-1910), Escola de Guerra (1911-1919), Escola Militar (1919-1938), e de novo Escola do Exército (1938-1959)]
Nas inúmeras vezes que participei em cerimónias no Palácio da Bemposta e olhei os nomes dos camaradas gravados na pedra, sempre me senti constrangido ao reconhecer que pouco ou nada conhecia de muitos dos que nela figuram.
Este documento é o resultado da tarefa a que me dediquei para tornar público o seu percurso de militares combatentes do Exército e da Força Aérea. Importa agora que seja conhecido por todos os Oficiais do QP, ex-cadetes da Escola do Exército e da Academia Militar, a quem cabe o dever de honrar e não esquecer os “melhores de todos nós” que caíram e deram a vida por Portugal.
O site da AM presta homenagem aos seus ex-cadetes em (https://academiamilitar.pt/filhos-da-escola-do-exercito-e-da-academia-militar.html
Amadora, Setembro de 2019
António Carlos Morais da Silva
Cadete-aluno nº 45/63 do Corpo de Alunos da AM
Coronel de Artilharia
Artur Homem Ribeiro
(Canas de Senhorim, Nelas, 1874 - Angola, 1914)
Nome: Artur Homem Ribeiro
Posto: Capitão de Infantaria
Naturalidade: Canas de Senhorim
Data de nascimento: 11 de Novembro de 1874
Incorporação: 1898 na Escola do Exército (nº 214 do Corpo de Alunos)
Unidade: Regimento de Infantaria n.º 14
Condecorações
TO da morte em combate: Angola
Data de Embarque
Data da morte 18 de Dezembro de 1914
Sepultura
Circunstâncias da morte: Comandando a 9ª Companhia foi baleado mortalmente no desastroso combate de Naulila quando, com heroísmo, encorajava os seus homens a aguentar a posição de defesa que cupavam e procurando travar a fuga ao combate de Oficiais, Sargentos e Praças. As forças portuguesas foram incapazes de aguentar as suas posições, tendo os alemãestomado o Forte e capturado três oficiais e 62 praças.
2. Já aqui publicamos, entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020 (*), a biografia (breve) de cada um dos 47 oficiais oriundos da Escola do Exército e da Academia Militar que morreram em combate no período 1961-1975, na guerra do Ultramar.
Na altura, manifestámos o nosso grande apreço ao autor da iniciativa e responsáveis pelos conteúdos, o cor art ref António Carlos Morais Silva, o qual autorizou a sua plublicação no nosso blogue. Ecrevemos então : "Todos temos um dever de memória. enquanto militares ou ex-militares que serviram a sua Pátria. Muito me honra a sua distinção, oferecendo o seu trabalho para publicação no nosso blogue. Fico feliz por saber que, ao fim destes anos todos, ainda cointinua a 'vsitar-nos' ". (...)
9 comentários:
Guerras esqueridas, batalhas travadas, ganhas umas, perdidas outras. Angola, Moçambique... E a Guiné em 1914 / 18 ?Parece que ninguém a quis..
Todas as guerras são imperialistas
...
As fronteiras de Angola provavelmente não seriam hoje às mesmas sem o sacrificio dos cerca 79 portugueses motos 18 de Dezembro de 1914 no "desastre de Naulila"... Será que os angolanos e os portugueses de hoje sabem ?
Olá Camaradas
"Será que os angolanos e os portugueses de hoje sabem?"
Bom humor pela manhã! É assim que começa o dia.
O mais provável é não saberem. Naqueles países (e mesmo em Portugal), o passado não existe "ou tem pouco interesse" e, por isso, se calhar estes sacrifícios não fazem sentido. Foram mais inúteis do poderemos pensar hoje. Se duvidam, imaginem o que terá sucedido em Angola ou Moçambique, quando a I Guerra terminou. É um pequeno esforço.
Tudo continuou na mesma, senão pior. Imaginem o Sul de Angola naquele tempo.
Qualquer dos dois longe dos "centros de decisão" locais e nacionais (dos internacionais nem é bom falar). Tudo uma inutilidade que celebramos hoje (não muito) pois sempre fomos propensos a celebrar sacrifícios e derrotas.
Um Ab.
António J. P. Costa
Tó Zé, não sou um profissional do otimismo... Bem pelo contrário. Nisso sou bem português. Paraseand o Fernando Pessoa, estou "desempregado" há 500 anos desde que "descobrimos" o caminho marítimo para a Índia... Mas gosto de conhecer o sentido das coisas (ou dar um sentido às coisas), mesmo quando não têm sentido... E não têm, a morte, por exemplo. Mas temos que lhe dar um sentido. Ou pelo menos dignificar a morte dos combatentes... Os camaradas que morreram ao meu lado, por exemplo, num conflito que eu considerava estúpido e inútil... não podem ter morrido "para nada". E o cap inf Artur Homem Ribeiro também não... Em Naulila, há mais de um século.
Na cidade do Porto, concretamente na zona das Antas, existe a Rua de Naulila. É a rua onde se encontra a fachada principal da igreja das Antas. Nas imediações estão as ruas de Nevala, do Rovuma e de La Couture. Todos estes nomes se referem a batalhas travadas durante a 1.ª Guerra Mundial entre tropas portuguesas e alemãs.
Naulila fica no sul de Angola, nas margens do Rio Cunene e perto da fronteira com a Namíbia, o antigo Sudoeste Africano feito colónia alemã. O nome Rovuma deve referir-se, neste caso concreto, a uma batalha travada entre portugueses e alemães nas margens do Rio Rovuma, que separa Moçambique da antiga colónia alemã do Tanganica, atual Tanzânia. O nome Nevala deve referir-se à localidade de Newala, a norte do Rio Rovuma, em território "alemão" do Tanganica. La Couture é uma localidade da Flandres, no extremo nordeste de França.
https://luismanueltudella.blogspot.com/2016/05/centenario-daprimeira-batalha-do-rovuma.html
Fernando Ribeiro
Fernando,obrigado. Quantas vezes lá passei, não sei. E, mesmo passanão, quem olha para as placas com os nomes de rua ?
Já não passo pelas Antas há muito e vou esquecendo a pouca geografia que sabia no tempo em que tínhamos um império e os alunos angolanos e moçambicanos tinham que
Saber os afluentes do Rio Douro da margem direita e da margem esquerda.
A batalha de Naulila foi feita contra os alemães para defender aquela fronteira, (sul)os alemães que também nos massacraram em La Lys naquele tempo, forneceram armas aos Cuanhamas que eram muito difíceis e muito rebeldes e até bastante insociáveis e até 1974 não pagavam imposto.
Hoje, estes dias (jornais de duas semanas passadas) a Alemanha aceitou considerar genocídio aquilo que fizeram a sul de Naulila ou seja sudoeste alemão (Namibia), genocídio contra os irmãos destes mesmos Cuanhamas que do lado de lá se chamam Hereros.
Os alemães precisavam dos rios do sul de Angola.
Os alemães perderam a I Guerra MUndial, com muitos sacrifícios da nossa parte, se a vitória tem sorrido aos alemães, Angola e Moçambique e seus habitantes tinham outro destino, principalmente os Cuanhamas armados pelos alemães, falava-se em Mausers contra as nossas lienfieldes (ou coisa que o valha).
O 25 de Abril apanhou-me a fazer estradas exatamente naquela fronteira do sul.
Será que valeu a pena nós e os alemães andarmos à porrada naquele cu de judas?
É melhor perguntar aos descendentes de Agostinho Neto, de Lúcio Lara de Eduardo dos Santos e de Savimbi, mais uns generais, eles é que se podiam pronunciar sobre o resultado final.
Rosinha
É uma chatice e não nos sai da cabeça, o que se passou com a colonização da América do Norte e do Brasil, a colonização espanhola agora não entra.
Aquilo é que foi, e porque em África não aconteceu a mesma coisa? Até já havia por lá mão d'obra de borla.
Parece que em África (subsariana) só a partir do séc. XVII, com a chegada dos camponeses calvinistas holandeses (boers)* ao sul, é que deixou de ser quase unicamente a "mina" do negócio de escravos. Os boers fixaram-se no terreno e dedicaram-se à agricultura como já tinha feito outros calvinistas na América do Norte.
Por isto, a África nunca poderia ser igual à 'era só mais uns aninhos e tínhamos outros Brasis pra nós, ou anos antes outra América para os ingleses, franceses e outros' e, agora, com a civilização cristã e ocidental não haveria todos aqueles problemas em África.
Não sabemos é se aconteceria o mesmo que aconteceu aos índios da América do Norte.
Abraço
Valdemar Queiroz
* boers, em neerlandês pronuncia-se bôarrss
O cap Artur Homem Ribeiro foi homenageado na sua terra em 2014.
https://www.centronoticias.pt/2014/03/30/homenagem-ao-capitao-artur-home/
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