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Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Mansambo > CART 2339 (1968/69) > O Alf Mil Torcato Mendonça, nio campo fortifivcado de Mansambo, como lhe chamava o PAIGC: uma outra faceta, brincalhona, brejeira, do nosso amigo e camarada que vive no Fundão...
Fotos, legendas e texto: © Torcato Mendonça (2007). Direitos reservados.
1. Texto enviado em 19 de Novembro de 2007, pelo Torcato Mendonça , Fundão:
Caiu o Carmo e a Trindade. Logo hoje que aqui bem perto ainda estão nos ares restos da festança de ontem. A inauguração da recuperação da Igreja Matriz, com políticos, bispos, arcebispos e outros dignos membros da Igreja – disseram – me o nome mas, cabeça a minha..., foi-se (de ir, foice não).
Mas porque caiu o Carmo e Trindade? Porque o José viu o Poste e de pronto manifestou o seu desagrado ao Torcato: porco e foto minha lá metida. Eu, homem sério e sempre afastado do pecado carnal, exijo reparação. Lembra-me um texto e 3 fotos esquecidas no tempo. Vá pecador, com que então a frequentar lugares de pecado! Juro que não estou louco. Tenho é frio porque a casa demora a aquecer. Brincar, mesmo com a guerra não deve fazer grande mal. Outros tratam-na bem pior. Boa semana, bom trabalho e melhor saúde. Não sei se o anexo, pesado, vai levantar voo e aí chegar… tentemos! Um abraço,
2. Estórias de Mansambo (12) > EU, VIRGEM, ME CONFESSO!
Confirmo o título – Eu Virgem me Confesso – se o fui para lá, tal qual vim para cá. Por isso ilustro este breve texto com três fotos. Pode-se pois, confirmar a transformação sofrida.
Íamos a um bruxo. Afastávamos as tentações da carne, num ritual onde Baco era figura suprema. Depois de ingerirmos grandes e variadas quantidades de líquidos, ao bruxo nos confessávamos. Como por magia, éramos libertados do pecado carnal e aparecia uma auréola. Vide fotos. As asas surgiam, também por magia claro, ao segundo ou terceiro afastamento das tentações. Assim éramos libertados do pecado…
- Estas fotos estão no meu álbum. Creio terem sido tiradas num abrigo, em Mansambo, junto às camas dos Furriéis Rodrigues e Sérgio. Talvez o fotógrafo tenha sido o Rei, apesar dele aparecer noutra foto. Foram tratadas agora, para esta mensagem.
Na nossa Companhia, oficiais, sargentos e praças, dormiam, sem privilégios, nos respectivos abrigos. Excepto o Comandante (zona do comando) e Serviços como secretaria, cripto, etc. tinham abrigos separados dos Grupos de Combate, só por questões funcionais.
A alimentação era igual para todos. Havia um bar/refeitório e sala de convívio, para sargentos e oficiais, junto à zona do comando. Cada abrigo tinha um espaço, rodeado por bidões, a sala, que servia para a convivência e os mais diversos afazeres de todos, mas aqui, principalmente para os soldados. Era uma questão de formação (instrução), disciplina e espírito de corpo, ou convivência salutar com a disciplina aceite onde cada um, sabia quem era naquele buraco.
Antes, em Fá, a situação era outra. Instalações – edifícios normais de uma antiga Instalação Agronómica do Eng. Amílcar Cabral – muito melhores e, principalmente, um Comandante a pensar como era hábito. Oficiais e sargentos de um lado, praças do outro. Instalações, alimentação e não só eram diferentes. Em Mansambo aos poucos as diferenças esbateram-se.
Há fotos aéreas, já diferentes do aquartelamento do meu tempo, que mostram aquele quadrado, de cem por cem metros, oito abrigos e mais outros dois ou três para serviços e ao fundo, a velha tabanca.
Leio, em certos escritos situações que não as vivi assim. Miliciano era miliciano, as diferenças eram poucas na [CART]2339. Assunto diferente, sobre o qual quero opinar, depois de ouvir outras pessoas.
Voltando ao assunto:
Um simples e belo texto, vem trazer à colacção um tema interessante, a merecer, por nós, reflexão e tratamento. O sexo em tempo de guerra.
(As fotos são brincadeira, nota introdutória ou homenagem, a todas as virgens diurnas e profissionais do sexo depois do sol se esconder… por vezes, a pressa ou a necessidade, não cumpre ciclo de sol ou lua…)
Já aqui levantado, o tema… o tema, porque o falo, esse, cada vez mais se abaixa. Talvez as palavras, de Pombal enviadas, tenham sido o clique, não a levantar o porro, a tanto não seriam capazes e o autor talvez, para isso, pastilha azul a outros receite mas, ao menos abriu as memórias de doces, leitosas e belas recordações. Em baixo ou em cima, recordar é viver e, se hoje tantos, a tanto não iriam, vão, ao menos na recordação e porque não, na tentação. Vale a pena tentar ou, talvez, mais valha a pena o tema tratar. Não com a ligeireza que agora o faço, mas descomprime por terapia. Necessário será tratar o sexo em tempo de guerra e a sua importância para as tropas.
Não digo heroína ou estátua a madame de bordel. Prefiro, se possível contribuir para que sejam tratadas com respeito. Eram profissionais, bastante falta, a muitos, faziam. A Helena… oh triste memória… oh degradação do efeito dos tempos…eu e a malta que quando havia ronco, íamos a Bafatá, procurávamos a doce, pensava eu até hoje, Ana Maria. Erro meu. Falsa recordação. Talvez fosse Helena, por confusão minha. Se duas eram, contemporâneas foram. Apresentavam sempre virgens ou inexperientes donzelas em ébano talhadas. Mas, em Bafatá, havia nome de mulher que não esqueço – Solemato – talvez a ablação dos lábios e clítoris tenham sido mal concretizados. Bendito cirurgião. Eu, ainda hoje, por doce recordação te lanço a minha bênção, com os poderes que o bruxo, protegido de Baco, outrora me ofereceu e julgo, ainda estar em período de validade.
Tanto tempo, tanto tempo… a Bafatá fomos proibidos de ir, em caso de ronco… as senhoras sentiam-se mal na piscina. Entravamos nós saíam elas…e no cinema…onde nunca fui, preferia o acto á visão, houve problema… mas nós só queríamos beber… e como jovens…enfim…algo mais.
Posteriormente, quando à dita cidade íamos era em rápida fuga – passando pelas tais casas e, após o acto, passávamos ao repasto na Transmontana. Tudo rápido.
Vidas agitadas, a viverem furiosamente aquele dia…a viagem em asfalto até Bambadinca…depois, chiava mais fino, na picada até ao conforto do resort em Mansambo e o Spa …onde rapidamente as forças nos eram recuperadas.
Bolas…
O aquartelamento tinha péssimas condições de vida. Eu contarei a construção de tudo aquilo. Pior para os que primeiro foram – 4º e depois o 1º – Grupos. Nós, 2º Grupo, fomos depois… eu contarei um dia.
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Nota de L.G.:
(1) Vd. poste anterior desta série > 12 de Fevereiro de 2008 > Guiné 63/74 - P2527: Estórias de Mansambo (Torcato Mendonça, CART 2339) (11): Na Bor, Rio Geba abaixo, com o Alferes Carvalho num caixão de pinho...
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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