Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS/BCAÇ 2852 (1968/70) > Duas fotos do álbum do fur mil, amanuense, José Carlos Lopes, que mora em Linda A Velha e que foi meu camarada durante quase um ano, em Bambadica (entre julho de 1969 e maio de 1970)...
Na foto de cima, o Lopes, em 8 de junho de 1970, no Xime, na LDG que o levaria a Bissau, no final da comissão, ostenta um pano com os dizeres "Guarda de honra à velhice...Piriquitos desejamos-vos sorte"... Os "piras" era o novo batalhão, o BART 2917 (1970/72) que os foi render, ao pesssoal do BCAÇ 2852.
Na segundo foto, vê-se uma chapa, pintada, pregada a uma árvore, com os dizeres: "Termas del Xime" com setas apontando Café, hotel, piscina, ténis, bowling, berlinde, e com "stands" de vendas: cachorros, farturas, mancarra, gelados, pregos, sumos... Um macaco-cão, à direita, em primeiro plano, tem por detrás uma seta que diz "Reclamações"... O bom humor de caserna foi imprescindível para se sobreviver a quase dois anos de comissão nas duras condições da Guiné... A capacidade de reinventar o português também fazia parte dessa estratégia de adaptação e sobrevivência,,,
Fotos editadas por L.G., com a devida autorização do José Carlos Lopes (a quem já foi formulado o convite para ingressar na Tabanca Grande).
Fotos: © José Carlos Lopes (2012). Todos os direitos reservados.
1. Ao fim de quase nove anos a blogar, já juntamos aqui cerca de quatro centenas de abreviaturas, siglas, acrónimos, etc., que utilizávamos nas nossas comunicações militares (relatórios, transmissões...), mas também no nosso dia a dia, na caserna, no mato, na tabanca, na guerra e na paz...
Pedimos aos nossos editores, colaboradores permanentes, autores e leitores para reverem, melhorararem e aumentarem este fabuloso património linguístico, que é de todos. Podem fazê-lo, através das caixas de comentários, ou através do nosso endereço de email. Novos contributos serão bem vindos, apreciados, acarinhados, editados e divulgados. A lista que se segue já tem uns anos, não tem sido atualizada e sobretudo está longe de esgotar o linguajar (escrito e falado) do "tuga" da Guiné, dos seus aliados e do(s) seu(s) adversário(s) (no passado, dizia-se IN)...
Amigos e camaradas: É para uma boa ação... Sei que faltam ainda muitas expressões castiças que usávamos na Guiné, umas do nosso calão de caserna, outras do nosso delicioso crioulo... Bem como abreviaturas, siglas, acrónimos, os mais diversos... Cada arma e especialidade tinha o seu léxico... Aceitam-se sugestões, comentários, reclamações, críticas... Já vamos em 400 termos, mas há mais... Bom fim de semana. Xicorações (que no Natal gastam-se mais do que os Alfa Bravo)... Luis Graça.
BLOGUE LUÍS GRAÇA & CAMARADAS DA GUINÉ > MAIS DE 400 ABREVIATURAS, SIGLAS, ACRÓNIMOS, EXPRESSÕES IDIOMÁTICAS, GÍRIA, CALÃO, CRIOULO... (de A a Z)
1º Cabo Aux Enf - Maqueiro, auxiliar de enfermagem
2TEN FZE RN - 2º Tenente Fuziilerio Especial da Reserva Naval
5ª Rep - Café Bento, de Bissau
A/C - Mina anticarro
A/D - Autodefesa (tabanca em)
A/P - Mina antipessoal
AB - Alfa Bravo, abraço (alfabeto fonético internacional, usado pelos nossos Op Trms)
Abo - Você, tu (crioulo)
ACAP - Assuntos Civis e Acção Psicológica (REP / ACAP)
ADFA - Associação dos Deficientes das Forças Armadas
Aero - Aerograma, carta, bate-estrada, corta-capim
Afilhado - Militar que tinha uma Madrinha de Guerra
Agr - Agrupamento
AKA - Kalash, Espingarda Automática Kalashnikov (AK) Cal. 7,62 mm
AL II - Alouette II, heli
AL III - Helicóptero Alouette III, de origem francesa (FAP)
Alf - Alferes
Alf Mil - Alferes Miliciano
Alf Mil Med - Alferes miliciano médico
Alfa Bravo - Abraço
Alfero - Alferes (crioulo)
Amura - Velha fortaleza militar colonial, em Bissau; sede do Com-Chefe; hoje Panteão Nacional da Guiné-Bissau
AN/GRC-9 - Rádio, equipamento de transmissões (NT)
AN/PCR-10 - Rádio transmissor-receptor (NT)
Animistas - Povos (balantas, manjacos e outros) que praticam o culto dos irãs
AOE - Associação de Operações Especiais
Ap - Apontador
Ap Arm Pes Inf - Apontador de Armas Pesadas de Infantaria (morteiro, canhão s/r, metralhadora 12.7...)
Ap Dil - Apontador de Dilagrama
Ap LGFog - Apontador de Lança-granadas-foguete
Ap Met - Apontador de Metralhadora
Apanhado - Diz-se do combatente afectado pela guerra e pelo clima; cacimbado (em Angola)
Arre-macho - Tropa de infantaria, tropa-macaca (termo depreciativo, usado pelas tropas especiais)
Arv - Arvorado (Soldado)
Asp Of Mil - Aspirante a Oficial Miliciano
At Art - Atirador de Artilharia
At Cav - Atirador de Cavalaria
At Inf - Atirador de Infantaria
ATAP - Missão resultante de um pedido de fogo imediato, com a saída da parelha de alerta (FAP)
ATIP - Missão de apoio de fogo, pré-planeada (FAP)
BA12 - Base Aérea nº 12 (Bissau, Bissalanca)
Bacalhau - Aperto de mão
Badora - Regulado da região de Bafatá; morteiro 120 mm (IN)
Baga baga - Termiteira
Baguera - Abelha (crioulo); Baguera, baguera!!!, era a expressão de aflição dos africanos quando atacados por abelhas, no mato
Bajuda - Rapariga, donzela, moça virgem (crioulo; lê-se badjuda)
Balafon - Instrumento da música afromandinga, antecedor do xilofone
Balaio - Cesto grande (crioulo)
Balanta Mané - Balanta islamizado
Banana - Rádio, equipamento de transmissões, AVP-1
Bandim - Mercado de Bissau
Bandoleira - Correia permitindo o transporte de uma espingarda ao ombro ou a posição de tiro a tiracolo
Bandoleira - Correia permitindo o transporte de uma espingarda ao ombro ou a posição de tiro a tiracolo
Barraca - Acampamento temporário no mato (PAIGC)
BART - Batalhão de Artilharia
Bate-estrada - Aerograma, corta-capim
Bazuca - LGFog (NT); cerveja de 0,6 l
Bazuca China - Lança Granadas-Foguete RPG-2 (IN)
BCAÇ - Batalhão de Caçadores
BCP - Batalhão de Caçadores Pára-quedistas
BENG - Batalhão de Engenharia
Bentém . Banco, baixo, onde os homens grandes se sentam, a conversar, em geral, sob um poilão
Biafra - Clube de Oficiais, em Santa Luzia, Bissau; Bar dos pilotos, na BA12, Bissalanca
Bianda - Comida; arroz, base da alimentação da população na época (crioulo)
Bicha de pirilau - Progressão, em fila, no mato, mantendo cada homem uma distância regulamentar
Bideiras - As vendedeiras ambulantes, que andam nas ruas Bissau
Bigrupo - Força IN equivalente a 50/60 homens
BINT - Batalhão de Intendência
Blufo - Rapaz balanta não circuncidado; rapaz inexperiente
Boinas Negras - Fuzileiros
Boinas Verdes - Pára-quedistas
Boinas Vermelhas - Comandos (depois de 1974); na Guiné, usavam a boina castanha do exército
Bolanha - Terreno alagadiço, próprio para a cultura do arroz
Bombolom - Intrumento musical, feito a partir do tronco de uma árvore; instrumento tradicional de comunicação entre aldeias balantas e manjacas
Bonifácio - Obus 11,4 cm, TR m/917, da I Guerra Mundial (Termo da gíria dos artilheiros)
BOP - Bombardeameno a picar (FAP)
BOR - Embarcação civil, que navegava no Geba, com umas estranhas pás na popa
Brandão - Família da região de Tombali (Catió)
Bunda - Cú, traseiro (crioulo)
Burmedjus - Mulatos, mestiços, crioulos, caboverdianos
Burrinho - Viatura automóvel Unimog 411, a gasolina (mais pequena que o 404, a gasóleo) (NT)
Bué - Muito, manga de (Não vem de Boé; termo do quimbundo de Angola; não se usava no nosso tempo)
Básico - Soldado dos serviços auxiliares (afecto sobretudo à cozinha)
Ca bai - Não vai (crioulo)
Cabaceira - Árvore e fruto do embondeiro (não confundir com Poilão)
Cabaço - Hímen, virgindade (crioulo)
Cabeça Grande - Bebedeira (crioulo)
Cabo Aux Enf - 1º Cabo Auxiliar de Enfermeiro
Cabo Enf - 1º Cabo Enfermeiro
Caco / Caco Baldé - Alcunha do Gen Spínola (mas também 'Homem Grande de Bissau')
Cal - Calibre
Camarigo - Camarada e Amigo (por contracção)
Cambar - Atravessar um rio (crioulo)
Candongas Transporte colectivo privado, usado no interior da GB
Canhota - A espingarda automática G3 (NT)
Canhão s/r - Canhão Sem Recuo
CAOP - Comando de Agrupamento Operacional
Cap - Capitão
Cap Mil - Capitão Miliciano
Cap QP - Capitão do Quadro Permanente
Capim - Nome comum de planta gramínea, típica da savana arbustiva; graveto, dinheiro
Capitão-proveta - Cap Mil, oriundo do CPC
Carecada - Castigo disciplinar, imposto pelo superior hierárquico, e que consistia no corte de cabelo à máquina zero
CART - Companhia de Artilharia
Casa Gouveia - Principal empresa colonial, fundada por António da Silva Gouveia em finais do Séc. XIX: em 1927 é adquirida pela CUF
Catota - Orgão sexual feminino; partir catota = ter relações sexuais (crioulo, calão)
Cavalos duros - Feridas no pénis e órgãos genitais e até na boca e no ânus, sintomas de doença venérea
Cavalos moles - Sintomas de sífilis, doença venérea (fendas no pénis)
CCAV - Companhia de Cavalaria
CCAÇ - Companhia de Caçadores
CCAÇ I - Companhia de Caçadores Indígenas
CCM - Curso de Capitães Milicianos
CCmds - Companhia de Comandos
CCP - Companhia de Caçadores Pára-quedistas
CCS - Companhia de Comando e Serviços
CEME - Chefe do Estado Maior do Exército
Cento e vinte - Morteiro pesado (IN)
Cesca - Pistola de 7,65 mm, de origem checoslovaca (IN)
CFA - Franco da Communauté Francofone Africaine, moeda actual da GB (1 Euro = 655,597 CFAA -
CFORN - Curso de Formação de Oficiais da Reserva Naval
Checa - Pira, periquito (em Moçambique)
Choro - Conjunto de rituais celebrados por ocasião do falecimento de uma pessoa, parente ou vizinho (sobretudo entre os animistas)
Chão - Território étnico (vg, chão fula)
Cibe - Palmeira; utilizam-se rachas de cibe como barrotes na construção; é resistente à formiga baga-baga
Cilinha - Nome de guerra de Cecília Supico Pinto, a fundador e líder do MNF
Cipaio - Elemento nativo da polícia administrativa; sipaio, sipai, termo de origem indiana
Circuncisão - Vd. Fanado, MGF
CISMI - Centro de Instrução de Sargentos Milicianos de Infantaria
CM - Cabo de Manobra (Marinha)
Cmdt - Comandante
COE - Curso de Operações Especiais
COM - Curso de Oficiais Milicianos
Com-Chefe - Comando-Chefe
Conversa giro - Fazer amor, ter relações sexuais (crioulo)
COP7 - Comando Operacional 7
Cor - Coronel
Corpinho - Sutiã, soutien
Corta-capim - Aerograma, carta, bate-estrada
Costureirinha - Pistola metralhadora PPSH (IN)
CPC - Curso de Promoção a Capitão do Quadro Complementar
CPLP - Comunidade dos Países de Língua Portuguesa
CSM - Curso de Sargentos Milicianos
CTIG - Comando Territorial Independente da Guiné
CUF - Companhia União Fabril
CUF - Companhia União Fabril (representada pela Casa Gouveia)
Cupilom - Pilão, bairro popular atravessado pela estrada para o aeroporto; Cupelon, Cupilão
Cá - Não; negação em crioulo (Cá tem, não tem)
Cães Grandes - Oficiais superiores
DO 27 - Dornier 27 (Avioneta) (NT)
Dari - Chimpanzé (da mata do Cantanhez)
Degtyarev - Metralhadora ligeira 7,62 mm, de origem soviética (IN)
Degtyarev-Shpagim - Metralhadora pesada 12,7 mm, de origem soviética (IN)
Desenfianço - Escapadela (... até Bissau)
Dest - Destacamento
Dest A - Destacamento A
DFA - Deficiente das Forças Armadas
DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais
Diorama - Maqueta (v.g., aquartelamento de Guileje)
Djila - Vd. Gila
Djubi - Olha! (crioulo)
Djídio - Cantor ambulante que ia de tabanca em tabanca, transmitindo as notícias
Embondeiro - Cabaceira, baobá (Senegal)
Embrulhanço - Contacto pelo fogo com o IN, ataque, emboscada
Embrulhar - Ser atacado (pelo IN)
Enf - Enfermeiro
Enf Para - Enfermeira paraquedista
EP - Exército Popular (PAIGC)
EREC - Esquadrão de Reconhecimento de Cavalaria
Esp - Espingarda
Esp Aut - Espingarda Automática
Esp MMA - Especialista Mecânico de Manutenção Aeronáutica (FAP)
Esq - Esquadrão
Esq Mort - Esquadrão de Morteiro
Esquentamento - Blenorragia, doença venérea (corrimento de pus pela uretra)
Estilhaços de frango - Pouca comida
Fala mantenha - Partir mantenha, cumprimentar, saudar (crioulo)
Fanado - Festa da circuncisão, ritual de passagem da puberdade para a vida adulta
Fanateca - Mulher que pratica a MGF
FARP - Forças Armadas Revolucionárias do Povo, a elite combatente do PAIGC
FBP - Fábrica Braço de Prata (Nome dado a uma pistola metralhadora portuguesa, usada no início da guerra)
Ferrugem - Serviço de Material; termo depreciativo, para o pessoal não-operacional, ligado ao SM
Festa, festival - Ataque aparatoso, ou flagelação, do PAIGC a aquartelamento ou destacamento das NT
Fiju - Filho (crioulo)
Firma - Estar, ficar, morar (crioulo)
Firminga - Formiga (crioulo)
Fogo de artifício - Flageações ou ataques, a aquartelamentos ou destacamentos vizinhos, vistos de longe
Fornilho - Armadilha com cordão de tropeçar
Fur - Furriel
Fur Enf - Furriel Enfermeiro
Fur Mil - Furriel Miliciano
Fuzos - Fuzileiros especiais
FZE - Fuzileiro Especial (Marinha)
G3 - Espingarda Automática G-3 (NT)
Gaita à bandoleira (Andar de) - Ter uma doença sexualmente transmissível, em geral blenorragia (ou 'esquentamento')
GB - Guiné-Bissau
Gen - General
Genti di mato - Turras, pop sob controlo do IN
Gila - (Lê-se djila) - Comerciante, vendedor ambulante, contrabandista (que circula pela Guiné e países vizinhos)
GMC - Viatura automóvel pesada, de rodado duplo atrás, de fabrico americano (NT)
GMD - Granada de Mão Defensiva
GMO - Granada de Mão Ofensiva
Gorro Novo - Metralhadora Pesada Goryounov, Cal 7,62 mm M-943 SG (IN)
Goss, goss - Depressa (vg, retirar no goss-goss) (crioulo)
Gouveia - Casa comercial ligada ao grupo CUF
Gr Comb (+) - Grupo de Combate reforçado
Gr Comb (-) - Grupo de Combate desfalcado
Gr Comb - Grupo de Combate; pelotão
Gr M Of - Granada de mão ofensiva
Grã-tabanqueiro - Membro da Tabanca Grande (blogue)
Heli - Helicóptero
Helicanhão - Helicóptero armado com canhão de 20 mm (vd. Lobo Mau)
HK 21 - Metralhadora Ligeira (NT)
HM 214 - Hospital Militar de Bissau
HMP - Hospital Militar Principal (Estrela, Lisboa)
Homem Grande - Chefe de Família
IAO - Instrução de Aperfeiçoamento Operacional
IN - Inimigo; guerrilheiros e população sob o seu controlo
INT - Intendência
Ir no mato - Fugir (ou ser levado) para uma zona controlada pelo PAIGC
Irã - Ser sobrenatural que, para os animistas (balantas, manjacos, etc.) habita as florestas (e em especial os poilões)
Jacto do Povo - Foguetão 122 mm; Graad (IN)
Jagudi - Abutre (crioulo)
Jambe (llê-se djambé) - Instrumento de percussão africano, em forma de cálice inverttido
Kacur - Cachorro (crioulo)
Kalash - Espingarda Automática AK 47 (IN)
Kasumai - Saudação em dialecto felupe
Kora - Instrumento musical mandinga, de cordas, tipo cítara, inventado pelos antepassados do mestre Braima Galissá (músico do Gabu, a viver em Portugal)
Lassas - Abelhas selvagens; alcunha por que era conhecido, pelo PAIGC, o pessoal da CCAÇ 763 (Cufar, 1965/66)
LDG - Lancha de Desembarque Grande
LDM - Lancha de Desembarque Média
LDP - Lancha de Desembarque Pequena
Lerpa - Jogo de cartas, geralmente a dinheiro
Lerpar - Perder (à lerpa), apanhar um castigo, morrer
LFG - Lancha de Fiscalização Grande
LGFog - Lança-granadas-foguete, bazuca (NT)
Lifanti - Elefante (crioulo)
Lion Brand - Marca de repelente de mosquitos
Lobo Mau - Helicanhão (FAP)
Lubu - Hiena (crioulo)
MA - Minas e Armadilhas
Macacada - Tropa, forças do Exército, tropa-macaca
Macaco-cão - Babuíno (Macaco Kom, em crioulo)
Macaréu - Vaga impetuosa que, no Rio Geba, precede o começo da praia-mar. É mais sentida no Geba Estreito
Madrinha - Madrinha de guerra, jovem do sexo feminino, maior de 16 anos, que se correspondia com um militar no Ultramar
Mafé - Acompanhamento da bianda, conduto (muitas vezes, peixe, peixe seco, kasseké) (crioulo)
Maj - Major
Maj Gen - Major General, Gen de 2 estrelas
Mama firme - Peito direito (bajuda) (crioulo)
Mancarra - Amendoim (crioulo)
Manga de ronco - Sucesso militar
Manga de sakalata - Muita confusão, muitos sarilhos (crioulo)
Manga di chocolate - Barulho, grande ataque, com muito fogachal, embrulhanço; corruptela de Manga di sakalata
Mantenhas - Saudades (crioulo); partir mantenhas = saudar
Marabu - Sacerdote muçulmano, de vida ascética, considerado sábio e venerado como santo, tanto em vida como depois da morte
Marmita - Mina A/C (Moçambique, Cancioneiro do Niassa)
Matador - Veículo automóvel pesado usado como reboque do obus (e transporte de tropas)
Mato (1) - Muito, grande quantidade, manga de (expressão comum, ´É mato')
Mato (2) - Zona de guerra, zona de controlo do PAIGC
Maçarico - Pira, periquito (Guiné); checa (Moçambique); termo mais usado em Angola
Mec Aut - Mecânico de viaturas automóveis
Med - Médico (vg, Alf Mil Med)
Meta - Bar e salão de jogos, em Bissau, no tempo colonial
Metro e oito - Alcunha do Ten Cor Manuel Agostinho Ferreira (BCAÇ 2879, 1969/71)
MG 42 - Espingarda-metralhadora, de origem alemã (usada por páras e fuzos)
MGF - Mutilação Genital Feminina; excisão do clitóris e grandes lábios; fanado
Mil - Miliciano; milícias
Mindjer - Mulher (crioulo)
Minino - Menino, rapaz (crioulo)
Misti - Querer, queres (bo misti) (crioulo)
ML - Met Lig / Metralhadora Ligeira
MNF - Movimento Nacional Feminino (fundado em 1961 por Cecília Supico Pinto, a Cilinha)
Morança - Casa, núcleo habitacional de uma família, alargada, com o respectivo chefe (de morança) e em geral com uma cercadura
Mort - Morteiro
Mort 81 - Morteiro 81 mm (NT)
Mort 82 - Morteiro 82 mm (IN)
Morteirete - Morteiro ligeiro, de calibre 60 (mm), podendo ser usado sem prato
MP - Met Pes / Metralhadora Pesada
MSG - Mensagem
Mudar o óleo - Ir às... putas
Mulas - Sintomas de sífilis, doença venérea (inchaços nas virilhas)
Mun - Municiador
Mun Mort - Municiador de morteiro
N/M - Navio da Marinha
Nharro - Africano; preto
NM - Número mecanográfico (do militar)
NNAPU - Normas de Nomeação e de Apoio às Províncias Ultramarinas
NRP - Navio da República Portuguesa
NT - Nossas Tropas
OB - Oscar Bravo, obrigado
Obus 14 - Obus, de calibre 14 cm (NT)
Oitenta - Morteiro (IN ou NT)
ONG - Organização não-governamental
Onze quatro - Peça de artilharia, de calibre 11,4 cm (NT)
Op - Operação (vg., Op Lança Afiada); operador)
Op Cripto - Operador Cripto
Op Esp - Operações especiais ou ranger
P2V5 - Avião de luta anti-sumarina, também usado no Guiné, no início da guerra, para ataque ao solo
Pachanga - Pistola-Metralhadora SHPAGIN Cal 7,62 mm M-941 (PPSH) (IN); costureirinha
PAI - Partido Africano para a Independência, fundado em 1956
PAIGC - Partido Africano Para a Indepência da Guiné e Cabo Verde
Panga bariga - Caganeira (crioulo)
Parafusos - Familiares, amigos ou vizinhos de pára-quedistas ou de fuzileiros, convivendo com ambos
Parte peso - Dá-me dinheiro
Partir catota - Dar o pito (expressão nortenha); ter relações sexuais (a mulher com o homem)
Partir punho - Ser masturbado por outrem, à mão (crioulo)
Pastilhas - Enfermeiro (em geral, Fur Enf)
Patacão - Dinheiro, pesos
Pau de Pila - Lança Granadas-Foguete Pancerovka P-27 (IN)
PC - Posto de Comando
PCV - Posto de Comando Volante
Pel Caç Nat - Pelotão de Caçadores Nativos
Pel Mil - Pelotão de Milícias
Pel Mort - Pelotão de Morteiros
Pel Rec Daimler - Pelotãod e Reconhecimento Daimler (Cavalaria)
Pel Rec Daimler - Pelo~
Pel Rec Fox - Pelotão de Reconhecimento Fox (Cavalaria)
Pel Rec Info - Pelotão de Reconhecimento e Informação
Pelicano - Café de Bissau, do tempo colonial
Pelicano - Esplanada em Bissau, na marginal
Peluda - Vida civil (depois da tropa)
Periquito - Militar novato; pira, piriquito (sic)
Peso - Unidade da moeda local; escudo guineense (no tempo colonial)
PG - Prisioneiro(s) de Guerra
Picador - Soldado ou milícia que faz a picagem
Picagem - Detecção de minas num trilho ou picada
PIDE/DGS - Polícia política portuguesa
PIFAS - Programa de Informação das Forças Armadas
Pil - Piloto (miliciano)
Pilav - Piloto aviador, saído da Academia Militar (Os milicianos são apenas Pil)
Pilão - Bairro popular de Bissau, muito frequentado pelas NT nas horas de lazer
Pira - Periquito, militar recém-chegado à Guiné; maçarico (Angola); checa (Moçambique)
Piurso - Pior que um urso, zangado
Piçada - Repreensão de um superior
Poilão - Designação comum a algumas árvores da família das bombacáceas. Ceiba Pentandra
Ponta - Herdade, exploração agrícola
Pop - População
Porrada - Contacto com o IN; punição disciplinar
PPSH - Metralhadora ligeira, 7,72 mm (a famigerada costureirinha) (IN)
Psico - Acção psicológica e social das NT junto da população (também Psique)
Páras - Pára-quedistas
QG - Quartel General
QP - Quadro Permanente (Pessoal)
Quebra-costelas - Abraço, AB, Alfa Bravo
Quico - Boné especial da tropa
Rabecada - Vd. piçada
Racal - Equipamento portátil, de origem americana, podendo ser usado em viaturas e aviões, transmitindo em fonia entre as frequências de 38 a 54,9 Mc/s.
RAL - Regimento de Artilharia Ligeira
RCacheu - Rio Cacheu
RCorubal - Rio Corubal
RCumbijã - Rio Cumbijã
RDM - Regulamento de Disciplina Militar
Ref - Militar na Reforma
Reforço - Aumento das medidas de segurança dos nossos aquartelamentos
Reordenamento - Aldeia estratégica, construída pelas NT, reagrupando uma ou mais tabancas
Rep - Repartição (do Quartel-General)
REP / ACAP - Repartição do QC / Assuntos Civis e Acção Psicológica
Res - Militar na Reserva
RGeba - Rio Geba
RI - Regimento de Infantaria
RN - Reserva Naval
Rockets - Granadas lançadas pelo RGP 2 ou RPG 7 (IN)
RPG - Lança-granadas-foguete (IN)
RVIS - Voo de reconhecimento aéreo
Rôz kuntango - (ou simplesmente Kuntango) Arroz cozinhado (bianda) sem máfé
SA-7 - Míssil Sam-7, Strela, de origem russa (IN)
Sabe sabe - Gostoso (crioulo)
Sakalata - Confusão, conflito, chatice (crioulo)
Salgadeira - Urna funerária, caixão
SAM - Serviço de Administração Militar
Sancu - Macaco (crioulo)
Sec - Secção; equipa (Um Gr Comb ou pelotão era composto por 3 Sec)
Setor L1 - Setor 1 da Zona Leste
Sexa - Sua Excelência, mas também Sexagenário
SGE - Serviço Geral do Exército; oficiais oriundos da classe de sargentos
Siga a Marinha - Embora, vamos a isto!
Sintex - Pequena embarcação, de fibra, com mortor fora de bordo, de 50 cavalos, usado para cambar um rio; parecia uma banheira (NT)
SM - Serviço de Material (vd. Ferrugem)
SNEB - Rocket antipessoal, de calibre 37 mm, que equipava o T-6 e que também era usado pelos pára-quedistas como LGFog
Sold - Soldado
Sold Arv - Soldado Arvorado
Solmar - Cervejaria de Bissau, do tempo colonial
SPM - Serviço Postal Militar
Srgt - Sargento
STM - Serviço de Transmissões Militares
Strela - Flecha, em russo (стрела); míssil russo terra-ar SAM 7 Strela
Suma - Como, igual (crioulo)
Supintrep - Relatório de informação suplementar
Supositório - Granada de obus (calão)
T/T - Navio de Transporte de Tropas
T6 - Avião bombardeiro, monomotor; equipado c/ lança-roquetes e metralhadora (NT)
Tabanca - Aldeia (crioulo); mas também morança, cubata, casa (NT)
Tarrafe - Vegetação aquática, típica das zonas ribeirinhas
Taufik Saad - Casa comercial, de origem libanesa, em Bissau
Tchora - Chorar (crioulo)
Tem manga di sabe sabe - Muito gostoso
Ten - Tenente
Ten Cor - Tenente-Coronel
Ten Gen - Tenente General, Gen de 3 estrelas
Tigre de Missirá - Nome de guerra (Alf Mil Beja Santos, Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70)
TN - Território nacional
TO - Teatro de Operações
Toca-toca - Transporte colectivo, privado, nas zonas urbans (carrinha tipo Hyace, de cores azul e amarela)
Tokarev - Pistola de calibre 7,62 mm, de origem soviética (IN)
TPF - Transmissões Por Fios
Trms - Transmissões
Tropa-macaca - Por oposição a tropa especial (páras, comandos, fuzos)
TSF - Transmissões Sem Fios
Tuga - Português, branco, colonialista (termo depreciativo) (crioulo)
Turra - Terrorista, guerrilheiro, combatente do PAIGC (termo depreciativo)
Ultramarina - Casa comercial
Uma larga e dois estreitos - Galões de tenente-coronel
UXO - Unexploded (Explosive) Ordnance (em inglês); Engenhos Explosivos Não Explodidos (em português)
Velhice - Militares em fim de comissão
Vietname - Guiné, para lá de Bissau; mato
ZA - Zona de Acção
Zebro - Barco de borracha com motor fora de borda, usado pelos fuzileiros -
ZI - Zona de Intervenção (do Com-Chefe)
ZLIFA - Zona Livre de Intervenção da Força Aérea
________________
Nota do editor:
Ultimo poste da série > 20 de setembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10409: O Nosso Livro de Estilo (6): O que fazer com este blogue ? (Parte II ): Depoimentos de A. Pires, C. Pinheiro, D. Guimarães, L. Ferreira, B. Santos, C. Rocha, F. Súcio, B. Sardinha , T. Mendonça e JERO
23 comentários:
Dou conta que falta muita coisa... Só para dar o pontapé de saída:
Maria Turra
2ª Rep
Mort 120
CEM
...
"B-M-C"...Bordel Móvel de Campanha.Proposto por carta de alguns Alferes de Aldeia Formosa ao Estado Maior do Exército em 1969.Carta enviada que...estranhamente...näo teve resposta a Bem da Nacäo!
Joseph, bravíssimo régulo da Tabanca da Lapónia, o grã-tabanqueiro que tem, como os irãs, o dom da ubiquidade... é capaz de estar ao mesmo tempo no poilão da Tabanca Grande, em Miami e em Kiruna...
BMC !... Pois que viva a imaginação (erótico-satírica) do "tuga" de Aldeia Formosa... Que as renas do pai Natal não façam greve!... Xi xi xicorações, da Tabanca Grande para a Tabanca da Lapónia. LG
Na letra (D)falta a metralhadora ligeira Drayse(não me lembro se é assim que se escreve)era a tal que tinha o arrefecedor aos furinhos e que quando estava quente podiamos "mijar"nela para arrefecer.Ou trocar de cano.
E já agora em finais de 73 fomos informados pelo comando em Bissorã para adaptar mira anti-aerea pois que se dizia que iamos ser atacados por Migs Russos.Foi risota geral é claro...
H.Cerqueira
O meu toque bola....
Nega… mim tem marido – Sou casada.
STICA – Soldado Transm. de Infª condutor auto.
Parte cigarro – dá-me um cigarro. Não sei se anedota ou não,
dizia-se que os maçaricos partiam o cigarro ao meio e davam só uma das metades.
Pássaro de Ferro – Bombardeiro
Zagalotes – Grão de Bico mal cozido.
Atacadores com estilhaços – Esparguete com carne.
Ciclistas – Feijão-frade.
UDIB – Associação desportiva.
Artur Conceição
Luís
1 - Em minha opinião a listagem apresentada é uma "salganhada" é tudo ao molho e fé em Deus.
2 - Eu sugeria a divisão da mesma em 3 partes.
a) Listagem das siglas militares que já vêm relacionadas em n livros
b) Listagem das expressões, gíria, calão etc utilizadas por nós....
c) Crioulo, poderá ser ou não, até porque poderemos expressar-nos mal, quando há um dicionário em crioulo
Eis aqui a minha opinião e sugestão
Um abraço
Carlos Silva
Amigos & Camaradas
Para acrescentar ao vosso léxico e só para exemplificar relativamente à minha opinião e sugestão expressa no comentário anterior
1 - Catota
2 - Bó parti catota
3 - Mim ká parte catota. Nega
4 - Catota ká tem, em Jumbembem
5 - Bó parti cabaço
6 - Mim ká parti cabaço. Nega
7 - Bó parti djacatu
8 - Bó parti gindungo
9 - Bó tem mama firme
10 - Manga di ronco
11 - Qu'é que bó misti
12 - Como stá bobi
13 - Corpo di bó, Como stá
14 - Djamatum
15 - Bóbi bá na gosse-gosse
16 - Arga cá djubi
17 - Djubi
Não sei se estas expressões são ou não crioulo, mas eram utilizadas e apresentá-las numa listagem única é uma "salganhada"
Com um abraço
Carlos Silva
5º REP, o café do Bento em Bissau onde todos passámos algumas tardes e noites de canicula.
Nega- Não, a resposta mais ouvida quando de dizia para as bajudas ou mulheres- Parte catota. Ronco, algo que destacava e nem sempre estava associado a manga.
joao silva cac 12
Já li a sugestão do Carlos Silva e parece-me bem...Só que vai dar trabalho para alguém...!
Mais duas ou tres que entretanto apareceram na mente... mas ainda há mais...
Partir mantenha – cumprimentos.
Burro do mato – Viatura mais pequena.
Manga dele lá no bolanha – andam muitos na bolanha.
Matacanha - conhecido como bicho-de-pé, em crioulo djigan.
Artur Conceição
Olá camaradas combatentes.
Que belo dicionário, algumas palavras para mim são modernas, outras lembro, gostei de as dizer de novo.
Já agora aqui vai outra do meu tempo, que era, "chuvas". Quando se referia à idade, de um natural, pelo menos na região em que estive, que era "balanta", e entre os "homens grandes" diziam, "aquela bajuda tem tantas chuvas", que queriam dizer anos!.
Um abraço do Tony Borie.
O Bernardino Cardoso mandou-nos ontem, às 22h53, a seguinte lista:
Tiro nos cornos -- A bala fatal
Salta periquito -- Chacota aos novatos
Banho Balanta -- Banho com a ajuda de uma lata com a qual se verte água sobre o corpo.
Manga de -- muito
Ronco -- enfeites, combate
Mango -- Fruto do mangueiro (manga)
Panhard grande -- Panhard de oito rodados, quatro dos quais metálicos, equipada com peça 10,5.
Panhard -- Auto metralhadora ligeira equipada com duas armas Mac 7,62 e um morteiro de 60
para tiro tenso ou parabólico.
Pel Rec Cav A M L Panhard -- Pelotão de Reconhecimento de Cavalaria de Auto Metralhadora
Ligeira Panhard
Capinagem -- Operação de corte do capim
Desmatação -. Operação de limpeza (corte) de mata ou capim.
Nharro -- Tipo pouco esperto.
Mandinga -- Raça Mandinga
Fula -- Raça Fula
Papel -- Raça Papel
Balanta -- Raça Balanta
Felupe -- Raça Felupe
Mancanho -- Raça Mancanho
Fanado -- Cerimónia e acto de mutilação genital feminina. Nas raças Mandinga e Fula
Régulo -- Chefe administrativo regional ou local.
Sabi di mais -- Muito gostoso
Nhac-nhac -- Punheta (masturbação)
Partir nhac-nhac -- Fazer punheta a.
Bo -- Você, tu.
Manjaco -- Raça Manjaco
PS - Peço a correcção de alguma imprecisão
Adoro este blog. É raro o dia que não navego nele. Sobre este tema das siglas, se me permitem gostaria de fazer duas correcções:
A MG42 é uma metralhadora ligeira e não uma espingarda automática;
O burro do mato ou burrito, é um veículo da marca Mercedes-Benz modelo UNIMOG 411 com motor diesel.
O modelo maior UNIMOG "S" também conhecido por 404 é que tinha motor a gasolina.
António Eduaro Carvalho
anconcar@sapo.pt
7/12/2012, 22h21)
Caro Luis
Ao ler o léxico verifiquei duas pequenas incorrecções.
Estão assinaladas a verde e amarelo.
Abraço
Cap Mil - Capitão Miliciano ( Oriundo do CPC -Curso de Promoção a Capitão) (VERDE)
Cap QP - Capitão do Quadro Permanente
Capim - Nome comum de planta gramínea, típica da savana arbustiva; graveto, dinheiro
Capitão-proveta - Cap Mil, oriundo do CPC Cap Mil oriundo do CCC (Curso de Cmandante de Companhia) (AMARELO)
Portojo
7/12/2012, 22h42
PUTA QUE PARIU - Expressão do furriel mil RIJO na flagelação a Catió em 6.JUN.1968 por ter de correr em chinelos para um sítio qualquer.
PEL CAN S/REC - Pelotão de canhões sem recúo
Rui Santos,
7/12/2012, 19h20
Obrigado, Luis
São boas informações.
Rui Santos
Jose Deferraz [EUA]
7712/2012 21h23
Corpo di bo- como estas
Mais uma sigla para a lista:
- PCA - Posto de comando aéreo.
Um aditamento:
- BIgrupo - Termo também utilizado pelos páraquedistas. Correspondia a 2 pelotões e era desta forma que geralmente actuavam. As CCP's dividiam-se em 2 bigrupos que actuavam alternadamente. Um deles comandado pelo próprio cmdt de companhia e o outro pelo cmdt de pelotão mais graduado - alferes ou tenente.
No Bimbe e em Bissorã o Sotian tinha o nome de Curvinho .Era frequente as nossas lavadeiras nos pedirem para "parte(dar)Curvinho quando fores á metrópole de férias.
E eu assim fiz quando vim de férias pedi á minha mulher para comprar um Curvinho . Após o espanto dela e depois de lhe explicar o porquê do pedido(coisa que mais tarde entendeu melhor quando foi para junto de mim em Bissorã).Mas o pior foi quando ela me perguntou qual o tamanho que queria "partir".Aí fiquei mesmo baralhado e lá se comprou dos maiores,pois a minha lavadeira da altura tinha Bébé e o amamentava,como tal as mamas eram das grandes.
Foi giro que por causa deste tema recordar esse episódio um tanto insólito para a época em que viviamos.
Um abraço a todos.
Henrique Cerqueira
Modesta opinião mas concordo inteiramente com a ideia do Carlos Silva a Listagem embora isto deve dar bastante trabalho aos nossos editores a coordenar.
Calão de caserna Esquilo camarada magricela,como era hábito dizer não lhe caiem os ossos porque a pele não deixa.
Henrique:
Quem era especialista em "corpinhos" (sutiãs), de todos os tamanhos, era o nosso alfero Cabral... Nas férias grandes, ele comprou qualquer coisa como 38 "corpinhos" para as bajudas de Fá (Mandinga e Balantam havia duas)... Seguramente terão sido das mulheres mais felizes de toda a Guiné da era colonial!...
Luís Graça
Luíz
Agora a experiência do Cabral já não vai lá muito a tempo de resolver o meu "problema" de tamanhos.Mas olha que em Biambe e Bissorã as meninas chamavam ao "Sutiã" de "Curvinho".penso que tinha a haver com as curvas "mamárias"e tornava as mamas geralmente mais flácidas(esticadas)dentro do sutã mais curvinhas.No entanto o termo "Corpinho"também se adapta bem á situação.
Um abraço e "Abaixo os corpinhos ou curvinhos".
Henrique Cerqueira
Após ter removido, por erros ortográficos evidentes os dois comentários anteriores, cá vai desta vez o definitivo, que espero, melhor escrito:
Contribuição para adição, sugerindo que seria mais acessível, a pessoas menos conotados com as abreviaturas, as siglas, etc, que fossem, após devidamente coligidas e reorganizadas (trabalho profundo de edição), que fossem, dizia, permanentemente visíveis e de fácil consulta (talvez mesmo e preferencialmente com hiperlink ou na faixa esquerda do Blogue). Assim:
»»»»» Na Marinha de Guerra Portuguesa:
FZE - Fuzileiro Especial
FZ - Fuzileiro Naval
CF - Companhia de Fuzileiros Navais
DFE - Destacamento de Fuzileiros Especiais
NOTA EXPLICATIVA 1 - Sobre os DFE's Africanos ("Africanos" - oficialmente não se usava esta distinção, daí o nº começar em 21) DFE 21, DFE 22, DFE 23 (Só foram dados 3 Cursos na Base de Bolama) só existiram na Guiné e dependentes da Arma da Marinha. Houve outras Unidades Africanas de valorosos Homens, mas pertencentes a outras Armas. Os nossos Praças provinham de Recrutamento de Pessoal autóctone. Dos Cursos de Formação destes DFE's só havia classificação para FZE, diferentemente dos Cursos dados na (então) Metrópole com Base na Escola de Fuzileiros em Vale do Zebro - ver esclarecimento na NOTA EXPLICATIVA 2. Tinham as "Altas Esferas" planeado na altura, continuando a Guiné como Portuguesa, que fossem estas Unidades exclusivamente compostas por Pessoal Guineense, com a promoção natural no tempo e qualidade, a Postos hierárquicas superiores, pois os Postos de Comando, e outros com falta de Pessoal Guineense (transmissões, etc.), eram completados com Rendições Individuais de Recrutamentos da (então) Metrópole. Evitar-se-iam assim as "Mobilizações" com a vantagem principal, mas não só, do melhor conhecimento do terreno pelo Pessoal Local. Especialmente no início da guerra eram os "Guias" que seguiam com as unidades.
NOTA EXPLICATIVA 2 - Os DFE's eram Unidades Autónomas, compostas só por elementos com especialização e aprovação em Fuzileiro ESPECIAL; já que dentro dessa especialização haviam FZ e FZE (sem conotação com valores pessoais - Uma Especialização dentro da Especialidade). Desses Cursos, erradamente banalizados como "Cursos de Fuzileiros Especiais", eram somente "Cursos de Fuzileiros", dos quais sairiam seleccionados alguns, em "Especiais" (Boina - só para Especiais) e atribuídos a Destacamentos (DFE’s) e os restantes ficariam Fuzileiros Navais - (sem Boina) atribuídos posteriormente a Companhias de Fuzileiros (CF’s).
Após o fim da guerra e a restruturação desta Arma, ficam todos classificados como Fuzileiros Navais, deixando de haver distinção entre FZ e FZE. A honra na Boina (à altura) era a conquista da mesma, ficando como FZE. Os restantes que ficavam apurados no Curso, os FZ, também teriam que estar aprovados no Curso, logicamente. (O chumbo no Curso incorreria em Processo de Averiguações e possível Processo Disciplinar, e voltariam ao Contingente Geral do Exército). As escolhas eram feitas por parâmetros que envolviam vários factores, como capacidade de liderança, decisão rápida e destemida, autocontrole, etc. Estes factores que estavam todos descritos e escritos, eram classificados através de uma "avaliação contínua" (conforme é uso dizer nos dias de hoje) por parte dos instrutores, para que, no final do Curso, de entre os Aprovados, se pudesse fazer a selecção entre uns e outros. Após a última restruturação, todos passaram a ter Boina, com outro distintivo e como simplesmente "Fuzileiro Naval". Os critérios que levaram a estas alterações, e que foram muitos, derivam da alteração do Teatro de Guerra, da finalidade das Unidades e suas funções. Esta "Nota explicativa" serve essencialmente para enfatizar de que, todos os FZ e FZE tinham Aprovação no Curso de Fuzileiro, mas com diferentes formas de actuação no TO (Teatro de Operações)
Com amizade
João Carvalho Meneses
Camarada
Já dei, por mail uma pequena colaboração. Se quisermos fazer um léxico bem feito deveremos começar por observar o conselho do Carlos Silva. As siglas e acrónimos são, quase sempre, regulamentares e estão em regulamentos e NEP. A CECA e a BibEx poderão dar uma ajuda neste aspecto, por serem detentoras de uma dose de regulamentos e publicações semelhantes. As expressões de crioulo fazem parte da linguagem das etnias da Guiné e poderemos fazer uma recolha daquelas de que nos lembrarmos.
As expressões de calão, que surjem sempre em todas as guerras é que deverão merecer a nossa especial atenção, porque "estão datadas" e constituem património imaterial do nosso povo.´
Um Ab.
António J. P. Costa
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