1. Em mensagem do dia 29 de Novembro de 2012, o nosso camarada Veríssimo Ferreira (ex-Fur Mil, CCAÇ 1422, Farim, Mansabá, K3,
1965/67), enviou-nos mais um episódio da sua campanha no K3, dias que
fazem parte dos melhores 40 meses da sua vida, que segundo o nosso camarada se aproxima do fim. Infelizmente, dizemos nós.
OS MELHORES 40 MESES DA MINHA VIDA
17º episódio - O mistério das luzinhas do K3
O nosso falhado historiador, referiu-se no 8º episódio, aos adversários como recrutas e no 16.º descreveu o facto de que já sabem destruir os holofotes do K3, o que demonstra que passaram para a especialidade de atiradores contra luzinhas.
Perante essa evidência, decidiu apresentar a solução para que se acabasse de vez com esta guerra e assim sendo, não seriam precisos mais soldados, (a maioria retirados às terras que amanhavam para o seu sustento e dos seus familiares) soldados estes que se tornaram mártires ou heróis no cumprimento dum dever que lhes era imposto e que ainda hoje continuam tão desprezados como se "tinha" tivessem ou tenham.
A ideia genial surgira analisados alguns pequenos pormenores mas considerando que com tiros ninguém da sua CCAÇ 1422 sofrera, embora todos tivessem estado expostos em diversos "embrulhanços", mas tais tiros afinal acertavam apenas em holofotes, como se provava.
Daí que a solução proposta fosse a de que se instalassem velas, almentolias, faróis, farolins, lâmpadas de 60W, lamparinas e enfim... toda a panóplia qu'anuncia o Natal e que as colocassem nos matos, considerando que as iluminações perturbavam o IN e só a elas atiravam, como estava provado.
Tão simples quanto isso e eu diria mesmo revolucionário prá época, mas na verdade, passados que estão 47 anos, nem ele nem ninguém, recebeu qualquer resposta, constando ter apenas chegado uma mensagem confidencial, codificada e encriptada, mas que não foi possível descortinar porque o cabo cripto estava hospitalizado devido a um feroz ataque de matacanhas nos pézinhos.
Sabe-se, que indecifrável, dizia apenas:
"INTERNE-SE ESTE GAJO NO JÚLIO DE MATOS".
Mas que existiam estranhices em vários procedimentos, lá isso era uma realidade. Deixem que lhes mostre três exemplos:
- Nenhum graduado podia sair para operações no mato, usando divisas ou galões;
- Óculos igualmente proibidos;
- Não usar o próprio nome.
Para o prestigiado e não menos culto escrevinhador, Senhor du Veryssimo, as coisas não ficariam sem serem questionadas e perguntou do porquê de tão insólitas situações, canhestras contra a liberdade de acção de cada qual.
Foi-lhe dito:
1º (divisas e galões). Eles os "mau-maus", têm ordens para atirar primeiro aos mandantes, pois que tropa sem chefia, desorganiza-se e torna-se presa fácil;
2º (óculos) Quem os usa, tem a vista cansada, o que significa que leram e estudaram... portanto ou são furriéis ou oficiais, logo alvos a abater;
3º (nome) Não sendo possível identificar pelo que atrás foi dito, talvez se consiga fazê-lo chamando pelo próprio nome, como por ex: "Oh Fulano!" e conhecedores que este é o Cmdt da Secção de metralhadoras, lixam-no se responder.
Tinha lógica... e considerando que a ordem era para cumprir aconselhei-o a rebaptizar-se e propus-me apadrinhá-lo, o que veio a acontecer. Em vez d'agua benta na tola, vertemos uma garrafa de Johnnie Walker pela goela e foi assim que às 2ªs e 3ªs, passou a ser Gaspar; às 4ªs e 5ªs, Melchior; às 6ªs e Sáb, Baltasar e no dia seguinte por ser dia do solilóquio científico préviamente contratado e já descrito no final do episódio anterior ele pede para ser
CHAMEMMEOQUEQUISEREM, mas pelo menos ao Domingo, deixem-me ser o menos infeliz possível.
(continua)
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 28 de Novembro de 2012 > Guiné 63/74 - P10736: Os melhores 40 meses da minha vida (Veríssimo Ferreira) (15): 16.º episódio: Alô K3
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
Que pena que este rapaz, não seja lido. Ele qu'até nem escreve mal, mas aconselho-o para que no futuro meta mais sangue, mais pernas partidas, mais botas com pés lá dentro, mais rótulas desfeitas, mais intestinos fora do sítio. É disso qu'a malta gosta ò Veríssimo. Abraços
De: Veríssimo Ferreira
CCAÇ 1422
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