terça-feira, 29 de março de 2011

Guiné 63/74 - P8012: O Nosso Livro de Visitas (110): João Manuel Fresta de Carvalho, ex-Fur Mil Engenharia, que esteve 4 meses em Bambadinca e a maior parte do tempo no Saltinho, cujo aquartelamento ajudou a construir, ao tempo da CCAÇ 2406 (1968/70)



Guiné > Zona leste > Sector L1 (Bambadinca, ao tempo do BCAÇ 2852, 1968/70) > Saltinho > CCAÇ 2406 (Os Tigres do Saltinho, 1968/70) > Foto provavelmente do 2º semestre de 1969, por ocasião de coluna logística Bambadinca - Saltinho. Na foto, o Arlindo Roda, Fur Mil da CCAÇ 12 (1969/71).

Foto: © Arlindo Roda (2010). Todos os direitos reservados

Telefonou-me ontem  o  João Manuel Fresta de Carvalho, ex-Fur Mil de Engenharia, que estava em Bambadinca na altura do desastre no Cheche (Fevereiro de 1969) e da Op Lança Afiada (Março de 1969), portanto ao tempo do BCAÇ 2852 (1968/70).

Esteve 4 meses em Bambadinca, antes de ir para o Saltinho, onde ajudou a construir o quartel novo, ao tempo da CCAÇ 2406 (Os Tigres do Saltinho, 1968/70, que pertenciam ao BCAÇ 2852, com sede em Bambadinca). 

Aliás, dessa companhia (que também esteve no Olossato) era o ex-Alf Mil António Dias, camarada que pertence à nossa Tabanca Grande.  A CCAÇ 2406 era comandada pelo Cap Inf Diamantino Ribeiro André. Infelizmente temos menos de meia dúzia de referências a esta companhia. O Carvalho, que passou mais tempo da sua comissão no Saltinho costuma alinhar nos convívios anuais desta subunidade. Do seu tempo, lembra-se bem do Beja Santos e do Ten Cor Manuel Maria Pimentel Basto, o comandante do BCAÇ 2852, substituído depois por Jovelinmo Pamplona Corte Real. (Fico na dúvida se ele não se queria referir antes ao António Pimentel, o nosso Pimentel da Tabanca de Matosinhos, que pertencia ao BCAÇ 2851).

Do Beja Santos, lembra-se como figura lendária, enquanto operacional, mas também das vezes que ia à Engenharia, junto ao Rio Geba, "fanar-lhe" uns saquitos de cimento para Missirá...  Também passou opor Nova Lamego e por Bafatá. Aqui conheceu o Cor Hélio Felgas e o nosso Fernando Gouveia (do Comando de Agrupamento nº 2957). Como, de resto, também conheceu o malogrado actor de teatro, Carlos Miguel (Fininho), que era Fur Mil do CAgr anterior, o 1980.

Tem 66 anos, está reformado, mora em Chelas (telefone fixo: 218 372 001), dedica-se aos filhos e aos netos.  Foi desenhador técnico na Janz - Contadores de Energia, e inclusive fez parte dos órgãos de gestão do sindicato dos desenhadores técnicos. Acompanha o nosso blogue desde há anos, e divulga-o com grande entusiasmo,  mas nunca lhe ocorreu registar-se como membro. A escrita "não é o seu forte". Aceitou,  no entanto, o meu convite para ingressar na Tabanca Grande, depois de mandar as duas fotos da praxe e contar mais algumas peripécias desse tempo, como por exemplo a morte, a sua lado, de um cabo (?) da CCÇ 2406 que, ao introduzir uma bala na câmara da G3, disparou acidentamente  a arma e ficou com os miolos à mostra... Isto ter-se-á passado na estrada Saltinho-Xitole, em data que ele não conseguiu precisar. Não tenho ideia de nos termos encontrado (ou convivido) em Bambadinca nem no Saltinho (onde no entanto a CCAÇ 12 foi algumas vezes, em colunas logísticas, e eu pelo menos uma vez, levando materiais de engenharia e armamento, além dos preciosos géneros alimentícios). Tem em seu poder a planta do destacamento de engenharia de Bambadinca.
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Nota do editor:

ÚIltimo poste da série < 25 de Março de 2011 >Guiné 63/74 - P8000: O Nosso Livro de Visitas (109): José Oliveira, filho do nosso camarada Luís Nunes Oliveira da CCAÇ 1501/BCAÇ 1877 (Guiné, 1966/67)

segunda-feira, 28 de março de 2011

Guiné 63/74 - P8011: Memória dos lugares (150): O Porto do Portojo ou "a vida em fotos, olhar à minha volta e tentar perceber... ” (Jorge Teixeira / Vasco da Gama)

1. Um dos hobbies do nosso Camarada Jorge Teixeira (Portojo), ex-Fur Mil do Pelotão de Canhões S/R 2054, Catió, 1968/70, foi a criação e desenvolvimento de um blogue que titulou com “A Vida em Fotos - Olhar à minha volta e tentar perceber o que me rodeia”, que é de consulta obrigatória para todos aqueles que gostam da cidade do Porto. O blogue é acompanhado por vários amigos e camaradas nossos, entre eles o "régulo de Buarcos" ou melhor o “Grande Tigre de Cumbijã”, conhecido entre nós como Vasco da Gama, que vai apreciando e comentando a obra soberbamente desenvolvida pelo Portojo e de que damos hoje aqui conta, através da cópia de um dos últimos trabalhos (o nº 67).

67 - Do Hotel do Louvre a Metralhadoras 3

Uma promessa feita ao meu camarigo Vasco da Gama, levou-me à Rua do Rosário para lhe "mostrar" a casa onde viveu nos seus tempos de estudante. E aproveitando a pedalada, dei uma "volta ao quarteirão. Comecemos por referir que a rua tomou o nome do tio de Almeida Garrett, Domingos do Rosário, aqui foi morador e proprietário tendo provavelmente doado uns terrenos para a abertura da rua.



Na esquina com D. Manuel II fica o degradado edifício do antigo Hotel do Louvre. Já referido em notas anteriores, mas nunca é demais falar dele. Faz precisamente este mês 139 anos que D. Pedro V aqui se hospedou. Albergou o Cine Clube do Porto, a Sede do velhinho Salgueiros, o Orfeão Lusitano, a sede do MUD assaltada pela Pide em 1948, o Clube de Campismo do Porto. Uma pena a situação em que se encontra e logo numa zona altamente visitada.


Quási no início encontra-se o palacete que foi dos Albuquerques - desconheço quem teriam sido -também doadores de uns terrenos na zona. Hoje é um centro comercial, bem conservado.


Em frente encontra-se uma verdadeira obra de arte de arquitectura. Na minha opinião, claro.


A par de construções recentes, vêm-se obras arquitectónicas de outrora onde a pedra, o ferro forjado e o azulejo imperam.


Cumprindo a promessa, cá está o 150 de cama, mesa e roupa lavada, do camarigo Vasco. O prédio está bem conservado e quem disse o contrário enganou-te.
Vizinhos próximos são o novo Hotel Das Arts...
... e a Escola de Comércio do Porto, cuja fachada em azulejo é espectacular.


Para os saudosos e principalmente para quem trabalhou na Têxtil, relembro o edifício da famosa Caixa da Têxtil, na esquina de Miguel Bombarda, onde outro camarigo, o David Guimarães, passou parte da sua vida.


Olhando para trás, bem ao fundo, vemos uma das colinas de Vila Nova de Gaia.



Voltando à esquerda, ou por Miguel Bombarda ou pelo Breyner, vamos dar à Maternidade Júlio Dinis. No Largo com o seu nome, que já foi Largo dos Ingleses e do Campo Pequeno, o Chafariz de 1894. Foi território Inglês, incluindo Cemitério e Igreja. Os terrenos foram litigados com a Colegiada de S. Martinho de Cedofeita.



A Maternidade Júlio Dinis foi construída de raiz por Saul Domingos Esteves sendo o risco do arquitecto francês George Epiaux, em terrenos que pertenciam a Alfredo Castro vendidos ao Estado. Foi seu impulsionador o Dr. Alfredo Magalhães. Inaugurada em 1939 esteve dependente da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto. Desde essa data sofreu várias alterações, reformas e aumentos, tendo por isso os seus jardins, que eram magníficos, sido diminuídos na sua superfície.
Por fim, também recordo este Hospital onde nasci - por isso sou de Massarelos - e fui operado duas vezes. Logo, sinto um carinho especial por esta casa.
O seu sítio http://www.mjd.min-saude.pt/Frame.htm é um dos mais perfeitos e completos que conheço.



Desconhece-se a origem desta Fonte, mas presume-se ser do séc. XVIII e terá pertencido ao primitivo dono dos terrenos, um súbdito o inglês.


Trânsito difícil pela Rua da Maternidade. Não esqueci o antigo Conservatório de Música, mesmo pegado aos espaços da Maternidade. Terá direito a uma crónica especial.



Esqueçamos os ingleses que foram donos deste pedaço e siga-se pela Rua do Pombal, que afinal já não o é, pois agora chama-se Adolfo Casais Monteiro. Não sei a origem da designação antiga mas a da actual refere a C.M.P. que é uma homenagem ao escritor e professor universitário. Nasceu no Porto em 4 de Julho de 1908 e morreu em S. Paulo em 23 de Julho de 1972. Não tinha programada a volta a este quarteirão. 


Mas como o caminho se faz caminhando, lembrei-me de ter lido em tempos no http://www.portoantigo.org/2010/01/o-velodromo-maria-amelia.html que por aqui existiu um velódromo. E fui tentar procurá-lo. Vi uma senhora à janela, já entradota na idade e perguntei-lhe se o conhecia. Expliquei-lhe que era um local onde a rapaziada de há 100 anos, talvez menos, andava de bicicleta. Olha, diz-me ela, no meu tempo foi no Palácio (ali a dois passos) que aprendi e andava de bicicleta. Recuei uns anos e também me vi por lá a dar ao pedal.


Quási toda a estrutura do Velódromo continua lá. Foi-lhe dado o nome de D. Amélia em homenagem à Rainha, esposa de D. Carlos, a quem os terrenos pertenciam e que os doou ao Velo Clube do Porto. Ou terá sido Real Velo Clube? Para o caso não interessa nada. Claro que não o vi, pois faz parte dos jardins fechados do Museu Nacional Soares dos Reis. Foi inaugurado em 1895 mas a história do ciclismo português está ligado a ele, até porque o primeiro clube de ciclismo nasceu no Porto.

Esta era a entrada para o Velódromo. Nada a refere, mas não tenho dúvidas, pois é a única abertura para as traseiras do Museu.

Por casualidade (?), no muro que se projecta até à Rua D. Manuel II, existem estes nichos, milagrosamente formatados para cartazes de publicidade. Serviriam antigamente para o mesmo efeito, por exemplo, anunciando as corridas?O velódromo. A foto "saquei-a" do blogue Porto Antigo, atrás referido.


Para completar a volta ao quarteirão, entramos na Rua D. Manuel II, cujo Palácio das Carrancas, hoje Museu Nacional Soares dos Reis se destaca do lado esquerdo.

Este edifício começou a ser construído em finais do séc. XVIII para residência e fábrica de ourivesaria dos Carrancas, apelido de uma família abastada cá do burgo, os Morais e Castro. Foi quartel-general de Soult aquando das invasões francesas e depois de Wellington após a expulsão dos saqueadores. Durante as Lutas Liberais foi local de acolhimento de D. Pedro IV; adquirido aos descendestes da família em 1861, por D. Pedro V por 300 contos de réis para residência real durante as suas visitas ao Porto. Li que D. Manuel II ainda o utilizou numa das raras visitas ao Porto, já exilado. Daí o nome da Rua em sua homenagem.


Passou a chamar-se Paço Real. Após a instauração da República e porque o Paço Real era propriedade privada do rei, esteve encerrado até 1932, data do falecimento de D. Manuel II. Este legou-o à Santa Casa da Misericórdia do Porto. Passou para o Estado em 1939 para aí instalar o espólio do Museu Municipal do Porto e do ex-Museu Portuense de Pinturas e Estampas, fundado em 1833 onde tinha nascido o primeiro museu de arte em Portugal. A foto é de Arnaldo Soares do princípio do séc. XX


Do outro lado da Rua D. Manuel II, um monumental edifício cheio de história. Em 1838, poucos anos após o levantamento do cerco miguelista (1829/1932), a Câmara do Porto evoca a vitória liberal determinando que a Rua dos Quartéis, - já tinha tido outros nomes e hoje de D. Manuel II - passasse a ostentar a designação de Rua do Triunfo. Aqui existiam desde o séc. XVII - presume-se que o seja apenas por causa do portão de entrada - um conjunto de edifícios destinados a aquartelamento militar. O governo Miguelista estabeleceu aqui o R.I.9 passando posteriormente para o antigo R.I.6. Há quem escreva que só existiu o R.I.6. Mas também não sei quem, quando e como foi recuperado o edifício actual, na medida em que dos antigos pouco sobreviveu. Actualmente o edifício alberga serviços do Hospital de Santo António.

É já no séc. XX que passa para Metralhadoras 3 e posteriormente, nos anos 60, derivado à Guerra do Ultramar, passa a albergar o CICA 3, se não estou em erro. O emblema primitivo continua gravado no granito.


A seguir ao Quartel, eram os terrenos do primitivo Horto das Virtudes, fornecedores reais, que se estendiam, desde meados do séc. XIX, até Miragaia. Para a abertura de novas ruas, foi sendo retalhado. Posteriormente passou para o Moreira da Silva, de Campanhã. A fachada em vidro era enorme e junto à entrada, ostentava uma pêra gigante gravada na pedra.

Desse Horto, resta para o portuense visitar, o bonito Jardim das Virtudes que vai desde as traseiras da Cooperativa Árvore até um magnífico miradouro sobre Miragaia. A não perder 
uma visita.

Finalmente, paz e sossego no Jardim do Carregal.
Mas isso fica para outra vez.

Os textos, principalmente os históricos foram pesquisados em vários sítios, alguns referidos.

Mas não se pode esquecer o http://www.portoxxi.com/.

Uma curiosidade sobre a Rua D. Manuel II. Logo após o 25 de Abril de 1974, foi proposto na reunião camarária que a Rua mudasse o seu nome para Estaline. Chumbada a proposta, energúmenos resolveram pichar as placas da Rua com o nome do ditador soviético.

2. Este poste regista o seguinte comentário do Vasco Augusto Rodrigues da Gama, com data de 22 de Março de 2011:

Se eu já não necessito que me abanem muito para me saltar uma lágrima, com estes miminhos do Jorge Portojo estou todo derretido.

Tantas e tantas alegrias que eu passei na rua do Rosário nº 150... foram os melhores anos da minha vida, embora sobre a nossa geração pairasse o pesadelo da guerra colonial.

Reconheço todos os nomes que referes no teu trabalho e vi com outros olhos pormenores e minúcias que só mestre Portojo é capaz de referir. Mas, como aluno atrevido e reguila que sou, ousarei apontar ao mestre falta imperdoável, pois não refere, nem ao de leve, as tascas da rua do Rosário. Mesmo em frente a minha casa situava-se o Freitas, casa pouco concorrida pois o dono tinha pouca paciência, e ao fundo da rua havia duas tascas sempre cheias de malta.

À esquerda o sr. Domingos careca, sempre a ralhar com o filho e com a mulher, mas tinha um vinho da Meda que fazia um sucesso, mas que às vezes obrigava a sestas prolongadas, com falhas às aulas, mas recuperávamos a tempo de ir ao cinema, normalmente ao Carlos Alberto, com sessão dupla e barulheira infernal quando havia coboiadas.

Do outro lado da rua era o famoso Zé dos Bragas, onde eu aboletava mais amiúde, pois a cozinha era mais variada e o barulho não era tanto. Esteve à frente do estabelecimento um senhor que tinha vindo do Brasil, o sr. Avelino. Uma das empregadas era a Laura e a outra a Glória. Dava-lhes cabo da paciência, pois quando havia frango era certo e sabido que eu pedia: " por favor serve-me pito"!

Um dia um camarada meu Jorge Paiva de seu nome, pediu "frango à minha moda" (pito) a uma delas, que de imediato foi fazer queixa ao sr. Avelino. O homem mandou o Paiva para a rua e quando ele se desculpou comigo, pois era assim que pedia o repasto ouviu a resposta: Mas o Vasquinho pode dizer e o senhor é um mal-educado...

Aqui bebia uma garrafa de Campelo, "fresquinho dá gosto bebê-lo"! Lembram-se? Temos que nos encontrar para te contar uma história da rua do Rosário, quando a rua ainda tinha os trilhos do eléctrico.Obrigado Jorge por estes momento e desculpa lá se embalei...

Um abraço amigo

3. Respondeu assim o Jorge Portojo.

Caro Vasco:

O teu comentário passaria a poste se tivesse fotos das casas que já não existem. Pelo menos não as encontrei e sabes como sou bom olheiro para essas coisas. Algumas Residenciais e cafés-botecos é o que se vê agora e onde normalmente nem o bagaço é razoável. Não se pode ter tudo, meu amigo.

Um abraço
Lamento, caro amigo

4. Resta acrescentar o link para o blogue: http://portojofotos.blogspot.com/
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Nota de M.R.:

Vd. último poste desta série em:




Guiné 63/74 - P8010: Memória dos lugares (149): O Pel Mort 2106, do Fur Mil Lopes, que esteve em Bambadinca (1969/70) (Vítor Raposeiro / Gabriel Gonçalves / Arlindo Roda / Humberto Reis)


 Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector de Bambadinca > Aquartelamento de Bambadinca >  Finais de 1970 > Pessoal do Pelotão de Morteiro 2106 festejando a peluda, uma vez terminada a sua comissão... Um dos furriéis deste pelotão era o Lopes, natural de Angola. Lembro-me dele e o Humberto Reis também. Era mais velho três meses do que nós. O que é feito dele?  Era um bom camarada, conforme testemunha aqui o Humberto Reis:

" (...)  Neste destacamento [da Ponte do Rio Udunduma] estava permanente um Grupo de Combate da CCAÇ 12, que vivia em buracos como as toupeiras (rodava todas as semanas). Ou melhor dizendo: eram três apartamentos subterrâneos tipo T Zero...



"Com este destacamento passou-se um episódio que diz bem do carácter que presidia à união de todos os operacionais (operacionais eram aqueles que iam para o mato e as sentiram assobiar e não os que viviam no bem bom dentro dos arames farpados e que nunca sentiram o medo de levar um tiro).


"Um domingo à noite estávamos a jantar na messe [, em Bambadinca], nesse dia calhou-me estar dentro do arame, e de repente começámos a ouvir rebentamentos para os lados da ponte. Pensámos que era o destacamento que estava a embrulhar e automaticamente nos levantámos (eu e mais alguns até estávamos vestidos à civil), fomos a correr aos respectivos quartos buscar as armas e quando chegámos à parada já lá estavam alguns Unimog com os respectivos condutores à espera (ninguém lhes tinha dito nada mas a ideia foi a mesma - é a malta da ponte a embrulhar, temos de os ir socorrer ). Até um dos morteiros 81 levámos e aí vai o Fur Mil do Pel Mort [2106] com uma esquadra, o Lopes que era natural de Angola (tão bem organizada que era a nossa administração militar, que o colocaram na Guiné!).


"Felizmente, quando chegámos à ponte, verificámos que não era aí, mas sim 2 Km mais à frente, na tabanca de Amedalai, pelo que seguimos até lá. Escusado será dizer que quando o IN notou que chegaram reforços,  fechou a mala e foi embora" (HR).


Foto: © Vitor Raposeiro (2010). Todos os direitos  reservados





 Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector de Bambadinca > Aquartelamento de Bambadinca > 22 de Março de 1971 > CCS do BART 2917 (1970/72) e CCAÇ 12 (1969/71) > Álbum fotográfico de Gabriel Gonçalves (ex-1º Cabo Cripto,  CCAÇ 12, Contuboel e Bambadinca, 1969/71) > Foto nº 6 > "Na foto, estou eu acompanhado do cripto da companhia do Xime (não me lembro do nome), junto dos memoriais da nossa companhia, a CCaç 12 [CAÇ 2590], e do Pel Mort 2106" (GG)"... Estes memoriais foram, entretanto, destruídos a seguir à independência.

Foto: © Gabriel Gonçalves (2008). Todos os direitos Direitos reservados





Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector de Bambadinca &gt >  1970 > O Fur Mil At Inf Arlindo Roda, da CCAÇ 12, e o Fur Mil Lopes, do Pel Mort 2106 (1969/70), algures num destacamento (talvez Nhabijões), junto do Mort 81. 

Este Pel Mort 2106 teve equipas nos seguintes aquartelamentos e destacamentos: Xitole, Mansambo, Saltinho, Ponte dos Fulas, Nhabijões, Enxalé, Xime, Missirá, Taibatá e Fá. Foi rendido em Dezembro de 1970 pelo Pel Mort 2268, por ter terminado a sua comissão. 

Infelizmente, a história do BCAÇ 2852 (Bambadinca, 1968/70) não traz a composição das subunidades adidas... Mas deste Pel Mort costumam, no entanto, aparecer alguns elementos nos convívios anuais do pessoal de Bambadinca desta época (1968/71).

De acordo com os elementos apurados pelo nosso camarada Benjamim Durães sobre as unidades sediadas em Bambadinca, o Pel Mort 2106 esteve em Bambadinca entre Março de 1969 e Dezembro de 1970. Foi antecedido pelo Pel Mort 1192 (Mai 67 / Mar-69) e pelo Pel Mort 1028  (Set-65 Fá Mandinga; Nov-66 Bambadinca Mai-67). Sucedeu-lhe o Pel Mort 2268 (Dez 70 / Set 72) e, por  fim, o Pel Mort 4575/72  (Jul 72 / Abr 74). 

Uma dúvida que tenho, é a de saber se Bambadinca chegou a ter artilharia pesada, e nomeadamente obuses 14, no final da guerra... Há fotos com carcaças carcomidas de obuses, que podem muito ter vindo das zonas fronteiriças do leste, a caminho de Bissau, e que poderão ter ficado por ali... aguardando embarque. (LG)

Foto: © Arlindo Roda (201o). Todos os direitos  reservados

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Nota do editor

Último poste da série > 28 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8009: Memória dos lugares (148): Enxalé, a desilusão... Onde está a arquitectura colonial ? (Henrique Matos)

Guiné 63/74 - P8009: Memória dos lugares (148): Enxalé, a desilusão... Onde está a arquitectura colonial ? (Henrique Matos)

1. Mensagem de Henrique Matos, (ex-Alf Mil, 1.º Comandante do Pel Caç Nat 52 Enxalé, 1966/68), com data de 22 de Março de 2011:

Meu caro Luís
Estava para pôr isto nos comentários, mas como vou juntar duas fotos não sei se é possível, por isso aqui vai por email.

Estive a conferenciar com a D. Helena  [, Pereira Carvalho, filha do Pereira do Enxalé, ]para esclarecer as fotos do Beja Santos. A casa dos pais dela, onde ficava o Comando da Companhia e a messe de graduados, foi bombardeada depois da independência e desapareceu. Isto mesmo ela confirmou quando lá esteve em 1989. A casa que aparece neste post era do empregado e no nosso tempo servia de dormitório de graduados.

Entretanto a D. Helena mandou-me algumas fotos do seu tempo. Escolhi as duas em anexo: a tal casa dos pais que já não existe e a entrada para o Enxalé.
As restantes são de carácter pessoal.
Se isto servir para alguma coisa estás à vontade.

Aquele abraço
Henrique



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Notas de CV:

(*) Vd. postes de:

15 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7949: Memória dos lugares (147): Enxalé, a desilusão... Onde está a arquitectura colonial ? (Henrique Matos / João Crisóstomo)
e
5 de Janeiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7557: Operação Tangomau (Mário Beja Santos) (10): O dia no Enxalé, em Madina e Belel

Guiné 63/74 - P8008: Notas de leitura (221): A Luta pela Independência, por Dalila Cabrita Mateus (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem de Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, Comandante do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 22 de Março de 2011:

Queridos amigos,
Nada mau como dissertação de mestrado, imensos dados da maior importância, entrevistas com revelações nunca antes publicadas. Esclarecedor da torrente de utopias e do entusiasmo desses dirigentes africanos que julgavam estar à altura de uma tarefa gigantesca. Falaram em geração da utopia, reuniram-se em Lisboa, ainda nos anos 40, depois da guerra, e foram a correr atrás dos ventos da descolonização. É o estudo desse percurso, a maioria deles andou por estas ruas de Lisboa, até por quartos alugados. O prédio da Casa dos Estudantes do Império ainda lá está, no Arco do Cego.

Um abraço do
Mário


À volta da formação da elite fundadora do PAIGC (1)

Beja Santos

“A Luta pela Independência, a formação das elites fundadoras da FRELIMO, MPLA e PAIGC” foi o primeiro trabalho de investigação de Dalila Cabrita Mateus (Editorial Inquérito, 1999). Com base numa dissertação de mestrado, este trabalho de investigação discorre sobre as lutas pela independência das ex-colónias portuguesas, entra na questão de fundo das opções ideológicas e modelos económicos e sociais adoptados por tais movimentos e procura equacionar os diferentes factores que conduziram tais opções a insucessos.

A autora, foi das primeiras investigadoras a trabalhar os então recém-disponibilizados arquivos da PIDE, estrutura a sua investigação na seguinte linha de análise: espinha dorsal da chamada missão civilizadora portuguesa; constituição das elites urbanas e crioulas dos três principais movimentos independentistas; ambiente em que se formaram as elites africanas em Portugal, sobretudo em torno de A Casa dos Estudantes do Império (CEI) e na órbita do PCP; natureza dos apoios externos à luta independentista; da utopia ao colapso da pequena burguesia independentista. Obviamente que esta recensão procurará, no essencial, dirigir-se à questão guineense.

1945 foi o ano em que, praticamente, se iniciaram as actividades da CEI, que irá ter um papel destacado na formação das elites políticas que fundaram a FRELIMO, o LMPA e o PAIGC. Ao tempo, já está em marcha a missão civilizadora que tem a sua pedra de toque no Acto Colonial, onde se afirmava ser “da essência orgânica da Nação Portuguesa desempenhar a função histórica de possuir e colonizar domínios ultramarinos e de civilizar populações indígenas que neles se compreendam”. Questão matricial era a doutrina da superioridade racial dos colonizadores, como proferiu Salazar em 1933: “Devemos organizar cada vez mais eficazmente e melhor a protecção das raças inferiores”. E como acrescentará em 1957: “Nós cremos que há raças, decadentes ou atrasadas, como se quiser, em relação às quais perfilhamos o dever de chamá-las à civilização”.

Embora estes conceitos tenham vindo a ser posteriormente amaciados nas exposições do ditador, ele nunca as retirou da sua perspectiva teórica. O regime lançou as bases do desenvolvimento, dentro da lógica do aproveitamento dos recursos a pensar na economia da metrópole e na transferência de mão-de-obra da Metrópole para as colónias. Em torno desse processo colonizador havia que encontrar cidadania e estatuto para os chamados não-civilizados. Na década de 50, a esmagadora maioria dos africanos continuava a ser considerada não-civilizada. A autora documenta com a evolução do ensino oficial nas colónias, postula com a evolução do ensino missionário católico e como este acabou inevitavelmente por entrar em conflito com a missionação das igrejas protestantes.

Está perfeitamente documentado o papel de Amílcar Cabral, nos anos 50 do MPLA e PAIGC. Os dirigentes da corrente independentista circulavam no meio de elites crioulas e o PAIGC, como é por demais sabido, assentou nas elites crioulas da Guiné e Cabo-Verde. Foi em Bissau, no número 16-A da Rua Dr. Vieira Machado (na casa onde morava Aristides Pereira), que se realizou, em Setembro de 1956, a reunião onde participaram Amílcar e Luís Cabral, Aristides Pereira, Júlio Almeida, Fernando Fortes e Elysé Turpin. Seguiu-se a mobilização orientada para as camadas urbanas. Em 1958, o partido criava a União Nacional dos Trabalhadores da Guiné, organização sindical clandestina. Estima-se que em 1959, ano do massacre do Pidjiquiti, havia meia centena de membros activos, mas quase todos em Bissau. Com o desenvolvimento da luta, a origem social dos militantes do PAIGC modificar-se-á e em 1962-1963 assentará profundamente no campesinato do interior. Os principais dirigentes são cabo-verdianos e estes serão sempre uma percentagem insignificante dos combatentes.

A CEI é o ponto de encontro destes jovens que vêm à procura de habilitação superior. A casa [CEI – Casa dos Estudantes do Império] surgira ligada à Mocidade Portuguesa, fora patrocinada pelo Ministro das Colónias e pelo Comissário Nacional da Mocidade Portuguesa. Situava-se no Arco do Cego, no nº 23 da Avenida Duque d’Ávila. Está lá hoje uma lápide a lembrar a sua existência, bem mal tratada por sinal.

Surgem publicações e Amílcar Cabral, com o pseudónimo de Arlindo António, irá aqui publicar um dos seus primeiros textos de reflexão política. Dalila Mateus descreve o funcionamento da CEI bem como doutras organizações, como é o caso do Centro de Estudos Africanos, o Clube Marítimo Africano e a Casa de África. As influências político-orgânicas radicaram na projecção do PCP, pólo de atracção destes líderes africanos.

Como recorda a autora, o PCP foi praticamente a única força oposicionista organizada no seio da juventude universitária. Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Marcelino dos Santos, Mário de Andrade e Vasco Cabral fizeram parte do MUD juvenil. Nesses anos 50 um número importante destes dirigentes começa a participar junto de entidades satélites dos soviéticos, na Europa de Leste. Depois, na perfeita clandestinidade, fundam organizações unitárias como o Movimento Democrático das Colónias Portuguesas, o Movimento Anticolonialista, que evoluirá para a FRAIN (Frente Revolucionária Africana para a Independência das Colónias Portuguesas) e depois a CONCP (Conferência das Organizações Nacionalistas das Colónias Portuguesas).

Debruçando-se sobre as influências político-culturais destes estudantes africanos, revela-se que eles liam Gorki, Ehremburg, Cholokov, Jorge Amado, Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, Soeiro Pereira Gomes, Alves Redol, Fernando Amora, José Gomes Ferreira, Carlos de Oliveira, Manuel da Fonseca, entre tantos outros. Aliás, a autora entrevistou alguns desses dirigentes e verificou que o leque de leituras era extensivo aos franceses e norte-americanos. O grosso das fugas começa no início da década de 60, vão engrossar os quadros dirigentes dos movimentos de libertação, muitas vezes graças à colaboração dos quadros comunistas portugueses.

(Continua)
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 18 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7960: Notas de leitura (220): Comício, um grande poema em defesa do ultramar, por Couto Viana (Mário Beja Santos)

Guiné 63/74 - P8007: Parabéns a você (232): Agradecimento (Carlos Vinhal)

Fotomontagem enviada pelo camarada Dr. Mário Bravo

1. Agradecimento

Caros camaradas e amigos tertulianos
Permitam-me utilizar este vosso espaço para poder agradecer todas as manifestações de amizade que recebi ontem, 27 de Março, dia em que completei 63 anos de vida.

Quer nos comentários feitos no poste, quer por mensagens pessoais, quer por telefone, foram inúmeros os camaradas e amigos que se me dirigiram felicitando-me. Não posso deixar de realçar uma chamada do outro lado do Atlântico, de alguém que se propunha vir beber uma taça de espumante comigo. Foi mesmo bom falar com o José da Câmara, um dos nossos açorianos a residir nos "States". Obrigado José por aquele bocadinho, que deu, como disseste, para ficar com a boca seca.

- O Zé Teixeira, homem de crença e fé, foi o primeiro a telefonar-me dizendo que se lembrou de mim enquanto assistia à Missa. Zé, és um homem bom, muito obrigado pela tua amizade. É um privilégio ter amigos como tu.

Quero agradecer a simpatia dos camaradas que contribuíram  para o poste do nosso aniversário.

- À Giselda e ao Miguel Pessoa, casal unido por um amor à prova de míssil Strela, pelo postalinho ilustrando o número de braços e meios necessários para o desempenho das funções de editor. Quantas vezes penso que é muita areia para a minha camioneta.

- Ao chefe Luís, pelas suas palavras de alento e amizade, sempre atento aos menores sinais de instabilidade, com permanentes e oportunos contactos com os co-editores para afinar estratégias.
Vem a propósito dizer que nos sentimos agora mais apoiados por uma equipa de excelentes  amigos que não se rogaram a dar-nos alguns conselhos quando deles necessitarmos.

- Ao Mário Migueis, "quer-se dizer", sempre oportuno com os seus textos ilustrados por ele próprio.

- Ao Mexia Alves com os seus versos e prosa provocatoriamente exagerados quando diz que o Blogue interfere com a minha (outra) vida.
Sim, mas controladamente. Temos horas de tudo, saturação e prazer, desalento e compensação, conforme os dias e as (re)acções da tertúlia.

- Ao agora, Tigre de Buarcos, Vasco da Gama, pela sua simpatia. Um ou outro telefonema, é verdade, a ajudar ou a pedir ajuda, porque entre amigos é assim, um por todos e todos por um.

- Aos António Graça de Abreu na China e Augusto Silva Santos no Dubai, que apesar de longe não se escusaram a enviar palavras amigas.

- À amiga Regina (também nome da mãe do meu avô Braudelino) e ao camarada Fernando Gouveia, autor de Na Kontra Ka Kontra, que relembram alguns acontecimentos do dia 27 de Março.
Caro Fernando, já que falaste no Juan Manuel Fângio. Ele competiu várias vezes aqui no Porto, com perigo de se despistar e vir parar a Matosinhos. Para quem desconhece, a Estrada Interior da Circunvalação do Porto que faz fronteira entre os Concelhos do Porto e Matosinhos, foi durante anos pista do Grande Prémio de Fórmula 1 de Portugal.

- Ao avô da pequenina Benedita e pai do romance "Mulher Grande", cuja heroína se chama também Benedita, camarada e amigo Mário Beja Santos, obrigado pelos cargos propostos, mas chega-me o de co-editor, e que o Senhor Bom Jesus de Matosinhos me ajude.

- Ao José Martins, outro grande amigo, desde há muito um colaborador incansável deste blogue, injustamente pouco reconhecido. Obrigado Zé. Há muito que não dás um toque.

- Às nossas amigas, neste caso a Gilda Brás e a Felismina Costa, por fazerem parte deste grupo de homens, velhos ex-combatentes, chatos como a potassa que já ninguém atura. Bem hajam.

Cidade de Vila do Conde >  Réplica de embarcação do tempo dos descobrimentos, construída nos Estaleiros Navais de Azurara, batizada com o nome de Vila do Conde, fundeada no Rio Ave.
Foto de Carlos Vinhal

Vista parcial da marginal de Leça da Palmeira. Foto tirada a partir do Farol da Boa Nova, reproduzida em Postal pela Junta de Freguesia.

- Ao Manuel Maia que com as suas sextilhas melhor se exprime, fala da minha terra natal, Vila do Conde onde se construíram muitas das caravelas que sulcaram o mar ao longo da costa de África, que atravessaram oceanos em demanda das Américas e Oriente; da minha terra de coração, Matosinhos, onde está toda a minha existência como jovem estudante e adulto profissional; de figuras como José Régio, que nasceu e morreu em Vila do Conde e de Florbela Espanca que viveu e morreu na Rua 1.º de Dezembro em Matosinhos. Uma palavra especial para a minha freguesia de eleição, Leça da Palmeira, onde mantenho o meu lar (doce lar), sempre, e desde há muito, acompanhado pela companheira de uma vida, a Dina.

- Ao Albino Silva, que como Mário Migueis, é um natural da linda terra minhota de Esposende, que com as suas quadras tão simples quanto sentidas, homenageia os co-editores aniversariantes.

Finalmente, a todos quantos, não se manifestando, estiveram comigo no dia do meu aniversário, muito obrigado.

Daqui a dias farei 64 anos, vamos então ao trabalho.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P8003: Parabéns a você (231): Carlos Vinhal e Eduardo Magalhães Ribeiro, os nossos queridos co-editores, fazem hoje 63 e 59 anos, respectivamente!

Guiné 63/74 - P8006: Blogpoesia (134): Ai Guiné, Guiné (6) (Albino Silva)


Guiné-Bissau > Arquipélago dos Gijagós > Ilhas de Bubaque e Rubane (a sudoeste da ilha de Bolama) > 12 de Dezembro de 2009 > Encantos e armadilhas da(s) ilha(s)... paradisíaca(s) (Bubaque e Rubane).

Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


1. Quinto poste da série Ai Guiné, Guiné*, trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:


AI GUINÉ GUINÉ (6)

Eu disse adeus à Guiné 
mas prometi lá voltar
e, para te fazer feliz,
ia aí não para lutar...

Dizer adeus é difícil 
mas eu ainda fui capaz
deitar os olhos a Bissau 
e à Guiné desejar Paz...

Ainda hoje fico contente 
e sempre com a mesma Fé
de ouvir falar em Paz, 
muita Paz para a Guiné...

Paz precisa teu povo,
todos a querem com certeza,
não terem o cheiro à pólvora 
mas antes sim da Natureza...

É tão lindo, ó Guiné,
ver crianças a sorrir
em vez de chorar de fome 
e sempre sempre a fugir...

Com os cestos na cabeça,
crianças ao colo da mãe,
entre picadas e capim 
procuram Paz mais além...

Desde que te deixei Guiné,
com os anos a passar,
por assim gostar de ti, 
gostava de te visitar...

Eu já estive decidido 
a ti,  Guiné,  visitar
fazer o que não tinha feito, 
em ti, Guiné,  passear...

Visitar toda a Guiné 
era a minha intenção
e ver todos os cantinhos,
que eram do meu Batalhão...

Desde Bissau a Tite, 
Nova Lamego ou Farim,
Bafatá ou Bubaque, 
a Mansoa eu ia sim...

Também ia ao Cacheu, 
Teixeira Pinto e a Có,
a Bolama e S. Domingos, 
ao Guileje e Catió...

Se te fosse visitar 
e a Guiné bem conhecer,
Cidades, tabancas e mato, 
pois eu tudo queria ver...

Picadas e carreirinhos, 
até bolanhas e palmeiras,
rapazes fazendo cestos, 
Mulher grande as esteiras...

Eu queria ver de tudo, 
ó Guiné,  ainda és querida,
andar pelas tuas matas 
ou estradas de terra batida...

Gostava de ver na Guiné,  
tudo aquilo que não vi,
para assim puder juntar 
aquilo que conheci...

Gostava de ir nas tabancas, 
todas elas visitar,
tratar bem as guineenses 
e bom mesinho lhes dar...

Nas tabancas em consultas, 
os xaropes que eu dava,
quase sempre do melhor, 
até a badjuda gostava...

A todas eu medicava 
e sempre as tratava bem,
e àquelas que me pediam, 
eu dava picas também...

(Continua)
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 25 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7999: Blogpoesia (133): Ai Guiné, Guiné (5) (Albino Silva)

Guiné 63/74 - P8005: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (6): Os encantos e as armadilhas das ilhas de Bubaque e Rubane (Bijagós), 11/13 de Dezembro de 2009 (Parte II)
















Guiné-Bissau > Arquipélago dos Gijagós > Ilhas de Bubaque e Rubane (a sudoeste da ilha de Bolama) > 12 de Dezembro de 2009 > Encantos e armadilhas da(s) ilha(s)... paradisíaca(s) (Bubaque e Rubane).  Um sábado cheio de descobertas e emoções para o João Graça e o seu companheiro de ocasião, o cooperante espanhol Victor (a trabalhar numa ONG em Bafatá)... (A maior parte das fotos são da ilha de Rubane, que a escassos minutos de Bubaque, em viagem de piroga).

Fotos: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados



1. Continuação da publicação das notas do diário de viagem à Guiné, do João Gracça, acompanhadas de um selecção de algumas das centenas fotos que ele  fez, nas duas semanas que lá passou (*)... Nos cinco primeiros dias (de 6 a 10 de Dezembro de 2009) fomos encontrá-lo, como médico, voluntário, no Centro de Saúde Materno-Infantil de Iemberém (*). O fim de semana de 11 a 13 (6ª, sábado e domingo) de Dezembro de 2009, foi passado em Bubaque e Rubane, no aqruipélago dos Bijagós. Um fim de semana bem merecido...

Por serem de todo ilegíveis ou fazerem referências muito pessoais a terceiros, optei por assinalar com parênteses rectos e reticências [...] certas partes do diário... Noutros casos, acrescentei, também dentro de parênteses rectos [ ], algumas notas da minha lavra, decorrentes das nossas conversas sobre esta viagem (memorável, para ele)... (LG)



12/12/2009, sábado > Bubaque e Rubane (Bijagós)


8.1. Afinal não havia lugar para mim no passeio de barco. Também era caríssimo (180 mil CFA / 5 pessoas). No final, ainda bem, porque Bubaque valeu a pena e o mar estava mau.


8.2. Passeio em Bubaque colonial. Conheci um velho sem dentes que detestava os tugas: “A culpa é dos portugueses”. Expliquei-lhe que já tinham passado 35 anos. “Mas o que é que os portugueses deixaram cá ?”. Com um rapaz mais novo, dei-lhe a volta. “O que importa é daqui para diante”, disse eu.


8.3. Apanhámos piroga para [a ilha de] Rubane [, contígua à ilha de Bubaque, a nordeste], com Victor e o francês, namorado da dona do restaurante, preta e nova […] que trabalhava no hotel de Rubane. Demos passeio na ilha paradisíaca [, Rubane]. Vimos aranhas gigantes penduradas nas teias; óleo de palma em extracção; velhotas a pedirem dinheiro por fotos.


8.4. Almoçámos [, já ao fim da tarde, em Ruane] um peixe fantástico. O cozinheiro era do Senegal, simpático. Os peixes são enormes. Pesca desportiva.


8.5. No passeio afundámo-nos no lodo descoberta pela vaza da maré. Demorámos 30 minutos para andar 200 m!


8.6. [Ainda em Rubane], ouvimos uns sons, vozes femininas dentro da mata. Era um grupo de mulheres, 10, [com ar de] alienadas. Cantavam à nossa volta, tocavam-nos, queriam dinheiro. Havia uma que era rainha virgem. Lá chegámos a um acordo para as fotos. Ainda assim queriam mais. Sufoco. Toques. Mexiam nas nossas coisas. Foi um alívio quando saímos.


[Continua]


[ Fixação / revisão de texto / selecção e edição de fotos / título: L.G.]
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Nota do editor:


Último poste da série > 12 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7931: Notas fotocaligráficas de uma viagem de férias à Guiné-Bissau (João Graça, jovem médico e músico) (5): Os encantos e as armadilhas das ilhas de Bubaque e Rubane (Bijagós), 11/13 de Dezembro de 2009 (Parte I)