sexta-feira, 25 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7999: Blogpoesia (133): Ai Guiné, Guiné (5) (Albino Silva)

1. Quinto poste da série Ai Guiné, Guiné*, trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:


AI GUINÉ GUINÉ (5)

Guineenses vendedores
ambulantes sem igual
vendiam tudo para nós 
produtos do Senegal...

Lá da Costa do Marfim 
também vinha coisa boa
se não fosse de Concri 
era da Serra da Leoa...

O guineense vendia 
no negócio tudo dava
o africano trazia -
e o europeu lá comprava...

Louças que vinham da China 
e os charutos de Havana
louças lindas muito finas 
não faltava a porcelana...

Em Teixeira Pinto tinha 
uma avenida assim
começava no Quartel -
e parava no Fortim...

Nesse largo do Fortim 
naquele pequeno recinto
havia lá uma estátua -
que era o Teixeira Pinto...

Quem ia nessa Avenida 
e em passeios constantes
se visitavam as casas 
que eram de comerciantes...

Eu conheci bem alguns 
naquela Vila do mato
tantas vezes comi frango 
que assava o Viriato...

Apenas dez pesos custava 
o frango e batata então
com cerveja a acompanhar 
e também ainda o pão...

Na Guiné que eu recordo 
de algumas noites passadas
em tabancas e nos roncos 
bem ao som da batucada...

Se havia um casamento 
o ronco era a dobrar
era tanta a batucada 
e com a noiva a dançar...

Que lindo era na Guiné 
nesse tempo que passei
por saber que era África 
como sempre desejei...

Mas que bom era a Guiné 
mesmo em tempo de traições
era tudo tão original 
mesmo cumprindo missões...

Era assim ó Guiné 
o bom e mau que eu vivi
com coragem aguentando
sofrimento que esqueci...


Ó Guiné por ti sofri 
porque lá tinha rivais
sofri por gostar de ti 
mas outros sofreram mais...

Sofri de sede e calor 
com moscas a chatear
mosquitos tantos mosquitos 
sempre sempre a picar...

Tu sabes bem ó Guiné 
também quem te conheceu
os que sofreram por ti -
igual como sofri eu...

Muitos mais te conheceram 
sem saber qual a razão
espalhados pelo mato 
dormindo debaixo do chão...

Eu sofri por ti Guiné 
e sem nada de ti querer
e ainda hoje o fazia 
só para a Guiné defender...

(continua)
__________

Nota de CV:

(*) Vd. poste de 24 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7995: Blogpoesia (131): Ai Guiné, Guiné (4) (Albino Silva)

Vd. último poste da série de 24 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7996: Blogpoesia (132): A Minha Aldeia (Mário Fitas)

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