1. Quinto poste da série Ai Guiné, Guiné*, trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:
AI GUINÉ GUINÉ (5)
Guineenses vendedores
ambulantes sem igual
vendiam tudo para nós
produtos do Senegal...
Lá da Costa do Marfim
também vinha coisa boa
se não fosse de Concri
era da Serra da Leoa...
O guineense vendia
no negócio tudo dava
o africano trazia -
e o europeu lá comprava...
Louças que vinham da China
e os charutos de Havana
louças lindas muito finas
não faltava a porcelana...
Em Teixeira Pinto tinha
uma avenida assim
começava no Quartel -
e parava no Fortim...
Nesse largo do Fortim
naquele pequeno recinto
havia lá uma estátua -
que era o Teixeira Pinto...
Quem ia nessa Avenida
e em passeios constantes
se visitavam as casas
que eram de comerciantes...
Eu conheci bem alguns
naquela Vila do mato
tantas vezes comi frango
que assava o Viriato...
Apenas dez pesos custava
o frango e batata então
com cerveja a acompanhar
e também ainda o pão...
Na Guiné que eu recordo
de algumas noites passadas
em tabancas e nos roncos
bem ao som da batucada...
Se havia um casamento
o ronco era a dobrar
era tanta a batucada
e com a noiva a dançar...
Que lindo era na Guiné
nesse tempo que passei
por saber que era África
como sempre desejei...
Mas que bom era a Guiné
mesmo em tempo de traições
era tudo tão original
mesmo cumprindo missões...
Era assim ó Guiné
o bom e mau que eu vivi
com coragem aguentando
sofrimento que esqueci...
Ó Guiné por ti sofri
porque lá tinha rivais
sofri por gostar de ti
mas outros sofreram mais...
Sofri de sede e calor
com moscas a chatear
mosquitos tantos mosquitos
sempre sempre a picar...
Tu sabes bem ó Guiné
também quem te conheceu
os que sofreram por ti -
igual como sofri eu...
Muitos mais te conheceram
sem saber qual a razão
espalhados pelo mato
dormindo debaixo do chão...
Eu sofri por ti Guiné
e sem nada de ti querer
e ainda hoje o fazia
só para a Guiné defender...
(continua)
__________
Nota de CV:
(*) Vd. poste de 24 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7995: Blogpoesia (131): Ai Guiné, Guiné (4) (Albino Silva)
Vd. último poste da série de 24 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7996: Blogpoesia (132): A Minha Aldeia (Mário Fitas)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário